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Durante os atendimentos, frequentemente o fisioterapeuta é surpreendido pelo paciente queixando-se de episódios de dor nos joelhos sem causa aparente. E, muitas vezes, essa queixa vem do mesmo paciente cuja avaliação cinético-funcional não detectou nenhuma anomalia que sugerisse intervenção fisioterapêutica no momento. 

O que o profissional deve fazer nessa hora? Ignorar a queixa? Inserir uma intervenção fisioterapêutica? Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que a articulação do joelho é um sistema bastante complexo e que merece toda a nossa atenção diante de uma queixa álgica.

Por isso, vamos analisar o que deve acontecer quando nos deparamos com clientes com quadros de dor nos joelhos cuja causa ainda não detectamos. Vamos lá?

A articulação do joelho

Para começar, você deve lembrar que o joelho é uma grande articulação sinovial em dobradiça que inclui três articulações na cápsula articular.

As articulações de sustentação de carga são caracterizadas pelas duas articulações elipsóides da articulação tibiofemoral, enquanto a terceira articulação é representada pela articulação patelofemoral. Esta segunda consiste na articulação entre a patela, incrustada no tendão do quadríceps, e o sulco troclear entre os côndilos femorais.

A patela, por sua vez, é um osso sesamóide localizado dentro do tendão do quadríceps femoral, que articula-se com a fossa intercondilar (tróclea) na face anterior da porção distal do fêmur. Ainda, temos que ela fica embebida na porção anterior da cápsula articular, ligando-se à tíbia pelo ligamento patelar (ou tendão patelar).

Nesse contexto, é importante ressaltar que a superfície articular da patela tem várias facetas que não são completamente congruentes em sua articulação com o sulco troclear do fêmur. Quando estamos com os joelhos estendidos, por exemplo, a patela quase não faz contato com a fossa troclear.

Entretanto, quando iniciamos a flexão a patela começa a deslizar caudalmente por volta dos 20° de movimento articular. Aí, ela inicia o contato da face patelar com o fêmur.

A partir daí, a área de superfície de contato vai aumentando progressivamente de acordo com a progressão da flexão do joelho, atingindo a maior área de contato entre os 90° e 120°, em média.

Dor nos joelhos sem causa aparente

A dor nos joelhos patelofemoral é uma queixa muito comum atualmente nos consultórios e, mesmo após vários anos, nenhum fator único identificável é considerado etiológico dessa condição.

É sabido que a articulação do joelho tem a tendência a se desgastar devido a alguns fatores:

  • A exposição a cargas excessivas;
  • Seu alto ângulo de movimento;
  • Sua exposição frequente a traumas e alterações degenerativas;
  • A presença de variações anatômicas, o que pode levar a instabilidade patelofemoral, contribuindo com o processo de degeneração.

Além disso, alguns sinais e sintomas são relatos frequentes de portadores de dor nos joelhos, também chamada de “Síndrome da Dor Patelofemoral”. Entre eles temos:

  • A dificuldade de movimentação dos joelhos;
  • Dores para subir e descer escadas e realizar agachamentos;
  • Quadro álgico após repouso prolongado.

Outro ponto importante é o fato de que a vascularização na região patelofemoral é bastante rica e complexa. De uma forma geral, a porção lateral da articulação é irrigada pelas artérias geniculares superior e inferior laterais, enquanto medialmente isso acontece pelas artérias geniculares mediais inferiores e superiores.

Algumas causas de dor nos joelhos

Mesmo sem um diagnóstico definido e sem alterações de imagem ou no exame físico, o paciente pode apresentar quadro álgico esporádico devido a algumas questões. 

Um dos fatores etiológicos envolvidos para o surgimento da dor nos joelhos pode ser a adoção de posturas que implicam em um mecanismo de isquemia e hiperpressão da articulação patelofemoral, como:

  • Sentar por longos períodos com os joelhos flexionados;
  • Manter-se sentado por muito tempo;
  • Sentar em cima dos joelhos;
  • Cruzar as pernas durante longos períodos.

O costume de cruzar as pernas ao sentar-se, unido ao hábito de permanecer nessa posição por longos períodos, além de aumentar a compressão da patela contra a tróclea, gera prejuízo da circulação sanguínea nessa área. Períodos de isquemia e hiperpressão patelar podem gerar micro-lesões. Estas, quando ocorrem frequentemente, podem culminar em macro-lesões.

Além disso, o fato de permanecer deitado por muitas horas com os joelhos esticados também pode gerar quadro álgico articular. Nesse caso, porém, a causa é diferente.

Essa situação acarreta na diminuição na lubrificação articular e, consequentemente, dor nos joelhos. Ainda, os músculos e tendões que envolvem a articulação podem ser tornar mais tensos, principalmente aqueles que apresentam propensão a hiper-atividade e a menos flexibilidade.

Em geral, esse quadro de dor nos joelhos ocorre na parte posterior dele, com o paciente apresentando dificuldade e dor para iniciar os movimentos. Apesar disso, dor nos joelhos geralmente diminui com a movimentação progressiva. 

Cuidados que devemos indicar aos pacientes

É muito comum que os quadros de dor nos joelhos dos quais estamos tratando, que não têm uma causa definida, cessem com o passar do dia. Entretanto, é necessário que o fisioterapeuta se mantenha atento a essas queixas, pois a dor é sinal de que algo não está funcionando da forma correta.

Além disso, déficits na circulação, compressão exagerada na patela e a falta de movimento são fatores conhecidos por nós como predisponentes de lesão.

Portanto, quando um paciente chegar ao consultório reclamando de dor nos joelhos esporádicas, não subestime a queixa! Investigue a causa! Mantenha-se atento à frequência em que essa queixa aparece.

Além disso, o fisioterapeuta pode e deve orientar o paciente a tomar os seguintes cuidados:

  • Não permanecer sentado por muito tempo;
  • Evitar permanecer na mesma posição por muito tempo;
  • Não cruzar as pernas com frequência;
  • Quando estiver deitado em posição supina, colocar uma almofada embaixo dos joelhos para realizar uma semi-flexão;
  • Não sentar em cima dos joelhos (uma postura que percebo ser muito comum entre as pessoas mais jovens);
  • Em tempos de frio, aqueça as pernas (coloque calças, meias, cubra a cama com um cobertor e deite por cima, coloque um travesseiro entre as pernas caso durma de lado).

Essas dicas irão ajudar e ensinar seus alunos a cuidar dos joelhos. Caso, após os cuidados seguidos, a queixa permaneça, faz-se necessário uma avaliação mais meticulosa e a orientação sobre a procura de suporte médico para investigação diagnóstica mais precisa. 

Conclusão

Como profissionais da fisioterapia, é nossa responsabilidade nunca menosprezar quadros álgicos. Especialmente em casos de dor nos joelhos, devemos ter toda a atenção, já que se trata de uma articulação muito importante para a mobilidade física do indivíduo.

Além disso, é importante que as dicas acima sejam repassadas ao máximo de pessoas possível. Dessa maneira, torna-se possível evitar que tais casos de dor nos joelhos aconteçam. Assim, o bem estar será garantido. 

E então, o que achou do artigo? Ficou com alguma dúvida? Comente abaixo.

Referências

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