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Pense em todos seus alunos e me diga: algum deles apresenta problemas em um dos ombros?

Uma articulação tão complexa e frequentemente instável como essa, eventualmente, é fonte de dores devido a diferentes fatores, incluindo tendinite, bursite, artrite e lesões variadas que afetam o complexo do ombro. Tais patologias limitam seus movimentos, causando dor e exigindo um trabalho específico em aula.

Para tratar cada um desses pacientes você precisará desenvolver uma reabilitação única. A escolha dos exercícios deve levar em conta:

  • Tipo de lesão;
  • Causa da lesão;
  • Características individuais do aluno.

Mesmo em alunos com a mesma patologia, o tratamento pode variar, já que ele não tem só um ombro enfermo. Todo seu corpo está compensando que deve ser corrigido. E é nessa parte que cometemos os erros mais facilmente.

Cada aluno vai compensar uma lesão de formas diferentes e vai variar na causa. Por isso, é muito importante conhecer bem seu aluno e procurar entender o histórico da lesão antes de montar um plano de atuação.

É comum encontrarmos problemas, lesões e patologias no ombro no dia-a-dia da nossa área. Por esse motivo, resolvi criar esse guia com as principais características da articulação e suas patologias mais comuns.

Está interessado em descobrir mais? É só continuar lendo para encontrar:

  • Importância de um ombro funcional;
  • Anatomia e biomecânica do ombro;
  • Ritmo escapuloumeral;
  • Musculaturas envolvidas no ombro;
  • Lesões mais comuns no ombro;
  • Patologias mais comuns no ombro;
  • Patologias e lesões em atletas;
  • Cuidados com processos cirúrgicos.

Importância de um ombro funcional

E se o aluno não apresentar patologia ou lesão alguma? Qual o nível de importância que deverá ser dado para o funcionamento dessa articulação?

Ao observar na avaliação e nas primeiras aulas que o aluno costuma compensar essa região ou se existe algum desequilíbrio muscular, é possível que ele sentirá dor com o passar do tempo.

Muitas pessoas que fazem exercícios sem a supervisão correta acabam desenvolvendo lesões e patologias no ombro, já que não há um profissional observando seus movimentos disfuncionais.

O aluno pode não sentir dor, mas se o funcionamento do ombro não é correto algo está prestes a acontecer. Deixá-lo se exercitar sem corrigi-lo é ficar com uma bomba relógio nas mãos. Por essa razão, caso o aluno ainda não tenha desenvolvido uma patologia ou se lesionado, o ideal é consertar seu padrão de movimento.

O instrutor deve observar se o aluno tenciona o ombro na hora de fazer os exercícios ou, até mesmo, se o aluno já chega tão tensionado do dia de trabalho que parece que os ombros vão encostar nas orelhas. Essa pessoa precisa aprender a se mover da maneira correta, sem compensações dolorosas e só você pode fazer isso.

Anatomia e biomecânica do ombro

Conhecer a biomecânica do complexo do ombro será essencial para você ao reabilitar um aluno ou até mesmo melhorar a performance atlética. Como o ombro é a única articulação suspensa do corpo e realiza diversos movimentos, é mais importante ainda compreender seu funcionamento.

Mesmo que o público leigo reconheça o ombro como somente uma articulação, na verdade, ele é um complexo articular composto por 5 articulações (KAPANDJI, 2007). São elas:

  • Escapulotorácica;
  • Acromioclavicular;
  • Esternoclavicular;
  • Subdeltoidea;
  • Escapuloumeral ou glenoumeral.

Para compreender um pouco melhor como funciona esse complexo, observamos um pouco de cada uma dessas articulações.

Articulação Escapulotorácica

Considerada uma falsa articulação por não unir ossos, mesmo tendo funções importantes no complexo do ombro. Duas musculaturas têm sua inserção na escápula, sendo elas serrátil anterior e subescapular. Ela também precisa de estabilização, realizada pelos seguintes músculos da cintura escapular:

  • Trapézio;
  • Serrátil anterior;
  • Rombóides;
  • Elevador da escápula;
  • Peitoral menor.

Suas funções incluem:

  • Estabilizar o complexo articular;
  • Auxiliar no posicionamento da articulação escapuloumeral.

Quando existem encurtamentos nas musculaturas estabilizadoras, o deslizamento da escápula será prejudicado levando a uma alteração no ritmo escapulumeral. Como consequência também encontraremos problemas de mobilidade no ombro.

Essa articulação trabalha em conjunto com a escapuloumeral, portanto quando encontramos algo deficiente na escapuloumeral a escapulotorácica também estará compensando.

Articulação Acromioclavicular

Essa articulação encontra-se na parte superior do ombro, onde o processo acromial encontra-se com a clavícula. Ela é formada somente pela clavícula e pelo acrômio e é rodeada por quatro ligamentos. Também existe um menisco em seu interior, fazendo dela uma articulação sinovial.

Por estar próxima de tantos ligamentos, lesões na articulação acromioclavicular podem romper esses ligamentos e levar a uma separação das estruturas.A acromioclavicular permite movimentos limitados relacionados ao deslizamento da escápula. Quando encontramos um movimento exagerado dessa articulação é um sinal claro de que existem compensações acontecendo.Seus movimentos ocorrem em 3 graus de liberdade, sendo eles:

  • Rotação medial/lateral: 30º a 60º de acordo com a posição de membros superiores;
  • Inclinação anterior/posterior: 60º;
  • Rotação superior/inferior: 30º.

Articulação esternoclavicular

A articulação esternoclavicular também é sinovial e com 3 graus de liberdade. Ela é a junção da clavícula e o esterno. Sua função é anatômica, unindo o complexo do ombro ao resto das estruturas musculoesqueléticas.

Para isso a articulação utiliza quatro ligamentos:

  • Ligamento esternoclavicular anterior: como seu nome mostra, cobre a face anterior da esternoclavicular;
  • Ligamento esternoclavicular posterior: ligamento que cobre a face posterior da articulação;
  • Ligamento interclavicular: realiza a união entre as extremidades da clavícula;
  • Ligamento costoclavicular: tem seu ponto de fixação na parte superior e do meio da primeira costela e na parte inferior da clavícula, é bastante resistente.

Seus movimentos são:

  • Elevação: 48º;
  • Depressão: 15º;
  • Retração: 20º a 30º;
  • Protração: 15º a 20º;
  • Rotação posterior: 10º;
  • Rotação anterior: 50º.

Por ser uma articulação pequena e com pouca estabilidade ela depende muito desses ligamentos para manter-se estável. De qualquer maneira, é raro encontrar lesões nessa articulação.

