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Em geral, a maioria de seus pacientes nunca teria chegado até você sem algum problema. Antes de ir parar na sua clínica, Studio ou outro lugar, essa pessoa descobriu que existia uma patologia em alguma parte de seu corpo e, acredite ou não, boa parte delas estão relacionados a coluna. A escoliose é um desses problemas, provavelmente você já tem um aluno diagnosticado com ele.

Problemas relacionados à coluna são tão comuns que pelo menos 80% das pessoas sofrerão com algum deles durante sua vida. Ao menos é o que afirma a OMS (Organização Mundial da Saúde). 

A patologia pode ocorrer em todos os públicos e faixas etárias. É tão provável você encontrar um adulto sofrendo do desvio postural quanto uma criança de 12 anos. De acordo com pesquisa 12% da população infantil brasileira é afetada por ela.

E você com certeza já sabe qual é o primeiro passo para um tratamento eficiente de qualquer patologia: o conhecimento. 

Quer aprender um pouco mais sobre a escoliose? Então continue lendo esse artigo, porque separei uma série de dicas e exercícios práticos que ajudarão você e seus pacientes. 

Causas da escoliose

Um paciente diagnosticado com escoliose apresenta um desvio tridimensional da coluna vertebral que varia de forma e ângulo. Seu diagnóstico deve envolver diversos tipos de testes porque ela nem sempre está visível a olho nu.

Ela pode ter dois formatos: em S ou C. A maioria das pessoas possui escoliose em S, isso acontece porque a coluna desvia para um lado e depois compensa desviando para o outro.

Antes de começar a falar das possíveis causas da escoliose, saiba que pelo menos 80% dos casos não possuem causa definida.

Quanto à etiologia a escoliose é classificada em:

  • Estrutural
  • Não estrutural

Escoliose estrutural

Quem apresenta escoliose estrutural possui uma curva fixa e rígida na coluna que não desaparece com o tratamento da causa. O tipo estrutural pode ser dividido em algumas categorias:

  • Idiopática;
  • Neuromuscular;
  • Degenerativa;
  • Congênita.

A primeira categoria, idiopática, está entre aqueles 80% dos pacientes que não tem causa definida. Mesmo com todas pesquisas ocorrendo na área, ainda é impossível definir o que resultou na patologia desses pacientes, tudo o que podemos fazer é aliviar o problema através de movimentos.

Já a neuromuscular é causada por doenças neuromusculares que influenciam o alinhamento da coluna. Um exemplo é a paralisia cerebral e a poliomielite, ambas são condições que forçam alguma alteração nos músculos e nervos, aumentando a probabilidade de desenvolver um desvio.

Felizmente muitas dessas doenças diminuíram sua incidência com o aumento dos cuidados de saúde.

Alguns pacientes também desenvolvem esse desvio devido a uma degeneração nas estruturas da coluna que ocorra de maneira assimétrica. Também existem pessoas com escoliose congênita, que é um defeito “de fabricação” do indivíduo. Até mordida cruzada pode gerar a patologia, então preste muita atenção aos detalhes em seu paciente.

Escoliose não-estrutural

No caso da escoliose não estrutural a coluna é perfeita, mas desenvolve uma curvatura por causa de outros problemas do paciente que afetam a coluna. Eles podem vir de:

  • Discrepância dos membros inferiores;
  • Espasmos;
  • Dor na coluna vertebral.

Vejamos o exemplo da discrepância de membros. Nesses casos o paciente possui membros inferiores de tamanhos diferentes, causando uma alteração postural e levando-o a desenvolver um desvio.

Outro motivo comum de escoliose é a dor. Sabe aquele seu paciente com hérnia de disco que também apresenta essa outra patologia? A dor da hérnia pode ter causado uma escoliose porque o corpo realiza compensações para se adaptar a ela e afeta a coluna.

Mas cuidado com pacientes com pequenos desvios na coluna! Vale a pena lembrar que nem todo desvio de coluna é escoliose. Alterações de até 10° na curvatura são normais e grande parte das pessoas têm esse tipo de desvio.

