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A Síndrome Compartimental Abdominal (SCA) é uma complicação grave resultante do aumento crônico da pressão intra-abdominal (PIA) e que pode trazer sérios problemas, inclusive falências dos órgãos e óbito.

Comum no ambiente hospitalar, principalmente em pacientes críticos, suas causas podem ser resultantes de traumas, cirurgias e infecções, mas indivíduos aparentemente “saudáveis” podem apresentar aumentos crônicos da PIA, levando a várias complicações como: hérnias de disco, prolapsos de órgãos genitais, refluxos e outros problemas que podem comprometer a saúde e a qualidade de vida do indivíduo.

Leia este texto e conheça mais sobre esta síndrome!

O que é a Síndrome Compartimental Abdominal?

De acordo com a World Society of the Abdominal Compartment Syndrome (WSACS), a pressão intra-abdominal (PIA) é definida como a pressão uniforme e oculta no interior da cavidade abdominal, vinda da interação entre a parede abdominal e as vísceras em seu interior.

Esta pressão oscila de acordo com as funções fisiológicas, principalmente durante a fase respiratória com resistência que a parede abdominal impõe e volume dos órgãos ocos e/ou sólidos.

O aumento da PIA se faz importante em vários aspectos. Na coluna vertebral, promove a sua estabilização, porém, se este aumento for constante (considerado hipertensão abdominal), o indivíduo perderá a eficácia da contração dos músculos extensores profundos do tronco, gerando uma estratégia de compensação realizada por músculos superficiais.

A cavidade abdominal é um sistema hidráulico e uma PIA normal, de acordo com a WSACS (Sociedade Mundial da Síndrome Compartimental Abdominal) deve ficar entre 5 e 7 mmHg.  A mensuração é realizada pela manometria intravesical onde uma sonda é inserida até a bexiga do indivíduo e através de um monitor multiparâmetros, após três mensurações com intervalos de quatro a seis horas é considerado hipertensão intra-abdominal (HIA) valores ≥ 12 mmhg.

Classificação

Hipertensão Intra-Abdominal (HIA):

  • Grau I = 12-15 mmHg;
  • Grau II = 16-20 mmHg;
  • Grau III = 21-25 mmHg;
  • Grau IV = ≥ 25 mmHg.

Além da PIA, outras cavidades corporais como craniana, torácica e pélvica, possuem uma variação pressórica dentre as diversas situações fisiológicas a qual o corpo é submetido diariamente, como por exemplo, tossir, espirrar, falar, realizar exercícios físicos. Todas estas atividades geram aumento da pressão, principalmente a pressão intra-abdominal (PIA).

O grande problema é que o aumento sustentado da PIA, com valores ≥ 20 mmHg, pode acarretar em falência dos órgãos, ocasionando então a Síndrome Compartimental Abdominal. Este aumento crônico da PIA pode provocar sérios danos ao organismo. Ela reduz a perfusão celular, provocando estresse oxidativo e aumento dos fatores inflamatórios. Toda esta cascata de eventos bioquímicos favorece a concentração e transmissão bacteriana na corrente sanguínea, provocando infecções, sendo a urinária a mais comum entre as mulheres.

No âmbito hospitalar é uma das causas frequentes de morbimortalidades entre pacientes criticamente enfermos. Esta complicação grave é acompanhada de manifestações clínicas, neurológicas, cardiovasculares, pulmonares, renais, hepáticas e gastrointestinais. Outras consequências da hipertensão intra-abdominal incluem atelectasia pulmonar, retenção de sódio, aumento da pressão intracraniana e diminuição da perfusão da parede abdominal predisposta à complicações locais.

Principais causas

Existem relatos sobre as causas do aumento da PIA, principalmente em pacientes enfermos, mas qualquer aumento de volume de qualquer estrutura abdominal pode ocasionar este aumento. Esta afirmação justifica que, no âmbito hospitalar, torna-se frequente a Síndrome Compartimental Abdominal, porém indivíduos normais que sofrem de prisão de ventre, por exemplo, podem ter uma PIA aumentada.

Tipos de Hipertensão Intra-abdominal (HIA/SCA)

  • Primária: Por alguma doença da região abdomino pélvica, lesões, traumas e cirurgias na cavidade abdominal;
  • Secundária: Por complicações decorrente da permanência no âmbito hospitalar ou secundária a doenças de base, como por exemplo, casos de SEPSE e tumores abdominais.

