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A Condromalácia Patelar é caracterizada por uma lesão condral na articulação entre o fêmur e a patela. Ela pode surgir devido a estresse agudo, como nos casos de trauma, ou devido a estresse crônico na superfície da cartilagem articular, que ocorre devido à micro-traumas constantes. Apesar disso, algumas pessoas têm especial predisposição a condromalácia patelar.

Em relação à etiologia crônica da patologia, temos que as variações anatômicas dos segmentos podem interferir nos movimentos patelofemorais normais e, com isso, gerar desgastes constantes nessa articulação.

O sistema musculoesquelético pode apresentar diversas variações anatômicas e condições que aumentam o estresse mecânico na superfície articular. Exemplos disso são o aumento do ângulo Q, músculo vasto medial ineficiente, mau alinhamento pós-traumático e alterações musculares ou tendíneas.

Dessa forma, percebe-se que é possível analisar quais os fatores morfológicos relacionados às causas e à predisposição a condromalácia patelar. Quer saber como podemos analisar tais fatores e notar essa predisposição? Continue lendo!

Alterações morfológicas relacionadas à predisposição a condromalácia patelar

Em estudo recente, Tabary et al (2020) avaliaram algumas alterações morfológicas relacionadas à predisposição a condromalácia patelar. Nele, foi sugerido um modelo que faz predição à probabilidade de uma pessoa desenvolver a patologia, bem como quão suscetível o indivíduo se encontra em relação ao agravamento da lesão condral, quando já instalada.

Nesse estudo, os autores avaliaram 200 imagens de ressonância magnética de joelhos, sendo obtidas 100 imagens de pacientes com condromalácia patelar e 100 imagens de controles pareados por idade. 

ressonancia-magnetica-joelho

A ressonância magnética é um exame bastante utilizado para diagnóstico clínico da condromalácia patelar. Isso porque esse exame pode detectar a patologia nos estágios mais baixos com uma sensibilidade de 66%. Ainda, essa sensibilidade sobe para 85-100% para estágios mais avançados da doença.

Leia abaixo alguns resultados do estudo.

A predisposição a condromalácia patelar de acordo com o indivíduo 

Dentre os principais resultados encontrados pelos autores nesse estudo, foi observado que, quanto maior o ângulo de inclinação lateral da tróclea (Figura A) e quanto maior o ângulo lateral patelofemoral (Figura B), maiores são as chances de o indivíduo desenvolver condromalácia patelar. Para compreender tal conclusão, vamos relembrar alguns conceitos.

Inclinação lateral da tróclea

Pela imagem da ressonância magnética, pode ser observada através do ângulo formado entre a faceta lateral da tróclea e uma linha traçada paralelamente (B) a linha que passa pela superfície cortical mais posterior dos côndilos femorais (Figura A). Lembrando sempre que estamos falando aqui da inclinação da tróclea, e não da patela.

Ângulo patelofemoral lateral

Nesse estudo, o ângulo de inclinação lateral da patela foi avaliado pelo ângulo formado entre a linha que passa pela faceta lateral da patela e uma linha paralela (B), ou seja, a linha que conecta a parte mais posterior dos côndilos femorais (A) (Figura B).

Além do aumento do ângulo de inclinação lateral da tróclea e do aumento do ângulo de inclinação patelofemoral lateral, o envelhecimento também está relacionado à predisposição a condromalácia patelar, de acordo com o estudo. Isso significa que quanto maior a inclinação lateral da tróclea, maior a inclinação lateral da patela. Da mesma forma, quanto maior a idade, maior é a chance de a pessoa desenvolver a patologia. 

Entretanto, outro achado deste estudo sugere que qualquer aumento da inclinação medial da tíbia (Figura C) e qualquer aumento da profundidade da tróclea (Figura D) diminuem a probabilidade de desenvolvimento da patologia. 

 

A predisposição a condromalácia patelar e sua relação com a severidade da patologia

Outro ponto observado durante o estudo foi que o índice de Insall-Salvati (E) e, mais uma vez, a idade foram classificados como dois fatores de predisposição a condromalácia patelar especialmente relacionados à severidade da patologia. Em outras palavras: quanto maior o índice de Insall-Salvati, quanto maior a altura da patela e quanto maior a idade, maiores são as chances de a pessoa apresentar um quadro de condromalácia patelar agravado. 

Índice de Insall-Salvati

Trata-se da razão entre o comprimento do tendão patelar e o comprimento entre o pólo superior e o pólo inferior da patela.

Conclusão

Os achados deste estudo são importantes, no meu ponto de vista, porque nos mostram que a condromalácia patelar pode se desenvolver devido a alterações morfológicas que por vezes não conseguimos mudar em nossos pacientes. Isso é relevante por dois motivos:

  1. É necessário sempre avaliar o paciente antes de prescrever um programa de reabilitação baseado em exercícios. Mesmo que não tenhamos acesso a todas essas medidas, conseguimos ter noção de aspectos como a lateralização da patela, a idade do paciente e a altura da patela durante o exame físico. Com isso, podemos ver aquele paciente “mais longe” e prescrever exercícios que evitam atrito na articulação patelofemoral, uma vez que sabemos que se trata de um “candidato” com predisposição a condromalácia patelar.
  2. A mesma analogia pode ser feita em relação à pessoa saudável que inicia um programa de exercício físico em academias: a avaliação cinético-funcional prévia com fisioterapeuta é importante para detectarmos variáveis que podem predispor essa pessoa a desenvolver a condromalácia patelar. 

Nesse sentido, ressalto que essa não é uma “receita de bolo”. Lembre-se que usamos os artigos científicos e os exames complementares para nos nortear quanto às condutas para tratamento da patologia. A clínica é sempre soberana! 

Além disso, esses não são os únicos achados desse estudo; é válido realizar a leitura dele na íntegra! E então, o que achou dessa visão sobre a condromalácia patelar? Comente abaixo! 

Referências

Artigo principal

TABARY, Mohammadreza et al. Relation of the chondromalatia patellae to proximal tibial anatomical parameters, assessed with MRI. Radiology and Oncology, v. 54, n. 2, p. 159–167, 2020.

Demais consultas

BASTOS, V. H. DO V. Exercícios terapêuticos na prevenção da condromalácia patelofemoral em atletas. Fisioterapia Brasil, v. 9, n. 1, p. 43–48, 30 dez. 2017. 

MAGEE, D. Orthopedic physical assessment. 3a ed. [s.l.] Oxford: W. B. Saunders, 1997. 

MAZZOLA, C.; MANTOVANI, D. Patellofemoral malalignment and chondral damage: current concepts. Joints, v. 1, n. 2, p. 27–33, 24 out. 2013. 

NEUSEL, E.; GRAF, J. The influence of subchondral vascularisation on chondromalacia patellae. Archives of Orthopaedic and Trauma Surgery, v. 115, n. 6, p. 313–315, set. 1996. 

TANAMAS, S. K. et al. The associations between indices of patellofemoral geometry and knee pain and patella cartilage volume: a cross-sectional study. BMC Musculoskeletal Disorders, v. 11, p. 87, 10 maio 2010.

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