Caso façamos um raio-X em todos os leitores desse artigo, é bem possível boa parte deles apresentem uma leve curvatura na coluna, mas não precisem de tratamento.

Desvios a partir de 20° necessitam de tratamento e podem ser tratados com exercícios, enquanto aqueles acima de 35° talvez necessitem de intervenção cirúrgica e outros tipos de tratamento. Como instrutores e profissionais da reabilitação, focaremos nos desvios tratáveis.

Alterações oculares

Também existem alguns pacientes que desenvolvem escoliose devido a uma alteração ocular. Para manter o olhar alinhado, caso haja uma alteração a pessoa curva a cabeça para um dos lados e força a coluna a se adaptar e curvar-se também.

Se você suspeitar que seu paciente possui algum problema nos olhos, peça que ele visite um profissional especializado para realizar o diagnóstico. E se o aluno já tem problema e você sabe, inclusive ele usa óculos ou lente de contato?

Recomendo manter os óculos ou a lente durante a maior parte da aula. Ao remover esse acessório, seu aluno muda de referência visual e pode realizar alguma alteração. Só peça para que ele tire quando existe o risco de derrubar ou danificar o acessório.

Como tratar a escoliose?

Cada profissional escolhe seu método de tratamento preferido, tem gente que trata com colete, palmilha (no caso da discrepância dos membros inferiores), terapia manual, RPG, alongamentos. Algumas dessas técnicas, como o colete, devem ser indicadas pelo médico responsável por seu paciente.

O nosso tratamento será focado em uma única coisa: movimento.

Você pode ajudar seu aluno com exercícios e treinamentos adequados que ajudem a diminuir sintomas, dores e possíveis desconfortos do aluno. Mas antes de começar a trabalhar com seus pacientes que sofrem de escoliose, gostaria que todos entendessem algumas informações importantes que discutirei abaixo.

Fáscia e escoliose 

O sistema fascial é extremamente importante e não pode ser ignorado em qualquer processo de reabilitação. Graças a ele todo o corpo está conectado, e as fáscias também estão profundamente envolvidas no movimento.

A fáscia representa o segundo fator mais importante que limita a amplitude de movimento. O motivo é simples, o tecido conjuntivo corresponde a 30% da massa muscular e faz com que o músculo consiga mudar de comprimento. Portanto, o músculo faz o que a fáscia quiser.

Quer outra prova? Durante um movimento passivo a soma das fáscias é responsável por 41% do total da resistência do movimento. Tudo bem, mas o que isso tem a ver com meu paciente sofrendo de escoliose?

Primeiro veja essa informação interessante: as fáscias do nosso corpo são capazes de se adaptar a situações boas e ruins. Ou seja, se uma parte do seu corpo estiver com problemas, a fáscia correspondente fica tensionada e espalha essa tensão para outras regiões.

Outra informação importante sobre as fáscias (logo você vai entender por que eu disse tudo isso): elas são contínuas e contíguas. Ou seja, elas estão o tempo inteiro em contato umas com as outras.

É importante lembrar duas características das fáscias: são contínuas e contíguas. Isso quer dizer que a tensão em uma parte do corpo não fica contida por ali, ela se espalha através dessa relação entre fáscias.

Como a tensão se espalha, na hora de tratar alguém com escoliose NÃO podemos tratar só os paravertebrais. Como vimos, quando uma parte do corpo se deforma outra parte do corpo também se deformará para compensar. A deformação de fáscia que gerou a escoliose não fica isolada, o resto do corpo também precisa de atenção.

Escoliose e dor 

Agora quero usar um pouquinho desse tempo para falar sobre dor. Infelizmente, muita gente só procura ajuda para seus problemas depois que eles começam a incomodar na forma de dor. Mas será que todo mundo que tem escoliose precisa sentir dor?

Nem sempre, uma boa parte dos desvios da coluna são assintomáticos e não causam dor. Porém, a dor tem outra relação essencial com a escoliose: ela é uma das causas.

Assim que seu paciente começa a sentir dor seu corpo passa por uma adaptação. Ele altera seus movimentos ou postura para evitar sentir aquele incômodo. Com o tempo essa mudança começa a afetar a coluna e pode gerar uma escoliose.

