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Quem não conhece muito bem a dor no nervo ciático? Nossos alunos também conhecem, mas não da maneira certa. Para exemplificar isso vou contar um caso que deve acontecer com muitos de vocês.

A hora de contar o problema que aflige o paciente pode ser bem complicada. O principal motivo é o desconhecimento de patologias e termos técnicos, que fazem com que as pessoas se confundam e expliquem de maneira errada. Por exemplo, é bem comum alguém me dizer:

Keyner, eu tenho uma dor na torácica, será que é ciático?”

Se você ainda não ouviu isso nessa profissão ainda vai ouvir, pode ficar tranquilo. O ciático é quase a causa universal de dores nos pacientes, ao menos enquanto eles não sabem qual o verdadeiro motivo. Quando ouço algo do tipo eu falo que acho que não é ciático.

Entenda, a dor no ciático existe e é muito comum. Ao redor de 40% dos brasileiros sofrem ou sofrerão com algum tipo de dor relacionada ao nervo ciático. Mas ela é fácil de confundir com outros problemas.

Precisamos falar “acho” porque realmente, algumas vezes o ciático interfere indiretamente em outras musculaturas do corpo.

Você já sabe que quando um músculo está tensionado essa tensão se espalha graças ao efeito das cadeias cruzadas. Então é possível alguém estar com uma hérnia pressionando o ciático e sentir dor na torácica, mas é improvável.

Por que precisamos falar sobre dor no nervo ciático?

Com tantos assuntos para falar, por que eu resolvi escrever esse texto sobre ciático? Nós tratamos ciático praticamente todo dia, já conhecemos bem, certo?

Na verdade, tanto os profissionais quanto os pacientes podem estar desinformados. Faça uma rápida pesquisa no Youtube sobre o assunto. Depois disso me fale como eram os vídeos que encontrou, boa parte deles mostrava os mesmos exercícios.

A maioria do conteúdo sobre dor nesse nervo mostra um alongamento para a parte glútea e cadeias anteriores. Calma, não estou falando que o exercício é ruim para esses casos, mas ele não é uma solução milagrosa como esses vídeos fazem acreditar.

Por isso escrevi esse artigo, para mostrar outras maneiras de tratar a dor no ciático e ajudar você a dar o melhor atendimento possível ao seu paciente. Continue lendo para conferir dicas de exercícios e evoluções, além de informações teóricas muito úteis.

Outra coisa importante: toda dor é limitante, inclusive a dor causada pelo nervo ciático. Por isso o profissional precisa tomar cuidado com o nível dos exercícios usados durante o tratamento, se o paciente sentir dor pare ou diminua a intensidade.

Sobre o nervo

A primeira coisa que precisamos lembrar é que o ciático é o nervo mais calibroso e extenso do corpo. Ele parte da lombar, na altura da L4 e L5, e percorre um longo trajeto até chegar aos pés.

Graças a essa sua característica única ele pode afetar diversas musculaturas e fáscias e, quando inflamado, gerar dor em uma grande variedade de regiões. Qualquer condição que acabe gerando pressão ou tencione o nervo pode levar a dor ciática.

Durante o tratamento de alguém com dor no nervo ciático precisamos prestar atenção em todas as musculaturas do trajeto e outras relacionadas. Caso contrário, é possível errar o tratamento.

Sintomas de inflamação no nervo ciático

Para conseguir decidir qual é o tratamento ideal para seu paciente, primeiro é necessário saber se o problema realmente é no nervo ciático. Disse isso antes: nem todo mundo que chega reclamando de nervo inflamado tem problema nele.

Cada indivíduo apresenta sintomas diferentes devido a suas características únicas, mas podemos reunir um grupo de sintomas mais comuns. Alguns deles incluem:

  • Perda ou diminuição de sensibilidade na região atingida;
  • Diminuição na força da musculatura;
  • Formigamento;
  • Dores que irradiam da lombar;

Algumas vezes a dor causada pela inflamação não é constante e pode aumentar ou diminuir de acordo com a posição e movimento. Em alguns pacientes ela afeta somente um lado do corpo ou uma parte específica do trajeto, tudo depende da parte tensionada ou inflamada desse nervo.

Muitas vezes os casos de ciático estão associados a dor lombar, o que leva muitos pacientes a confundirem algo como uma hérnia com inflamação nesse nervo.

Como descubro se meu paciente sofre de ciatalgia?

Quando o nervo está inflamado a pessoa apresenta dores nas regiões relacionadas a ele, portanto podemos realizar um teste que indique isso.

Faça com que seu aluno sente, pode ser no Cadillac ou numa cadeira mesmo e abaixe a cabeça. Depois instrua ele para estender uma das pernas para a frente e depois a outra.

Se o ciático estiver inflamado músculos que ficam em sua trajetória vão doer bastante. É possível que a pessoa sinta dor até na ponta dos dedos considerando a grande extensão que o ciático tem.

