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Algumas atividades básicas como sentar, caminhar, pular e correr só são possíveis graças à fáscia, um tecido conectivo fibroso com características contínuas que interligam todos os sistemas do corpo. Mas você sabia que a inflamação da fáscia pode causar uma série de desconfortos, dores e restrições em outras áreas?

O padrão estrutural de cada pessoa é individual e único e, por meio dos fatores físicos, genéticos, ambientais e emocionais, moldamos nosso corpo e tecidos frente a cada situação. 

Partindo desse princípio, estruturas sutis do corpo se remodelam a todo momento para lidar com a grande variedade de forças biomecânicas, como as estruturas fasciais.

A fáscia desempenha um papel importante na transmissão de forças mecânicas durante mudanças de posturas e funciona como uma matriz tridimensional de suporte estrutural, com influência direta na funcionalidade de todos os sistemas. 

Continue a leitura para entender quais são as principais causas de inflamação da fáscia e qual tratamento é o mais recomendado para evitar futuras lesões!

O que é a inflamação da fáscia?

O tecido fascial pode ser dividido em duas camadas: fáscia superficial e fáscia profunda

A fáscia superficial consiste em tecido conjuntivo frouxo e adiposo, com uma espessura variável, tendo como funções a proteção da pele, reserva alimentar e isolamento do corpo. É rica em receptores e une a derme com a fáscia profunda. 

Já a fáscia profunda é formada por uma aponeurose superficial firme e compacta, que divide o corpo em compartimentos, separando os órgãos dos músculos.

O corpo humano está organizado por um sistema de estabilização, com o equilíbrio das forças de tensão e compressão (tensegridade) e, por sua vez, tem a função de integrar a estrutura e função das células, tecidos, órgãos e outras estruturas. 

As substituições bioquímicas intracelulares são originadas a partir de forças aplicadas por um sistema mecânico molecular. Isso traduz como as aplicações locais e sistêmicas da fisioterapia podem influenciar fisiologicamente todos os tipos de tecidos. 

As suas funções são extremamente importantes para o bom funcionamento do corpo, inferindo uma harmoniosa comunicação entre os sistemas orgânicos:

  • Secreta proteínas como colágeno e elastina;
  • Reveste, protege e repara tecidos e órgãos;
  • Estimula a circulação linfática e dos líquidos corporais;
  • Transmite e distribui a tensão sobre o corpo;
  • Proporciona a forma ao músculo e direciona a força de contração;
  • Participa do processo de coordenação muscular;
  • Nutri tecidos;
  • Facilita o movimento através da lubrificação proporcionada pela presença do líquido intersticial.

O que é o processo inflamatório?

O processo inflamatório é uma resposta do corpo frente a uma lesão ou agressão ao organismo. Quando isso ocorre, nosso corpo produz uma série de reações com o objetivo de proteção e reparação. 

Nossas células de defesa liberam e produzem mediadores inflamatórios sendo uma resposta defensiva inespecífica e localizada. Ela é dividida em fases aguda, subaguda e crônica.

Na fase aguda e subaguda os principais objetivos são:

  • Limitar a difusão do agente patogênico e promover a sua destruição;
  • Remover detritos;
  • Iniciar a reparação dos tecidos danificados;
  • Aumentar a vasodilatação local e da permeabilidade vascular;
  • Infiltração de leucócitos pelo tecido;
  • Degeneração de tecido e fibrose.

Os quatro sinais típicos da inflamação são: 

  • Rubor (aumento do fluxo sanguíneo);
  • Calor (vasodilatação local);
  • Tumor (acumulação e circulação de fluido-edema);
  • Dor (devido a pressão exercida nos terminais nervosos nociceptivos).

A fase crônica é uma resposta mais prolongada a um agente nocivo por mais de quatro semanas ou meses.

Inflamação da fáscia e dores miofasciais

Um exemplo clássico dessas respostas inflamatórias no tecido fascial são os pontos gatilhos. 

O ponto gatilho ou trigger point é um ponto irritável, localizado em uma estrutura de tecido mole, mais frequentemente no músculo, caracterizado pela alta sensibilidade dolorosa em relação a outras áreas. Quando se estimula esse ponto por 30 segundos com uma pressão moderada, surge uma dor referida.

O trigger point possui dois estados:

Ativo: causa dor espontânea ao movimentar e provoca diminuição da amplitude de movimento e força muscular.
Latente: causa dor somente se for pressionado. Pode tornar-se ativo por qualquer evento traumático ou estresse, gerando dor referida.

A teoria aceita para a formação dos trigger points é a da liberação de cálcio. Os pontos ativos podem ser iniciados por um trauma que localmente abre o retículo sarcoplasmático, liberando o cálcio. 