Na hora que essa pessoa te procurar provavelmente vai reclamar da dor que a escoliose causa, quando a realidade é o contrário. Algum desequilíbrio em seu corpo levou a dor, que levou a compensação que levou a escoliose.

Muita gente me pergunta: “Keyner, o que eu trato primeiro, a dor ou a escoliose? ”

Minha resposta é: sempre trate a dor.

Em primeiro lugar, ela limita os movimentos do seu aluno, gera ainda mais compensações e é o maior incômodo. Além disso, quando alguém está com dor não consegue realizar todos os exercícios e dificulta muito o tratamento.

Para quem acha difícil tratar pessoas com escoliose e dor porque elas não conseguem realizar exercícios angulares e com rotação segue uma dica: não é preciso usar esse tipo de exercício numa fase inicial.

Isso não quer dizer que precisamos excluir esse tipo de exercício do repertório do paciente com escoliose. 

Porém, a musculatura precisa estar reforçada e a dor precisa ser menor antes de fazer as rotações, conforme você trabalha o paciente é possível introduzir exercícios mais avançados aos poucos.

Exercícios simétricos ou assimétricos

“Eu preciso trabalhar o aluno dos dois lados iguais ou eu trabalho mais de um lado que do outro?

Perguntas desse tipo são bastante comuns, cada profissional tem sua maneira de trabalhar e nenhuma é mais correta que a outra. Eu, Keyner, costumo trabalhar os exercícios de maneira simétrica.

Tirei essa conclusão depois de analisar nossos movimentos no dia-a-dia, todos eles são assimétricos. Você não trabalha, dirige ou cuida dos filhos usando os dois lados do corpo igualmente. Seu paciente também não.

Já que durante a rotina ninguém consegue trabalhar o corpo de maneira simétrica, por que não aplicar a simetria ao menos na hora da aula?

Mas ele já é inclinado para um lado, eu vou inclinar ele mais ainda? ”

Eu preciso entender que apesar da curvatura ser para um lado, os dois lados estão desequilibrados e fracos, por esse motivo que eu procuro trabalhar os exercícios rotacionais para os dois lados com o mesmo número de repetições.

Movimentos são sempre ótimos para um aluno. Durante o exercício não são só os paravertebrais que estão se movimentando. Lembre-se sempre que seu aluno é uma pessoa inteira, não só uma coluna.

Ao colocar esse aluno para se mexer ele trabalha também glúteo, pernas, Psoas, quadril e todas as musculaturas envolvidas no movimento, isso só melhorará sua qualidade de vida.

E se o aluno sentir dor para realizar exercícios para um lado? Falamos sobre isso antes, primeiro você precisa aliviar a dor para conseguir trabalhar a escoliose de maneira eficaz.

Músculos esquecidos no tratamento da escoliose

Ao esquecer de trabalhar uma musculatura, o profissional aumenta muito sua chance de errar no tratamento. E o que acontece quando o tratamento falha? Perdemos nossa credibilidade com o cliente, portanto nossa chance de conseguir fidelização diminui.

O ideal é sempre trabalhar o corpo inteiro durante as aulas, mas gostaria de lembrar aqui algumas das musculaturas que costumam ser esquecidas em alunos com escoliose.

Glúteo máximo, médio e mínimo

Musculaturas como o glúteo máximo fazem parte da base de sustentação do corpo. Em qualquer tratamento, se eles forem esquecidos teremos problemas. É importante fortalecer e alongar essas musculaturas para evitar e corrigir desequilíbrios em outras.

Apesar de precisarmos de trabalho de base durante todas as fases do tratamento, recomendo sempre começar com ele, especialmente em alunos que sentem dor aguda.

Fazendo exercícios nessa região conseguimos fortalecer o corpo do paciente sem necessariamente mexer na parte afetada pela patologia.

Claro que não é só o glúteo que merece atenção. Nunca esqueça outras musculaturas de base como:

  • Transverso abdominal
  • Multífidos
  • Músculos extensores e flexores do quadril

Tensor da fáscia lata

Pessoas com escoliose costumam ter essa musculatura tensionada, ela fica na lateral da coxa e tem uma fáscia longa. Quando existe tensão nessa área outras cadeias musculares acabam desequilibradas graças à influência das fáscias.