Articulação subdeltoidea

Essa é outra falsa articulação que na verdade não une ossos. Ela é formada por:

  • Arco coracoacromial;
  • Bolsa subdeltóidea;
  • Tendões do manguito rotador.

Suas estruturas deslizam uma sobre a outra e seus movimentos são influenciados e influenciam a escapuloumeral. Portanto, disfunções em qualquer uma delas levará a uma disfunção na outra.

Articulação escapuloumeral ou glenoumeral

Considerada a mais importante articulação do complexo do ombro, a glenoumeral é em forma de esfera e possui três graus de liberdade. Apesar de seus movimentos primários serem os de flexão e extensão, ela possui grande liberdade de movimentos.

 

A articulação é a união entre a cabeça hemisférica do úmero, a parte convexa, com a cavidade glenóide da escápula, a parte côncava. Ela é formada pela cápsula articular, que envolve toda a estrutura, três ligamentos e o Labrum Glenoidal, que é o responsável pela estabilidade da articulação escapulumeral. Em situações onde ele é rompido a articulação fica instável e pode acontecer um deslocamento anterior ou posterior do úmero.

Ritmo escapuloumeral

Sabemos que o ombro é um conjunto de articulações bastante complexo. Realmente, quando 5 articulações diferentes precisam trabalhar juntas, podemos entender como isso é complicado.

E como nosso corpo consegue se mover sem criar lesões ou desequilíbrios o tempo todo?

Para isso, o ombro age de maneira coordenada, combinando movimentos do úmero e da escápula. Chamamos isso de ritmo escapulumeral.

Conforme o membro superior realiza seu movimento, a ação das articulações do ombro varia e, com isso, observamos uma mudança de força nas musculaturas envolvidas. Quando esse ritmo sofre alteração, encontraremos desequilíbrios nos conjuntos musculares do ombro, fazendo com que as articulações se desequilibrem também e criem um risco alto para lesão.

Confira abaixo em quais angulações de movimento cada musculatura se ativa:

  • 0º a 90º: deltóide porção média/supra espinhoso;
  • 90º a 150º: trapézio superior, inferior e serrátil anterior (isometria de deltóide médio);
  • 150º a 180º: trapézio e serrátil anterior, paravertebrais contralaterais.

Musculaturas envolvidas no movimento do ombro

As musculaturas do ombro podem ser bastante curtas quando comparadas a outros grupos musculares do corpo, porém são capazes de realizar uma ampla gama de movimento e produzir força o suficiente para levantar cargas pesadas.Para que a articulação funcione de maneira correta, as musculaturas devem conseguir manter as articulações estáveis ao mesmo tempo que geram mobilidade. A estabilidade é conferida de uma maneira passiva e mecânica, mas sempre precisa estar ali.

Serrátil anterior

Essa musculatura faz a ligação entre o ombro e o tórax com origem na digitação das primeiras oito costelas e inserção na escápula. Com sua ação o ombro é capaz de manter o espaço na cavidade glenóide.

Seu papel também está no funcionamento da escápula onde ele atua para manter um ritmo escapulumeral adequado juntamente ao trapézio inferior e superior. Ele estabiliza as articulações e deve ter suas forças somadas aos oblíquos para trabalhar de maneira adequada.

Trapézio inferior e médio

Ele realiza a ligação entre membros superiores e tronco, sua origem está na linha nucal e tem uma inserção na clavícula, no acrômio e na espinha da escápula. O conjunto de musculaturas do trapézio é o mais superficial no posterior do pescoço e do tronco.

No ombro os trapézios são essenciais para a estabilidade articular e também estão envolvidos no bom funcionamento da escápula.

Trapézio superior

Sua origem está nas seis primeiras vértebras da coluna cervical e occipital, sua inserção é no bordo posterior da clavícula.

Semelhante a outras musculaturas vistas até agora, o trapézio superior atua na movimentação da escápula fazendo o movimento de rotação superior. Ele também realiza a rotação posterior da clavícula.

Ao trabalharmos com alunos com lesões no ombro, o trapézio superior costuma ficar bastante tensionado. Mas preste atenção nisso: tensão não é sinônimo de força, mesmo que muitos de nossos alunos parecem pensar assim.

Apesar de tensionado, o trapézio superior fica enfraquecido e precisa de fortalecimento durante o processo de reabilitação. Um músculo tenso com contraturas é um músculo fraco que está em colapso.

Peitoral menor

O peitoral maior está posicionado logo abaixo do deltóide com sua origem no processo coracóide da escápula e inserção na 3ª, 4ª e 5ª costela. Sua influência está limitada aos movimentos da escápula, realizando o movimento de rotação externa.

Precisamos prestar muita atenção no peitoral menor já que ele está propenso a compensações e desequilíbrios. Os movimentos realizados pela musculatura também diminuem o espaço na articulação e podem criar um risco para a síndrome do impacto.

Em alunos que apresentarem um peitoral menor encurtado encontraremos uma cinemática escapular alterada. Encurtamento desse músculo impede a articulação de realizar completamente rotação superior, lateral e inclinação posterior.

Elevador da escápula

A musculatura que discutiremos neste tópico faz exatamente o que seu nome indica: elevar a escápula. Sua origem está na face posterior da 3ª e 4ª vértebra cervical, com inserção na borda medial da escápula.

Em muitos casos onde alunos apresentam um movimento anormal de ombro a musculatura elevadora da escápula está desequilibrada.

Romboides

Os romboides têm sua origem na 7ª vértebra cervical e cinco primeiras vértebras torácicas com inserção na borda medial da escápula e na espinha até o ângulo inferior. Essas musculaturas realizam a elevação e adução da escápula durante os movimentos do ombro.

Os romboides trabalham em sinergia com o trapézio e o serrátil anterior.

Quais são as musculaturas responsáveis pelos movimentos do ombro?

Como vimos, existem diversas musculaturas trabalhando para que as articulações do ombro funcionem da maneira desejada. Cada uma delas possui mais de uma função e, muitas vezes, diversas musculaturas auxiliam para a realização de um único movimento.

Para facilitar a compreensão também separei a tabela abaixo onde você pode conferir movimentos e quais músculos são responsáveis por eles:

Confira o guia completo de lesões e patologias no ombro

Manguito rotador

O manguito rotador é o nome dado ao conjunto de estruturas que mantém a estabilidade do ombro. Por ser uma articulação complexa e bastante instável, o ombro precisa de estabilidade para evitar lesões.

Quando as musculaturas, tendões ou ligamentos dessa estrutura começam a compensar podemos encontrar diversos problemas, entre eles a lesão do manguito rotador.

