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Neste texto, falaremos das fases de pré-balanço e balanço do ciclo da marcha. Então, em continuidade ao texto Ciclo da Marcha: fase de apoio, seguimos o raciocínio. Vamos lá?

Fase de pré-balanço da marcha

A fase de pré-balanço, também chamada de fase de propulsão, é o componente final da fase de apoio. Esta fase ocorre quando há o último contato do hálux com o solo. Logo, é caracterizada pelo duplo-apoio, porque ao mesmo tempo em que o hálux está deixando o solo, o membro inferior contralateral realiza o contato inicial e a resposta a carga, gerando propulsão ao nível do quadril e tornozelo. 

Nessa fase de pré-balanço, o tornozelo sofre o 3º mecanismo de rolamento desencadeado pela contração concêntrica do músculo gastrocnêmio. Assim, este movimento propicia uma flexão plantar com desprendimento do calcâneo do solo e, consequentemente, gera uma produção de energia propulsora. Dado esse evento, a força de reação do solo (seta vermelha pontilhada) é deslocada posteriormente ao joelho, propulsionando o momento externo flexor (Figura 1).

OBS: O músculo gastrocnêmio é considerado o mais importante propulsor da marcha normal, seguido pelos flexores e extensores de quadril.

Figura 1: Fase de pré-balanço.

imagem ciclo da marcha

Fase de balanço da marcha

A fase de balanço compreende o período de tempo em que o membro permanece no ar. Corresponde a 40% do ciclo da marcha. A Fase de Balanço pode ser dividida em 3 subfases:

  • Balanço inicial (aceleração)

A maior característica dessa fase é a liberação do pé sem a necessidade de lançar mão de mecanismos compensatórios. 

Essa fase ocorre quando há o desprendimento do pé ao final da fase de apoio e dura até o joelho atingir o pico de flexão em torno de 60°. Assim, esse momento coincide com a passagem do membro em balanço pelo membro contra-lateral que está em médio apoio. 

A flexão dos joelhos, durante a fase de balanço, é proporcionada pela contração concêntrica dos músculos gastrocnêmios e flexores do quadril que ocorreu na fase de pré-balanço. Então, para que esse movimento se suceda da forma adequada, é necessário que a porção distal do reto femoral trabalhe de maneira excêntrica para “frear” movimentos excessivos sem limitar essa atividade. 

Outro músculo primordial para a adequada liberação dos pés para a fase de balanço é o tibial anterior. A partir do instante em que o pé se desprende do solo e inicia a fase de balanço, o músculo gastrocnêmio cessa sua ação, e o tibial anterior sofre contração concêntrica com o objetivo de promover dorsiflexão dos tornozelos facilitando, assim, a transição de fases (Figura 2). 

OBS: Como não há contato do membro inferior com o chão, a força de reação ao solo não está presente na fase de balanço.

Figura 2: Fase de balanço inicial

imagem ciclo da marcha 2

  • Balanço médio

Essa fase inicia logo que os joelhos atingem a flexão máxima. Logo, o balanço médio tem como característica principal o início da extensão dos joelhos para a preparação do contato inicial. 

Nesse momento, os quadris atingem a flexão máxima (cerca de 35º) e o segmento da perna trabalha como um pêndulo nessa subfase por meio da inércia. O balanço médio termina quando a perna atinge a posição vertical em relação ao solo. Portanto, nesse instante, o tornozelo atinge a posição neutra (90°), em virtude da manutenção da contração concêntrica do músculo tibial anterior (Figura 3).

Figura 3: Término da fase de balanço médio

imagem ciclo da marcha 3

  • Balanço final/terminal (desaceleração)

A principal característica dessa sub-fase é a preparação do membro que está em balanço para receber carga do contato inicial. 

A extensão dos joelhos, que teve início no balanço médio, continua no balanço terminal e é controlada através de uma contração excêntrica dos isquiotibiais. Já o músculo tibial anterior também se mantém contraído concentricamente para que o tornozelo permaneça a 90° e o contato inicial possa ser realizado com o retropé. Os quadris, que atingiram sua flexão máxima no balanço médio (35°), permanecem fletidos e são estabilizados pelos extensores dessa articulação em preparação para o contato inicial. 

Além disso, o quadríceps também trabalha de maneira concêntrica no final da fase de balanço para que o ciclo de marcha possa ser iniciado com o joelho estável e em extensão e que, nessa posição, os isquiotibiais possam atuar como extensores do quadril. 

imagem ciclo da marcha 4

Conclusão: ciclo da marcha

Aqui, iremos repassar os principais músculos atuantes em cada fase:

imagem ciclo da marcha 5

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A análise da marcha está indicada para os pacientes com alguma alteração na deambulação, pacientes provenientes de cirurgias ortopédicas por lesões na coluna, quadril, joelho e tornozelo, ou que por algum motivo utilizaram dispositivos auxiliares de marcha (muletas, andador e bengala). 

Portanto, avaliamos a marcha de um paciente para poder compreender melhor os mecanismos de deambulação e, dessa forma, distinguir padrões “anormais” de marcha. Além disso, com esse tipo de avaliação, podemos realizar uma comparação entre pré e pós-tratamento, o que auxilia no processo de reabilitação.

Então, é importante conhecermos os músculos atuantes em cada fase da marcha para, assim, podermos atuar de forma mais precisa no déficit de cada paciente. Dessa forma, a avaliação da marcha deve ser realizada em grande parte dos pacientes. Lembrem-se que a avaliação do seu paciente é a parte mais importante da sua intervenção.

Referências:

  1. Sizínio HK, Barros Filho TEP, Xavier R, Pardini A. Ortopedia e Traumatologia: Princípios e Práticas. 5a Edição. Editora A, editor. 

2. Vaughan C., Davis B., O’Connor J. DYNAMICS OF HUMAN GAIT. 2a Edição. 1992. 83–98 p

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