A pessoa nem sempre percebe que está com problemas de mobilidade. Muitas vezes as compensações do corpo são o suficiente para iludir o próprio paciente, que pensa que só tem uma dorzinha. Frequentemente eles nunca passaram por testes de mobilidade de ombro.
Mas depois de começar a trabalhar com esse indivíduo percebemos que seu ombro não tem amplitude de movimento completa. Claro que poderíamos ter detectado isso antes com bons testes de mobilidade de ombro.
Durante um processo de reabilitação do ombro teremos de trabalhar algumas características como estabilidade e mobilidade.
Para decidir como planejar um bom tratamento deveremos conhecer muito bem as necessidades desse aluno. E é por isso que os testes de mobilidade de ombro são essenciais.
Você fica em dúvida sempre que precisa avaliar um aluno com problemas no ombro? Então esse artigo é para você.
Aqui vou indicar 3 testes de mobilidade de ombro que deixarão sua avaliação mais completa. Também falarei um pouco sobre a mobilidade do ombro e o que pode influenciar nela. Quer continuar aprendendo? É só continuar a leitura!
Importância da mobilidade de ombro
A mobilidade torna-se um problema para cada vez mais pessoas. Nossos corpos tornam-se rígidos conforme a vida fica mais sedentária.
E isso vale para coluna, quadris, tornozelos e, claro, os ombros. Então já vou começar te avisando: você perceberá que muitos dos seus alunos ou pacientes têm problemas de mobilidade.
Quando alguém reclama de dor no ombro essa pessoa deve estar com alguma lesão ou patologia. Geralmente essas lesões têm relação com a falta de mobilidade articular.
Os ombros estão intimamente ligado à outra estrutura, a cintura escapular que possui movimentos importantes. É impossível falar de ombro sem falar de cintura escapular.
Tenha em mente, é possível movimentar a escápula sem que haja necessariamente movimento nos ombros. Entretanto, é impossível movimentar os ombros sem que a cintura escapular se movimente junto.
Com esses movimentos você não move seu membro superior só para pegar alguma coisa ou dar um soco em alguém que não gosta.
Os ombros têm uma relação muito importante com outras regiões do corpo, como cervical e torácica. Assim, não podemos deixar que percam sua mobilidade.
A verdade é: sem mobilidade o corpo perde seus movimentos funcionais.
No início o aluno pode até não perceber nada, mas aos poucos as compensações começam a aparecer e pesar. Eventualmente elas se manifestam como dores, patologias e até lesões.
Um ombro sem mobilidade reflete musculaturas tensionadas e com um funcionamento incorreto. Em geral, as escápulas são as principais culpadas disso.
Para que os movimentos do ombro aconteçam é preciso que exista uma sincronia entre os movimentos da escápula e do úmero. Essa sincronia é o ritmo escapuloumeral.
Nesses casos o ombro perde sua amplitude total de movimento ou começa a compensar com outras articulações.
Ou seja: os movimentos deixam de ser eficientes. Conforme a amplitude de movimento diminui o aluno começará a sentir dor. Isso porque as musculaturas estão tensionadas.
O que prejudica a mobilidade de ombro
Sabendo que o aluno está sem mobilidade, precisaremos encontrar uma maneira de recuperá-la, afinal de contas, nosso objetivo seja no Pilates ou na Fisioterapia é trazer ao nosso aluno padrões funcionais de movimento.
Sem a amplitude completa de movimento aquele corpo está sujeito a compensações.
E uma informação importante que devemos procurar descobrir é a causa daquele ângulo de movimento limitado. Por que seu aluno ficou daquele jeito? Bem, como sempre as causas variam.
Um dos fatores mais comuns que levam a uma perda de mobilidade é a dor. Eu, você e todos nós estamos programados para evitar a dor, não importa em qual parte do corpo, então quando sentimos algum incômodo durante um movimento a tendência é começar a evitá-lo.
Mesmo que para nós, profissionais de movimento, não funcione bem assim, o aluno não tem como saber o que está causando aquela dor.
Ele simplesmente criará mecanismos de defesa para evitar senti-la, e isso inclui deixar de se mover de certa forma. O grande problema é que deixar de se mover nunca é solução.
O que realmente acontece é: a compensação que estava dando problemas continua lá disfarçada e o corpo cria ainda mais compensações. Um exemplo bem interessante dessa perda de movimentos é a capsulite adesiva.
Ela é caracterizada por uma inflamação na cápsula do ombro que começa a se manifestar como dor aguda.
Aos poucos o aluno começa a perder mobilidade na articulação, gerando rigidez e amplitude de movimento limitada. Não é sobre a capsulite adesiva que quero falar nesse artigo, mas ela exemplifica bem como a dor é limitante.
Outras causas
Outros fatores que podem levar a uma perda de amplitude de movimento são:
- Fraturas;
- Inflamações como a artrite;
- Tensão muscular;
- Lesões na região.
Vale a pena lembrar que esses fatores não causam perda de mobilidade necessariamente.