Estruturas estabilizadoras passivas

Além das musculaturas, o manguito possui algumas estruturas passivas para a estabilização. São eles:

  • Ligamentos: responsáveis pela absorção de esforços, redistribuindo forças pela articulação;
  • Labrum: fibrocartilagem fixa na estrutura do ombro. Sua função é fornecer estabilidade à articulação evitando que o complexo se desloque com movimentos. Muitas vezes o labrum sofre uma lesão devido a impactos, gerando um quadro bastante doloroso no paciente. estruturas ficam localizadas ao redor da cabeça do úmero realizando a estabilização e proteção da região;
  • Tendões: inseridos no “chão” do manguito rotador. Os principais deles são o supraespinal, infraespinal, subescapular e redondo menor. Os tendões conectam o músculo e o osso e são essenciais para que o movimento aconteça. Assim que a musculatura se tenciona para realizar uma ação, o tendão é responsável por fazer o osso se mover também.

Será preciso conhecer muito bem a estrutura do manguito rotador especialmente na hora de avaliar um aluno com dor no ombro. Muitas das patologias ou lesões no ombro estão relacionadas a estruturas desse conjunto como a bursite e a tendinite.

Lesões e patologias no ombro mais comuns

É muito comum encontrar alunos que sofrem com lesões ou patologias no ombro, que podem acontecer por uma disfunção, um trauma direto ou diversos outros motivos, por isso, precisamos ter em mente que uma lesão, qualquer uma delas, pode ter várias origens.

Para identificar a origem ou até prevenir uma lesão é essencial observar o movimento do aluno, se há algum tipo de compensação e sobrecarga nas estruturas do ombro. Outra possibilidade é algum gesto esportivo feito de maneira errada que leva aos problemas e também existem os casos nos quais um trauma direto ou indireto levou à lesão.

A origem ser um fator externo não quer dizer que o aluno está livre de compensações, já que, ao sentir dor, o corpo automaticamente começa a compensar para continuar se movimentando apesar do desconforto. Por isso, encontraremos problemas em musculaturas que realizam movimentos do ombro e provavelmente em algumas musculaturas de base.

Durante o tratamento, o profissional procurará aliviar a dor do paciente, recuperar a estabilidade da articulação, melhorar a amplitude de movimento e corrigir desequilíbrios. Todas as etapas são essenciais para ter sucesso na reabilitação e evitar reincidência na lesão.

No caso de lesões no ombro que já passaram por tratamento cirúrgico, devemos trabalhar juntamente ao médico do paciente.

Respeite sempre as imposições do médico e a dor do aluno!

Luxações

Ao trabalhar com lesões no ombro encontraremos um tipo especial com frequência: a luxação. Ela acontece quando existe a separação dos tecidos e das estruturas articulares, algo que ocorre com frequência quando o ligamento vai além de seu limite elástico, causando um trauma ou, até mesmo, se rompendo.

As luxações presentes no ombro podem ser anteriores, posteriores, superiores e inferiores.

Algo bastante comum é encontrar alunos que sofreram luxação no passado e atualmente apresentam uma lesão reincidente. Por isso, sempre recomendo conhecer o histórico de movimento do aluno. Em casos como esse, a causa da lesão atual provavelmente está em uma lesão passada.

Lesão na articulação acromioclavicular

A articulação acromioclavicular é rodeada por ligamentos que realizam sua estabilização.

Muitos alunos sofrem luxação, ou seja, lesões nos tendões dessa articulação, sendo os motivos mais frequentes: os impactos ou traumas diretos na escápula e na parte posterior do ombro. Mas também é possível observar casos em que o aluno sofreu um trauma indireto.

Um exemplo é quando ocorre um impacto na mão enquanto se está com o cotovelo estendido ou sofre uma tração forte no membro superior. Tais posições influenciam na articulação, sendo capazes de romper ou gerar traumas nos ligamentos.

Os ligamentos mais comuns de serem lesionados são aqueles situados entre o acrômio e a clavícula por serem mais superficiais.

Podemos também encontrar luxações de gravidade maior em ligamentos localizados entre o coracóide e a clavícula que sofrem lesão. Para surgir um caso como esse o trauma precisa ser mais forte.

Dependendo da gravidade do caso podemos tranquilamente tratar o paciente através de fisioterapia ou Pilates. Porém, existem casos em que o médico indicará o processo cirúrgico, o que significa que a parte da reabilitação pós-operatória fica por nossa conta.

Lesão na articulação esternoclavicular

A estrutura dos ligamentos relacionados a esternoclavicular faz com que episódios de lesão sejam bastante raros. Na maioria das vezes elas são causadas por acidentes de trânsito e podem ser posteriores ou anteriores.

Algumas vezes também encontramos lesões na esternoclavicular combinadas com outras lesões na cintura escapular ou estruturas torácicas.

Dependendo da gravidade da lesão ela também pode ter tratamento cirúrgico ou conservador.

Já que lesões são raras na esternoclavicular, é mais comum encontrar entorses e subluxações na região. Em ambos os casos precisamos avaliar cuidadosamente como encontra-se a articulação e seus ligamentos para decidir o tratamento.

Lesões na articulação escapuloumeral

A instabilidade do complexo do ombro afeta em especial a articulação glenoumeral.

Uma luxação traumática da escapuloumeral ocorre quando existe algum trauma como quedas, acidentes ou impactos diretos no ombro. Após esse trauma o ombro fica “deslocado” de seu lugar original e precisa de tratamento para retornar à condição original.

É bastante comum que a lesão na articulação escapulumeral também seja acompanhada de lesão nos tendões ou no Labrum. Os casos são acompanhados por dor, que deve ser aliviada antes de conseguirmos trabalhar da maneira correta com o paciente.

Em geral, a lesão é anterior e acontece quando o membro superior está em abdução e rotação externa, posição comum em vários movimentos cotidianos fazendo com que o aluno raramente lembra qual foi a situação exata que levou à lesão.

Também podemos encontrar lesões posteriores na articulação, mas elas são bem raras.

Quando um paciente sofre lesão na articulação escapuloumeral deve tomar cuidado extremo com a cicatrização. Caso os ligamentos ou o labrum cicatrizem numa posição anormal ele provavelmente terá novas lesões posteriormente. É possível que o aluno desenvolva uma lesão no ombro devido a uma luxação mal cicatrizada.

Lesão no manguito rotador

O manguito rotador tem um papel especial na estabilização das articulações do ombro. Seus tendões estão localizados na cabeça do úmero, envolvendo-o e gerando estabilidade e são:

  • Tendão supraespinal;
  • Tendão infraespinhal;
  • Tendão subescapular;
  • Tendão redondo menor.