Mas você deve-se perguntar: “Se todas as pessoas podem desenvolver SCA, como saber se meu paciente possui um fator de risco para desenvolver a HIA?”. Na prática clínica, durante a avaliação, o paciente pode relatar alguns sinais que indicam aumento da PIA:

  • Refluxos, azias;
  • Diástases não fisiológicas;
  • Hérnias inguinais, umbilicais;
  • Dores lombares, retrolisteses, anterolisteses;
  • Hérnias de disco;
  • Hemorróidas;
  • Incontinências urinárias, fecais e mistas;
  • Retroceles, cistoceles;
  • Pitoses viscerais.

Como prevenir a Síndrome Compartimental Abdominal?

Em pacientes críticos, é importante observar os fatores de risco relacionados. Pacientes com abdômen tenso e distendido, insuficiência renal progressiva, hipoxemia e mudanças no padrão respiratório com ventilação inadequada (elevada pressão inspiratória final) são sinais de alerta!

Em pessoas normais, ficar longe dos fatores que podem ocasionar  o aumento da PIA e consequentemente a HIA é essencial para a manutenção da saúde e evitar doenças relacionadas  a cronificação da pressão intra-abdominal:

  • Manter uma dieta equilibrada e evitar alimentos que desencadeiam alterações no sistema gastrointestinal como gases, fermentações alimentares e prisão de ventre;
  • Exercícios de alta intensidade devem ser praticados por pessoas com boas condições e aptidão física favorável para que o aumento constante da PIA não acarrete em disfunções do assoalho pélvico, hérnias abdominais, umbilicais e inguinais;
  • Um ótimo padrão respiratório com mobilidade diafragmática normal e competência da faixa abdominal é importante para a manutenção das pressões intracavitárias;
  • Evitar ficar longos períodos com a bexiga cheia pois como já vimos ao decorrer do texto, qualquer aumento de volume de algum órgão pode desencadear alterações na pressão intra-abdominal e como consequência o desenvolvimento de incontinências urinárias;
  • Gestantes: As mulheres grávidas apresentam um aumento temporário da PIA. É um processo fisiológico e modificável após o parto, porém elas devem ter o cuidado redobrado, principalmente em relação ao tipo de exercício físico que devem ser adequado, respeitando as condições anatômicas e fisiológicas para evitar o desenvolvimento de diástases abdominais.

Métodos de tratamento

A Sociedade Mundial da Síndrome Compartimental Abdominal recomenda a descompressão do abdômen por meio da laparotomia descompressiva, em caso de pacientes críticos, observando os sinais clínicos (presença de oligúria, hipoxemia e pressões inspiratórias elevadas). É importante a correção dos distúrbios metabólicos antes da cirurgia e em casos de atraso na realização do procedimento, pode levar a isquemia intestinal e a óbito.

Portanto, recomenda-se:

  • Hipertensão grau I: Nenhuma evidência de SCA;
  • Hipertensão grau II: Necessidade de descompressão abdominal baseado na condição clínica do paciente;
  • Hipertensão grau III: Indicação de descompressão;
  • Hipertensão grau IV: Descompressão com URGÊNCIA!

Na prática diária, além dos cuidados mencionados acima, para evitar o aumento da PIA, exercícios que trabalhem a sua diminuição são excelentes como a Ginástica Abdominal Hipopressiva!

Conclusão

A Síndrome Compartimental Abdominal é um assunto pouco conhecido pelos profissionais da saúde e o manejo a respeito das suas definições, diagnósticos e tratamentos requer mais atenção, principalmente em pacientes críticos. A detecção precoce do aumento da PIA pode prevenir algumas patologias que aparecem com frequência na prática clínica e diminuir a mortalidade em pacientes de risco.

 

Referências

Montalvo-Jave EE, Espejel-Deloiza M, Chernitzky-Camaño J, Peña-Pérez CA, Rivero-Sigarroa E, Ortega-León LH. Abdominal compartment syndrome: Current concepts and management. Rev Gastroenterol Mex (Engl Ed). 2020 Oct-Dec;85(4):443-451. English, Spanish. doi: 10.1016/j.rgmx.2020.03.003. Epub 2020 Aug 23. PMID: 32847726.

Pereira BMT. Abdominal compartiment syndrome: immeasurable relevance. Rev Col Bras Cir. 2019 May 27;46(2):e2001. Portuguese, English. doi: 10.1590/0100-6991e-20192001. PMID: 31141030.

Ruiz de Viñaspre Hernández R. Efficacy of hypopressive abdominal gymnastics in rehabilitating the pelvic floor of women: A systematic review. Actas Urol Esp (Engl Ed). 2018 Nov;42(9):557-566. English, Spanish.

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