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Pneumoconiose é um termo genérico usado ao se referir, para fins de notificação, aos casos de pneumopatias relacionadas etiologicamente à inalação de poeiras no ambiente de trabalho, caracterizada como uma doença de caráter ocupacional.

Um ambiente seguro e com monitoramento adequado de ar e poeira é o que se espera de todos os ambientes de trabalho, mas não é o que ocorre com trabalhadores que têm contato próximo com crosta terrestre ou poeira de sílica, gerando um grave quadro de doenças respiratórias ocupacionais. 

É a deposição de poeiras (substâncias insolúveis pelo organismo) no pulmão e a reação tecidual que ocorre por sua presença. Das pneumoconioses, a silicose continua sendo a mais prevalente no Brasil e no resto do mundo, principalmente nos países em desenvolvimento.

No texto a seguir, vamos apresentar as principais características da pneumoconiose, seus sintomas mais comuns, diagnóstico, tratamento e a importância da atuação fisioterapêutica para esses casos. Continue a leitura!

A relação entre Pneumoconiose e Silicose

A silicose é uma doença causada pela inalação de sílica livre cristalina, caracterizada por fibrose progressiva do parênquima pulmonar, que se manifesta após longo período de exposição, em geral acima de 10 anos. É considerada a principal causa de invalidez entre as doenças respiratórias ocupacionais. 

Já depositadas nos bronquíolos e alvéolos, as partículas são capturadas pelos macrófagos, cujo recrutamento é iniciado por um poderoso agente químico-atraente. Isso pode causar a ruptura do lisossoma e a morte das células. 

Estudos recentes mostram que muitos macrófagos sobrevivem com as partículas em seu interior, porém isso irá afetar a função do macrófago e, consequentemente, a função dos linfócitos, neutrófilos e células epiteliais. Contudo, não se sabe como exatamente se dá a interação entre esses fenômenos que irão resultar no desenvolvimento do nódulo silicótico. 

Muitos dos macrófagos contendo partículas de sílica são removidos pelo sistema mucociliar ou via planos intersticiais e linfáticos. Os nódulos silicóticos inicialmente são discretos e mais comumente encontrados nos ápices dos lobos superior e inferior, medindo poucos milímetros de diâmetro. 

Com a progressão da doença, pode ocorrer a fusão das lesões isoladas, passando a produzir uma grande quantidade de tecido fibroso que, evolutivamente, poderão constituir-se em grandes massas, às vezes denominadas “pseudotumores”. 

Além disso, o tecido fibroso é muito duro e inelástico, diferente do tecido pulmonar esponjoso normal que foi substituído. Os pulmões fibrosos encontram muita dificuldade para se expandirem a cada inspiração. 

O simples ato de respirar torna-se uma tarefa difícil. Por isso, é possível que ocorra a calcificação e a necrose dos tecidos, formando, inclusive, cavitações em seu interior, confundíveis com as causadas pela infecção micobacteriana, tornando o diagnóstico ainda mais delicado. 

A prevalência de sintomas respiratórios em uma população de risco, ou não, é um indicador indireto de doenças respiratórias agudas e crônicas, com alto grau de confiabilidade do ponto de vista epidemiológico.

Os dados epidemiológicos relacionados às pneumopatias ocupacionais ainda são deficientes. Isso acarreta riscos de incidência cada vez maior, já que o dimensionamento desse problema não é bem definido, expondo mais indivíduos ao risco.

Trabalhadores que se expõe a agentes causadores devem como forma de prevenção realizar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), se possível modificar os materiais utilizados, umedecer os locais de perfuração e diminuir o tempo de exposição.

Pode-se afirmar que os fatores agravantes para o desenvolvimento de pneumoconioses estão associados ao tempo de exposição ao agente causador, à duração das jornadas de trabalho, à exposição direta ou indireta ao dano, ao tabagismo, ao estilo de vida e à presença de doenças respiratórias prévias.

Mudanças Funcionais e Bioquímicas causadas pela Pneumoconiose

Iniciam-se com a inalação de poeiras pelas vias aéreas superiores que irão atingir o trato inferior, sendo depositada nos alvéolos e bronquíolos. Ao atingir o parênquima pulmonar, as células fagocitárias de defesa se transportam para o local, fazendo com que ocorra a liberação de substâncias quimiotáxicas e fibrogênicas. Esse processo é constituído de camadas de tecido hialino, sendo denominado o início da lesão salicótica.

Partículas de poeira com diâmetro menor que 10μm atingem as vias aéreas inferiores, enquanto aquelas menores que 5μm têm maiores chances de se depositar nos bronquíolos terminais e alvéolos.

Grande parte das impurezas é retida pelas camadas de muco e removida por meio do movimento ciliar. As partículas não retiradas são fagocitadas por macrófagos nos alvéolos pulmonares, com uma consequente inflamação local. 

Posteriormente, há ativação de fibroblastos, gerando formação de granulomas e fibrose parenquimatosa nas áreas acometidas. O tecido cicatricial formado prejudica a elasticidade pulmonar e o processo de troca gasosa.

Dependendo da substância inalada, as pneumoconioses podem desencadear padrões fisiopatológicos distintos: não fibrogênicas ou fibrogênicas.

Os tipos de pneumoconiose são distinguidos de acordo com a poeira inalada, recebendo um nome específico para cada. Desta forma, o tipo mais comum é o de doença causada pela sílica, denominando-se por tanto silicose. Cada uma recebe um código de Classificação Internacional de Doenças (CID).

Os tipos de acordo com o agente inalado são caracterizados por:

  • Abestose;
  • Sidorose;
  • Estanhose;
  • Talcose.