O manguito auxilia ao desacelerar o ombro nos movimentos e dá suporte a outras musculaturas. Ele se localiza no espaço subacromial e lesões no ombro podem ocorrer devido a algumas características alteradas deste local:

  • Presença de esporões no acrômio que deixam o “teto” mais baixo;
  • Posição errada da escápula;
  • Fraqueza dos tendões que deixam o “chão” mais alto;
  • Movimentos repetitivos realizados com o braço elevado.

Outros problemas podem levar a uma lesão no manguito como problemas vasculares (comuns em fumantes), a existência de uma tendinite crônica ou até degeneração natural causada pelo envelhecimento.

Um ombro que possua alguma pequena lesão nos tendões também pode desenvolver um quadro mais grave caso sofra traumas ou impactos diretos.

A lesão pode ser parcial, completa, atingindo o tendão parcialmente ou integralmente, em um tendão ou mais de um. Como sempre, precisamos de uma avaliação completa para compreender o caso e auxiliar nosso aluno da melhor maneira possível.

Um paciente que apresenta espaço subacromial menor devido a qualquer um desses fatores tem uma alta probabilidade de desenvolver a Síndrome do Impacto.

Outras lesões e patologias no ombro

Uma dor no ombro é algo limitante ao extremo. A pessoa sente dificuldade nas tarefas mais simples do cotidiano e pode perder sua independência. Mas para nós, profissionais do movimento, não só a lesão pode ser o foco da reabilitação.

As compensações têm que ser identificadas e tratadas. Além de estimular o quadro de dor, a lesão pode vir a gerar novas patologias associadas. Lembram do conceito de cadeia muscular? O corpo está conectado na hora do movimento. Portanto, desequilíbrios musculares também estão conectados.

Outro problema frequente é a perda de mobilidade após processos cirúrgicos. Uma patologia mais grave tratada dessa maneira te deixará com um paciente que tem:

  • Articulação rígida;
  • Musculaturas tensionadas;
  • Dificuldade em geral para se mover.

Nesses casos, o foco deve ser no fortalecimento das musculaturas do ombro e recuperação dos movimentos funcionais.

Se o ombro sofre, o resto do corpo também sofre, exigindo um trabalho global para a recuperação daquela patologia. Quando seu aluno reclamar que está trabalhando CORE e não ombro numa aula de tratamento lembre ele disso.

Agora, vamos falar algumas das patologias de ombro mais comuns.

Artrite

Sabia que é mais provável você encontrar uma aluna que um aluno com artrite reumatoide no ombro? Essa patologia afeta muito mais mulheres que homens, mais ou menos duas ou três vezes mais.

Outro fator de risco é a idade. Geralmente relacionamos a artrite a pessoas mais idosas, mas isso não significa que ela só afeta os mais velhos, jovens também podem ter artrite.

A artrite é caracterizada pela inflamação de articulações, entre elas o ombro. A inflamação ocorre quando o próprio sistema imunológico começa a atacar estruturas articulares.

Por ser uma doença autoimune, o tratamento precoce é essencial para garantir uma boa reabilitação. Caso a artrite permaneça sem tratamento, o organismo pode começar a destruir tecidos das articulações.

A patologia também espalha-se para outras articulações do corpo caso não seja tratada precocemente. Alguns pacientes desenvolvem artrite em órgãos, deixando o caso mais grave.

Os estudos não comprovam com certeza qual é a origem da artrite. Porém, existem indícios de que fatores genéticos têm uma forte influência em quem vai ou não desenvolver o problema.

Alguns fatores externos como doenças infecciosas, traumas físicos e emocionais e problemas hormonais podem estar relacionados. É possível que esses fatores sirvam de “gatilho” para desenvolver a doença em quem já é predisposto geneticamente.

Por isso, para identificar se um paciente tem artrite, é importante se atentar a algumas características e problemas relatados pelo paciente como: rigidez no ombro pela manhã ou dor em mais de uma articulação, além de observar evidências da artrite reumatoide em radiografias e, por consequência, descalcificações e erosões em ossos.

Faça uma avaliação física completa para descobrir o estado dos movimentos funcionais do paciente e limitações do ângulo de movimento do ombro.

Por se tratar de uma doença autoimune, a artrite deve ser acompanhada periodicamente pelo médico. O paciente também fará uso de medicamentos para evitar que seu sistema imunológico continue agredindo as articulações. Também utilizamos técnicas como Pilates, Fisioterapia e exercícios de Treinamento Funcional para reabilitar esse paciente, já que os movimentos utilizados ajudam a:

  • Aliviar a dor;
  • Melhorar a mobilidade;
  • Prevenir deformidades na articulação do ombro.

A realização de atividades físicas também auxilia a manter a força muscular do aluno, assim como possibilita evitarmos outras lesões e patologias no ombro, que já está fragilizado.

Exercícios de Treinamento Funcional serão essenciais nesse processo. Alguém com artrite terá uma alteração nos padrões de movimento, dificultando suas atividades diárias. Portanto, exercícios que o ajudem a reconquistar a independência serão de grande ajuda.

Bursite do ombro

O corpo é cheio de articulações sinoviais, aquelas revestidas de cartilagem e com líquido sinovial para aliviar o atrito. Cerca de 80% das articulações de um adulto são sinoviais, inclusive aquelas do complexo do ombro.

A articulação sinovial é importante porque elas são as mais móveis no corpo. Infelizmente, essa mobilidade vem com um risco: o da bursite.

Entre os ossos da articulação e o músculo ou a pele existem pequenas glândulas chamadas de Bursa. Elas servem para tornar mais fácil o deslizamento das estruturas. Ao apresentar uma inflamação da bursa incha e se enche de água, gerando a dor característica da patologia.

No caso do ombro, quem inflama é a Bursa Subacromial, responsável por proteger tendões, ligamentos e músculos da superfície do acrômio.

A origem da Bursite ainda não é completamente conhecida. Estima-se que a inflamação surge devido a movimentos repetitivos. Se você quer evitar que seu aluno desenvolva bursite, observe os movimentos que ele realiza principalmente no trabalho, onde é muito provável que haja repetições.

Já para identificar se a patologia é presente no aluno, basta ouvir se ele costuma reclamar de dor no ombro que não passa com os métodos normais de alívio. Em seguida, analise se essa dor também limita sua amplitude de movimento. Se sim, então existe a possibilidade do desenvolvimento da bursite. A maneira mais segura de confirmar é recomendar que o paciente visite um ortopedista, que pedirá exames de ressonância.

A partir disso, além do tratamento com medicamentos recomendado pelo médico, precisamos fortalecer as musculaturas do ombro. Em geral, a bursite é causada por uma diminuição no espaço subacromial, e é importante verificar quais desequilíbrios musculares podem ter levado a essa situação.

