A amputação é um procedimento cirúrgico drástico e frequentemente necessário que envolve a remoção de uma parte do corpo como dedos, pernas ou braços. Essa cirurgia pode ser a última solução para diversos motivos como traumas físicos, doenças vasculares, diabetes e até câncer.
Embora a amputação seja uma medida vitral e, muitas vezes, o último esforço para tentar superar uma condição adversa, ela traz consigo uma série de desafios, tanto físicos como emocionais e psicológicos, que devem ser superados pelo paciente, e uma das soluções para os desafios físicos impostos pela amputação é feita através da fisioterapia.
Neste artigo, exploraremos a importância da fisioterapia na recuperação pós-amputação, destacando como os profissionais desempenham um papel crucial na melhoria da mobilidade, no fortalecimento muscular e na reabilitação física e emocional dos pacientes. Boa leitura!
Preparação pré-amputação e avaliação fisioterapêutica
Antes de ocorrer um procedimento de amputação, é preciso realizar uma preparação cuidadosa para que a cirurgia seja bem-sucedida. Nesse momento, já começa a participação dos fisioterapeutas em conjunto com ortopedistas e cirurgiões.
Nessa fase de pré-amputação, o fisioterapeuta vai avaliar o estado funcional do paciente na área que será afetada, pois a atenção nesse primeiro momento será totalmente voltada para o coto resultante da cirurgia.
Em alguns casos podem ser prescritos exercícios voltados para fortalecer os músculos e melhorar a condição física antes da cirurgia, o que pode facilitar e reduzir o tempo da reabilitação pós-amputação.
Esse tipo de atenção prévia é muito utilizado em pacientes que apresentam um quadro de saúde deteriorado, como no caso de diabetes, e existe um certo tempo para que seja feita a preparação.
Quando há traumas físicos intensos, como acidentes com automóveis e envolvendo ferramentas elétricas, o paciente já chega em estado de choque, muitas vezes com perda severa de sangue e, com bastante frequência, com o membro estilhaçado.
Nessa situação, a avaliação prévia é feita, mas não há tempo hábil para exercícios pré-operatórios, já que se trata de uma situação emergencial.
Reabilitação pós-amputação e recuperação da qualidade de vida
Após a amputação, é de extrema importância que o paciente consiga recuperar a mobilidade e independência para que a sua qualidade de vida não seja mais afetada. A fisioterapia continua atuando nessa fase com mais ênfase ainda.
O primeiro passo a ser feito em conjunto com o fisioterapeuta é do treinamento do paciente para que ele aprenda a como fazer as bandagens no coto, seja na desarticulação do joelho, cotovelo, mão ou pé.
Aliado a esse treinamento, também é feito uma série de exercícios e procedimentos para que haja uma dessensibilização do coto para que o paciente não sinta dor e não haja o surgimento de edemas na região.
Após a dessensibilização do coto, o fisioterapeuta vai tirar todas as medidas do paciente para encomendar a prótese, pois cada caso exige uma prótese diferente.
Após o recebimento da prótese, começam as fisioterapias. Em primeiro lugar, o fisioterapeuta vai ensinar ao paciente como colocar e remover a prótese e como se equilibrar com ela. Caso seja uma prótese de pé ou perna, é necessário desenvolver a noção espacial e responder ao contato com objetos.
Nesse momento, o objetivo é garantir que o paciente esteja confiante e confortável com a prótese.
Depois que o paciente já está seguro com relação à prótese, começam os exercícios da reabilitação funcional.
Nessa etapa, a fisioterapia visa restaurar a função física perdida devido à amputação. Isso envolve melhorar a força muscular, a flexibilidade, a resistência e o equilíbrio.
O fisioterapeuta projeta um programa de exercícios personalizado para atender às necessidades individuais do paciente, seja para melhorar a força nos músculos lacerados da amputação, ajudar no equilíbrio, criar consciência corporal para que as próteses de braço fiquem sempre na posição certa durante o uso, entre outros exercícios.
Vale ressaltar que não existe um tempo mínimo para a reabilitação, cada paciente apresenta suas próprias particularidades e limitações, por esse motivo que o tratamento fisioterapêutico deve ser feito “sob medida” para cada caso.
Alguns pacientes podem se recuperar e ter total autonomia após 3 ou 4 meses de tratamento, outros podem levar mais tempo, dependendo da severidade da amputação, idade, peso e nível de cognição do paciente, podendo chegar a anos de reabilitação.
A vida continua com apoio da fisioterapia
A reabilitação de uma pessoa amputada não se limita apenas aos aspectos físicos, mas também envolve a melhoria da qualidade de vida e o apoio emocional contínuo.
Mesmo após terminado o processo de reabilitação, o paciente ainda precisa visitar o fisioterapeuta com regularidade para acompanhar o seu desenvolvimento ao longo do tempo e avaliar a necessidade de troca de próteses.
Além disso, após a reabilitação inicial, muitos pacientes devem realizar os AVDs (Treinamento de Atividades da Vida Diária), que consistem em uma série de exercícios para que o paciente recupere as habilidades que são essenciais no dia a dia, como vestir, tomar banho, cozinhar, digitar, dirigir, escrever, entre outras tarefas diárias.
O AVD se diferencia da reabilitação pós-cirúrgica por ser mais focado nas atividades cotidianas, enquanto a primeira reabilitação é feita para que o paciente se habitue com a prótese e possa realizar os movimentos básicos. Isso ajuda a promover a independência e a autoestima do paciente.
Outros cuidados além da fisioterapia
Embora a fisioterapia seja de extrema importância para a recuperação de um paciente amputado, ela não é a única área que deve ser trabalhada.
É muito importante que quem passou por um processo de amputação tenha um amparo psicossocial, pois o acompanhamento constante com psicólogos e psiquiatras é fundamental para que o lado emocional do paciente não seja muito afetado.
Uma vez que todo o processo de amputação é extremamente desafiador tanto física quanto psicologicamente; pacientes que experienciaram uma amputação têm uma tendência a desenvolver depressão como uma reação natural à perda de um membro.
Outro ponto muito importante a ser ressaltado é que após passar por uma amputação os pacientes passam a ter mais consciência e cuidado com a própria saúde, geralmente optando por planos de saúde com maior cobertura e até mesmo contratando um seguro de vida.
Conclusão
A amputação é um procedimento cirúrgico que, muitas vezes, é a última opção para tratar condições médicas graves, como lesões traumáticas, doenças vasculares ou câncer.
Após a amputação, o tratamento na fisioterapia desempenha um papel fundamental na recuperação e reintegração do paciente à vida cotidiana.
Diante disso, a fisioterapia desempenha um papel crucial no processo pós-amputação, ajudando os pacientes a recuperar a mobilidade, melhorar a força muscular e aperfeiçoar o uso de próteses, quando aplicável.
Os fisioterapeutas trabalham em estreita colaboração com os pacientes para desenvolver programas de reabilitação personalizados, adaptados às suas necessidades específicas. Esses programas incluem exercícios terapêuticos, treinamento de equilíbrio, técnicas de mobilização e educação sobre cuidados com a pele e prevenção de complicações.