Se conseguirmos realizar uma boa reabilitação com o aluno é provável que ele consiga voltar a realizar movimentos sem problemas. Portanto, tudo depende do nosso trabalho como profissionais do movimento.
Também quero lembrar que uma cirurgia ou lesão antiga muitas vezes estão conectadas com o quadro de falta de mobilidade atual.
Sempre que o corpo foi forçado à imobilização por um período de tempo prolongado existe a possibilidade de surgir rigidez articular.
Geralmente a primeira coisa que alguém ouve depois de lesionar o ombro ou passar por uma cirurgia é:
“Você precisa ficar com o ombro parado por algum tempo.”
Assim surge aos poucos a falta de mobilidade, causada por musculaturas fracas e encurtadas que ficam paradas por muito tempo.
Para ter certeza do que está causando o problema do aluno procure conhecer seu histórico médico. Mesmo que o aluno tenha passado por uma cirurgia há algum tempo ela ainda pode estar influenciando nos seus movimentos articulares.
Coluna torácica e ombro
Essa é uma relação importante que nunca podemos esquecer ao trabalhar o ombro. A coluna torácica é uma região intimamente conectada ao complexo do ombro, então na falta de mobilidade ambos estarão prejudicados.
Durante os movimentos do ombro as escápulas devem deslizar de maneira harmônica sobre o gradil costal.
Agora lembre: onde essa região está diretamente conectada? Na coluna torácica! É aí que surge um grande problema na maioria dos pacientes.
A coluna torácica é uma cifose cuja principal função é proteger órgãos vitais como coração e pulmões.
Além disso ela está conectada à caixa torácica, que auxilia na respiração. Porém, existe um pequeno problema: as vértebras torácicas são naturalmente mais rígidas comparada ao resto da coluna vertebral.
Por ser naturalmente menos móvel é comum que a torácica desenvolva rigidez.
Pense bem: qual é a posição que a maioria dos alunos passa o dia inteiro? Sentado e provavelmente curvado em frente de uma tela. Essa posição é extremamente maléfica para a postura e ainda contribui para enrijecer a torácica.
Com essa parte da coluna rígida a caixa torácica é incapaz de realizar seus movimentos completamente. O que quer dizer que as escápulas terão parte do seu movimento impedido. Sem conseguirem deslizar pela amplitude inteira de movimento o ombro é forçado a compensar.
Assim, em casos de pouca mobilidade de ombro, teremos de avaliar muito bem a coluna torácica. Já posso adiantar para vocês que ela provavelmente estará comprometida.
Mais abaixo deixei alguns exercícios para corrigir a falta de mobilidade de ombro. Você perceberá que todos eles são movimentos globais.
Como a coluna está entre as causadoras da falta de mobilidade também precisaremos recuperar os movimentos torácicos.
Testes para corrigir mobilidade de ombro
Estou com um aluno novo no Studio, ele já relatou que sente dor no ombro de vez em quando, mas é algo passageiro.
De qualquer maneira, seria uma boa ideia avaliar como está sua mobilidade, mas como fazer isso?
Existem diversos testes que te ajudam no teste de mobilidade articular do ombro.
Nessa hora precisamos lembrar que o ombro é um complexo de articulações e qualquer uma delas pode estar por trás do problema. Não adianta avaliar só uma porque tensões e compensações sempre se espalham.
Em especial, devemos avaliar os movimentos que causam dor. Pergunte para o aluno quando ele sente dor e comece a decidir quais são as avaliações daí. Sem saber isso você estará trabalhando cego e ter um guia é sempre bastante útil.
Agora vou explicar um pouquinho sobre como eu trabalho na avaliação. Você pode sem problemas fazer diferente, o que estou mostrando aqui é somente uma sugestão. Vamos lá.
Costumo pedir para meus alunos realizarem exercícios de flexão e abdução, uns dois movimentos são suficientes. Para ter certeza de que o resultado está correto, peço pelo menos cinco repetições de cada um.
Durante esses movimentos conseguimos avaliar especialmente o comportamento da escápula. Tente dividir esse comportamento em:
- Normal;
- Leve;
- Grave.
Quando digo grave estou querendo dizer com alterações no movimento escapular, o que também gera pouca mobilidade. Nesse caso o aluno precisará de um processo de reabilitação bastante eficiente.
A seguir darei alguns exemplos de exercícios que você pode utilizar na sua avaliação.
Exemplos de testes de mobilidade de ombro
Comecemos com o teste abaixo, conhecido como teste de Apley. Ele é bastante simples e muitos ortopedistas também o utilizam nos consultórios. Através dele você consegue avaliar duas características:
- Mobilidade Glenoumeral;
- Estabilidade escapular.
Também podemos realizar mais dois testes bastante simples que estou mostrando no vídeo abaixo.
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Posted by Keyner Luiz on Friday, August 5, 2016
O que quero ver nesse teste?
Estou tentando analisar como estão os movimentos escapulares e a amplitude de movimento do ombro. Ao termos um resultado “ruim” nos testes consigo saber que preciso trabalhar mobilidade em minhas aulas.
