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A queixa de dor por parte dos pacientes é algo comum nos consultórios de fisioterapia, principalmente agora em tempos de pandemia. O estresse, somado a fatores ergonômicos ruins, como a condição do home office ou das aulas à distância, tem resultado em uma grande procura por atendimentos fisioterapêuticos.

Sabemos que a fibromialgia acomete aproximadamente 5 milhões de brasileiros, sendo 75% a 95% mulheres com idade entre 40 e 55 anos. Geralmente, mulheres nesta fase da vida sentem-se sobrecarregadas quando acometidas pela fibromialgia, uma vez que têm de lidar com a dor somada à falta de compreensão da família.

Isso acontece porque a dor da fibromialgia atinge o indivíduo de forma generalizada, além da dor ser agravada pelo estresse. Inclusive, segundo Ferreira at al. (2002), existem casos de fibromialgia em pessoas com apenas doze anos de idade, o que demonstra o quanto o diagnóstico desta patologia é importante para tratar o quanto antes este problema.

O que é fibromialgia?

A síndrome da fibromialgia é definida como uma síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, de causa desconhecida. Além disso, a fibromialgia se manifesta no sistema musculoesquelético, podendo apresentar sintomas em outros diversos sistemas do organismo. 

Logo, ela é comumente confundida com uma grande depressão ou com a síndrome da fadiga crônica. Porém, o que é pouco discutido e merece mais atenção, é que a fibromialgia pode também ser confundida com uma crise neural, devido a localização de muitos pontos de tensão neural adversa.

Fibromialgia e Dor Neural

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Diversos pacientes têm suas crises de dor tratadas como crise de ansiedade, estresse e estafa, situações em que se acredita que a dor seja psicossomática. Mas a fibromialgia pode sim ser considerada uma dor real, sentida no corpo, pois tal como afirma Ferreira at al. (2002), é causada pelo aumento da sensibilidade do sistema nervoso.

Para diminuir os riscos de diagnósticos errados, o Colégio Americano de Reumatologia publicou critérios de validação para a população brasileira. Segundo esses critérios, o paciente deve apresentar sensibilidade dolorosa em sítios anatômicos preestabelecidos, que são denominados de tender points.

Além destes pontos, avalia-se a gravidade das manifestações clínicas através de avaliações como: da fadiga, da qualidade do sono, da rigidez matinal, do nível de depressão e do grau de ansiedade do paciente.

A dor muscular sentida por quem desenvolve fibromialgia é difusa, diferente de qualquer tipo de dor já sentida. Este tipo de incômodo se expande pelo corpo, e tem três meses de duração intensa. Além disso, este problema possui uma dimensão afetivo-emocional incalculável e individual, portanto, os profissionais da saúde não devem generalizar a repercussão das causas e sintomas em seus pacientes.

Assim, para avaliar esta dor o fisioterapeuta pode se utilizar de questionários verbais, escala numéricas, escalas analógicas visuais e índices não verbais. Logo, o profissional concluirá seu diagnóstico mediante seu critério de escolha, devido à complexidade exigida do teste e a subjetividade da dor de seu paciente. (FERREIRA, 2002).

Fibromialgia e estresse

A ciência já demonstrou grande relação do nível de estresse com o aumento dos sintomas em pacientes fibromiálgicos. Evidenciamos na prática que esses pacientes têm baixa resistência ao exercício físico, se cansam nas atividades físicas e as abandonam mediante o nível de dor. Isto também influencia o trabalho, uma vez que o quadro de dor resulta em complicações dentro das tarefas determinadas em seu ramo de atividade profissional.

Segundo Marques et.al. (2002) a diminuição da capacidade física dos pacientes com fibromialgia por conta da dor cria um ciclo vicioso entre a inatividade e as limitações do dia-a-dia. Portanto, a fisioterapia é de extrema importância no tratamento destes pacientes, uma vez que ela é capaz, através de diferentes abordagens, reduzir o impacto deste tipo de dor, melhorando a qualidade de vida do paciente.

O objetivo principal e inicial da fisioterapia nestes casos é sim diminuir a dor, mas, acima de tudo, é promover um controle da dor através de recursos analgésicos. Visto que a eletroterapia tem impacto a curto prazo frente a este objetivo, os terapeutas se valem de outros recursos para amenizar os sintomas destes pacientes.

Embora seja conhecido o benefício dos exercícios físicos no tratamento da fibromialgia, não existe comprovação científica de que a sua prática diminua o quadro de dor, sintoma primário de tratamento dos pacientes. Muitas vezes, acontece o contrário, observa-se a exacerbação da dor no paciente, tornando-os fisicamente inativos.

Tratamento para fibromialgia e exercícios físicos

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A grande dificuldade de conciliar exercícios físicos como tratamento para fibromialgia talvez venha do fato de que os exercícios praticados com os pacientes nestas condições sejam pouco explicados frente ao seu tipo, sua duração e intensidade, além da necessidade de adequação de cada exercício ao quadro clínico do paciente.

O exercício físico pode ser uma ótima alternativa, mas quando bem trabalho. Até mesmo a prática de exercícios aeróbicos demonstra relevância científica no tratamento destes pacientes com fibromialgia, mas esta prática ainda é pouco delimitada e confere divergência em sua aplicabilidade.

Qual o melhor tratamento para fibromialgia?