Artrose do ombro

A artrose, ou osteoartrose, é uma doença bastante relacionada aos idosos. Apesar de geralmente afetar indivíduos acima dos 65, ela não é exclusiva dos mais velhos e pode afetar pessoas jovens.

Pacientes atingidos pela osteoartrose de ombro perdem os movimentos articulares funcionais progressivamente. A doença é um dos principais fatores de incapacitação para o trabalho e dor articular em toda a população.

Por muito tempo a artrose foi considerada como algo normal do processo de envelhecimento. Porém, atualmente, já percebemos que os sintomas dela podem e devem ser tratadas através do movimento.

Para que o movimento gere o menor atrito possível as articulações são equipadas com cartilagem e líquido sinovial. Em um ombro normal encontramos essas estruturas com densidade e espessura o suficiente para aliviar o atrito. Porém, isso não acontece na artrose.

A osteoartrose começa com uma alteração na cartilagem, que fica mais áspera. Dessa maneira, ao invés de aliviar o atrito, ela contribui para gerar ainda mais atrito na articulação. Aos poucos o movimento destrói a cartilagem, até chegar ao estado grave da doença onde ela foi completamente destruída.

Existem graus diferentes de artrose: leve, moderado e grave. Quem apresentar o tipo leve não sentirá sintomas como dor e limitação de movimentos, sintomas comuns nos outros quadros.

Por enquanto não existe consenso sobre as causas da osteoartrose, existindo a possibilidade de uma influência genética em seu surgimento. Outras influências são doenças como lúpus e anemia falciforme.

Lesões e fraturas crônicas no manguito rotador também podem levar a uma artrose, que nesse caso será chamada de artropatia do manguito rotador.

Ao tratar um paciente sofrendo com osteoartrite temos alguns objetivos:

  • Aliviar a dor: primeira prioridade. Um aluno com dor geralmente é incapaz de fazer exercícios importantes para sua recuperação, portanto livrar-se dela também será um passo para movimentos mais funcionais;
  • Melhorar a capacidade funcional da articulação: posteriormente,teremos que recuperar os movimentos da articulação. Exercícios de fortalecimento e flexibilidade serão essenciais para esse objetivo;
  • Impedir que a doença progrida: por fim, cuidado com a parte psicológica do aluno. Ele é uma parte importante do próprio processo de reabilitação e precisa entender que a doença não é uma condição irreversível. Quanto mais negativo o paciente estiver quanto ao tratamento menor será o resultado obtido.

Tendinite de ombro

Chamamos de tendinite o processo inflamatório dos tendões das articulações. No caso do ombro ela geralmente afeta os tendões do manguito rotador.

Essa tendinite é uma das causas mais comuns de dor crônica no ombro entre adultos. Alguns fatores de risco são traumas, movimentos repetitivos e sobrecarga da articulação.

Essa patologia é bastante encontrada em atletas que fazem movimento de extensão do braço com frequência ou trabalhadores braçais. Felizmente a recuperação da patologia através de métodos conservadores têm sucesso na maioria dos pacientes.

A inflamação dos tendões do manguito rotador está muito relacionada ao uso excessivo da articulação. O tendão do músculo supraespinhoso sofre inflamação com muito mais frequência por passar pelo espaço subacromial. Porém é possível encontrarmos inflamação em outros tendões.

O principal sintoma é a dor, geralmente relatada após um período de uso excessivo da articulação ou movimentos que levam a sobrecarga. Após a inflamação o aluno apresenta fraqueza nos tecidos próximos e inflexibilidade. Observar essas características será importante no processo de reabilitação.

Com o tempo a inflamação pode evoluir se não tratada.

No primeiro estágio o aluno apresenta dor e cansaço no membro acometido durante o período de trabalho. Após um tempo de descanso a dor diminui ou desaparece, fazendo com que muitos não busquem ajuda profissional nesse estágio. No entanto, a dor pode se tornar mais frequente ou até incessante.

Para uma recuperação rápida e eficiente o ideal é começar o tratamento precocemente. Apesar de precisarmos fortalecer as musculaturas do manguito, um aluno com dor aguda será incapaz de fazer trabalhos com o ombro afetado.

Muitos alunos preferem optar pelo repouso durante uma fase de dor aguda, mas cuidado. Manter o ombro imobilizado por muito tempo, especialmente com o uso de tipóia, pode levar ao desenvolvimento da síndrome do ombro congelado.

Portanto, o objetivo inicial da reabilitação é controlar os sintomas e impedir que o aluno perca ainda mais mobilidade do ombro. Muitas vezes o tratamento com movimento é unido ao uso de anti-inflamatórios e analgésicos para controlar a dor. Posteriormente, é essencial introduzir exercícios de fortalecimento e alongamento das musculaturas do manguito. Um tratamento errôneo pode levar a encurtamento das musculaturas e retorno do processo inflamatório.

Os exercícios devem ajudar a estabilizar a articulação do ombro e aumentar o espaço subacromial. Dessa maneira podemos evitar a volta da patologia assim como lesões futuras no ombro.

Síndrome do ombro congelado ou capsulite adesiva

O principal sintoma da capsulite adesiva é uma rigidez acompanhada de dor na articulação do ombro. Um paciente com a CA apresenta mobilidade restringida do ombro diferente em cada estágio.

Estágio 1

Nesse primeiro estágio o paciente ainda possui mobilidade da articulação, porém apresenta uma inflamação na membrana sinovial (sinovite). A inflamação inicia com uma dor leve que, com algumas semanas, torna-se aguda e intensa.

A dor característica da síndrome do ombro congelado é diferente daquela presente em outras patologias por aparecer em todos os movimentos articulares.

Estágio 2

O segundo estágio é caracterizado por uma evolução da sinovite que leva ao início da aderência da cápsula articular à cabeça do ombro. Ele começa geralmente 9 meses após o início da patologia. A articulação afetada começa a perder o movimento.

Nessa fase a dor começa a diminuir de intensidade conforme a articulação torna-se mais rígida e pode durar até 18 meses.

Estágio 3

No terceiro estágio a articulação começa a descongelar e os movimentos retornam também progressivamente. A maioria dos pacientes consegue chegar até a fase do descongelamento mesmo sem tratamento, porém com uma perda de 15% a 20% dos movimentos.

A causa primária da capsulite é uma inflamação dos tecidos sinoviais que evolui progressivamente. Essa está relacionada a reações do sistema imunológico, sem muita certeza de uma origem certa.

Pacientes com doenças como diabetes e alterações na tireoide (hipotireoidismo ou hipertireoidismo) estão no grupo de risco para o desenvolvimento da doença.