E se meu aluno estiver com dor, Keyner?
Evite testes que geram dor no aluno. É muito pior forçarmos um movimento que pode deixar o aluno traumatizado, além de ser pouco eficiente.
Com esses testes também conseguimos perceber se existem causas externas para a pouca amplitude de movimento do ombro.
Corretivos para mobilidade
Depois de encontrar o problema de mobilidade no ombro do aluno chegou a hora de decidir como corrigi-lo.
Abaixo dou exemplos de exercícios que te ajudam a corrigir a mobilidade, e note, eles também trabalham torácica.
Como vimos um pouco mais acima, é muito comum encontrar alguém com amplitude de movimento limitada no ombro por causa da torácica.
Por isso é interessante usar exercícios integrados que consigam trabalhar ambas as regiões ao mesmo tempo. Assim você conseguirá resultados mais eficientes e satisfatórios.
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Posted by Keyner Luiz on Wednesday, June 8, 2016
Funcional e Pilates para o tratamento
Felizmente nós trabalhamos com duas ferramentas muito úteis para recuperar a mobilidade: Funcional e Pilates.
Os exercícios utilizados nas duas modalidades ajudam o aluno a melhorar sua amplitude de movimento em um trabalho global.
Percebeu que falei em trabalho global? Esse é um ponto chave do tratamento de sucesso. Se você esquecê-lo pode esquecer também do aluno voltar a se mover como antes do problema. Isso porque nunca devemos trabalhar somente a região do ombro.
Lembram que o corpo é interligado por fáscias e cadeias musculares? Se você não lembra muito bem desses conceitos dá uma passada no blog da minha colega, Janaína Cintas. Ela tem conteúdos maravilhosos sobre o assunto.
De qualquer maneira, essas fáscias e cadeias musculares nos ajudam a ter um movimento de qualidade.
Porém, quando algo acontece para piorar esse movimento em alguma parte do corpo o problema se espalha.
Portanto, uma fraqueza ou tensão no ombro nunca estará contida só no ombro.
Além disso, o corpo possui algumas bases importantes. Sem o seu suporte seria impossível movimentar-se direito.
Dou especial ênfase nos glúteos e no Core. Sempre lembre-se de inseri-los no seu trabalho, mesmo que o foco seja ombro.
Com uma base de sustentação pouco eficiente todo o corpo estará comprometido. Trabalhar bases é uma ótima maneira de mobilizar o aluno quando ele está com dor.
O ombro está dolorido na sessão de Pilates de hoje? Vamos trabalhar glúteo ou fortalecimento de Core então.
Lembre-se de algumas musculaturas que te ajudarão na mobilidade do ombro:
- Quadrado lombar;
- Psoas;
- Oblíquos Abdominais;
- Reto Abdominal;
- Glúteo máximo;
- Multífidos;
- Transverso do abdômen.
Eles são o que chamamos de estabilizadores primários e têm o papel de sustentar a articulação durante o movimento. Se eles estiverem fracos a articulação fica prejudicada.
Indicação de leitura: guia completo das patologias do ombro
A falta de mobilidade no ombro pode ser causadora de lesões e patologias. É fato que uma articulação sem mobilidade deixa o corpo vulnerável, e não poderia ser diferente no ombro.
Tenho certeza que, se você trabalha com reabilitação eventualmente encontrará diversas patologias no seu espaço. É importantíssimo conhecer as principais delas para ter certeza de que estamos trabalhando da maneira correta.
Se você quer conhecer um pouco mais sobre lesões e patologias do ombro, confira o guia completo sobre o assunto. Ele tem mais de 8.000 palavras só sobre ombro, é uma leitura obrigatória para qualquer um que se considere um bom profissional.
Conclusão
Vimos que a mobilidade do ombro é um fator essencial no movimento. Sem ela o corpo criará diversos tipos de compensações e desequilíbrios para continuar se movendo, o que pode levar a dor.
O contrário também acontece com frequência: uma dor leva o aluno a diminuir cada vez mais os movimentos de sua articulação.
Para identificar o real motivo dessa falta de mobilidade é preciso conhecer o histórico médico da pessoa e também avaliar seu movimento.
Sempre enfatizo que devemos conhecer seu histórico porque o problema talvez tenha surgido devido a uma fratura, cirurgia ou até infecção. E esses eventos podem ser razoavelmente velhos, então o aluno nem pensaria em mencionar para você.
Nem preciso falar de como a avaliação é importante, né? Se não conseguirmos avaliar o aluno de uma maneira eficiente o tratamento tem altas chances de falha. Por isso sugeri alguns testes de mobilidade de ombro que te ajudarão nessa etapa.
Gostou desse conteúdo para melhorar ainda mais seu atendimento? Então aproveite a leitura recomendada um pouco antes no artigo.
Assim você aprenderá ainda mais sobre lesões e patologias do ombro para tratar seus pacientes. Clique no link para acessar um guia completo sobre o assunto.
Muito bom!
Mto bom o trabalho de mobilidade.
Muito bom. Parabéns.
Bom dia.