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A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa de caráter sistêmico, definida como disfunção cardíaca que ocasiona inadequado suprimento sanguíneo para atender necessidades metabólicas tissulares, na presença de retorno venoso normal, ou fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento.

É caracterizada por sintomas como fadiga e dispneia que podem ser acompanhados por sinais clínicos (ingurgitamento jugular, fervores pulmonares e edemas periféricos), causados por uma alteração cardíaca estrutural e/ou funcional, resultando na diminuição do débito cardíaco (DC) ou elevação das pressões intracardíacas em repouso ou no esforço.

Em pacientes com insuficiência cardíaca, um dos recursos utilizados no tratamento é a ventilação não invasiva (VNI), que pode aperfeiçoar o desempenho cardíaco e respiratório através dos modos ventilatórios, tais como o CPAP (Continuous positive airway pressure) e o BiPAP (Bi-level positive airway pressure).

Por fornecer uma pressão constante durante a inspiração e a expiração, o modo CPAP aumenta a capacidade funcional residual e abre os alvéolos colapsados ou pouco ventilados, diminuindo, assim, o shunt intrapulmonar e, consequentemente, melhorando a oxigenação.

O aumento na capacidade residual funcional (CRF) pode diminuir o trabalho respiratório e melhorar a complacência pulmonar.

O que é a Insuficiência Cardíaca (IC)?

A insuficiência cardíaca (IC) é considerada uma síndrome complexa originada por anormalidades estruturais e/ou funcionais, provocando alterações no enchimento ou na ejeção ventricular. Isso culmina na redução do débito cardíaco e/ou elevação das pressões intracardíacas.

Embora a síndrome resulte dessas anormalidades, pacientes podem manifestar desde ventrículos de tamanho e função anormal até significativa dilatação ou disfunção ventricular.

A insuficiência cardíaca também pode ser definida por meio de um distúrbio na qual ocasiona um inadequado suprimento sanguíneo nas demandas metabólicas tissulares, conhecida como a via final das doenças que agride o coração.

É através da disfunção sistólica ou diastólica dos ventrículos que pode vir a acarretar esse mecanismo, sendo suas principais causas: cardiomiopatia hipertensiva, valvar, congestiva, isquêmica e chagásica.

De acordo com a New York Heart Association (NYHA), há quatro classes funcionais, com sintomas em fase de desenvolvimento desencadeados por atividades, com a finalidade de estratificar o grau de limitação exigida pela IC.

Embora o avanço tecnológico e científico seja bastante amplo, a insuficiência cardíaca é uma patologia de grande impacto socioeconômico.

No Brasil, esta prevalência é de aproximadamente 2 milhões de indivíduos e uma incidência de 240 mil novos casos diagnosticados anualmente.

A progressão desses sintomas gera uma diminuição do nível de atividade física, que contribui para agravar ainda mais os sintomas e a intolerância ao exercício físico, reduzindo progressivamente a capacidade funcional e a qualidade de vida dessa população, o que acarreta uma condição clínica frequente, de alto custo e geralmente incapacitante. 

A ressalto da América Heart Association calculam cerca de 8 milhões de pessoas com insuficiência cardíaca até o ano de 2030, e associada a outras morbidades, possui alta taxa de prevalência e mortalidade hospitalar.

A fisiopatologia da IC é complexa e pouco compreendida, sendo os pacientes geralmente mais idosos, do sexo feminino e com diversas comorbidades cardiovasculares, entre elas, a hipertensão arterial (HTA), fibrilação arterial (FA), doença arterial coronariana (DAC) e hipertensão pulmonar (HTP); e não cardiovasculares como diabetes mellitus (DM), doença renal crônica (DRC), anemia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entre outras.

Tanto a IC-FEp (insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada) quanto a IC-FEr (insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida) podem ter comprometimento sistólico ou diastólico e resultam de uma complexa variedade de disfunções a nível cardíaco, vascular e sistêmico, juntamente com a contribuição de múltiplas comorbidades.

As mudanças hemodinâmicas comuns na IC estão associadas a uma resposta inadequada do DC e ao aumento das pressões pulmonar e venosa sistêmica.

A redução do débito cardíaco é frequente na insuficiência cardíaca sendo responsável pela inadequada perfusão tecidual. Inicialmente, isso se evidencia durante o exercício, mas à medida que a doença progride, os sintomas surgem com esforços cada vez menores, podendo ocorrer mesmo em repouso.

Na IC os sintomas geralmente carecem de especificidade, dificultando a diferenciação de outras condições. A avaliação regular dos sinais e sintomas é crucial para monitorar a resposta ao tratamento, especialmente observando evidências de congestão volêmica e baixo débito cardíaco.

