Para pacientes que enfrentam doenças respiratórias graves, a reabilitação pós-alta é um recurso elementar. Trata-se de um procedimento hospitalar multidimensional e personalizado que possibilita ao longo do processo a capacidade de desenvolver autonomia na melhora da respiração.
A fisioterapia ocupa centralidade nesse processo, integrando um programa amplo que envolve avaliação médica, orientação nutricional, apoio psicológico e práticas de exercício físico adaptado.
A seguir, você vai entender melhor o processo de reabilitação pós-alta e a importância da fisioterapia para superar doenças respiratórias graves. Tenha uma boa leitura!
A fisioterapia na recuperação de pacientes com doenças respiratórias graves
A fisioterapia é considerada uma das principais estratégias no campo da reabilitação para pacientes que tiveram o sistema respiratório comprometido por doenças respiratórias graves.
O trabalho do fisioterapeuta não se restringe somente a exercícios físicos, incluindo técnicas específicas voltadas para expansão pulmonar, fortalecimento da musculatura respiratória, melhora da oxigenação, bem como redução da sensação de falta de ar.
Entre as práticas mais utilizadas, encontram-se: cinesioterapia respiratória, uso de dispositivos que auxiliam no treino muscular inspiratório, exercícios aeróbicos leves e técnicas de higiene brônquica.
É importante ressaltar que esses métodos, além de acelerar a recuperação, também diminuem as chances de ocorrer quadro de reinternação. Vale ressaltar que a fisioterapia respiratória pode ser realizada tanto em adultos quanto em crianças.
7 principais técnicas de fisioterapia respiratória para pacientes com doenças respiratórias graves
De fato, na totalidade, a fisioterapia respiratória reúne diferentes recursos técnicos para atingir resultados positivos no tratamento de doenças pulmonares crônicas e em situações pós-operatórias. Entre as técnicas mais utilizadas nesse campo da saúde, destacam-se:
1. Terapia com pressão positiva
Essa técnica inclui Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP), Pressão Positiva em Dois Níveis nas Vias Aéreas (BiPAP), Pressão Positiva Expiratória nas Vias Aéreas (EPAP) e Ventilação Não Invasiva (VNI).
Todas essas modalidades aplicam, portanto, pressão. Esses recursos previnem o colapso alveolar, otimizam a troca gasosa, reduzem o desconforto respiratório e diminuem complicações pós-operatórias, sobretudo em cirurgias cardíacas.
2. Higiene brônquica
Trata-se do conjunto de técnicas destinadas a remover secreções e prevenir complicações decorrentes do acúmulo de muco. Pode ser realizada por manobras manuais, aparelhos ou pela própria participação do paciente. Vale mencionar que a drenagem postural é uma das mais conhecidas, utilizando a gravidade para facilitar o escoamento das secreções.
3. Cinesioterapia respiratória
Essa técnica baseia-se em exercícios que estimulam a movimentação da caixa torácica e fortalecem a musculatura respiratória, sem o uso de aparelhos. Nesse sentido, favorece a ventilação pulmonar, melhorando a oxigenação e contribuindo para a higienização brônquica.
4. Treinamento Muscular Respiratório (TMR)
Como o próprio nome já exemplifica, essa técnica é focada no fortalecimento dos músculos respiratórios, na melhora da força inspiratória e expiratória, no aumento da resistência à fadiga e na redução de complicações pulmonares. É indicado especialmente quando exames, como o manovacuômetro, confirmam fraqueza muscular.
5. Incentivadores respiratórios
São dispositivos que estimulam a inspiração profunda e auxiliam na expansão máxima dos pulmões. Dividem-se em resistores alinerares e lineares, utilizados conforme a necessidade clínica.
Promovem, portanto, sincronia respiratória, maior volume corrente e expansão torácica, além de exercícios associados, como respiração diafragmática e alongamentos musculares.
6. Prevenção de doenças respiratórias graves
Prevenir doenças respiratórias graves envolve hábitos e cuidados diários. Por exemplo, o tabagismo é um dos principais causadores dessas condições, uma vez que provoca diretamente inflamação crônica das vias aéreas, reduzindo a capacidade de eliminação de impurezas. Por isso, é fundamental evitar fumar.
A vacinação é outra estratégia, sobretudo por estimular o sistema imunológico contra vírus e bactérias causadores de doenças como gripe e pneumonia. Além disso, a higiene pessoal e ambiental também é de extrema importância.
Neste caso, lavar as mãos com frequência, manter ambientes limpos e evitar poeira, mofo e ácaros são formas de prevenir infecções respiratórias. Outra dica é reduzir a exposição à poluição do ar.
O cuidado com ambientes internos também é importante nesse processo, sobretudo em locais fechados e pouco ventilados, evitando aglomerações e mantendo a limpeza. É importante enfatizar que a alimentação também é uma forma de prevenção, bem como a prática de atividades físicas.
7. Reabilitação pulmonar após internação
Um estudo chamado “Análise epidemiológica dos casos de pneumonia na população pediátrica brasileira nos últimos 10 anos” mostra que, entre 2010-2019, mais de 14 mil óbitos por pneumonia em pacientes de até 14 anos foram registrados no Brasil. Esse dado mostra a importância dos cuidados e, por consequência, da reabilitação no processo.
Condições como síndrome respiratória aguda grave, broncopneumonia e pneumonia viral, bacteriana, fúngica, entre outras, frequentemente apresentam perda de massa muscular, fraqueza e baixa resistência ao esforço. Desse modo, após a alta hospitalar, o desafio não é apenas recuperar os pulmões, mas também restabelecer a capacidade funcional do organismo em sua totalidade.
O programa de reabilitação pulmonar, que geralmente dura entre 6 e 12 semanas, combina sessões de fisioterapia respiratória, exercícios aeróbicos supervisionados, fortalecimento de membros superiores e inferiores e acompanhamento psicológico.
Outro ponto central nessa questão é o acompanhamento multiprofissional. Além de fisioterapeutas, médicos pneumologistas, nutricionistas, psicólogos e enfermeiros são profissionais importantíssimos nessa caminhada.
Conclusão
Em casos de doenças respiratórias graves, a reabilitação pós-alta deve ser compreendida como um processo abrangente e contínuo, que vai muito além da simples recuperação pulmonar. Ela envolve readaptação física, emocional e funcional, com o objetivo de devolver ao paciente fôlego e autonomia nas atividades diárias.
A cada avanço científico, reforça-se a evidência de que o cuidado respiratório precisa começar antes mesmo da doença se manifestar. A fisioterapia, sem sombra de dúvidas, é indispensável na prevenção, ajudando a manter a força muscular, a ventilação adequada e a qualidade de vida, especialmente em pessoas com histórico de complicações pulmonares ou exposição a fatores de risco.
Cuidar da saúde respiratória é, em essência, cuidar do corpo como um todo. E quando o tratamento se estende para além da alta hospitalar, com acompanhamento profissional e hábitos preventivos, o resultado é uma recuperação mais sólida, consciente e duradoura.