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O balé clássico é uma das modalidades de dança mais praticadas no mundo. Carregada de grande tradição histórica, esta prática requer leveza, agilidade e precisão de movimentos – e por isso tornam-se comuns lesões em bailarinos. Porém, com o passar dos anos, o balé foi evoluindo ao ponto de se tornar uma eficaz linguagem corporal, às custas de intensos aperfeiçoamentos e progressos técnicos. Portanto, nada mais justo do que o tratamento para as  lesões causadas por essa dança evoluam junto.

Para dançar de forma esplêndida, é necessário ter um corpo exemplar. Portanto, para isto, o bailarino tende a buscar incansavelmente a perfeição técnica e física. Esta prática requer de grande amplitude de movimento, explosão muscular em saltos, giros precisos e impactos ao solo executados com precisão.

Na verdade, esta dança em nível profissional pode ser considerada até agressiva, pois leva o corpo e a mente a um esforço físico exacerbado. Além disso, há grande nível de exigência da performance e concentração e ao overuse de treinos na busca de uma execução impecável de passos e sequência de movimentos.

Balé: do que se trata essa dança

Segundo Guimarães e Simas (2001), o balé clássico representa um estilo de dança histórico; uma prática onde o bailarino busca de forma constante um movimento corporal que ultrapassa os limites anatômicos associados a incansáveis repetições e sobrecarga. Porém, esses hábitos podem predispor a diversas lesões, sejam elas de ordem musculoesqueléticas, nutritivas ou metabólicas, além das lesões neurais tão pouco relatadas e conhecidas na literatura. 

Portanto, reabilitar lesões em bailarinos é um desafio, pois é difícil compreender alguém que é capaz de lesionar o próprio corpo e ainda persistir.  Por isso é necessário adentrar em seu universo. Falando sobre dança, ao escrever esse texto sinto um prazer imenso ao transpor para o papel a importância desta arte. Tudo o que sou, minha essência, meus valores como fisioterapeuta e minha busca se desvelam nesta “poesia”, que a tantos encanta e seduz.

O amor à dança

Na verdade, não sei se saberei expressar com palavras a maravilha de uma arte que promove verdadeiros encontros entre diferentes sujeitos, em diversos momentos. Isso porque é difícil a tarefa de tentar compreender a dança sem adentrar em seu universo. Torna-se indispensável sentir e explorar o corpo através desta nobre experiência, na qual, a música e o movimento são veículos construtores de um caminho sem volta: o amor à dança.

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Bailarinos relatam que em determinados momentos, o corpo consegue “falar” muito mais do que as palavras – atrevo a dizer que o homem perdeu muito de sua sensibilidade ao se expressar predominantemente por elas. Assim, podemos e devemos contar com o valor das palavras, mas não somente com elas. O valor de um gesto, às vezes, é tão importante quanto um dizer. 

Para os bailarinos, é indiscutível a sensação de movimentar o corpo aos tons de uma melodia e viver cada momento como se a coreografia nunca fosse acabar. Estar em cena é preencher um espaço vazio em segundos. Dançar, para eles, é mais do que mover o corpo em busca de respostas: é estar entre encontros e desencontros, luzes e sombras, solidão e imensidão. É, absolutamente, saborear a vida, e por isso os bailarinos não temem lesões, temem sim a saída de cena.

A exigência física do bailarinos 

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Em termos ortopédicos e neurológicos, bailarinos, ginastas e atletas precisam praticar movimentos muito complexos. O sistema nervoso tem um trato tecidual contínuo, sendo assim, os movimentos dos membros físicos geram interferências e consequências mecânicas, tanto nos troncos nervosos, como no neuroeixo.

Obviamente, o trato tecidual nervoso tem uma capacidade de limitar-se aos movimentos. Então, não é tudo que fazemos que a biomecânica do sistema nervoso se adapta. E aqui dá-se o início de muitas disfunções: é exatamente quando a neurodinâmica é afetada que acontece a Tensão Neural Adversa (TNA).

Por isso, a funcionalidade perfeita do sistema nervoso também depende de sua integralidade. Portanto, uma tensão neural gera respostas fisiológicas e mecânicas anormais e, com isso, o sistema nervoso tem sua capacidade de alongamento restringida. A biomecânica do sistema nervoso serve para proteger as estruturas neurais de trações e compressões, portanto tem um limite de mobilidade.

O sistema nervoso em traumas de bailarinos

Sabemos que a principal função do sistema nervoso é a condução dos impulsos nervosos e a arquitetura de todos os trajetos nervosos, como as sinapses e os neurotransmissores. Desse modo, estes são responsáveis pelos nossos caminhos neuronais e articulam neles todas as informações ascendentes e descendentes, de forma elétrica e química.

Porém, o que pouco atentamos é ao fato de que, para que tudo isto aconteça, é necessário um arcabouço mecânico, um verdadeiro sistema de fios condutores, que tem como função unificar todo o sistema nervoso, algo reunido em um termo denominado neurodinâmica, tal como cita Vasconcelos et al. 

Traumas leves são comuns na prática diária de um dançarino, e segundo Paula et. al., um dos locais mais comuns de se sofrer lesões em bailarios são os membros inferiores. Ou seja, mais especificamente, 1/3 da lateral na perna, justamente onde encontra-se o leito do nervo fibular profundo acessório (NFPA). Este nervo, considerado como anômalo, exerce controle nervoso sobre estruturas fundamentais para estabilização e mobilização do tornozelo. Então, tente imaginar as consequências a longo prazo deste tipo de inervação periférica, advinda de um simples tombo.