Então dores nas regiões a seguir podem ser causadas por um ciático inflamado.

  • Glúteo;
  • Piriforme;
  • Lombar;
  • Isquiotibiais;
  • Panturrilha;
  • Joelho;
  • Pé.

Apesar deste teste ser bastante eficiente, ele não determina a causa exata do problema. Mesmo que o ciático esteja inflamado isso pode ter acontecido devido a outras coisas como uma hérnia ou musculaturas tensionadas.

Dor no nervo ciático x disfunção sacroilíaca

Muitas vezes o trajeto do ciático encontra-se dolorido, mas a causa não está realmente no nervo. Conhecer essas circunstâncias ajuda a avaliar seu aluno de um jeito correto e leva a um tratamento eficaz.

Alguns ramos do nervo ciático atuam nos tecidos moles que ficam na parte posterior da sacroilíaca. Por esse motivo uma disfunção dessa região pode ser confundida com uma dor ciática.

Os sintomas relatados pelos pacientes com disfunção sacro-ilíaca incluem:

  • Dor unilateral sobre a articulação sacro-ilíaca e/ou nádega, com irradiação ocasional para o quadril e virilha; 
  • Aumento da dor com posturas prolongadas; 
  • Dificuldade de se levantar da posição sentada acompanhada de dor; 
  • Dificuldade de subir escadas; 
  • Alívio dos sintomas quando é aplicada uma pressão sobre o sacro e rigidez matinal que alivia após um curto período de suporte de peso.

Tendinite no glúteo médio

Esse é um bom exemplo de dor relacionada ao ciático com causas diferentes.

O glúteo médio é um músculo de base essencial para a sustentação do corpo que fica um pouco acima do piriforme. Algumas vezes pode ocorrer tendinite nessa região, criando um quadro de dor fácil de ser confundido com o ciático por estar em sua trajetória.

A dor nessa região também pode refletir no piriforme causando a síndrome do piriforme, caracterizada por uma dor intensa na região do músculo piriforme. 

Quando inflamada a musculatura aumenta de tamanho e acaba comprimindo o ciático, criando uma dor que irradia para regiões próximas.

Portanto onde está o problema? No glúteo médio que causou a síndrome do piriforme

Hérnia de disco

A hérnia é uma patologia comum e que afeta muitos pacientes. Ela acontece quando existe um deslocamento em algum dos discos intervertebrais. Alguma delas podem estar localizadas em L5-S1 e L4-L5, muito próximas ao início do nervo ciático.

O núcleo extravasado pode atingir o ciático em algumas situações, gerando dor. Mas nem toda hérnia causa dor ciática, então o profissional deve avaliar o paciente com muito cuidado para ter certeza se a culpa é da hérnia ou não.

Também existe a possibilidade de uma vértebra deslocada atingir o nervo, mas como já disse, só podemos decidir que essa é a causa depois de uma avaliação cuidadosa.

Tensão na fáscia toracolombar

A fáscia começa na lombar e segue para a torácica. Quando está tensionada pode gerar muita dor no ciático ou em seu trajeto. Nesses casos a origem não é o nervo ciático, mas a fáscia.

Inclinação anterior de pelve

Pacientes com uma inclinação anterior podem ter dor ciática. Imagine que um de seus pacientes sofrem com esse problema, como você começa a trabalhar?

Sempre trabalhe o psoas e o glúteo, especialmente em alunos com esse tipo de inclinação. Pode parecer que eles não estão relacionados ao problema da pelve ou do ciático, mas eles fazem o trabalho de sustentação de outras musculaturas.

O trabalho de estabilização é importantíssimo para essas pessoas e, na verdade, todos pacientes com dor no ciático. Caso as musculaturas do centro do corpo estejam instáveis é difícil de melhorar a movimentação da pelve.

Veja esse exemplo prático: quem faria uma prancha melhor, um aluno com músculos estabilizadores fracos ou alguém com músculos fortes?

Com certeza, quem tem músculos estabilizadores fortes consegue realizar a maioria dos exercícios melhor. A dica é fortalecer glúteo, reto abdominal, Psoas e outros músculos de base.

Isso ajuda a evitar a compensação que levará a inclinação anterior ou posterior da pelve. Em alunos que já apresentam esse problema, o fortalecimento ajudará a corrigir o movimento errado.

O que fazer nesses casos?

Seu aluno chegou reclamando de dor ciática, mas uma avaliação cuidadosa revelou que o verdadeiro problema estava em outro lugar, como nos exemplos acima. E agora?

Trate seu paciente de acordo com a origem real do problema. Se é o glúteo médio que causou a dor, então ele pode precisar de fortalecimento, se for uma hérnia, busque tratamento para isso.

