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Sabemos que dentro da Fisioterapia e do universo da Terapia Manual, grandes nomes deixaram seus legados e ensinamentos que nos guiam, como profissionais, até hoje. Foi assim com Marcel Bienfait, Thereze Bertherat, Robin Mackenzie, entre muitos outros. Com anos de estudo, diversos pesquisadores conseguiram apontar não somente que o sistema nervoso tem relação com o movimento, algo que já é sabido, como deixaram rastros investigativos sobre a influência da microanatomia do sistema nervoso frente à dor do paciente. E para isso vamos entender mais sobre a biomecânica neural.

Pesquisadores e seus legados

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Antes de partirmos para o assunto em questão do texto, iremos contextualizar o tema com algumas contribuições de importantes nomes da ciência da fisioterapia. As contribuições de Geoff Maitland para o universo da fisioterapia, por exemplo, foram enormes, e muito evidentes no diagnóstico e tratamento de disfunções articulares. Também, ele contribuiu com a área da saúde fundamentando testes de análise da imobilidade neural que facilitaram interpretações futuras da mobilidade deste sistema. 

Já Cyriax, quando se refere a “dor dural”, identificou e traçou diagnósticos que evidenciaram a influência do sistema nervoso na dor. Entre outros pesquisadores, Alf Breig trouxe excelência de conhecimento frente a biomecânica do sistema nervoso, fomentando a neurodinâmica. Além disso, há um texto de Sunderland sobre as injúrias dos nervos reconhecido fortemente no mundo dos neurocirurgiões, mas que é totalmente relevante ao fisioterapeuta que se dedica à mobilização neural.

Entendendo a biomecânica neural

A influência da parte mecânica dos nervos e sua interferência no movimento humano é algo que não é aprofundado nas escolas de fisioterapia. Muitas vezes, os conceitos importantes não são entrelaçados e uma prática deficitária sobre o assunto dificulta a verdadeira reabilitação do paciente. Aliado a isto, há poucos estudos recentes na área da biomecânica neural, o que dificulta o aprofundamento de temas relacionados ao presente assunto. 

Portanto, primeiro de tudo, é importante entender que independente do sistema articular e muscular estarem afetados em uma disfunção, de forma direta ou indireta, o sistema nervoso estará envolvido. E aqui a ressalva do porque muitas vezes este sistema não é levado em conta nem na avaliação, nem no tratamento do paciente, tal como nos apresenta Butler.

Ainda, é importante compreender que tensões sobre o Sistema Nervoso Periférico (SNP) podem ser transmitidas ao Sistema Nervoso Central (SNC) e vice-versa. Isso acontece porque a função de condução do impulso nervoso é sustentada por uma estrutura anatômica que conduz via ascendente e descendente todas as informações através dos nervos periféricos, que se acomodam durante a movimentação do corpo. (BUTLER, 2003).

Logo, o sistema nervoso central e periférico são contínuos. Ambos são estímulos ascendentes que se transformam em respostas eferentes, porém a ligação entre os dois se dá devido um trato tecidual contínuo que os unifica. Assim, isso nos leva a perceber que disfunções biomecânicas no sistema nervoso podem ser sentidas em diversas partes do corpo.

Biomecânica do sistema nervoso e a biomecânica articular

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A diferença entre a biomecânica do sistema nervoso (biomecânica neural) e a biomecânica articular e/ou muscular, é que além de se adaptar à complexidade de movimentos que podemos fazer, a biomecânica neural ainda carrega o impulso nervoso. Observe que além de ser responsável pela transmissão correta das informações, ele tem que se adaptar mecanicamente, alongando-se ou retraindo-se bem como cita Stockes.

Sendo assim, a partir deste momento passaremos a considerar que o papel do sistema nervoso é conduzir os impulsos nervosos ao longo de um sistema complexo de movimento. Neste sistema de movimento, o sistema nervoso terá que se adaptar em termos mecânicos e proteger o sistema inteiro frente à compressão e tração. A este proesso damos o nome de neurodinâmica.

Esta nova definição da função do sistema nervoso, retomando seu papel, verdadeiramente nos faz compreender seu grau de funcionalidade. Além do mais, essa reflexão nos faz entender o quanto uma simples lesão que afete a biomecânica neural pode agravar e trazer complicações para o corpo inteiro do paciente.

Portanto, podemos dizer que a anatomia funcional que envolve o sistema nervoso, por ser muito complexa, possui dois tipos de tecidos: os que conduzem impulsos nervosos, tal como o axônio, e os que suportam e protegem os axônios e as estruturas de condução de qualquer agressão, tais como, as meninges, endoneuro, perineuro, entre outras.

Em todo o seu trajeto, o sistema nervoso percorre estruturas rígidas, túneis, estreitamentos ósseos entre outros espaços, e por isso teremos regiões mais propícias a lesões no sistema nervoso, tal como cita Butler.

Logo, qualquer lesão nestes tecidos conjuntivos pode provocar a multiplicação e sintetização de colágeno de forma muito reativa, mais do que se fosse em um tendão do corpo.

Este presente texto visa a difusão do conhecimento entre fisioterapeutas para a melhor compreensão e percepção do que podemos conceituar por biomecânica neural. Afinal, temos tecidos conjuntivos envolvendo toda a inervação e interligando por completo o corpo inteiro.