Atualmente, sabemos que o programa terapêutico mais adequado no tratamento de fisioterapia, investigado através de artigos científicos de revisão literária dentro do período de 1991-2001, é o de condicionamento físico. Neste tipo de tratamento são realizados exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e aeróbicos de forma associada e podem ser feitos tanto em solo quanto em água aquecida.

Entretanto, sabe-se que esta prática de exercícios associados traz bastante resultado frente a melhora da condição de fadiga e capacidade aeróbica do paciente, porém pouco se fala sobre a dor do paciente.

Além da melhora do condicionamento físico, dentre os recursos fisioterapêuticos para o tratamento, utilizam-se crioterapia e eletro acupuntura, porém nenhuma das duas alternativas apresenta resultados a longo prazo. Estudos científicos também se referem a prática de terapia manual, através da quiropraxia para tratar a fibromialgia, porém, esta técnica também não possui grande relevância frente ao tratamento da dor.

A dor, em qualquer paciente, é inespecífica em 85% dos casos. Logo, isso significa que os sintomas de dor podem se derivar de diversas estruturas, ligamentos, disco, articulações, músculos e/ou o sistema nervoso.

Mobilização neural para o tratamento da fibromialgia

Dentro desta perspectiva de tratamento, o universo que te convido a entrar colocará a terapia manual aliada ao trabalho de ortopedia, porém com toda a base de sustentação apoiada sobre conhecimentos de neurologia. Portanto, te convido a conhecer mais sobre a Mobilização Neural e sua repercussão no alívio da dor. Saiba que nossas articulações, músculos e suas fáscias estão interligadas ao sistema nervoso e a seus comandos.

Então primeiramente, o grande conceito que precisamos introduzir na anamnese do paciente é o conhecimento sobre os pontos de tensão neural, além da análise do tender points

Durante a movimentação do corpo, temos regiões neurais que nem se movem e que apenas acompanham de forma mínima o movimento; estas são consideradas pontos críticos no sistema nervoso, propícios a desencadear dores neurais.

Inclusive, este fato justifica a disseminação da dor em alguns pacientes, ou seja: uma patologia lombar pode gerar pontos dolorosos em diversos locais; uma hérnia de disco promove ancoragem da dura máter e isto pode gerar sintomas de dor no pescoço de forma associativa; ou ainda pacientes que tiveram lesão de chicote em acidentes ao longo dos anos, passam a desenvolver dores na região lombar.

Dessa maneira, podemos dizer que a tensão neural adversa é uma resposta fisiológica e mecânica anormal do sistema nervoso. Essa resposta geralmente se dá frente uma tensão ou compressão sofrida em sua estrutura corporal, especificamente quando este restringe sua capacidade de mobilidade.

Mobilização neural na reabilitação de lesões

Assim, entendemos que este sistema biomecânico é contínuo e que qualquer pressão, compressão ou tensão sofrida tem consequências a longa distância. Dado este fato, conseguimos compreender o porquê destas dores espalhadas pelo corpo e, portanto, passamos a levar em consideração que lesões antigas podem ser despertadas por lesões recentes, uma vez que o tecido conjuntivo e neural é interligado.

Esta teoria apresentada deve ser conhecida pelo fisioterapeuta diante da fibromialgia por duas razões. Primeiro, podemos concluir que muitos diagnósticos de fibromialgia podem estar errados, pois uma dor neural também possui característica de uma dor que atinge o corpo inteiro. 

Segundo, como forma de reabilitação é possível utilizar a mobilização neural, associando com o tratamento de condicionamento físico, para diminuir os efeitos da dor do paciente.

Compreenda que qualquer tensão adversa pode gerar ao paciente grande desconforto devido a condição de conviver com fortes dores que se espalham pelo corpo. Logo, este tipo de situação é um grande desafio profissional para o fisioterapeuta, tal como cita Junior e Teixeira (2007).

A dor da fibromialgia

A dor referida do corpo inteiro advém exatamente pelo fato de que nenhuma área fica isenta de dor devido às imensas conexões que o sistema nervoso faz; e tudo isto acontece porque não sabemos de onde podem vir estas dores. A dor associada ao sistema nervoso era antes classificada em central, neurogênica e nociceptiva. Agora, consideramos que esta dor pode vir dos tecidos conjuntivos que envolvem este sistema.

Além disso, outro fato importante é que a dor neural não apenas gera sintomas dolorosos, como também pode causar rigidez muscular, parestesia e sensação de calor e frio repentinos, algo que a paciente com fibromialgia também apresenta.

Percebe-se assim que a tensão neural adversa pode ser um achado clínico comum, porém pouco estudado pelos fisioterapeutas e que merece um olhar apurado desde o momento da avaliação.

Prestar atenção na sintomatologia pode ser uma saída para o terapeuta, desde que ele possa conferir credibilidade ao relato do paciente durante sua avaliação.

Conclusão

A fibromialgia é um problema grave e que merece a devida atenção. Esta condição pode desencadear dores em diversas partes do corpo, além de ser agravada por momentos de estresse. A fibromialgia tem tratamento, o qual deve ser realizado com regularidade e com a orientação de um profissional qualificado. É importante que o paciente tenha controle da sua dor, mesmo que ele não se livre totalmente dela.

Referências:

(MARQUES, 2002).

(BUTLER, 2003)

(JUNIOR E TEIXEIRA, 2007).

(MACHADO E BIGOLIN, 2010).

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