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Dando continuidade à matéria “O estresse e a ansiedade no tratamento fisioterápico”, publicada em janeiro deste ano, neste texto iremos abordar os benefícios e cuidados em relação ao exercício físico em pacientes com estresse e ansiedade. Confira a seguir!

Níveis de atividade física e ansiedade, estresse e depressão

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Em um estudo publicado em 2015 chamado “A associação entre sedentarismo e o risco de ansiedade: uma revisão sistemática” (The association between sedentary behaviour and risk of anxiety: a systematic review), o pesquisador Teychenne et al (2015) comprovou que, pessoas que realizavam atividade física e obtinham bom condicionamento cardio-respiratório, apresentavam menor incidência de ansiedade, estresse e depressão. 

Outro achado importante dos autores responsáveis por esta pesquisa foi que o próprio sedentarismo é considerado fator de risco para o desenvolvimento da ansiedade e depressão. Pessoas que são menos ativas fisicamente apresentam maior chance de desenvolver tais condições, além de, caso já sofrerem de alguma dessas patologias, os sintomas e sinais serem mais propícios a aumentarem.

Entretanto, uma consideração importante deve ser feita:  para que o exercício físico gere benefícios para a saúde mental do praticante, é essencial que ele seja feito sob a forma de treinamento físico, levando em consideração todos os seus princípios. Dessa forma, cabe a nós, profissionais da saúde, incentivar a prática do exercício físico, seja ele feito para promoção da saúde, sob a forma de tratamento ou reabilitação de forma contínua, ou de maneira habitual e progressiva. 

É importante fazer com que o indivíduo entenda que, para desfrutar dos benefícios do exercício físico, ele deve realizá-lo de forma contínua. Por exemplo, é melhor exercitar-se duas vezes na semana de forma contínua (todas as semanas, por vários meses e anos) do que realizar exercício físico cinco vezes na semana de forma irregular (na primeira semana fazer exercício cinco dias, na segunda semana, apenas em dois, na terceira uma vez e assim por diante). 

Quais os mecanismos por trás dos benefícios do exercício físico no estresse e na ansiedade?

Existem vários mecanismos envolvidos nessa situação. Entretanto, falaremos de três vias importantes de ação.

Regulação da resposta do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal ao estresse

De uma forma bem resumida, diante de um agente estressor, em condições consideradas normais o organismo responde com a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Quando esse eixo é ativado, o hipotálamo libera o hormônio despertador de corticotropina, que ativa o hormônio adrenocorticotrópico pela glândula pituitária. A liberação desse hormônio ativa o córtex das glândulas adrenais que, dessa forma, liberam glicocorticoides na circulação. Logo, esses mesmos glicocorticoides irão interagir com seus receptores do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (esse mesmo eixo) e, dessa forma, irão promover uma resposta de feedback negativo. Assim, esta resposta faz com que os níveis de glicocorticoides liberados subsequentemente sejam menores. Com isso, a quantidade desses hormônios circulantes permanece sempre em níveis normais, saudáveis para o organismo.

Entretanto, em pessoas com estresse e ansiedade em níveis significativos, essa resposta do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal encontra-se desregulada. Isso acontece porque ocorrem mudanças na capacidade dos glicocorticoides circulantes em exercer seu feedback negativo na secreção dos hormônios do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Por isso, os níveis desses hormônios geralmente são mais altos em pessoas com condições ansiosas ou estressoras. Portanto, pessoas acometidas por estas patologias apresentam níveis mais elevados de cortisol sanguíneo, o que não faz bem para a saúde. 

Assim, em relação a resposta do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o exercício físico realizado de forma habitual consegue atuar na regulação desse eixo, auxiliando no feedback negativo e, com isso, ajuda nos níveis de glicocorticoides circulantes. 

