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O risco de infecção relacionada à saúde existe em diferentes ambientes hospitalares. Entre eles, se destaca a unidade de terapia intensiva (UTI), que é reconhecida como um setor vulnerável à ocorrência de incidentes e eventos adversos. A pneumonia associada à ventilação mecânica, nesse contexto, configura um dos quadros mais comuns. 

Mas você sabe, de fato, quais fatores contribuem para que isso aconteça? Entre eles estão questões como a complexidade dos casos, a necessidade de decisões de alto risco e urgentes, a deficiência de informações prévias sobre o estado do paciente e a variação da capacitação dos profissionais que atuam nessa área (MELO et al., 2019).

Por isso, torna-se clara a necessidade de compreender essa situação. Assim, e só assim, será possível ter uma maior noção dos riscos que envolvem a pneumonia associada à ventilação mecânica e proteger seus pacientes de tais perigos. Vamos lá?

*Este texto foi produzido pela Liga Acadêmica de Fisioterapia Respiratória e Tabagismo (LAFREST) através das integrantes Joyce Mara de Souza, Mariana Ferreira e Tainara Nielly Alves, sob a orientação da Professora Pâmela Pereira;

A ocorrência de pneumonia associada à ventilação mecânica

A pneumonia associada à ventilação mecânica, também conhecida pela sigla PAVM, é uma infecção que ocorre no parênquima pulmonar. Ela atinge bronquíolos e alvéolos respiratórios, prejudicando as trocas gasosas. Em geral, a PAVM surge depois de 48 a 72 horas de intubação orotraqueal, sendo a mais comum no contexto hospitalar.

Na UTI, a pneumonia afeta de 8% a 28% dos indivíduos que receberam a ventilação mecânica (VM). Sua ocorrência aumenta as taxas de mortalidade, o tempo de internação e os custos hospitalares (BRENTINI, 2019; MELO et al., 2019; WANG et al., 2019).

Por isso, a PAVM é considerada de alta letalidade nas UTIs. Assim, temos como consenso que ela deve ser prevenida por meio de intervenções multidisciplinares. Nesse contexto, a capacitação da equipe é indispensável para a prevenção de infecções hospitalares (MARAN et al., 2019).

Mas, quais são os fatores que aumentam o risco de ocorrência da pneumonia associada à ventilação mecânica? Continue lendo para descobrir!

Fatores de risco para a pneumonia associada à ventilação mecânica

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) relata que a ocorrência da PAVM está relacionada a vários fatores. Entre eles, estão:

  • idade superior a 70 anos;
  • nível de consciência adulterado;
  • quadros de coma;
  • pH gástrico maior que 4;
  • uso de drogas imunossupressoras;
  • intubação e reintubação traqueal;
  • ventilação mecânica durante mais de 7 dias;
  • antecedência da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
  • desnutrição;
  • choque;
  • colonização microbiana;
  • aspiração de secreções contaminadas;

A presença de um tubo endotraqueal, por exemplo, é apontada como um fator de risco importante. Isso porque ele prejudica as defesas do hospedeiro e permite que as partículas inaladas tenham acessos às vias aéreas inferiores. A microbiota bucal é uma ameaça, porque a presença do tubo e o estado de inconsciência do paciente comprometem a realização da higiene bucal, favorecendo a proliferação microbiana (MOTA et al, 2017).

Sintomas da PAVM

Os sintomas apresentados por pacientes com casos de pneumonia associada à ventilação mecânica são a febre (definida como temperatura axilar igual ou a superior a 37,8º), dispneia e surgimento e/ou aumento da secreção traqueal purulenta.

Além disso, os achados radiológicos da doença incluem fatores como a infiltração, opacificação e cavitação. Os achados laboratoriais, por sua vez, são a leucopenia ou leucocitose, hemograma com hemocultura e cultura do líquido pleural positiva (MOTA et al., 2017).

Um dos efeitos proporcionados pelo tempo prolongado do uso de ventilação mecânica invasiva é o imobilismo no leito. Nesse contexto, sabe-se que o imobilismo expõe o indivíduo a diversas disfunções. Entre elas estão as disfunções respiratórias, musculoesqueléticas, metabólicas, vasculares e, ainda, alterações na modulação autonômica da frequência cardíaca (ROCHA et al., 2019).

Agentes patológicos

Os principais microrganismos envolvidos com a etiologia da pneumonia foram os gram-positivos seguidos pelas enterobactérias. Na maioria dos casos são provocadas por bactérias e em menor frequência, por vírus ou fungos. No entanto, o agente etiológico da PAVM depende do tipo de paciente, tempo de hospitalização, método de diagnóstico empregado e uso de terapia antimicrobiana (MOTA et al, 2017).

O diagnóstico da pneumonia associada à ventilação mecânica

A PAVM, apesar de ser a infecção mais comum nas UTIs, apresenta um diagnóstico que permanece desafiador. O diagnóstico é feito quando o paciente desenvolve um novo infiltrado pulmonar em relação ao exame de imagem e isso vem acompanhado dos sintomas (MOTA et al, 2017).

A utilização desses critérios para diagnosticar a pneumonia associada à ventilação mecânica apresenta alta sensibilidade, porém baixa especificidade. Isso acontece pois a febre pode ser causada por reação medicamentosa ou outra infecção extrapulmonar, bem como o fato de que os infiltrados pulmonares podem ser decorrentes de derrame não infectado.

Diante disso, torna-se necessária a execução dos exames microbiológicos por meio da coleta de amostras de material do trato respiratório inferior, com a realização de culturas quantitativas. Isso deve ser feito para que seja estabelecido um diagnóstico mais preciso (MOTA et al, 2017).

Prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica

Como prevenção, as instituições vêm utilizando os Pacotes de Cuidados ou bundle, os quais reúnem um pequeno grupo de intervenções que, quando aplicadas em conjunto, resultam em melhorias na assistência em saúde, com possibilidade de redução da taxa de PAVM (MOTA et al, 2017).

O conhecimento dos fatores de risco é de fundamental importância para a tomada de decisão do controle e prevenção da doença. As Diretrizes Brasileiras de Pneumonia e Tisiologia 1 afirmam quanto tempo de internação e ventilação mecânica, assim como a reintubação, são fatores de risco para o desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica hospitalar (MOTA et al, 2017).

Nesse sentido, temos que a prevenção se dá pela avaliação do nível de sedação. Isso deve acontecer porque, quando classificada como profunda, ela dificulta o desmame ventilatório. Além disso, é importante pontuar que a sedação está associada a uma maior sobrevida dos pacientes submetidos à VM.

Outros cuidados na prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica

Outro ponto da prevenção à pneumonia associada à ventilação mecânica é a elevação da cabeceira entre 30º a 45º. Dessa maneira, há uma melhora da ventilação nesses pacientes, o que também evita a broncoaspiração (MELO et al., 2019; RODRIGUES et al., 2016).

A pressão do cuff (balote que realiza a vedação da traqueia para evitar vazamento de ar e microaspiração) é outro modo de prevenção. Para isso, sugere-se que ela esteja entre 20 e 30 centímetros H2O.

Segundo o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, a pressão do cuff deve ser monitorada 3 vezes ao dia. Em outras palavras, ela deve ser conferida a cada 8 horas (MELO et al., 2019; RODRIGUES et al., 2016).  

A higiene oral com clorexidina, que possui efeito antimicrobiano, também é aconselhada, Isso porque ela se mostra efetiva sobre as bactérias aeróbicas e anaeróbicas, reduzindo o acúmulo de placa dentária sem necessidade de escovação dentária.

A higienização das mãos também é um fator muito importante, e deve ser realizado antes e depois do contato com o paciente. Para isso, recomenda-se o uso de sabonete líquido com antissépticos, não pulando nenhuma etapa da lavagem das mãos (MELO et al., 2019; RODRIGUES et al., 2016). 

Fisioterapia respiratória para reabilitação da PAVM

A fisioterapia respiratória é altamente indicada para reabilitação ou cura dos pacientes com quadros de pneumonia associada à ventilação mecânica. Além disso, ela também é indicada para prevenção de complicações pulmonares.

Nesse sentido, a fisioterapia respiratória pode ser muito eficaz pois trabalha a função pulmonar, obtendo a redução da infecção pulmonar, diminuindo o período de utilização da ventilação mecânica e afastando o risco de uma possível realização da traqueostomia. Assim, percebe-se que todos os indivíduos devem receber essa intervenção (MELO et al., 2019).

Ainda, temos que os exercícios físicos são grandes aliados no aumento da força muscular e redução de quadro álgico. A melhora do condicionamento físico causada pela prática de exercícios possibilita a redução da duração do uso de ventilação mecânica, bem como do tempo de internação hospitalar. Estes dados exaltam a importância da mobilização precoce dentro das UTIs para minimizar os efeitos deletérios do imobilismo (ROCHA et al., 2019). 

Com isso, temos que a mobilização precoce traz consigo benefícios no processo de recuperação dentro de uma UTI. Apesar disso, para sua realização é necessário que as atividades sejam devidamente organizadas.

O desenvolvimento de protocolos de mobilização precoce, por exemplo, é uma forma segura encontrada para melhorar o desempenho da prática profissional e, como consequência, a capacidade funcional dos pacientes (ROCHA et al., 2019).

Conclusão

A partir das informações acima, é possível perceber a gravidade da pneumonia associada à ventilação mecânica. Apesar disso, agora que você já está inteirado sobre o os fatores de risco, o diagnóstico e seu tratamento, também está capacitado para lidar com casos da patologia da melhor maneira possível.

E então, o que achou do artigo? Comente abaixo!

Referências 

MARAN, E.; SPIGOLON, D. N.; MELO, W. A.; BARRETO, M. S.; TOSTES, F. P.; TESTON, E. F. Prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica sob a ótica de acadêmicos de enfermagem. Rev Fun Care Online. v 11. n 1. p 118-123, 2019.

MELO, M. M.; SANTIAGO, L. M. N.; NOGUEIRA, D. L.; VASCONCELOS, M. F. P. Pneumonia associada à ventilação mecânica: conhecimento dos profissionais de saúde acerca da prevenção e medidas educativas. Rev Fund Care Online. v 11. p 377-382, 2019.

MOTA, E. C.; OLIVEIRA, S. P.; SILVEIRA, B. R. M.; SILVA, P. L. N.; OLIVEIRA, A. C. Incidência da pneumonia associada à ventilação mecânica em unidade de terapia intensiva. Rev Usp Online. v 50. n 1. p 39-46, 2017. 

ROCHA, G. Q.; SANTOS, J. B.; OLIVEIRA, M. H. L.; AVILA, P. E. S.; ROCHA, R. S. B. Efeitos da mobilização precoce em crianças com pneumonia associada à ventilação mecânica: efeitos sobre variáveis não lineares da variabilidade da frequência cardíaca. Rev Bras Ci. E Mov. v 27. n 3. p 93-98, 2019.

RODRIGUES, A. N.; FRAGOSO, L. V. C.; BESERRA, F. M.; RAMOS, I. C. Impactos e fatores determinantes no bundle de pneumonia associada à ventilação mecânica. Rev Bras Enferm. v 69. n 6. p 1045-51, 2016.

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