A mobilização neural na fisioterapia

A técnica de mobilização neural surge como um excelente recurso fisioterapêutico para lesões nervosas incompletas, como as lesões em bailarinos. Isso porque essa terapia manual tem como objetivo restaurar a mobilidade neural normal, aumentando o fluxo sanguíneo e restabelecendo a dinâmica do transporte axonal.

Lesões agudas ou condições crônicas que comprometem a estrutura ou a função dos tecidos musculoesqueléticos podem afetar amplamente o desempenho físico de um paciente. Logo, tais lesões podem causar dor, inflamação, deformidade estrutural, restrições dos movimentos articulares, instabilidade articular e fraqueza muscular.

Há algumas décadas, fisioterapeutas começaram a identificar que patologias ortopédicas e reumatológicas envolviam o sistema nervoso periférico de forma direta ou indireta. Assim, eles começaram a notar que muitos sintomas se originavam de agressões nos nervos periféricos e que isso necessitava de mais estudos. SCHMIDT (2005) afirma que algumas pesquisas já concluíram que há sim influência do sistema nervoso nas disfunções musculoesqueléticas.

Porém, os distúrbios musculoesqueléticos necessitam de uma avaliação minuciosa e um diagnóstico certeiro. E para isso, o conhecimento da mobilização neural pelo fisioterapeuta permitirá que o profissional reabilite pacientes com comprometimentos musculoesqueléticos de uma maneira eficiente. Sendo assim, de acordo com estudos já realizados, o tratamento de disfunções musculoesqueléticas pela mobilização neural obtém resultados positivos, diminuindo o quadro doloroso e restaurando a sua funcionalidade.

Entretanto, a escolha frente a aplicação direta da mobilização neural no local onde se encontra o tensionamento dos nervos periféricos e/ou medula deve ser feita pelo avaliador. Manuseios passivos, de forma oscilatória, em diferentes amplitudes de movimento e/ou brevemente mantida no final da ADM articular aplicados através da articulação que compõem o trajeto do trato neural são realizados para aliviar a dor e devolver a extensibilidade no trajeto.

A união entre neurologia e ortopedia no tratamento de lesões em bailarinos

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O investimento de tempo de profissionais da saúde em compreender os mecanismos de lesões em bailarinos torna cada vez mais profissional a prática desta forma de arte. O balé é capaz de expressar as mais diferentes formas humanas vinculadas ao seu conteúdo estético e emocional.

Compreender o mecanismo de lesões e suas causas, assim como identificar as exigências físicas necessárias e atribuí-las ao bailarino, deveria ser exigência mínima em qualquer escola de dança. É importante saber se o bailarino tem aptidão para tal atividade, ou se isto seria exigir demais de sua estrutura corporal.

Força, flexibilidade, resistência física, ritmo e coordenação são fatores chaves na para um bom desempenho no gesto esportivo da dança. Na verdade, segundo Alli e Navarro (2004), a mobilidade articular e a flexibilidade são fatores determinantes para esta atividade.

Abordagens unilaterais são a principal causa do insucesso do tratamento. Nenhuma técnica, método ou recurso por si só, é capaz de conferir a excelência de um atendimento, por isso investir na carreira e expandir o conhecimento é uma necessidade que deve ser reconhecida pelos profissionais da área.

Muitos profissionais da fisioterapia me criticaram, pois acreditavam que este tipo de conhecimento, a união entre neurologia e ortopedia seria dispensável, e, portanto, em nada contribuiria para a minha prática profissional. Hoje, compreendo o teor daqueles discursos, pois eles olhavam de um só lugar.

Referências bibliográficas

ALLI, L.R.; NAVARRO, F. A relação da hipermobilidade musculo articular de bailarinos e o risco de lesão. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano II, n.4 jul/dez 2004.

ANDRADE E.M. de, ALMEIDA J.G. de Mobilização Neural: tratamento de distúrbios musculoesqueléticos. Pós-graduação em Fisioterapia em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual (LatoSenso) – Faculdade Ávila; 2011.

BOWSHER, D. Introduction to the anatomy and physiology of the nervous system. 5th. Edn. Oxford: Blackwell, 1988.

BUTLER, D. S. Mobilização do sistema nervoso. Barueri: Manole; 2003.

FREITAS, S. O. A dançaterapia na formação do Docente de Fisioterapia. [Dissertação de Mestrado] São Paulo: UNICID, 2007.

GUIMARÃES, A.C.A.; SIMAS, J.P.N. Lesões no ballet clássico. Revista da Educação Física/UEM. Maringá, v. 12, n. 2, p. 89-96, 2001. 

MARIZENCK, S. Mobilização neural: aspectos gerais. [acesso 14 dez. 2019] Disponível em: 

https://www.terapiamanual.com.br/site/noticias/arquivos/200912101725220.artigo_7.pdf

MEDEIROS, M. DE O.; PEDROSA, J. M. O contrato de trabalho das bailarinas e as doenças ocupacionais. [acesso em 03 dez 2020]. Disponível em: https://repositorio.uniube.br/handle/123456789/1295.

PAULA et. al. Análise estatística da aplicabilidade da técnica de mobilização neural em lesões que acometem o nervo fibular profundo acessório. Saúde Física & Mental. n.1 v.1, 2012.

SCHMIDT, R. F. A mobilização neural dos membros superiores e a sua influência na flexibilidade global. Tubarão, 2005. Disponível em:< http://www.fisio-tb.unisul.br/Tccs/RodrigoSchimidt/tcc.pdf > Acesso em 08 de novembro de 2020.

VASCONCELOS, D.de A., et. al. Avaliação da mobilização neural sobre o ganho de amplitude de movimento. Fisioterapeuta. Mov. n.24, v.4, p. 665-72, 2011.

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