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Já é de conhecimento geral que um dos sintomas mais graves da Covid-19 é a insuficiência respiratória aguda, a qual os pacientes relatam como uma imensa dificuldade para respirar. Mas o que não se tem falado tanto quanto deveríamos é sobre a capacidade respiratória.

Apesar da sua enorme importância, o assunto não foi tão abordado. A capacidade respiratória individual trata-se do volume total de ar que os pulmões conseguem reter em um ciclo respiratório.

Isso depende diretamente da capacidade de insuflação pulmonar e da mecânica respiratória envolvida no processo. Quer entender mais sobre como isso funciona? Então continue lendo. 

Qualidade da respiração

A qualidade da nossa respiração varia de acordo com diversos fatores. Entre eles estão o nível de obstrução das vias aéreas superiores, por exemplo. Elas podem estar prejudicadas por alergias, rinites, sinusites e outras síndromes. 

Além disso, doenças crônicas como a Asma e a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e até mesmo a falta de condicionamento físico também podem levar a uma deficiência do sistema cardiorrespiratório.

Fatores como a poluição do ar, insalubridades de ambientes de trabalho e tabagismo também influenciam muito nossa capacidade respiratória. 

Envelhecimento natural

Com o estudo de Suzana Ruivo publicado na Revista Portuguesa de Pneumologia, que trata justamente sobre os efeitos do envelhecimento na função pulmonar, fica demonstrado que há uma diminuição natural da capacidade respiratória de indivíduos saudáveis e não tabagistas no decorrer de suas vidas.

O estudo indica que fatores diversos levam à perda da capacidade respiratória com o envelhecimento. Nesse sentido, também é demonstrado que idosos que praticam atividade física levam uma boa vantagem em relação aos sedentários.

Conforme o passar dos anos, ocorre a diminuição de massa muscular na região do diafragma e a diminuição de massa óssea. Esse fatores levam a uma diminuição da estatura e, consequente, à diminuição da caixa torácica em idosos – que também são responsáveis pela perda da capacidade respiratória.

Mas, independentemente do que possa causar prejuízo à nossa capacidade respiratória, o fato é que é possível incrementá-la em qualquer circunstância e fase de nossas vidas, tanto em indivíduos saudáveis quanto nos que apresentam alguma deficiência do aparelho respiratório.

Não é possível impedir o envelhecimento, mas é possível retardá-lo. Para isso, a primeira e principal arma em qualquer fase da vida é a atividade física.

Foco e intensidade para aumentar a capacidade respiratória

E quando falamos em aumentar a capacidade respiratória, e não apenas mantê-la, estamos falando de atividades de alta intensidade. Essas devem ser, de preferência, aquelas que demandam intenso trabalho aeróbico como: corrida, natação, futebol, ciclismo, dança, Treinamento Funcional e artes marciais.

Atividades que exijam acima de tudo o foco na respiração também são excelentes aliadas para a manutenção e o aumento da capacidade respiratória. Algumas modalidades de Yoga e ginásticas chinesas como o Lian Kung, Chi Kung e o Tai Chi Chuan são alguns exemplos que estão ao alcance de todos e sem restrições quanto a idade.

No universo da Yoga, a prática conhecida como Pranayama é dedicada exclusivamente à respiração, assim como o Chi Kung nas práticas chinesas. Além disso, o Pilates também é um bom aliado, já  que trabalha consciência corporal, atenção à respiração e tonificação corporal global.

Se pudéssemos dizer que há um mundo ideal para a saúde respiratória, ele uniria atividades aeróbicas com práticas de trabalho que foquem na respiração.

Fazer práticas combinadas como corrida com Yoga, natação com Tai Chi Chuan, ciclismo com Pilates, entre outros, são alguns exemplos do que podemos fazer para maximizar ao máximo o treino respiratório e cardiovascular. Consequentemente, essa união ajuda na melhora da capacidade respiratória.

A relação entre capacidade respiratória, idade e disposição

Agora, vamos pensar em diversos cenários e momentos de vida de indivíduos considerados saudáveis:

  • Tenho entre 20 e 30 anos e não pratico nenhuma atividade física desde o colégio;
  • Ter entre 30 e 40 anos e não fazer exercícios físicos a mais de cinco anos;
  • Pessoas entre 40 e 50 anos que não praticam atividades físicas de forma regular a 10 anos;
  • Tenho entre 50 e 60 anos e faço musculação 3x por semana e caminho aos finais de semana;
  • Tenho mais de 60 anos e faço caminhadas todos os dias;

Os cenários apresentados são muito comuns. Pessoas de 20 a 30 anos, por exemplo, em geral estão preocupadas em terminar a faculdade e entrar no mercado de trabalho. Nesse momento da vida também não costumamos sentir o “peso da idade” no que se refere à aparência física, desconfortos físicos ou problemas de saúde em geral.

Dos 30 aos 40, por sua vez, estamos no auge no que se refere às nossas profissões e carreira, porém já começamos a sentir mais as mudanças em nosso organismo (rugas, cabelo branco, queda de cabelo, aumento de gordura corpórea). Além disso, notamos a diminuição do fôlego, que percebemos quando fazemos alguma atividade que exija um pouco mais da nossa capacidade respiratória.

Nessa fase, o sinal de alerta liga no máximo e lembramos que precisamos fazer algo a respeito.

A capacidade respiratória após os 40 anos

Aí, dos 40 aos 50 anos, já estamos convivendo com as mudanças decorrentes do envelhecimento. Mas essa também é a fase em que nos preocupamos com o tipo de atividade mais adequada. O medo de correr riscos se torna grande e, por isso, muitas vezes fugimos de atividades que achamos que poderiam nos machucar ou nos prejudicar de alguma maneira.

