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A Doença Renal Crônica (DRC) atinge 1 a cada 10 adultos no mundo, tratando-se de uma perda progressiva e irreversível da função renal, sendo essa a de filtrar toxinas do corpo humano e excretá-las pela urina. 

A evolução da doença é lenta, mas suas complicações expõem o paciente a maior risco cardiovascular e até a morte.

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), as estatísticas de Doença Renal Crônica no mundo eram de 7,2% para pacientes acima de 30 anos e de até 46% em pacientes com 64 anos.

Já no Brasil, as estimativas mostram que mais de 10 milhões de pacientes têm a doença e 90 mil estão em fase avançada, no qual necessitam do tratamento com diálise. 

De acordo com dados da SBN, no Brasil, o número aumenta a cada dia, estando com 140 mil pacientes em estágio avançado.

As causas principais para o desenvolvimento da doença estão associadas às doenças de base como, diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica.

Mas também podem ser correlacionadas a glomerulonefrite crônica, pielonefrite crônica, Doença Renal policística, doença de Alport, Doença Renal Aguda prolongada e até ao uso crônico de anti-inflamatórios.

Neste artigo, exploraremos os benefícios da fisioterapia no contexto da DRC, abordando técnicas terapêuticas específicas, exercícios personalizados e estratégias de reabilitação que visam melhorar a capacidade funcional, minimizar as complicações cardiovasculares e promover o bem-estar geral. 

Acompanhe a seguir e boa leitura!

Sinais e Sintomas da Doença Renal

Os sintomas da Doença Renal Crônica só aparecem em pacientes em nível avançado, sendo no início uma doença silenciosa e sem muitos indícios. 

Em paciente mais graves podem ser observados cansaço excessivo, dificuldade de concentração, diminuição do apetite, dificuldade para dormir, cãibras durante a noite, edema nos pés e tornozelos, pela manhã edema ao redor dos olhos, pela seca e irritada, além de urina mais frequente principalmente no período da noite.

Processo inflamatório e lesão renal

A inflamação ou o processo inflamatório é considerado a resposta do organismo a qualquer agressão sofrida, sendo capaz de causar lesão celular ou tecidual. 

A lesão tecidual causa ativação do sistema imune e, quando ocorre de forma exacerbada, com o aumento excessivo do processo inflamatório, favorece a instalação e progressão de doenças. 

Como consequência dessa ativação inicial, as substâncias mediadoras da resposta inflamatória começam a agir sobre as células alvo e levam a diferentes processos mórbidos, tais como a Doença Renal Crônica.

De forma sucinta, os seguintes mecanismos fisiopatológicos têm sido propostos para explicar a progressão da Doença Renal Crônica nas uropatias obstrutivas:

  • Aumento do diâmetro e proliferação das células tubulares dos rins obstruídos;
  • Estiramento mecânico das células tubulares pelo processo obstrutivo que promove recrutamento de células inflamatórias e liberação de citocinas e quimiocinas no tecido renal;
  • Apoptose das células tubulares seguida de apoptose do compartimento intersticial;
  • Transição epitelial-mesenquimal das células tubulares e intersticiais levando à formação de fibroblastos;
  • Proliferação progressiva de fibroblastos e recrutamento contínuo de células inflamatórias;
  • Síntese de colágeno pelos fibroblastos com consequente deposição de matriz extracelular e fibrose renal.

O estado inflamatório crônico observado na Doença Renal Crônica se associa à elevação dos níveis séricos de proteínas inflamatórias de fase aguda, como a Proteína C Reativa (PCR), e de uma variedade de mediadores imuno-inflamatórios, tais como citocinas, componentes do sistema de complemento, prostaglandinas e leucotrienos.