Pacientes que começam o tratamento na fase dolorosa da patologia devem priorizar o alívio da dor. Isso pode ser feito através de analgésicos, acupuntura, agulha e técnicas de terapia manual.

Forçar movimentos nessa primeira etapa pode ser um fator agravante da patologia que aumenta a duração da fase dolorosa.

Após passar a fase de dor precisamos auxiliar o aluno a recuperar a mobilidade da articulação. Isso é feito através de movimentos de alongamento e mobilidade articular, que devem evitar a perda de mobilidade ao fim da última fase.

Síndrome do impacto

A síndrome do impacto é caracterizada pela compressão do tendão do músculo supraespinhoso, infraespinhoso ou da cabeça longa do bíceps braquial. Ela está entre as causas da tendinite crônica do ombro e é bastante comum em praticantes de atividade física com movimentos de elevação do braço.

A patologia pode ser dividida em três fases. No início ocorre edema e hemorragia no local da lesão, seguido por tendinite, finalmente evoluindo para lesão do tendão. A dor característica da síndrome do impacto é localizada na face ântero lateral do ombro.

A síndrome é causada por degeneração das partes moles do manguito devido ao atrito constante com a estrutura articular. Muitos alunos que desenvolvem a patologia também apresentam uma predisposição anatômica.

Pacientes com um acrômio plano, com a presença de esporões ou cabeça do úmero com uma posição mais elevada possuem predisposição para a síndrome do impacto.

Praticar esportes como tênis ou de arremesso também é um fator que pode aumentar as chances de desenvolver a patologia.

Os meios conservadores mais indicados para o tratamento são modalidades como fisioterapia e Pilates. Os objetivos da reabilitação devem ser aliviar a dor, recuperar amplitude de movimento e fortalecer as musculaturas envolvidas.

Cuidado com exercícios isolados. Apesar de proporcionar um alívio da dor, ele é temporário. É importante trabalhar todas as musculaturas que estejam desequilibradas devido a dor.

Lesões e patologias no ombro em atletas

Atletas, tanto profissionais quanto amadores, estão expostos a um grande risco de lesões e patologias no ombro, devido à sua grande amplitude de movimento e a sobrecarga nessa região, que está entre uma das articulações mais afetadas.

Entre todos os esportes, os mais atingidos são aqueles que praticam esportes de arremesso ou que realizam movimentos em grandes amplitudes. Alguns exemplos são tenistas, jogadores de vôlei e golf.

O tema torna-se cada vez mais relevante, especialmente com a popularização de práticas esportivas no Brasil. Assim, percebemos a importância de conhecer os principais mecanismos de lesão do ombro e patologias que afetam os atletas.

Motivos das lesões

Podemos destacar dois tipos de lesões no ombro de atletas: traumática e atraumáticas.

Lesões traumáticas são aquelas causadas por traumas diretos ou indiretos na articulação. Elas estão mais presentes em modalidades que exigem mais contato físico.

Já as atraumáticas estão relacionadas a esportes sem contato, mas com movimentos repetitivos, de explosão ou em grandes amplitudes.

A prática competitiva costuma exigir treinos intensos e frequentes dos atletas, fazendo com que eles sofram lesões no ombro por sobrecarga e fadiga. Claro que isso não quer dizer que praticantes amadores estejam livres de riscos. Em geral, eles se lesionam devido à falta de acompanhamento profissional, que leva a gestos feitos de maneira incorreta.

Movimentos de arremesso apresentam um perigo em especial. Ao propelir um objeto para longe do centro de massa do corpo o membro produz uma energia elevada que pode ultrapassar o limite do ombro.

Para qualquer atleta a lesão é um problema gigantesco. Um processo de reabilitação força o esportista a diminuir a frequência e intensidade dos treinos ou até a deixar de praticar por um tempo. Isso está relacionado a uma queda no rendimento e possíveis dificuldades psicológicas que acompanham as lesões e patologias no ombro e também em outras regiões.

Após o processo de reabilitação, o esportista precisa retomar as atividades gradualmente, podendo demorar na volta. A única maneira de tentar evitar esse processo em um praticante de esportes é através da prevenção.

Lesões no vôlei

No Brasil e no mundo, o vôlei é bastante popular. Desde a escola até a idade adulta, o esporte conquista novos praticantes todos os anos. E isso leva a um aparecimento maior de lesões e patologias no ombro relacionadas à sua prática.

Um praticante da modalidade precisa ter bom condicionamento físico e conhecimento técnico. Com exigências tão altas os treinos são incessantes e muitas vezes a causa de uma lesão ou aparecimento de uma patologia.

Quando falamos de lesão, o esporte parece bastante seguro, já que não existe contato direto entre os praticantes em jogo, fazendo-o parecer inofensivo. Realmente, as lesões por trauma são extremamente raras no vôlei. Casos de exceção ocorrem, mas costumam ser causados por quedas ou descontração do próprio atleta.

O tipo mais comum de lesão traumática no vôlei são as contusões. Em geral, elas acontecem devido a contato com a quadra em quedas ou em situações próximas à rede onde ocorre colisão com outros jogadores.

A ausência de contato não significa ausência de lesão. Prova disso é a recorrência de lesões traumáticas, geradas pelo próprio gesto esportivo.

Podemos citar como causa desses problemas os movimentos repetitivos em treino e jogo que sobrecarregam as articulações. No vôlei as mais recorrentes são contraturas e estiramentos.

Uma contratura ocorre quando um músculo do complexo do ombro se contrai e é incapaz de voltar ao estado de relaxamento. Forma-se um nódulo doloroso na região que pode ser percebido ao apalpar.

Já os estiramentos são caracterizados pelo alongamento anormal de uma estrutura da articulação que leva ao rompimento de fibras musculares próximas. Quando isso ocorre, o atleta sente uma dor repentina com intensidade que varia de acordo com a gravidade da lesão.

A tendinite no manguito rotador é outro mal comum em jogadores de vôlei. A repetição exagerada dos movimentos de rotação interna e externa podem sobrecarregar o complexo do ombro. Para que ocorra a patologia essas repetições geralmente estão relacionadas a desequilíbrios musculares.

Os movimentos de ataque e defesa também podem sobrecarregar as articulações e causarem uma tendinite

Lesões na natação

Assim como o vôlei, a natação é um esporte fisicamente exigente e que utiliza muito as articulações do ombro. Em geral, as lesões esportivas são causadas pelo uso excessivo da articulação combinada a técnica imperfeita e desequilíbrios musculares.

Quando fatigado, o atleta sente dificuldade para realizar os movimentos com técnica perfeita e começa a mostrar compensações. Em qualquer pessoa compensações musculares levam a lesões e patologias no ombro e em outras articulações também e, em atletas, não seria diferente.