A dispneia, associada ao aumento das pressões de enchimento cardíacas, é um sintoma central na insuficiência cardíaca, podendo também indicar diminuição do débito cardíaco (DC).

Sintomas como ortopneia, trepopneia (dispneia em decúbito lateral, contralateral a um caso de derrame pleural por exemplo) e dispneia paroxística noturna são indicativos confiáveis, embora não sejam exclusivos dessa condição.

Esses sintomas variam conforme a fisiopatologia subjacente. A congestão pulmonar pode se manifestar com dispneia aos esforços, ortopneia, dispneia paroxística noturna, tosse, taquipnéia, estertores pulmonares ou terceira bulha.

Por outro lado, a congestão sistêmica pode apresentar sinais como saciedade precoce, ganho de peso, edema periférico, elevação da pressão venosa jugular, hepatomegalia dolorosa, refluxo hepatojugular, derrame pleural e ascite.

Em pacientes com redução do DC, é possível observar hipotensão, pulso alternante, tempo de enchimento capilar lentificado, extremidades frias, cianose, palidez cutânea, oligúria, síncope e alteração do nível de consciência.

Ventilação Não Invasiva como tratamento para Insuficiência Cardíaca

A ventilação não mecânica oferta pressão positiva às vias aéreas, por meio de interfaces como máscaras nasais ou faciais, prevenindo complicações dos pacientes cardiovasculares e cardiorrespiratórios e promovem efeitos sobre a musculatura respiratória, como melhora na oxigenação e trocas gasosas.

Com isso, seu uso tem sido uma opção para aumentar a oxigenação arterial e melhorar a tolerância aos exercícios físicos, sendo esse, parte da reabilitação cardíaca de paciente com doenças cardiovasculares, obtendo assim melhores respostas cardíacas e respiratórias cada vez mais eficazes.

A principal característica de pacientes portadores de insuficiência cardíaca é a intolerância aos esforços físicos, constatada através da dispneia e fadiga.

As doenças e eventos cardiovasculares, tem se beneficiado com o uso da CPAP (continuous positive airway pressure), em que uma pressão positiva contínua e única é oferecida nas vias aéreas, um dos efeitos mais eficazes gerados é a redução da PAS (pressão arterial sistólica), principalmente com o uso da VNI durante prática de exercício físico na esteira ergométrica.

Ademais, estudos demonstram que o uso prévio do CPAP é capaz de aumentar a distância percorrida pelos pacientes e duração prolongada do exercício em cicloergômetro quando utilizado simultaneamente, ou simplesmente quando reavaliados no Teste de Caminhada de 6 minutos.

Além disso, a VNI tem gerado efeitos em pacientes no pós-operatórios de cirurgias cardiovasculares após eventos cardíacos, reduzindo o trabalho respiratório exacerbado, níveis de noradrenalina e aumentando o fluxo sanguíneo para as áreas periféricas.

Dessa forma, é possível evitar fadiga e falência da musculatura acessória da respiração, melhorando parâmetros hemodinâmicos, em que há redução do retorno venoso e consequente redução da pré-carga, aumento do débito cardíaco e redução da pressão transmural, gerando redução também da pós-carga.

Assim como o CPAP, o BIPAP (pressão positiva bifásica nas vias aéreas), também promove benefícios na oxigenação, na ventilação e na frequência respiratória e cardíaca, como redução do estresse cardiovascular, melhor tolerância ao exercício físico, aumento da pressão transpulmonar, potencialização da ventilação dos alvéolos e uma melhor resposta cardiovascular em pacientes com insuficiência cardíaca, por exemplo.

O exercício físico constitui-se em outra medida de relevante importância no tratamento da IC, uma vez que a inatividade física tem sido considerada um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

A prática de exercícios físicos promove redução da atividade simpática aumentada e eleva o fluxo sanguíneo periférico, por meio de melhora da função endotelial, devendo ser prescrito para os indivíduos clinicamente estáveis, como coadjuvante ao tratamento medicamentoso.

Portanto, entende-se que a junção das terapias será de grande aplicabilidade para o tratamento dos pacientes com insuficiência cardíaca, visando não só os efeitos cardiovasculares como também os respiratórios. 

Conclusão

Ademais, conclui-se que pacientes com comorbidades cardiovasculares apresentam maior predisposição a terem insuficiência cardíaca, e ocorre com maior frequência em pacientes idosos e do sexo feminino.

Sendo assim, a VNI trata-se de um recurso eficiente no tratamento da IC, aumentando a capacidade dos pacientes na realização de exercícios aeróbicos, aumento do débito cardíaco, aumentando a oxigenação arterial, além de efeitos agudos positivos no pós-operatório cardiovasculares. 

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