Estágios da Doença Renal Crônica (DRC) 

Os 5 estágios são definidos de acordo com a Taxa de Filtragem Glomerular (TFG) e os valores de Albuminúria do paciente onde os valores se apresentam da seguinte forma: 

Quadro 1. Estágio pela Taxa de Filtragem Glomerular (TFG)

Estágio Valor da TFG em ml/min/1,73m2 Classificação
Estágio I ≥ 90 Normal ou Alto
Estágio II 60 – 89 Ligeiramente diminuído
Estágio IIIA 45 – 59 Diminuição leve a moderada
Estágio IIIB 30 – 44 Moderada a severa diminuída
Estágio IV 15 – 29 Severamente diminuída
Estágio V < 15 Falência renal

E os valores de Albuminúria se apresentam dentro do estadiamento da doença como o risco de progressão da Doença Renal Crônica, em que A1<30 se apresenta de forma normal a discreto, A2 30-300 moderado e A3> 300 forte.

Esse sistema de estadiamento tem como objetivo ajudar a determinar a forma de tratamento da doença e com qual intensidade o paciente vai ser monitorado devido a uma previsão de riscos

Tratamento hemodialítico

Após o diagnóstico de Doença Renal Crônica, o tratamento conservador ou dialítico deve ser instituído o mais precoce possível. Quando confirmado o quadro clínico inicia-se o tratamento conservador com uso de medicamentos, visando o controle dos sintomas. 

Nos casos em que a terapêutica não apresenta resultados positivos deve-se iniciar a hemodiálise.

A hemodiálise é um processo realizado por meio de uma máquina que tem como propósito a filtragem do sangue, ou seja, realiza o trabalho dos rins, eliminando o excesso de toxinas, sais minerais e líquidos. 

O tratamento dialítico deve ser mantido até que o paciente receba um transplante de rim, podendo ser estendido por toda a vida. 

As complicações decorrentes da hemodiálise afetam diretamente a qualidade de vida dos pacientes que são submetidos ao tratamento, além de apresentar sintomas paralelos como dor, dispneia e limitações físicas.

Pacientes com Doença Renal Crônica e que passaram por hemodiálise enfrentam complicações cardiovasculares que desenvolveram diretamente sua capacidade funcional. Isso resulta em baixa tolerância ao exercício físico, fraqueza muscular, atrofia, sedentarismo e desregulação do potássio.

Tratamento fisioterapêutico

Devido ao aumento da inatividade física dos pacientes acometidos com Doença Renal Crônica, a capacidade aeróbica, força muscular e tolerância a exercícios se mostram severamente reduzidos, assim vê-se que melhorar as causas da capacidade de exercício aeróbico reduzida desse paciente permitirá uma melhor qualidade de vida.

A intervenção fisioterapêutica consiste em exercícios para melhorar a funcionalidade do paciente com exercícios aeróbicos, exercícios resistidos e a combinação desses promove uma melhora da capacidade funcional, função cardiovascular e força muscular.

Os pacientes que realizam a hemodiálise apresentam uma severa diminuição da capacidade física, porém estudos demonstram que a realização do tratamento intradialítico traz benefícios como o restabelecimento da função física, contribuindo para reversão do quadro.

Não há um protocolo de exercícios específicos para os pacientes em hemodiálise, no entanto, os exercícios resistidos apresentam uma melhora da CF, força muscular e qualidade de vida. 

Isso ocorre pois o exercício físico induz ao aumento volumétrico das fibras musculares, tornando-as resistentes à fadiga.

A combinação do exercício resistido ao treino aeróbico durante a hemodiálise se mostra ainda mais eficaz para a melhora do desempenho funcional do paciente. 

O treino de força deve ser iniciado de forma progressiva de baixa intensidade para que se obtenha benefícios como ganho de força e resistência de membros superiores e inferiores, além de aumento da força da musculatura respiratória.

Conclusão

Com base no exposto, observa-se que a Doença Renal Crônica tem uma progressão lenta que acarreta danos à saúde geral do paciente, sendo o maior risco oferecido ao sistema cardiovascular e assim, tornando-se um risco à vida, principalmente quando associada às doenças de base. 

O tratamento fisioterapêutico colabora para melhorar a qualidade de vida e a capacidade funcional dos pacientes. Isso é alcançado através da combinação de exercícios aeróbios e resistidos com o tratamento hemodialítico conservador.

Essa abordagem é satisfatória para melhorar o desempenho muscular, promovendo uma melhora na capacidade funcional.

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