Com um calendário de treinamento exigente, muitos nadadores apresentam um corpo cheio de compensações espalhadas. Esse é o ambiente propício para uma lesão.

Outros problemas relacionados a danos na articulação são a falta de flexibilidade e dificuldades proprioceptivas. Ambos os fatores são causadores de erros no movimento e sobrecarga.

A compressão de estruturas no espaço subacromial é muito comum na natação. Casos como bursites e tendinites na região são comuns. Para que elas não cheguem a afetar a prática esportiva é necessário realizar um diagnóstico e tratamento precoce.

O manguito rotador sofre com muitas lesões em nadadores por motivos similares aos do vôlei. Mas tudo pode ser prevenido ou remediado através de uma preparação eficiente.

Lesões no tênis

Tenistas utilizam o ombro em grandes amplitudes e com movimentos explosivos. O saque, por exemplo, exige a elevação do braço acima do corpo e uma volta rápida do movimento. A desaceleração abrupta dos movimentos quando a raquete atinge a bola também pode estar entre os causadores de lesão na prática. Vários fatores influenciam no aparecimento de lesões. O tipo de raquete pode aumentar ou diminuir as vibrações transmitidas pelo braço, assim como a posição durante o saque ajuda a diminuir ou aumentar a pressão no ombro.

Não existiria perigo em realizar tais movimentos caso o corpo do tenista estivesse preparado para isso e sem desequilíbrios. Porém essa não é a situação em boa parte deles.

Muitos tenistas apresentam musculaturas desequilibradas, com algumas muito tensionadas e outras enfraquecidas. A área mais afetada é o manguito rotador, que inclusive é lesionado ou inflamado com frequência nos tenistas, especialmente os tendões infra-espinhal e supraespinhal.
A estabilização feita pelas musculaturas do manguito é essencial para evitar lesões no ombro desses atletas. Ou seja, o trabalho preventivo é focado no fortalecimento e manutenção da estabilidade do complexo articular.Lesões em esportes de contato

Os esportes que vimos até agora foram caracterizados pela presença de lesão traumática.

Começaremos agora a ver esportes onde as lesões traumáticas são as mais comuns.

Quanto maior for o contato entre os atletas, maior será a ocorrência de lesões traumáticas.Podemos destacar artes marciais como o judô e o jiu jitsu nesse tipo de lesão do ombro. Nos dois esportes o objetivo é forçar o oponente a desistir a partir de uma finalização, um golpe que cause dor e seja impossível de escapar. As finalizações incluem torções, estrangulamentos e chaves. Todas a oportunidade perfeita para lesionar o ombro caso a técnica esteja imperfeita.

Um golpe bem aplicado, com uma boa técnica e num atleta com noção de seus limites não deveria machucar, mas existem exceções. A americana, por exemplo, envolve rotação externa abrupta e forçada do ombro com o cotovelo flexionado. Esse momento deixa a articulação frágil e, se o atleta não desistir a tempo, pode levar a uma luxação glenoumeral.

A queda, que ocorre em esportes como judô, jiu jitsu e sandá, também é um fator de risco para lesões no ombro. É importante que o atleta esteja extremamente preparado para realizar e sofrer uma queda, ou sofrer alguma lesão sem dúvidas.

A bursite e a tendinite também são comuns em lutadores, especialmente em artes que envolvem socos como o boxe e muaythai. Desequilíbrios nos rotadores do ombro estão entre as causas mais frequentes e seu fortalecimento pode evitar a maioria das lesões.

Falta de aquecimento e preparação adequada antes da prática e treino também levam a lesões, patologias e traumas. Essas práticas são algumas das maneiras mais eficientes de evitar que esses atletas se lesionem por qualquer coisa.

Prevenção de lesões e patologias no ombro de atletas

Como vimos, tanto a lesão quanto a patologia são extremamente limitadoras para qualquer atleta e pode até levar à desistência da modalidade. A prevenção é a única maneira de manter os praticantes de esportes seguros e com bom desempenho.

Para conseguir uma boa prevenção é importante realizar também uma avaliação eficiente. A maioria dos esportistas já possui desequilíbrios musculares potencialmente nocivos para o complexo do ombro. No entanto, só é possível descobrir quais são esses desequilíbrios e como tratá-los avaliando com cuidado a maneira como os movimentos são feitos e quais riscos oferecem à articulação. Dê atenção especial aos gestos esportivos do atleta.

Outro ponto importante é avaliar como o corpo do praticante se comporta quando está fadigado. Percebemos que nos esportes com maior incidência de lesões atraumáticas, a fadiga é um dos motivos de lesão mais comuns. Também é nela que descobriremos as compensações mais realizadas.

Após identificar as musculaturas desequilibradas comece com os exercícios de prevenção. A ênfase deve ser na manutenção da estabilidade do complexo articular do ombro. O manguito rotador também merece atenção por ser uma das estruturas mais afetadas em todas as modalidades.

Talvez o atleta tenha receio em perder tempo de treino para fazer o trabalho preventivo. Por isso é fundamental que o profissional o ajude a compreender a importância do processo. Caso contrário, ele sofrerá danos graves em seu desempenho com o desenvolvimento de lesões e patologias no ombro.

Conscientizar os praticantes quanto à importância dos exercícios preparatórios feitos no início da aula é outra função do instrutor. Esses movimentos são, muitas vezes, feitos sem atenção e com qualidade de execução.

Mantendo um processo de prevenção contínuo, com boas práticas de alongamento e aquecimento deve diminuir consideravelmente a ocorrência de lesões e patologias no ombro e também em outras regiões.

Cuidados com processos cirúrgicos no ombro

Nem todos os casos de problemas no complexo do ombro conseguem ser resolvidos através do tratamento conservador.

O motivo mais comum de processo cirúrgico é a falta de resposta à reabilitação. Um caso mais grave e avançado também pode exigir cirurgia.

Precisamos ter em mente que a cirurgia nunca deve ser a primeira saída para o problema. Com frequência o processo cirúrgico traz suas próprias desvantagens ao paciente ou um novo processo inflamatório. A opção da cirurgia deve ser decidida após uma avaliação cuidadosa do quadro do paciente.

Em casos como esses o paciente precisará de um fisioterapeuta para recuperar seus movimentos no período após a cirurgia.

Sequelas do processo cirúrgico

O complexo do ombro está sujeito a uma rápida perda de mobilidade e ganho de rigidez após uma cirurgia.

Como as articulações do ombro realizam movimentos complexos em conjunto, qualquer alteração nelas desequilibra o balanço entre estabilidade e mobilidade do ombro. O resultado é a rigidez, que gerará perda de amplitude de movimento.

