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A avaliação fisioterapêutica sistematizada é a premissa do sucesso profissional. Através da coleta de dados minuciosa e interpretação dos mesmos garante condutas mais assertivas e consequentemente sucesso no tratamento. Possuímos uma gama de testes específicos, escalas e manipulações, todavia faz-se necessário conhecer as necessidades individuais do paciente e aplicá-los de acordo com a demanda de cada um, através da avaliação manual.

A avaliação é o primeiro contato com o paciente, no entanto o profissional deve estar atento em todo o processo de tratamento. No primeiro momento, o fisioterapeuta deverá entender a causa da disfunção e todo o processo nele envolvido sempre atento ao indivíduo como todo e a interação dos aspectos físicos, emocionais, ambientes e psíquicos do ser.

Para entender melhor sobre os tipos de Avaliação Manual e como realizá-las, continue lendo!

Avaliação Manual

Durante muito tempo a avaliação possuía características qualitativas, atualmente cada vez mais vem se buscando quantificar essas medidas tornando os dados mais sistematizados.

Na avaliação deve conter os dados de identificação – informações como nome, contato, profissão, endereço, entre outros. Todos esses dados coletados são fundamentais para o entendimento do processo da disfunção. Outra etapa é a  anamnese que consiste na entrevista com o paciente, onde o mesmo trará informações sobre o processo de disfunção. 

Nesta etapa a queixa principal deve estar clara e todo o processo de adoecimento deve ser entendido nela, é importantíssima no exame clínico. Outra etapa é o exame físico-funcional ao qual o profissional irá avaliar e detectar os desequilíbrios corporais.  

A palpação assim como a inspeção, percussão e ausculta é uma das propedêuticas utilizadas na avaliação manual de suma importância para os achados anatômicos e detecção de possíveis assimetrias e disfunções.

A terapia manual vem sendo muito utilizada para abordagens de avaliação manual e tratamento fisioterapêutico. Utilizando manobras que detectam a causa e consequentemente entendendo o processo que deverá ser abordado pelo terapeuta.

Vamos abordar cinco tipos de avaliação manual, sem equipamentos:

1. Avaliação Postural Estática

Na avaliação postural estática utilizamos o exame físico-funcional através da palpação de pontos anatômicos, manualmente seguindo marcos anatômicos avaliamos simetrias de todo o complexo musculoesquelético.

A avaliação deve ser realizada na vista anterior, posterior e perfil. Levando em consideração os planos de movimento (frontal transverso e sagital). Cada segmento corporal deve ser analisado em cada plano seguindo as unidades corporais (pelve, tronco/coluna, membros superiores, cervical, joelhos e pés). Sempre atentos ao diagnóstico diferencial nos possíveis achados em cada unidade.

Para melhor entendimento, em seguida utilizaremos a unidade anatômica pelve como exemplo da avaliação estática e seus possíveis achados. Ressaltando que o indivíduo deve ser avaliado como o todo e essa sistematização deve ser aplicada em todas as unidades anatômicas e em todos os planos de movimento.

Avaliação da pelve na visão anterior

O terapeuta deverá iniciar a avaliação no plano frontal na vista anterior, paciente em ortostase, terapeuta palpando as cristas ilíacas, realizando um afundamento nas cristas liberando o tecido adiposo. Se há dúvidas de que realmente está palpando as cristas solicita para que o paciente tussa, recrutando o reto abdominal e nesse momento afunda as suas mãos, comparando a altura entre elas.

Visão posterior (crista ilíaca)

Para avaliar a pelve é necessário que o terapeuta esteja sentado ou ajoelhado atrás do paciente, apalpe as cristas ilíacas fazendo um afundamento com as mãos em “L” no tecido adiposo e descansar as mãos nas cristas. Observar o nivelamento de uma crista em relação à outra, se suas mãos (terapeuta) encontram-se no mesmo plano horizontal.  

Possíveis achados/diagnóstico diferencial:

Altura das mãos sendo iguais, mantendo-se horizontais terá um teste normal;

Altura das mãos diferentes, uma mais alta que a outra, configura um desequilíbrio pélvico, que pode está associada a um desequilíbrio muscular como, por exemplo, fraqueza do glúteo médio e máximo ou a um membro mais curto gerado por trauma com perda da substância óssea ou diferença de crescimento. Outra possibilidade que justifique essa alteração de membros são as compensações por uma escoliose ou um joelho varo.

Seja qual for à causa do desalinhamento haverá uma compensação inevitável, ocorrendo uma latero flexão da coluna lombar para o lado mais curto, o que pode gerar uma escoliose, ocasionando ilíaco um pouco mais alto e a lombar homolateral a ele também, surgindo uma gibosidade, dessa forma caracterizando a escoliose funcional (escoliose gerada por outras disfunções, ou seja, desvio secundário). Se a pelve for alinhada, a “escoliose” e a gibosidade desaparecem.

