O tratamento correto e prolongado da celulite, só temos quando sabemos avaliar corretamente a região acometida para tratar da forma adequada.
Hidrolipodistrofia Ginóide (HLDG), Fibroedema Gelóide (FEG), Paniculopatia Edematofibroesclerótica (PEFE). Estas são as diversas terminologias utilizadas para o que a maioria das pessoas conhece como “celulite”.
Mas você realmente sabe o que é a celulite? Neste texto iremos falar a fundo sobre este tema. Continue lendo e descubra!
O que é celulite?
A palavra “celulite” é utilizada de forma errada, já que não existe um processo inflamatório, como sugere o termo “ite”. Celulite, no sentido literal da palavra, quer dizer inflamação da célula.
Uma das nomenclaturas mais comuns no nosso meio para identificar a celulite é o termo fibro edema gelóide (FEG), caracterizado por uma hipodermodistrofia regional.
O termo celulite ainda é usado popularmente, porém, seu conceito é amplo, recebendo inúmeras definições, levando-se em conta a presença de vários fatores associados. O entendimento de cada fator e da associação dos mesmos é imprescindível para uma melhor avaliação e posterior tratamento de cada cliente.
O estrógeno é, com certeza, um dos fatores desencadeantes do processo de FEG, por isso terapias com anticoncepcionais ou gestações aumentam a incidência. E também por causa deste hormônio, a celulite atinge mulheres desde adolescência até a fase adulta. E aparece geralmente nas regiões de glúteos, membros inferiores, abdômen e cintura pélvica.
Conceito de FEG
O conceito de FEG é uma desordem estética que afeta o tecido dérmico, epidérmico, subcutâneo e até muscular, com alterações vasculares e lipodistrofia com resposta esclerosante, que resulta no aspecto irregular da pele.
Perturbações hemodinâmicas locais, podem aumentar a pressão capilar e dificultar a reabsorção linfática. Esses fatores promovem alterações no tecido conjuntivo e fazem com que ele passe a reter maior quantidade de água (hidropexia), ocasionando o trânsito mais lento de líquidos na região, que associados a outros fatores, principalmente hormonais, criam condições propícias à maior deposição de gordura.
Podem ocorrer hipóteses e interferências em relação ao “aspecto celulítico”como: o lipoedema (caracterizado por mudanças estruturais nas células adiposas com presença de edema), a flacidez muscular e a flacidez cutânea, uma vez que a pele está intimamente ligada à musculatura através das trabéculas.
A flacidez cutânea ocorre devido à diminuição do número de fibroblastos com menor produção de colágeno, além da desorganização do colágeno existente.
Mas, vamos ao que interessa… Vamos desmistificar tudo que se fala de Celulite… A maioria das mulheres não tem a verdadeira celulite, e sim um aspecto celulítico (os famosos buraquinhos).
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Flacidez muscular
Quando há uma flacidez muscular da região glútea, acontece uma ptose (queda) do bumbum, que se apoia no posterior da coxa, deixando toda a região do bumbum e do posterior de coxa ondulada, com aspecto de celulite, mas essa ainda não é a verdadeira celulite!!!
Para avaliar da forma correta, pede-se que a cliente faça uma contração do glúteo, não havendo força suficiente, ou caso haja uma compensação no momento da contração, fica caracterizado uma fraqueza ou a flacidez muscular.
Nesta fase, também avaliamos a prega glútea, na qual deverá estar arredondada. Quando temos a flacidez muscular, a prega fica mais achatada.
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Flacidez de pele
Está diretamente relacionada a flacidez da estrutura dérmica, com alterações do colágeno, como envelhecimento, glicação, estiramento (devido a uma obesidade seguida de emagrecimento abrupto, onde a pele não consegue retrair na mesma velocidade).
Esta avaliação se faz principalmente com palpação, estirando a pele na região acometida onde, quanto maior o tempo em que a pele ficar deformada, maior é a flacidez tissular associada.
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Lipoedema
É acometimento da região relacionado ao aumento da gordura. O aumento dos adipócitos presentes na hipoderme, empurram a pele para cima e também comprimem toda a vascularização da região, trazendo as ondulações, na maioria das vezes uma alteração de temperatura e um edema.
Todas essas características trazem o aspecto da celulite para o tecido, porém esta também não é a verdadeira celulite!
A melhor forma de avaliar aqui além da inspeção e palpação de pé, é pedir para a cliente se deitar e verificar se as depressões, ou pelo menos a maioria delas, se mantém, desta forma, conseguimos ter mais certeza desta característica.
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Fibrose = verdadeira celulite!
É uma depressão gerada pelos septos fibrosos que endureceram as estruturas da região, formadas por colágeno, e desenvolveram as fibroses.