Esse é um dos motivos que eu sempre lembro que a reabilitação de pacientes não tem uma receita de bolo milagrosa. Cada caso é peculiar e único, através da avaliação podemos escolher quais são os movimentos mais indicados para ele.

Exercícios para os pés

Como o nervo ciático é bastante extenso tratar todas as regiões por onde ele passa é essencial. Os pés às vezes podem parecer pouco importantes comparados com outras partes do caminho do ciático, mas garanto que trabalhar com eles dá um bom alívio ao paciente.

Uma opção que uso muito com meus pacientes é a liberação fascial em toda a região dos pés. Você pode pressionar com as pontas dos dedos ou dar pequenas batidinhas. Depois do procedimento o aluno deve sentir um alívio na dor.

Fortalecimento de psoas

A tensão no Psoas é uma das grandes causas de vários tipos de dor lombar, inclusive a ciática. O motivo é a proximidade do nervo e o músculo, que quando tensionado influencia o nervo e gera dor irradiada.

Portanto, fortalecer e liberar o psoas está entre uma das muitas necessidades para a reabilitação de um aluno. Como um dos conjuntos mais importantes do corpo, não podemos esquecer de trabalhá-lo.

Como nem todo aluno tem níveis iguais de dor, costumo dividir os exercícios em níveis. O mais fácil deve ser realizado com aquela pessoa com muita dor e dificuldade de movimento, conforme for evoluindo e se livrando das limitações conseguimos evoluir também os exercícios.

O exercício seguinte é útil para esses pacientes de nível “iniciante” que tem muita dor.

  1. Deite em decúbito dorsal com os joelhos estendidos
  2. Arraste uma das pernas pelo colchonete em direção ao corpo.
  3. Volte à posição original e faça o movimento com a outra perna.

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CUIDADO! Preste atenção enquanto seu aluno faz o exercício. A pelve precisa manter-se em posição neutra, sempre corrija a posição de seu paciente.

DICA! É possível fazer esse exercício colocando uma miniband nos pés do aluno para realizar o movimento.

Fortalecimento de glúteo

Como falamos, um glúteo tensionado pode gerar um quadro de síndrome do piriforme e pressionar o ciático. Para evitar esse problema, o glúteo precisa ser trabalhado através de exercícios e liberação miofascial.

  1. Coloque o miniband nos pés e fique em quatro apoios.
  2. Faça uma extensão do quadril
  3. Retorne à posição inicial

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DICA! Sempre mantenha o alinhamento da pelve e não deixe a perna passar a linha do tronco..

Lembra daquele alongamento de glúteo que mencionei no começo do artigo? Ele também é muito recomendado para problemas de dor no ciático, porém precisamos instruir os alunos com muito cuidado.

É comum que a pessoa levante a lombar durante a execução do exercício, algo que não deve ocorrer de jeito algum. Para evitar isso sugiro realizar o exercício com uma bola para apoio.

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Exercício para reto abdominal

O reto abdominal é responsável pelas flexões curtas do tronco que fazemos em alguns exercícios de abdominal.

  1. Use a caixa do Reformer como apoio.
  2. Deite com a lombar apoiada na caixa e os pés no chão.
  3. Faça flexão curta do tronco apoiado na caixa.

DICA! Deixe a caixa do Reformer sempre encostada em algo fixo como uma parede para evitar que ela deslize para trás e cause um acidente.

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Exercício para quadrado lombar

Esse músculo angular precisa ser trabalhado para um bom movimento. Além disso o exercício seguinte também serve para fortalecimento de core, que é importantíssimo.

Como trabalhar com alunos com dor no nervo ciático

A dor no nervo ciático é bastante intensa e muitos dos pacientes chegam com limitações de movimento. Nessa hora é difícil decidir quais exercícios são adequados, então como posso trabalhar com esses alunos?

Sempre recomendo facilitar o exercício de maneira que o aluno consiga fazê-lo completamente sem dor. Caso ele sinta algum desconforto durante o exercício pare ou diminua a intensidade. Também é possível que o número de repetições esteja exagerado, tente diminuir para ver como ele se sente.

Conclusão

Assim que um aluno chega reclamando de dor no nervo ciático, precisamos realizar uma avaliação eficiente. Muitas vezes ele está enganado e confundindo outro problema com a inflamação desse nervo, ou ele realmente está certo e o ciático está relacionado, mas de maneira indireta.

Portanto, o primeiro passo para começar a reabilitação está em descobrir a verdadeira origem do problema. Posteriormente é necessário indicar exercícios adequados para o nível de dor e limitação do seu paciente, sempre respeitando seus limites.

Algumas musculaturas merecem atenção especial, entre elas glúteo, psoas e retoabdominal.

Mesmo que a internet nos mostre sempre o mesmo alongamento ou exercícios similares, é importante lembrar que um aluno sempre é diferente do outro. Não existe uma fórmula certa para melhorar a dor, tudo depende da sua avaliação.

Grupo VOLL

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