Lesões no sistema nervoso

A parte mais suscetível a lesões no sistema nervoso são as raízes nervosas, que são mais consideradas como parte do sistema nervoso central do que periférico. O dano maior a raiz nervosa vem de estruturas vizinhas, tais como discos e articulações apofisárias. Porém, mesmo quando se aplica uma grande força de tração nos troncos nervosos e plexos, a raiz nervosa não se separa da medula por nada.

O disco que fica entre as vértebras é uma estrutura composta por colágeno e principalmente água. Olhando a estrutura por cima, vemos um grande anel fibroso composto por várias camadas e ao centro uma estrutura líquida, denominada núcleo pulposo, similar a uma gelatina.

Lesões nesta parte do corpo são mais suscetíveis a pacientes com uma vida sedentária ou que permanecem a maior parte do tempo em uma postura inadequada. Somado a estes fatores, também existem fatores como a herança genética, o sobrepeso, o estresse e o processo natural de envelhecimento que podem agravar esse problema. 

Lesões no disco que atingem o sistema nervoso

Para que uma lesão no disco o permita invadir a região nervosa não é necessário a extrusão total do seu núcleo pulposo. Às vezes, apenas com a ruptura de alguns anéis fibrosos, ele se desloca e passa a apertar a estrutura nervosa. E este simples processo pode causar uma lesão neural.

Observe também que dentro do canal vertebral, temos que ter um espaço ao redor do tecido neural e do tecido conjuntivo, para assim permitir os movimentos funcionais da coluna vertebral. Caso contrário, qualquer movimento poderia causar uma lesão nervosa.

Outro dado de relevância clínica, pouco percebido pelos colegas de profissão, é que espaço ao redor do tecido nervoso. Assim como nos forames intervertebrais, este espaço é menor em homens do que em mulheres. Por isso, a estenose progressiva e degenerativa é mais comum em homens.

Perceba que não nos referimos a nada novo, estes termos já eram conhecidos. Em aulas de neuroanatomia, os conceitos de proteção do sistema nervoso são estudados em discussões sobre as meninges ou sobre as estruturas que protegem os neurônios, apesar de a complexidade da interligação entre eles ser muitas vezes uma novidade.

Nem tudo que aprendemos nos livros se dá de forma tão perfeita no dia a dia, portanto precisamos desmistificar algumas ideias passadas de geração para geração.

Desmitificando ensinamentos comuns da biomecânica neural

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Os axônios, por exemplo, não são retos, eles se apresentam em forma espiral. Isso acontece porque raízes nervosas não tem uma saída tão direta do canal vertebral, pois por vezes se angulam e, inclusive, algumas patologias podem ser provocadas por este posicionamento. Também, outra desmistificação necessária é de que as três bainhas de tecido conjuntivo (endoneuro, perineuro e epineuro) não se unem com as três meninges (pia mater, dura mater e aracnóide), tal como é ensinado .

Outro fator importante sobre a biomecânica neural é saber que o neurônio é uma célula como todas as outras, ou seja, ele contém substâncias presentes dentro do seu citoplasma. Ainda, é mais sensível a presença de oxigênio, e por ser grande o tamanho do axônio, às vezes pode apresentar mais de um metro de extensão. Por isso, ele necessita de um movimento intracelular especializado 

Este tipo de conhecimento é importante para o fisioterapeuta, principalmente àqueles que adentram o universo de reabilitação de dor. A dor neural, é muito mais comum na prática clínica do que você possa imaginar. Frente a este transporte axonal, se o terapeuta se utilizar da mobilização neural em um paciente, a técnica irá influenciar e devolver a integralidade deste transporte axonal.

Também é importante para o trabalho do terapeuta saber que sobre a inervação do sistema nervoso. Isto parece redundante, tal como cita Butler, mas saiba que os tecidos conjuntivos do sistema nervoso são inervados, e, portanto, podem ser o estopim para sintomas de algumas patologias.

Este olhar detalhado sobre a biomecânica neural nos faz refletir o quanto podemos estar exigindo de uma estrutura corporal, enquanto a disfunção está presente em uma outra região.

Será mesmo que seu paciente tem fibromialgia? Será mesmo uma tendinite de punho? Pacientes que sofrem de entorses recorrentes, somente sofrerão lesões ligamentares e musculares? Não há a possibilidade deste paciente sofrer lesões nervosas e você, sem esta compreensão do conceito da biomecânica neural, reabilita somente fáscias, músculos e estrutura óssea?

Conclusão

Assim, concluímos que o conhecimento aprofundado sobre a biomecânica neural é imprescindível para um bom diagnóstico e tratamento de um paciente fisioterápico. Entender a teoria de um sistema físico é o primeiro passo para exercer a prática da reabilitação de forma responsável e eficaz. Além disso, é necessário que mais pesquisas sejam feitas e estudos sejam embasados para aprendermos, sempre, novidades sobre a biomecânica neural.

Referências:

Butler, D.S. Mobilização do sistema nervoso. São Paulo: Manole, 2003.

(JUNIOR E TEIXEIRA, 2007)

Grupo VOLL

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