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A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é considerada um processo inflamatório crônico e progressivo, que ocorre no pulmão em decorrência da inalação de partículas de gases tóxicos, resultando na obstrução fixa das vias aéreas e limitando o fluxo expiratório.

Trata-se de uma patologia que pode ser evitada, mas que pode levar ao comprometimento da função pulmonar. Acomete homens e mulheres, e embora seja tratável, não é totalmente reversível (ALMEIDA, 2019).

Classificada como enfisema pulmonar ou bronquite crônica, o enfisema trata-se da destruição alveolar, já a bronquite é uma inflamação crônica dos brônquios. Devido às suas anormalidades, o paciente apresenta dispnéia, tosse persistente, hiperinsuflação pulmonar, produção de secreção e sibilos

Continue a leitura porque, nesta matéria, vamos apresentar os tratamentos mais indicados para reduzir as manifestações da DPOC!

Principais sintomas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Dentre os principais sintomas cardinais, três são característicos: dispneia, tosse e expectoração, com alguns efeitos extrapulmonares significativos, que podem contribuir para o agravamento do quadro clínico dos pacientes. 

É a terceira causa de morte entre as doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e sua prevalência varia de acordo com a região e o índice de tabagismo (TEIXEIRA; NOGUEIRA, 2019). 

Sabe-se que a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica pode estar relacionada às incapacidades no trabalho e principalmente nas atividades de vida diária (AVD’s), podendo influenciar na qualidade de vida, em razão dos déficits físicos e funcionais decorrentes da obstrução ao fluxo aéreo (CHAHIN, 2020). 

O quadro clínico da doença se caracteriza por uma redução da função pulmonar, visto que a dispneia, na grande maioria das vezes, piora com esforço físico. A tosse crônica também é um sintoma frequente em diagnósticos comprovados de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (BOUZA et al., 2020).

O diagnóstico é realizado a partir da união dos fatores de risco (principalmente o tabagismo), pela apresentação clínica e, obrigatoriamente, pela prova função pulmonar, por meio da espirometria e a broncodilatadora, que deve apresentar uma relação VEF1/CVF inferior a 0,7 após uso do broncodilatador. 

Depois do diagnóstico, itens como o comprometimento pulmonar, a intensidade dos sintomas e a chance de complicações são analisadas para esquematizar o melhor tratamento terapêutico para os pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (RONCALLY, 2019).

A DPOC pode ser classificada de acordo com a gravidade, possuindo quatro estágios

  • Leve: com VEF ≥ 80% do previsto;
  • Moderada: 50% ≤ VEF < 80% do previsto; 
  • Grave: 30% ≤ VEF <50% do previsto; 
  • Muito Grave: VEF < 30% do previsto ou presença de insuficiência respiratória ou Cor Pumonale (WISE; MD; ASTHMA; CENTER, 2020).

O manejo terapêutico é bastante complexo, caracterizando-se essencialmente em precauções, a fim de evitar a piora da função pulmonar, com decremento dos sintomas, especialmente pela cessação habitual do cigarro (SANTORO et al., 2019). 

A adesão ao tratamento é considerada um dos fatores mais importantes no gerenciamento da doença, e a sua falha é considerada uma das principais causas de resposta inadequada ao tratamento. A adesão insatisfatória pode levar a desfechos desfavoráveis, incluindo hospitalização e piora na qualidade de vida (MOREIRA, 2022).

A intolerância ao exercício é uma consequência da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, levando o paciente a um estilo de vida sedentário para evitar a dispneia induzida pela atividade física. 

A associação da inatividade física com os distúrbios metabólicos e as alterações estruturais causadas pela doença, bem como o fato de o tabagismo também ser uma causa primária, resulta na existência de múltiplos fatores de risco para doenças cardiovasculares nessa população. 

Além disso, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é um poderoso fator de risco independente para morbidade e mortalidade cardiovascular, uma vez que os principais fatores para doenças cardiovasculares também estão presentes nesses pacientes (ADOLFO; DHEIN; SBRUZZI, 2019).

Fisiopatologia 

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma restrição, geralmente, irreversível e progressiva do fluxo de ar no trato respiratório inferior, causado por uma resposta inflamatória anormal, especialmente a fumaça do cigarro e alérgenos (MCCABE et al., 2017). 

A exposição dessas partículas por inalação pode causar inflamação nas vias respiratórias e dos alvéolos. Este processo é mediado pelo aumento da atividade da protease e diminuição da atividade antiprotease liberada pelos neutrófilos e outras células inflamatórias. 

As proteases pulmonares dissolvem a elastina e o tecido conjuntivo durante o reparo normal do tecido. A atividade dessas proteases é geralmente equilibrada por antiproteases, como a antitripsina α-1. 

Esse desequilíbrio entre a protease e a antiprotease é o principal mecanismo do componente enfisema da doença, devido a deterioração da elastina e a subsequente perda de integridade alveolar que, consequentemente, causa hiperinsuflação e dificuldade de expiração (ARAÚJO et al., 2017). 

A cicatrização e remodelação do trato aéreo leva a um aumento das camadas das vias aéreas com menos de 2mm de diâmetro como: epitélio, lâmina própria, músculo liso e adventícia. Desse modo, ocorre a perda constante de bronquíolos terminais (ARAÚJO et al., 2017). 

Além da secreção excessiva de muco, broncoespasmo, fibrose peribrônquica e destruição das pequenas vias aéreas, a inflamação também pode causar um estreitamento e obstrução das vias aéreas. 

Isso geralmente ocorre devido à exposição prolongada a substâncias irritantes inaladas, como queima de biomassa, tabagismo, alérgenos, pêlos de animais e poeira, que induzem uma resposta inflamatória crônica, com presença de linfócitos e muco. 