Já entre os 50 e 60 anos, já foi atingida uma outra maturidade e geralmente seguimos o protocolo do que é uma vida saudável. Ou seja: nesse momento começamos de fato a ter uma alimentação mais balanceada, realizamos check ups anuais e praticamos atividade física três vezes por semana.

Por fim, partir dos 60 ano começam novamente as preocupações com o tipo de atividade a ser feita. Deve-se continuar a fazer o que já estava fazendo ou diminuo o ritmo? Será que atividades mais intensas irão me prejudicar?

Outra informação relevante é a de que por volta dos 20 anos de idade nosso sistema respiratório já atingiu sua maturidade máxima. Além disso, depois dos 30 anos de idade começa o seu declínio, de acordo com um estudo sobre envelhecimento pulmonar. Lembrando, sempre, que estamos falando de indivíduos saudáveis não tabagistas.

Loteria genética da capacidade respiratória

Se não quisermos contar com a loteria dos genes em que certos indivíduos dificilmente adoecem e parecem ser imunes aos problemas hereditários e do tempo, devemos começar a nos preocupar com a nossa saúde desde já. 

O que acontece em nosso organismo a cada 5 ou 10 anos é sempre diretamente proporcional ao que viemos fazendo nesses 5 ou 10 anos que se passaram. Agora, o grande problema nessa matemática é que quanto mais velho vamos ficando, mais difícil se torna recuperar o tempo perdido.

Seja devido ao metabolismo ou qualquer outra coisa, é fato que torna-se mais difícil emagrecer a partir dos 40 anos. Além disso, também fica mais complicado ganhar massa muscular, subir 5 lances de escada, jogar uma “partidinha” de futebol ou mesmo chegar naquele objetivo de fazer uma corrida de 10k. Por isso, muitas vezes acabamos desistindo – o que compromete ainda mais nossa capacidade respiratória.

Sedentarismo e função pulmonar

Existe um consenso de que 20 minutos de atividade física diária te tiram do quadro de sedentarismo. Mas isso não quer dizer que isso seja o ideal, pois depende muito do tipo de atividade que está sendo feita.

O aparelho cardiovascular e o respiratório andam juntos, formando o pequeno sistema circulatório onde o sangue pobre em oxigênio (O2) é levado para os pulmões pela artéria pulmonar e o sangue rico em oxigênio segue dos pulmões para o coração através das veias pulmonares. 

Por isso, pouco adianta fazer o exercício se os pulmões não estão funcionando a pleno vapor para poder trazer uma maior quantidade de ar. O importante é que exista uma maior troca gasosa de maneira eficaz e que o coração seja demandado o suficiente para que aconteça uma aceleração dos batimentos que demandem maior quantidade do oxigênio.

Agora, se fizermos 20 minutos de exercício de forma vigorosa (como uma forte caminhada) com a postura ereta, tórax expandido e respirando com profundidade, poderemos dizer que nosso coração passa a trabalhar com mais intensidade. Aí, há uma maior exigência de resposta pulmonar, que ocorre com a expansão torácica e trabalho muscular, fazendo com que maiores golfadas de ar sejam absorvidas.

Diferença entre capacidade respiratória e pulmonar

Como temos acompanhado no texto, a capacidade respiratória representa a quantidade de ar que cabe nos pulmões a cada inspiração. Já a capacidade pulmonar é a quantidade de oxigênio que entra em nossa circulação sanguínea.

A maneira mais conhecida de mensurar a capacidade pulmonar e o consumo de oxigênio de forma objetiva é o teste de Vo2, que é expresso em ml/kg/min ou L/min.

Existe o Vo2 em repouso e o Vo2 máximo, que é mensurado através do teste Espero Ergométrico, muito recomendado por cardiologistas e rotineiro para atletas profissionais.

Apesar disso, esse teste tem mais a função de avaliar a capacidade aeróbica, ou seja, o consumo de oxigênio pelo organismo durante uma atividade aeróbica, do que propriamente avaliar a capacidade respiratória.

Fisioterapia Respiratória e como ela auxilia na capacidade respiratória

É sabido que, quando um indivíduo está com suas funções pulmonares comprometidas, cabe a um fisioterapeuta respiratório reabilitar tais funções.

Em um indivíduo acamado ou mesmo em coma, é possível trabalhar a fim de amenizar o prejuízo causado pela total falta de atividade física. Além de manter a ventilação mecânica adequada, quando necessária, o Fisioterapeuta tem ferramentas para trabalhar mobilizações passivas que minimizam os possíveis danos causados pela imobilidade do paciente.

Já no indivíduo que está se recuperando após ter suas funções pulmonares comprometidas, o fisioterapeuta respiratório terá várias ferramentas para recuperá-lo.

Como melhorar a capacidade respiratória em indivíduos saudáveis?

Pois bem: será que existe um mínimo que devemos fazer para manter a capacidade respiratória adequada em qualquer fase da vida?

Independente da atividade física escolhida, o importante sempre será o foco e a intenção nesse tipo de trabalho.

Essa consciência respiratória sempre deverá envolver uma postura adequada e concentração nas musculaturas envolvidas. Além disso, deve haver uma boa manutenção das vias aéreas desobstruídas.

Conclusão

Como pudemos perceber com esse texto, a capacidade respiratória é um fator importantíssimo da nossa saúde e deve ser observada sempre. Para isso, a prática de exercícios físicos, especialmente combinados, é valiosa.

Ainda, é importante ter sempre atenção para a intensidade dos exercícios e a maneira com que eles são realizados. Em casos especiais, ainda, é de comum acordo a importância de recorrer a um profissional da Fisioterapia Respiratória para apoio na manutenção da capacidade respiratória do indivíduo.

Grupo VOLL

Formação Completa em Pilates (Presencial)

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