Em geral essa região fica esquecida pela presença de pontos gatilhos latentes. Como já sabemos, o ponto gatilho é um ponto tensionado que geralmente causa dor e não é muito difícil de encontrar. Mas em algumas situações a tensão vem sem dor, criando o que chamamos de latente.

Músculo psoas

O Psoas é tão importante que consegue afetar a mobilidade articular, amplitude de movimentos e o equilíbrio. Certamente ele está relacionado à escoliose e provavelmente tensionado nesses quadros.

Na verdade, quando esse músculo sofre tensão ele pode gerar uma rotação que, ao afetar a coluna, leva a um caso de escoliose. Então é possível ele estar entre os causadores do problema.

Ao trabalhar seus alunos lembre-se de fortalecer e alongar o Psoas, além de liberar os pontos gatilhos que existam na região. A qualidade de seus movimentos certamente influenciarão a melhora.

Exercícios para Escoliose

Agora que já entendemos bastante da parte teórica do tratamento da escoliose, chegou a hora de recomendar alguns exercícios. Confira o vídeo abaixo para entender mais.

Perguntas frequentes

 

1. Como devo tratar pequenas discrepâncias de membros?

 

A discrepância pode variar de tamanho, mas quando ela for de até 2cm a recomendação é usar palmilha. Em geral, médicos recomendam que nesses casos (com uma diferença de até 2cm) não corrigir tudo e colocar uma palmilha levemente menor que a diferença entre os membros.

Por exemplo, se o paciente tem 2cm de diferença, coloque uma palmilha de 1cm.

2. Dá para reduzir a escoliose em jovens com atividades físicas?

Existem vários fatores que determinam se conseguimos reduzir ou não a escoliose. Um deles é a idade, outro o grau de inclinação. 

Dependendo do caso é possível sim corrigir usando exercícios direcionados. Pode ser Pilates, Fisioterapia, RPG ou o a sua especialidade, contanto que os movimentos sejam focados no problema.

3. Devo trabalhar com paciente que realizou cirurgia corretiva?

Mencionei que aqueles pacientes com uma escoliose acima de 35° podem precisar de cirurgia para resolver o problema. Após a cirurgia ser realizada conseguimos continuar acompanhando essa pessoa e ajudando-a com exercícios, mas preste muita atenção às limitações impostas pelo médico.

Alunos que passaram por cirurgia provavelmente terão que tomar diversos cuidados nos exercícios, mas a atividade física será benéfica para eles se for na quantidade certa.

4. Preciso sempre usar RPG para corrigir escoliose?

Nem sempre precisa usar a modalidade de RPG. Depende muito do grau de escoliose que o aluno apresenta e da opção do profissional.

5. Preciso usar liberação miofascial no início ou no fim da aula?

Muitas pessoas me fazem essa pergunta. A liberação miofascial é benéfica e essencial para garantir uma aula de sucesso, então geralmente uso tanto no começo quanto no fim da aula. Isso serve não só para escoliose, mas para qualquer patologia ou aluno seu. Caso a pessoa esteja com dor faça a liberação só no final.

Conclusão

A escoliose é um desvio tridimensional da coluna bastante comum. Tenho certeza que você precisará lidar com esses alunos em algum ponto de sua carreira, e a melhor maneira de se preparar é com conhecimento.

Primeiramente precisamos lembrar que ninguém é só uma coluna ou um paravertebral isolado, existe todo um corpo cooperando para que o problema continue.

Na hora do tratamento lembre de todas as musculaturas que podem estar minimamente conectadas com a escoliose, desde glúteos, extensores e flexores do quadril até as musculaturas mais influentes na coluna, como os abdominais e extensores da coluna.

Preste atenção em algumas musculaturas que geralmente são esquecidas durante o tratamento, como músculos de base. Dessa maneira você conseguirá melhorar os resultados das aulas, dando uma melhor qualidade de vida a seu paciente.

Grupo VOLL

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