Além disso, foram observados que muitos mediadores de processos inflamatórios sistêmicos estão relacionados com o surgimento de fraqueza de músculos esqueléticos e agravamento ou iniciação de problemas cardíacos e metabólicos (VINIOL; VOGELMEIER, 2018).

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica e a Reabilitação Fisioterapêutica

Os objetivos do tratamento fisioterapêutico são promover a redução da dispneia, melhorar a capacidade de realizar exercícios e maximizar a qualidade de vida. Além de reduzir os riscos futuros, como a queda da função pulmonar, piora no quadro clínico e a mortalidade.

Antes de iniciar a reabilitação, é necessário uma avaliação minuciosa e funcional, principalmente da função respiratória, para que os objetivos do tratamento fisioterapêutico  sejam específicos para as necessidades do paciente. 

Além de investigar e explicar sobre a possível causa, é preciso educar e desenvolver atividades para que o paciente tenha o manejo dos sintomas, além de orientar sobre possíveis fatores que possam causar a progressão da doença, como evitar locais onde existam exposição à fumaça ou gases nocivos, e interromper o tabagismo, caso for o fator desencadeante (GUIMARÃES; CORRÊA, 2020).

A atuação fisioterapêutica para os pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é de suma importância, por meio da reabilitação pulmonar e treinamento com exercícios físicos/fortalecimento, de modo a prevenir e evitar a sintomatologia. 

O tratamento se baseia em técnicas de higiene brônquica, por meio de manobras de vibrocompressão, vibração manual, drenagem postural, aceleração do fluxo expiratório (AFE), dispositivos de oscilação oral de alta frequência – OOAF (Flutter, Shaker e Acapella) e drenagem autógena. 

Para a melhora do desconforto são utilizados exercícios respiratórios, por meio das técnicas freno labial, exercícios diafragmáticos, de expiração ativa e terapia que induz o relaxamento (BASSI, 2019).

A fisioterapia, através do exercício físico, é parte integrante dos programas de reabilitação pulmonar. Os princípios do treinamento são reconhecidos como determinante-chave dos benefícios fisiológicos obtidos com a reabilitação, caracterizados pela:

  • Duração;
  • Frequência; 
  • Progressão; 
  • Modalidade; 
  • Individualização; 
  • Intensidade do exercício.

De acordo com Colégio Americano de Medicina Esportiva, o exercício aeróbico contínuo de intensidade moderada de 20 a 60min traz benefícios fisiológicos, seja em esteira ou cicloergômetro, resultando em menor dessaturação de oxigênio induzida pelo exercício no treinamento de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) pode ser uma alternativa ao treinamento físico contínuo para indivíduos com DPOC que apresentam dificuldade em atingir a duração alvo devido à dispneia, fadiga ou qualquer outro sintoma (ADOLFO; DHEIN; SBRUZZI, 2019).

Conclusão

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é um problema de saúde pública mundial, sendo uma das principais causas de mortalidade e morbidade. Portanto, a atuação fisioterapêutica, por meio do exercício físico assistido e manobras respiratórias, é de suma importância para a melhora da capacidade funcional, respiratória e física desses pacientes. 

Essa associação se faz positiva mesmo durante a complicação da doença, desde que seja respeitada a necessidade real do paciente frente a sua condição clínica, contribuindo significativamente para o tratamento, retardando o avanço da doença e promovendo melhora da qualidade de vida.

Referências Bibliográficas

ADOLFO, Juliano Rodrigues; DHEIN, William; SBRUZZI, Graciele. Intensity of physical exercise and its effect on functional capacity in COPD: systematic review and meta-analysis. Jornal Brasileiro de Pneumologia, [S.L.], v. 45, n. 6, p. 1-8, fev. 2019. FapUNIFESP (SciELO).

ALMEIDA, J.; DE SOUZA, T. A Importância da Atuação Fisioterapêutica para Manter a Qualidade de Vida dos Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC. Faema, Ariquemes – RO, v.1, n.10, p.167-176, 2019.

BASSI, D. B. Influência da Fisioterapia na Melhora da Exacerbação de DPOC: Relato de Caso. Seminário Transdisciplinar em Saúde, v.5, n.8, p.1-3, 2019.

CHAHIN, B. F. O Impacto da Fisioterapia Motora na Qualidade de Vida de Pacientes com DPOC: Uma Revisão de Literatura. Evinci, v. 1, n. 6, p. 173-183, 2020.

COELHO, A. E. C. et al. Abordagem geral da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Médico, v.1, n.1, p.1-6, 2021. 

MOREIRA, A. T. A. de. Evidências da associação entre adesão ao tratamento e mortalidade em pacientes com DPOC acompanhados em um programa público de gerenciamento de doença no Brasil. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.1, n.48, p.1-8, 23, 2022.

RONCALLY, S. R. O. DPOC: Oxigenioterapia e Seus Benefícios. Revista Caderno de Medicina, v.1, n.2, p.96-107, 2019.

WISE, Robert A.; ASTHMA, Johns Hopkins; CENTER, Allergy. Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Manual Msd, Nj-Eua, v. 1, n. 1, p. 1-10, jun. 2020.

GUIMARÃES, P. I. B; CORREA, S. S. A atuação fisioterapêutica no tratamento de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Ver. Científica eletrônica de ciências aplicadas da Fait. v.2. Novembro, 2020.

Escrito por: Ana Julia Martins da Silveira; Anelise Daniel Ribeiro; Gabrielli Franco Moura; Isabella Kelly Divino; Renata Silva de Toledo; Sarah de Oliveira Andrade; Vinicius de Moura Silva Lima.

Orientado por: Profª Ma. Pâmela Camila Pereira.

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