Esse cálcio combina-se com o ATP para continuamente ativar os mecanismos locais de contração, causando uma contratura local e colapso da microcirculação. O consumo energético sob condições de isquemia leva à depleção de ATP, o que impede a recaptação do cálcio pelo retículo sarcoplasmático.

Outro exemplo de inflamação da fáscia é a fascite plantar. Considerada uma síndrome dolorosa muito frequente, o diagnóstico envolve exame clínico, de imagem, histórico do paciente e físico.

A causa exata dessa síndrome é desconhecida. Entretanto, vários fatores estão envolvidos: inflamação da fáscia plantar provocada por evento traumático que envolve forças de tração, cisalhamento, avulsão da fáscia plantar e fratura por estresse. O paciente normalmente se queixa de dor, de início insidiosa, na face interna do calcanhar.

O que causa a inflamação da fáscia?

As causas das dores miofasciais podem incluir vários fatores que podem ser isolados ou combinados, como:

  • Estresse sobre as estruturas de maneira repetida;
  • Alteração estrutural e postural (exemplo: ter um membro maior que o outro);
  • Tensão muscular;
  • Postura corporal adotada nas atividades da vida diária (AVD´S);
  • Estado emocional;
  • Estado nutricional.

Quais os tipos de tratamento para a inflamação da fáscia?

Dentre os vários instrumentos e técnicas disponíveis para a inflamação da fáscia, temos o tratamento conservador, com elevada taxa de sucesso, que consiste em: fisioterapia convencional, terapia manual, osteopatia, orientações ergonômicas e exercícios físicos.

A fisioterapia convencional consiste na utilização de recursos eletrotermoterapêuticos com o objetivo de controlar a inflamação e diminuir a dor; pompagens e alongamentos para relaxar os músculos; programa de cinesioterapia com exercícios específicos e programa domiciliar.

A terapia manual se baseia em técnicas específicas para o alívio da dor, organização estrutural e funcional: liberação miofascial, quiropraxia, dry needling (agulhamento a seco), terapia visceral e craniana, ventosaterapia e outros recursos que o fisioterapeuta utilizará baseada na avaliação de cada paciente.

A osteopatia é uma especialização da fisioterapia, que consiste em técnicas para   restabelecer a mobilidade perdida e dar equilíbrio ao sistema musculoesquelético, sacro-cranial e visceral, mantendo a elasticidade do tecido conjuntivo em todos os seus sistemas. Ela abarca três grandes ramos: estrutural, cranial e visceral.

Em todos os casos o osteopata realiza um diagnóstico osteopático para estabelecer as estruturas bloqueadas ou em disfunção, sempre do ponto de vista do movimento, detectando as lesões osteopáticas existentes, uma vez que o tratamento consiste em eliminar essas lesões mediante técnicas de estiramentos, mobilizações e manipulações.

Em muitos países, onde a osteopatia está mais introduzida, revela-se mais efetiva que o tratamento farmacológico e a fisioterapia. Além de ser bem tolerada e carece de efeitos adversos, sendo uma terapia natural que principalmente restabelece o equilíbrio biomecânico do indivíduo.

Reforça que, orientações em relação a postura e exercícios para aliviar as tensões do cotidiano são muito importantes quando se trata de dores fasciais. O exercício físico é um ótimo aliado no tratamento e prevenção dessas dores.

O Pilates é um dos exercícios mais indicados pelos profissionais da saúde para organização corporal como um todo, pois através da combinação dos movimentos com os princípios específicos do Método (concentração, centralização, respiração, fluidez, precisão e controle) traz vários benefícios como: melhora da consciência corporal, postura, força muscular, alívio das dores fasciais e miofasciais. 

Outros tipos de modalidades trazem vantagens e bem-estar, como: musculação terapêutica, hidroginástica, natação, hidroterapia e alongamentos.

Conclusão

A fáscia é uma estrutura do corpo humano importantíssima para a qualidade da função. Também é o conjunto de tecidos que constitui uma peça única e contínua, responsável pela globalidade do indivíduo e, por essa razão, algumas das disfunções dos sistemas craniano, visceral e musculoesquelético podem ser causadas pela inflamação da fáscia.

Saber identificar através de um exame físico, bem como propor o tratamento específico para cada situação traz resultados positivos e duradouros para o paciente.

 

Referências Bibliográfica

RIOS, Iván Dario Pinzón. Sistema Fascial: Anatomía, biomecánica y su importancia en la fisioterapia. Movimiento Científico, v. 12, n. 2, p. 2-12, 2018.

CHAITOW, Leon. Terapia Manual para disfunção fascial. Artmed Editora, 2017.

BORDONI, Bruno et al. Nomenclatura Fascial: Actualización Traducido por Terapiafascial. es. 2019.

SANTOS, Emily Moraes Aguiar Lima dos et al. Fáscia e Yoga: trilhos conectados. 2021.

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