Além disso, também está associado ao aumento do tamanho dos adipócitos (característica do lipoedema) da região, que ajudam a tracionar ainda mais os septos e a empurrar mais a pele. Poucas mulheres tem essa característica, poucas desenvolvem a fibrose, já que é uma condição bastante complexa.
É importante na avaliação, observar se existem retrações fibrosas que impedem o deslizamento suave da mão do profissional, como também verificar se as ondulações desaparecem com o tracionamento da pele.
Por que há um agravamento da celulite?
Existe uma relação entre o aumento do índice de massa corporal (IMC) e o agravamento do aspecto da celulite. Quando se tem ganho de peso, o tecido adiposo aumenta em espessura e armazena-o nas zonas de depósito de gordura.
As causas da FEG são variadas. Não existe fórmula fechada ou ingredientes certeiros para este tipo de problema. É preciso uma avaliação séria e competente para poder tratar com resultados eficazes.
- O sedentarismo é um dos fatores que agrava e muito o quadro de FEG. Para tratar a celulite, o ideal é a cliente focar em exercícios tanto aeróbicos, quanto a musculação.
- Ficar sentada por muito tempo ou usar roupas muito justas interferem no quadro, pois causa prejuízo ao retorno venoso e linfático.
- O tabagismo causa redução do fluxo da microcirculação.
- Alimentação rica em gordura e doces contribui para o aumento da reserva do adipócito, além de promover a glicação das células. O excesso de sal atrai mais água para o meio intersticial, aumentando a retenção de líquido.
- Estresse, ansiedade e frustações também alteram os níveis das catecolaminas, estimulando os alfarreceptores, que são lipogênicos, aumentando ainda mais os adipócitos.
- Uso de pílulas anticoncepcionais podem piorar o quadro.
Avaliando a FEG
A avaliação é o aspecto mais importante para poder tratar de forma correta a FEG.
- Na inspeção física, é preciso observar o biotipo da cliente, se ginóides (forma de pêra) ou androides (forma de maçã), avaliar a postura (se há alteração de coluna, joelhos, quadril); nesta fase da avaliação é olhar para a cliente.
- Olho clínico: essa é uma característica que apenas vamos desenvolvendo com o tempo de trabalho, com o conhecimento, com as trocas de experiências com outros profissionais da área e quando passamos a utilizar com mais frequência.
- Palpação: esse passo da avaliação é essencial, porém o profissional deverá ter a mão treinada para identificar a flacidez muscular, tissular o lipoedema e a verdadeira celulite.
- Teste de Digito Pressão: importante fazê-lo para detectar alterações circulatórias. Pressionar a área a ser tratada por 3 segundos. Observar o tempo de retorno do tecido, se for maior que 3 segundos, há alteração, o que significa que há presença de edema.
- O registro fotográfico será seu melhor instrumento para mostrar o resultado do tratamento.
Celulite não se avalia, muito menos se trata em grau
Os graus de celulite são importantes apenas para o profissional mostrar para a cliente a evolução do tratamento. Todas as clientes vão chegar no consultório ou na clínica falando que tem celulite grau tal… Então, para os profissionais, isso nunca será o “norte” do tratamento.
Agora, sabendo de tudo isso, o que fazer? Como tratar?
Drenagem linfática
A drenagem linfática é ótima para auxiliar no combate da FEG, porque consegue eliminar o líquido em excesso e as toxinas, deixando a pele mais uniforme e desintoxicando o metabolismo.
A técnica consiste em toques leves, com pouca pressão e rítmicos na pele, movimentando a linfa (excesso de líquido) para os linfonodos (gânglios linfáticos), onde, a partir daí, será filtrada e encaminhada para a corrente sanguínea.
Esta técnica pode ser realizada de 2 a 3 vezes por semana em casos muito graves.
Ultrassom
Com a passagem das ondas ultrassônicas acontece uma “aproximação” e “separação” das moléculas. A onda faz com que a matéria “chacoalhe”, vibrando. No ultrassom convencional quanto maior o movimento molecular maior o calor – já que temperatura é a agitação das moléculas.
Esses movimentos provocam uma cavitação estável gerando a Lipólise do tecido adiposo.
Os principais efeitos fisiológicos da aplicação do ultrassom envolvem a produção de hiperemia, aumento da circulação sanguínea local, a analgesia, a ação anti-inflamatória, o aumento da extensibilidade dos tendões, a destruição de macromoléculas, facilitar a reabsorção de edemas, a eliminação de macronódulos e do aspecto de casca de laranja da FEG e a melhora do metabolismo lipídico com o aumento da lipólise, entre outros efeitos.