Após a operação do complexo, independente da patologia ou lesão, o paciente deve ser encaminhado para um processo de reabilitação. Demorar a começar sua reabilitação só trará problemas mais duradouros para o complexo articular.

Acompanhamento antes da cirurgia

Durante a preparação da cirurgia o paciente passa por uma série de exames para garantir que seu corpo está preparado. Mas o que muitos esquecem é a necessidade do auxílio de um profissional da reabilitação nessa preparação.

O ombro está prestes a passar por um processo extremamente invasivo e traumático que levará ao rompimento de estruturas importantes. Para evitar que o paciente sofra bloqueios posteriormente é interessante que o fisioterapeuta dê orientações anteriores, mostrando assim a importância de voltar a se mexer depois da operação.

Bloqueios do paciente no pós-cirúrgico

Além da demora em procurar reabilitação, encontramos com frequência bloqueios no próprio paciente durante esse período delicado. A dor gerada pela patologia e pelo processo invasivo o incentivam a limitar cada vez mais os movimentos do ombro.

Ao contrário do que é recomendado, o paciente tende a manter o membro afetado imóvel e colado ao corpo. O paciente assim dá preferência ao uso do braço bom e sem lesões e patologias no ombro, enquanto as musculaturas que deveriam ser fortalecidas atrofiam.

O medo de se mover é constante em quem já passou por uma cirurgia e um bloqueio para o próprio processo de reabilitação. Mesmo que a pessoa frequente a fisioterapia assiduamente, nada conseguimos se ela manter o braço imóvel assim que sair pela porta.

Adicionamos dessa maneira mais um papel ao profissional da reabilitação: reeducar o paciente para que ele sinta liberdade e facilidade em se mover. Ele deve ser convencido de que o movimento é a cura e não o mal.

Papel do paciente na reabilitação

Após a cirurgia o paciente buscou um fisioterapeuta e começou sua reabilitação precoce. Tudo está certo e ele tem grandes chances de se recuperar rápido caso coopere.

É importante garantir a cooperação do paciente nesse processo porque ele não está 100% do tempo da presença do fisioterapeuta. A indicação de exercícios para fazer em casa ajuda a recuperar os movimentos do paciente e a conscientizá-lo de sua colaboração no processo.

Tome cuidado com alunos que raramente fazem os exercícios prescritos em casa e sentem medo de se mexer. É possível que eles desenvolvam uma capsulite adesiva no período pós-operatório, levando a meses de reabilitação e rigidez articular.

Graduação dos exercícios na reabilitação de lesões e patologias no ombro

Tome todo cuidado necessário para garantir que seu paciente não sofrerá novas lesões e patologias no ombro após a cirurgia. Esse é um estágio delicado, que pode levar a complicações futuras.

Por isso também devemos pensar cuidadosamente nos exercícios utilizados, principalmente em sua evolução.

Mesmo querendo que o aluno ganhe confiança e comece a se movimentar, devemos limitar os exercícios a princípio e progredir com cuidado para garantir a evolução e não arriscar iniciar um processo inflamatório, por exemplo.

Comece com amplitudes pequenas com menor probabilidade de causar atrito na articulação. Dê preferência a exercícios passivos, onde não existe necessidade de aplicar a força do aluno. Assim você dará tempo para que as estruturas se recuperem do processo cirúrgico.

Em alunos que realizaram operação do manguito rotador devemos evitar movimentos que possam voltar a estressar os tendões. Os exercícios devem continuar limitados pelo menos enquanto os tendões cicatrizam o suficiente para evitar novas lesões e patologias no ombro.

Use sempre a dor como seu guia para entender quais movimentos servem ou não para aquele paciente. Assim que ele reclamar de dor deixe o exercício e passe para o próximo, não insista ou piore o quadro.

Analgesia durante o tratamento

A dor é, infelizmente, um sintoma que permanece por algumas semanas após a operação. Durante esse período precisamos começar o tratamento do paciente, o que é extremamente difícil em fase de dor aguda.

Para aliviar o sintoma o médico provavelmente prescreverá um analgésico, mas também podemos fazer a aplicação do gelo na região. Essa aplicação pode ser feita tanto antes quanto após os exercícios para facilitar o movimento.

Cooperação entre o fisioterapeuta e o médico

Esse é um dos fatores que determinará o sucesso ou não da reabilitação pós-cirúrgica. O fisioterapeuta deve manter o médico responsável por seu paciente atualizado quanto aos desenvolvimentos da reabilitação.

O médico, por sua vez, tem a obrigação de informar o profissional de reabilitação quanto ao processo utilizado, complicações e riscos apresentados no paciente. Compartilhar informações é a melhor maneira de saber o que deve ser evitado em cada fase do tratamento.

É importante que tanto o fisioterapeuta quanto o médico reavalie o paciente periodicamente durante a reabilitação. Assim é possível identificar possíveis problemas precocemente e evitar lesões e patologias no ombro.

A colaboração entre os dois profissionais também ajuda a manter a segurança do paciente em relação ao trabalho que está sendo feito. Sabendo que os movimentos não apresentam risco ao seu estado, ele será mais cooperativo e terá uma visão positiva de sua recuperação.

Após o retorno dos movimentos e volta às atividades físicas, o paciente deve continuar seu acompanhamento com o fisioterapeuta. Tendo passado por um processo invasivo como a cirurgia, será de seu interesse continuar com a prevenção de lesões e patologias no ombro.

Conclusão

O ombro é uma articulação essencial para a realização de movimentos funcionais e com qualidade.

Infelizmente é muito frequente o diagnóstico de lesões e patologias no ombro, frutos de desequilíbrios em suas musculaturas.

A única maneira de prevenir e tratar essas lesões e patologias no ombro é através do conhecimento. Por ser uma das articulações mais complexas do corpo, esse processo é, muitas vezes, demorado e doloroso para o paciente.

Felizmente é possível tratar a maioria dos problemas que acometem o ombro através do movimento. Modalidades como o Pilates e o Treinamento Funcional serão essenciais para recuperar a mobilidade das articulações e amplitude de movimento e também são indicadas para a prevenção de lesões e patologias no ombro de atletas, já que os desequilíbrios musculares também estão muito presentes em esportistas e podem levar a lesões graves do complexo.

Mesmo após a reabilitação, devemos continuar o trabalho com ênfase na prevenção devido a reincidência de lesões e patologias é bastante comum e pode levar a problemas mais graves.

O que achou desse guia das lesões e patologias no ombro? Espero que ele te ajude a dar um tratamento cada vez melhor aos seus pacientes e alunos.

Grupo VOLL

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