Visão perfil

Terapeuta deve palpar a espinha ilíaca ântero superior (EIAS) e espinha ilíaca póstero posterior (EIPS), comparando a direção dos dedos. O dedo mais caudal, mais baixo que o posterior é indicativo de uma pelve em anteversão e mais cefálico de retroversão.

Em seguida devem-se avaliar todas as unidades anatômicas seguindo com a palpação, finalizando o plano frontal, deve-se passar para os demais planos repetindo a avaliação das unidades anatômicas e sempre comparando os dados coletados em cada plano, entendendo o processo daquele corpo.

2. Avaliação Dinâmica

A avaliação postural dinâmica consiste na análise através de movimentos, verificando a sua qualidade, como o movimento está sendo executado, se há presença de quadro doloroso ou compensações que impactam na funcionalidade do paciente.

Utilizando ainda a unidade pélvica como exemplo, podemos solicitar do paciente movimentos como a prancha, ponte, agachamento e avaliar a estabilidade da mesma e sua correlação com unidades ascendentes e descendentes.

3. Avaliação Neural

Com a avaliação neural o terapeuta consegue coletar dados imprescindíveis para o entendimento da disfunção do movimento. Os testes neurais detectam alterações na Neurodinâmica e consequentemente detectam alterações de movimento e restrições na capacidade funcional do indivíduo.

A alteração funcional acarretará em todo sistema musculoesquelético reações em cadeia, ou seja, se há comprometimento neural conseqüentemente haverá alteração de impulsos nervosos, o que pode gerar em diminuição da atividade muscular gerando atrofia muscular e redução do diâmetro da fibra muscular, perdendo força. Impactos neurais geralmente vêm associados a sintomas como náuseas, vômitos, parestesias, cefaleia, perda de força e diminuição de funcionalidade.

Durante a avaliação neural com aplicação de testes específicos as manobras de diferenciação estrutural são essenciais para as suspeitas diagnósticas e o profissional deve estar atento a toda queixa do paciente.

4. Avaliação de Cadeias Musculares

Para compreendermos o movimento e possíveis disfunções faz-se necessário avaliar e refletir como as cadeias musculares estão se comportando durante o movimento. Qual o mecanismo adotado pelas cadeias retas e cruzadas? Se houver alteração de onde esse desajuste está vindo?

Segundo Madame Meziéres, as cadeias musculares são como um conjunto de músculos de mesma direção e sentido, geralmente poliarticulares que se comportam como se fossem um só músculo e se recobrem com telhas de um retalho.  

Portanto, para avaliar o movimento faz-se necessário entender a atuação da cadeia muscular e seus pontos de desajustes. Devemos avaliar as cadeias musculares durante o movimento, sempre atento as cadeias envolvidas, suas possíveis assimetrias e de onde está vindo o desajuste.

5. Avaliação da Dor Miofascial

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a dor miofascial é uma condição clínica de dor muscular em uma determinada região, marcada pela presença de um ou mais pontos de gatilho. A dor é caracterizada por uma dor profunda e mal localizada e pode vir associada a fenômenos motores, sensitivos e autonômicos.

Lopes et al., 2015 relata que a dor miofascial é responsável pela hipersensibilidade em bandas tensas palpáveis de fibras musculares devido à presença de pontos dolorosos denominados de pontos-gatilho (PG), que se localizam no músculo, na fáscia muscular e/ou nos tendões.

Está relacionada à sobrecarga na atividade muscular ou traumas repetitivos que causam estresse anormal em grupos musculares específicos, levando à diminuição da amplitude de movimento, rigidez muscular, fraqueza e fenômenos autonômicos.

Os pontos de gatilho são os achados diferenciais e devem ser bem identificados pelas mãos treinadas do profissional. Portanto, na presença de dor a palpação manual sobre a área certamente encontrará um músculo tenso, que pode provocar dor referida a uma determinada distância. 

Outros sintomas que podem vir associados e devemos estar atentos durante o processo de avaliação é a presença de diminuição de mobilidade, dormência, cefaleia, alteração de humor, sono, fraqueza muscular, vertigem, entre outros.

Conclusão

A avaliação é importantíssima para o diagnóstico precoce e a intervenção específica adequada a cada paciente.

É importante entendermos que seja qual for o tipo de avaliação manual empregada ao paciente, faz-se necessário que os componentes empregados devem ser adequado às necessidades individuais do cliente. 

E é imprescindível entender aquele indivíduo como todo, avaliar e entender todo o complexo envolvido no movimento e acima de tudo compreender que o movimento não só um puro ato motor, uma seqüência de contrações musculares mais sim o movimento humano também é uma forma de expressão e seus aspectos físicos fazem parte desse complexo. Portanto, mais uma vez saliento que é necessário entendermos o indivíduo como um todo.

Grupo VOLL

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