Além disso, todo ultrassom promove a fonoforese ou sonoforese, que consiste em aproveitar os efeitos térmicos e mecânicos responsáveis pelo aumento da permeabilidade da membrana celular, proporcionados pela onda ultrassônica a fim de promover a penetração via transdérmica de princípios ativos contidos em um gel de condução.
Radiofrequência
Outra opção de tratamento é a radiofrequência, que pode ser aplicada por uma corrente elétrica alternada com frequência entre 640KHz e 2400 KHz gerando circuitos de aplicação que produzem calor intenso através de uma resistência do atrito no tecido, como forma de terapia não invasiva; ou pode ser por uma corrente com frequência na casa dos 27 MHz gerando o mesmo calor intenso, porém através de ondas eletromagnéticas fazendo com que o calor aconteça de dentro para fora no tecido.
Esses aparelhos e essas técnicas agem convertendo a energia gerada em efeito térmico, quando essa energia é absorvida e a eletricidade penetra na pele, geram ondas que induzem uma oscilação de alta velocidade das moléculas de água presentes no tecido. Essas moléculas aquecidas, espalham sua energia térmica nos tecidos adjacentes, gerando efeito térmico intenso, aquecendo-os.
Essa lesão térmica controlada gerada pelo aquecimento, promove pequenos processos inflamatórios, que farão recrutamento de fibroblastos, ativando produção de colágeno e elastina.
Correntes elétricas
As correntes elétricas vêm trazendo diferentes efeitos no tecido.
As corrente BMAC, ou corrente ausssie® (australiana) ou mesmo a corrente Russa, são estímulos elétricos usado para produzir uma contração muscular no local em que são aplicadas. Elas tem efeitos de estimulação neuromuscular e com isso, pode haver melhora no tônus muscular, além de estimular a circulação sanguínea e linfática e a oxigenação celular, trazendo excelentes resultados para tratamentos de celulite.
Já a corrente High Volt, ou CPAV (Corrente Pulsada de Alta Voltagem) conhecida também como HVPS (High Voltage Pulsed Stimulation) é uma corrente com pulsos gêmeos de alta amplitude (alta voltagem) e curta duração. A forma de onda é monofásica (a corrente flui em uma única direção). A alta voltagem provoca uma diminuição da resistência da pele tornando a corrente confortável e tolerável.
Esses picos de amplitude promovem micro lesões reversíveis na membrana celular, com isso ocorre a permeação mais profunda de princípios ativos de qualquer tamanho e de qualquer polaridade. Com a permeação de princípios ativos para os tratamentos de FEG sabemos que os resultados serão mais eficazes e além de promoverem efeitos diversos nas áreas tratadas, como veremos mais para frente.
Esta corrente também auxilia em tratamentos de cicatrização de tecido, alívio de dor em pós-operatório, redução de edema, controle inflamatório, auxilia na drenagem linfática e vascular e promove o aumento da circulação sanguínea.
Ondas de choque
Hoje o que tem se falado muito é do tratamento com Ondas de Choque são ondas mecânicas e acústicas que fazem parte do nosso cotidiano como aquelas geradas por explosões. A Terapia de Ondas de Choque Extracorpórea é utilizada na medicina desde 1980 quando, pela primeira vez, um paciente com “pedra nos rins” foi tratado.
As ondas de choque são aplicações de impulsos mecânicos de pressão, de curta duração (5microsegundos), alta densidade de energia (0,07 a 1,2mj/m2) e baixa frequência (1 a 15 hz).
Vários estudos demonstraram que os efeitos biológicos do ESW (Extracorporeal Shock Waves) são causados pela libertação de mediadores, como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) que aumenta significativamente a angiogênese e a circulação sanguínea local. Além disso, em medicina estética, ondas de choque têm sido utilizadas como tratamentos para flacidez de pele e celulite.
As ondas de choque atingem a superfície do tecido cutâneo e passam através de uma barreira homogênea sem danos às demais partes, aumentando o fluxo sanguíneo no local atingido. Na etiologia da celulite ocorre a deterioração da vascular da derme, causando edema e hipóxia do tecido. Há o adelgaçamento e esclerose dos septos fibrosos ou em alguns casos, excesso de formação de tecido fibroso. Em ambos os casos a ESW tem sua aplicabilidade.
Finalmente, as ondas de choque apresentam efeitos anti-inflamatórios, estimulam fatores de crescimento e “Stem cells” (neoformação colágena, óssea e de vasos), sendo neste caso responsável por muitas respostas positivas em celulite e flacidez tecidual.
Princípios ativos
Abaixo seguem alguns dos principais princípios ativos com seus respectivos efeitos para serem utilizados em tratamentos de celulite.
- Alistin®: ativo antiglicante que reverte os efeitos deletérios do açúcar no colágeno.
- Arnica: diminui a fragilidade capilar.