Sinais e Sintomas

As queixas comuns para pacientes com grande exposição à agentes causadores são dispnéia, tosse, escarro, sibilância e prurido nasal e ocular. Outros sintomas não muito específicos que podem apresentar são expectoração, desconforto torácico e fadiga.

Em casos mais graves com grande exposição, pode ocasionar um quadro de fibrose intersticial, evoluindo de forma crônica e acentuada.

Diagnóstico da Pneumoconiose

Além da associação de todos os fatores de riscos, os achados radiológicos simples de tórax são significativos para complementar à investigação das doenças respiratórias ocupacionais hipotéticas, por meio da avaliação de provas de função pulmonar por espirometria, e por questionários validados, de alta confiabilidade.

O exame espirométrico é a forma mais utilizada para a avaliação da função pulmonar, devido ao fácil acesso e à prática de execução. O teste tem como finalidade o auxílio na prevenção, assim como no diagnóstico e na quantificação dos distúrbios ventilatórios.

A avaliação do Pico de Fluxo Expiratório (PFE) também pode ser utilizada para rastreamento de obstrução pulmonar, no entanto, ambas as medidas possuem baixa sensibilidade e especificidade na detecção de pneumoconioses e problemas respiratórios, visto que a capacidade funcional de grupos com riscos por exposição pode estar normal, mesmo na presença de sintomas e fibrose instalada.

Nos casos em que a espirometria é normal e há persistência da suspeita de pneumoconiose, a investigação deve prosseguir com teste de broncoprovocação.

Como deve ser o tratamento da Pneumoconiose?

O pulmão pneumoconiótico predispõe à ocorrência de insuficiência respiratória crônica e tuberculose, e com isso, consequentemente o agravamento da fibrose pulmonar. A maioria dos trabalhadores de carvoarias que apresentam problemas de saúde relacionados a essa atividade, são tratados como portadores de uma pneumopatia, em que, o profissional se atenta aos sintomas do paciente para a elaboração de um tratamento específico.

Assim que recebe o diagnóstico, o colaborador deve ser afastado de suas funções com o intuito de interromper a exposição e evitar agravamento do quadro. Nas pneumoconioses fibrogênicas, pela inexistência de terapêutica específica, podem ser utilizados   medicamentos supressores da tosse, broncodilatadores, antibióticos e oxigenoterapia. 

Em casos mais severos, pode-se cogitar transplante pulmonar. Nas pneumoconioses vinculadas à hipersensibilidade, como na exposição ao cobalto, a corticoterapia prolongada está indicada.

Por ser uma doença que não tem cura, o tratamento é limitado e cabe aos serviços de saúde promover medidas de prevenção para essas doenças ocupacionais que geram comorbidades irreversíveis, como é o caso da pneumoconiose.

O tratamento envolve uma equipe multiprofissional, focando-se principalmente nos investimentos em programas de prevenção. É urgente a necessidade de modificação dos ambientes de trabalho. Porém, essa modificação deve vir acompanhada da capacitação dos trabalhadores para a execução de suas tarefas, além da melhoria de insumos e ferramentas visando à redução da geração de poeira. 

A preocupação com a saúde e a segurança no trabalho não pode ser apenas uma exigência legal, e sim devem compreender que, podem fazer muito para melhorar as condições de trabalho dentro de suas empresas.

Atualmente não existe tratamento específico para a silicose e as medidas terapêuticas utilizadas são semelhantes às realizadas na Insuficiência Respiratória Crônica. Nesse caso, deve-se instituir a oxigenoterapia, e a corticoterapia como opção eficaz no caso da silicose estar associada a patologia autoimune. 

As restrições das medidas terapêuticas reforçam a importância das medidas preventivas, foco da ABS preconizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  

A importância da Atuação Fisioterapêutica

A atuação fisioterapêutica inclui os programas de reabilitação pulmonar por meio de exercícios em treinamento ambulatorial, exercícios em casa, suplementação de oxigênio, educação e assistência fisioterapêutica para os pacientes já em estágio crônico que precisam de acompanhamento para minimização de seus sintomas. 

A reabilitação pulmonar é uma intervenção multiprofissional baseada em evidências para acompanhamento dos pacientes com doença respiratória crônica que são sintomáticos e muitas vezes têm prejudicado atividades de vida diária na tentativa de minimizar suas repercussões. 

A reabilitação pulmonar envolve treinamento de força e resistência muscular, condicionamento cardiopulmonar e treinamento muscular respiratório para diminuir sintomas como dispneia, redução da capacidade funcional, intolerância ao esforço e assim, aumentar a capacidade de exercício, melhorar a qualidade da saúde relacionadas de vida e prolongar suas estimativas de vida.  

Conclusão

A pneumoconiose é uma doença insidiosa crônica que se agrava em trabalhadores expostos a micropartículas sólidas dispersas na atmosfera, mais precisamente à sílica, que não fazem o uso correto dos EPI’S. Por se tratar de uma doença sem cura, de difícil diagnóstico precoce e receber pouca importância, a prevenção se torna a melhor opção. 

A atuação fisioterapêutica por meio da reabilitação pulmonar é primordial e contribui significativamente para o tratamento de pacientes com pneumoconiose, pois retarda o avanço da doença, reduz os sintomas e melhora a qualidade de vida.

Conheça como a mecânica respiratória e treinamento muscular respiratório são aliados no tratamento fisioterapêutico respiratório das patologias específicas.

Aprenda a realizar um atendimento específico a pacientes crônicos, bem como proporcionar a melhor intervenção associando exercícios respiratórios e TMR efetivo para promover uma reorganização biomecânica e aperfeiçoar a função muscular.

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