Diminuição da resposta inflamatória do organismo

Devido a reações oxidativas, muitas vezes o organismo libera proteínas pró-inflamatórias que são prejudiciais à saúde e que podem estar envolvidas na exacerbação dos sintomas de estresse e ansiedade. Logo, o exercício físico regular consegue diminuir os níveis de proteínas pró-inflamatórias e ajuda a minimizar os sintomas e sinais dessas condições.

Diminuição da sensibilidade aos sintomas da ansiedade

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Quando a pessoa se apresenta ansiosa, ela sente diversos sinais e sintomas. Dentre os mais comuns, encontram-se o aumento da pressão arterial, o aumento da frequência cardíaca, da frequência respiratória, do fluxo sanguíneo muscular esquelético e a diminuição do fluxo sanguíneo muscular visceral. Muitas vezes, o aparecimento desses sinais são prejudiciais a saúde e acaba por aumentar ainda mais o estado ansioso do indivíduo.

Para entendermos melhor essa relação, vamos relembrar, algumas das características físicas desencadeadas pela realização do exercício físico: aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, da frequência respiratória, do fluxo sanguíneo muscular esquelético e diminuição do fluxo sanguíneo visceral; ou seja, sinais similares ao estado ansioso. Dessa forma, quanto mais a pessoa ansiosa praticar exercícios físicos, mais ela sentirá esse quadro de sintomas e melhor ela se adaptará a eles. Assim, com o passar do tempo, diante de uma crise de estresse e ansiedade, o indivíduo conseguirá contornar melhor a situação, saindo mais facilmente da crise e retornando a sua homeostase. 

Importância do Pilates no controle da ansiedade e do estresse

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Além de todos os benefícios já abordados acima referentes à prática do exercício físico regular, o método Pilates, como forma de exercício físico, traz diversos benefícios associados, como:

  1. Controle da respiração: a respiração tranquila e controlada realizada no Pilates promove maior ventilação pulmonar, com melhora da oxigenação, diminuição da pressão arterial e diminuição da frequência cardíaca basais. Também, esta prática propõe maior facilidade de retorno homeostático cardiovascular e emocional. Além disso, a respiração adequada trabalha o músculo diafragma, o que coordena ainda mais a ventilação;
  2. Fluidez dos movimentos: os exercícios realizados de forma lenta e fluida promovem uma percepção de esforço mais agradável, gerando bem-estar e facilitando o controle fisiológico do esforço ao exercício;
  3. Aumento da concentração: com exercício físico realizado regularmente, o aluno se torna mais concentrado em suas atividades. O exercício aumentan sua percepção corporal, o que lhe propicia sensação de bem-estar e autocontrole, emoções importantes durante uma crise ansiosa, por exemplo.

Conclusão

A prática do exercício físico de forma regular, além de proporcionar os conhecidos benefícios cardiovasculares, pulmonares e musculoesqueléticos ao indivíduo, também é responsável por benefícios emocionais. 

Também, as benfeitorias do exercício relacionadas ao estresse e ansiedade são cientificamente comprovadas, uma vez que são extremamente importantes devido à característica para risco cardiovascular gerado por estas patologias. 

Portanto, sempre oriente seu paciente a praticar exercício físico regular. Não subestime a ansiedade ou o estresse, é comprovado que essas situações são fatores de risco para doenças cardiovasculares. Logo, inicie os exercícios com seu aluno de forma lenta, gradual e progressiva. Assim, poderá instruí-lo a praticar atividades de forma regular.

Referências:

SMITS, Jasper A.J. et al. Reducing anxiety sensitivity with exercise. Depression and Anxiety, v. 25, n. 8, p. 689–699, 2008.

TEYCHENNE, Megan; COSTIGAN, Sarah A.; PARKER, Kate. The association between sedentary behaviour and risk of anxiety: A systematic review Health behavior, health promotion and society. BMC Public Health, v. 15, n. 1, 2015.

VOGELZANGS, N. et al. Anxiety disorders and inflammation in a large adult cohort. Translational Psychiatry, v. 3, n. 4, p. e249-8, 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/tp.2013.27>.

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