- Cafeína: é uma substância que tem ação lipolítica, ajudando no estímulo à quebra das moléculas de gordura e prevenção do acúmulo no organismo.
- Cafeisilane C: é uma molécula complexa e tecnológica, composta por cafeína e silício orgânico. Tais substâncias são superpotentes quando juntas e vão além da promoção da quebra da gordura, auxiliando também no desenvolvimento e manutenção da firmeza dos tecidos.
- Castanha da índia: descongestionante, tonificante da circulação periférica, protetora
dos vasos sanguíneos. - Centella asiática: melhora a circulação de retorno, aumentando a elasticidade das paredes venosas, melhorando a circulação sanguínea e eliminando edemas.
- DMAE a 10%: função de estimular a produção de acetilcolina e impulsionar a contração
muscular, diminuindo a flacidez e melhorando o tônus da pele - Extrato de café verde: tem propriedades tonificantes, antioxidantes e antissépticas.
- Extrato de ginko biloba: é um antioxidante que melhora a oxigenação e nutrição dos tecidos da pele, até suas camadas mais profundas. A substância melhora a circulação local e diminui o aspecto de casca de laranja.
- Fucus Vesiculosos: atua como estimulante metabólico, balanceia a hidratação e o suprimento dos tecidos. Seu teor de iodo estimula a função da tireoide acelerando o metabolismo, pode ser usado como auxiliar no tratamento da obesidade
- Hyaxel® à 10%: composto por Ácido Hialurônico vetorizado pelo Silício Orgânico
(Silanol), atua como peeling biológico natural e fator de crescimento epidermal, promove efeito preenchedor e firmador. - Raffermine®: que promove a proteção da elastina e a reorganização das fibras colágenas, promovendo efeito firmador de curta e longa duração.
Conclusão
A celulite é uma desordem estética que afeta o tecido dérmico, epidérmico, subcutâneo e até muscular, com alterações vasculares e lipodistrofia com resposta esclerosante, que resulta no aspecto irregular da pele.
Esse aspecto irregular pode causar incômodo por parte daqueles que têm a FEG, fazendo com que os mesmos busquem alternativas para eliminar esse problema.
O tratamento através da fisioterapia dermato funcional é uma ótima alternativa para aqueles que pretendem eliminar as celulites, trazendo não só um melhor aspecto na região, mas também uma melhora da saúde corporal em geral.
materia maravilhosa, parabéns
Bom de mais o seu artigo,melhor que eu li até agora!Parabéns! 😀
Melhor artigo lido por mim,amei….tirei todas as dúvidas,guardarei pra vida.parabens.
Amei esse texto muito completo vai me ajudar na prova
Parabéns pelo artigo! Muito bem escrito e informações completas
SIM REALMENTE O ARTIGO COMPLETO, ESCLARECEU O ASSUNTO, ESTUDADO PARA O SEMINÁRIO DE FEG.
Alexsandra Moreno dia 15/04/2020 SBC
Excelente matéria, estou utilizando como apoio a minha aula de procedimentos preparatórios para prática corporal, técnico de estética, parabéns pela dedicação a pesquisa, precisamos de mais pessoas com essa atitude.
Amei
O q estava precisando no momento
Material fantástico.
Material fantástico.
Grande conteúdo e de fácil interpretação.
Tirou todas as minhas dúvidas, e com base nisso favorecendo extremamente a estética. Amei🥰 conteúdo maravilhoso
Muito bom seu artigo!!! O mais científico e detalhado que pude encontrar.
artigos já mostram que Sim… temos INFLAMAÇÃO. Inclusive saiu um bem recente… 2020. No mais, Matéria bem esclarecedora.
Gostei muito do conhecimento passado.
MUITO INTERESANTE O ENSINAMENTO
Informações bem importantes sobre celulite, amei.
Amei a matéria, é tudo q estou estudando e clareou as minhas ideias. Gratidão
Gostei muito do artigo. De fácil interpretação. Parabens!!
Olha… primeira vez que leio um artigo que realmente diz o que eu penso sobre avaliação da celulite! Sou fisio e trabalho com estética 13 anos e esbarrei em inuuuumeras profissionais fisio e esteticistas que não sabiam avaliar celulite! Muitas clientes resolvia celulite em cima do joelho (visivelmente flacidez de pele) melhorando o tonus na musculatura do gluteo (para tracionar a pele da frente da coxa) e o colágeno da pele! tratei muitas idosas ou mulheres na menopausa com flacidez de pele e muscular e resolvi o problema, mas pq pensava IGUAL A VCS, fora da caixinha! top! parabens
Esses princípios ativos que você sitou são para ingerir ou usar sobre a pele? Qual a dosagem de cada um .Pode me dizer?
Amei o conteúdo, bem explicado e bem completo.