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A Bronquiolite Viral Aguda (BVA) é uma infecção do trato respiratório inferior que resulta na obstrução das pequenas vias aéreas, conhecidas como bronquíolos, levando a um quadro respiratório obstrutivo com vários graus de intensidade. 

Essa doença representa uma preocupação significativa na saúde infantil, pois é uma das principais causas de hospitalização em muitos países.

Os picos da doença são prevalentes nos meses de inverno, e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é a principal causa, mas outros vírus respiratórios também podem desencadear a doença, como rinovírus e adenovírus.

O diagnóstico da Bronquiolite Viral Aguda é realizado através de uma anamnese e avaliação clínica, ou seja, com base nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. 

Além disso, podem ser realizados diversos métodos de apoio ao diagnóstico, como exames laboratoriais como hemograma e leucograma, e radiografias de tórax, que podem mostrar áreas de hiperinsuflação pulmonares características da condição.

Não há tratamento específico para a Bronquiolite Viral Aguda. Em pacientes sem fatores de risco, a doença costuma ser autolimitada, ou seja, melhora espontaneamente. 

A maioria dos pacientes é tratada de forma ambulatorial, utilizando medidas de suporte que incluem repouso, hidratação oral, estímulo ao aleitamento materno, banhos mornos e o uso de antitérmicos em caso de febre. 

A hospitalização é recomendada apenas quando há sinais de esforço respiratório intenso, alteração de nível de consciência, cianose periférica, faixa etária jovem (1-4 meses) ou presença de doenças graves concomitantes.

A fisioterapia é uma intervenção importante na Bronquiolite Viral Aguda, com técnicas adaptadas para diferentes idades e condições respiratórias. Seu objetivo principal é promover a higiene brônquica, a reexpansão pulmonar e melhorar a mecânica respiratória, ajudando a prevenir complicações.

Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que é a Bronquiolite Viral Aguda, quais são seus principais sintomas, como a fisioterapia desempenha um papel crucial no tratamento e quais medidas podem ser tomadas para prevenir essa doença respiratória. 

Continue a leitura para entender melhor!

Fatores de risco da Bronquiolite Viral Aguda

Dentre todos os fatores, sabe-se que os climáticos são responsáveis pela piora da função ciliar da via aérea, bem como das respostas antivirais na mucosa respiratória. O pico de incidência da doença ocorre em meses mais úmidos, e nas regiões com temperaturas mais elevadas, o pico ocorre nos meses mais frios. 

Entre outros fatores ambientais, as exacerbações são associadas à exposição aos poluentes e à fumaça de cigarro.

Grande parte dos casos de Bronquiolite Viral Aguda mais graves acometem principalmente crianças do sexo masculino. Esse achado se justifica pelas diferenças na maturação do sistema imunológico e do desenvolvimento da via aérea entre meninos e meninas, que se mostraram mais atrasados no sexo masculino.

Os principais fatores de risco que determinam o curso desfavorável da Bronquiolite Viral Aguda são lactentes menores que 3 meses, prematuros nascidos com menos de 34 semanas, imunodeficiência, doenças pulmonares crônicas e cardiopatias. 

Além disso, FR >70rpm, toxemia, sinais de atelectasia e SatO2<92% são sinais de gravidade sugerindo que o curso da doença pode ser mais dificultado.

Qual a fisiopatologia da Bronquiolite Viral Aguda?

A Bronquiolite Viral Aguda é causada decorrente da interação celular entre o vírus e o hospedeiro, ocasionando um processo inflamatório progressivo que gera a lesão da mucosa das vias aéreas inferiores de lactentes. 

Independente do agente etiológico, a inflamação pulmonar aguda leva ao edema da via aérea, rolhas de muco e necrose tecidual, sendo essas as características clínicas da patologia que justificam o comprometimento da via aérea com a consequente obstrução ao fluxo de ar de graus variados de colapso lobar.

Outro potencial mecanismo de obstrução das vias aéreas é a contração dos músculos lisos, que pode se apresentar decorrente da alteração sistema adrenérgico (broncodilatação) e colinérgico (broncoconstrição) comum nas viroses respiratórias, devido ao dano epitelial causado pela patologia.

Visto o aumento do edema submucoso dos bronquíolos, excesso de muco, broncoconstrição e a descamação epitelial que geram à obstrução da via aérea, torna-se recorrente a hiperinsuflação pulmonar, de modo a provocar um distúrbio da relação ventilação/perfusão e aumento do espaço morto, acarretando um acréscimo da PaCO2 e diminuição da PaO2, vasoconstrição pulmonar e redução da complacência pulmonar. 

Além disso, há maior risco de formação de atelectasias, quando há obstrução total de bronquíolos.

Diagnóstico clínico da Bronquiolite Viral Aguda

O diagnóstico da Bronquiolite Viral Aguda é clínico, conta com dados epidemiológicos e virológicos. Entre os 3 a 6 meses de idade ocorre o pico de maior incidência. 

A gravidade clínica da doença geralmente ocorre entre 3 e 5 dias do início dos sintomas, e após o período de incubação do vírus de 4 a 6 dias.

Os sintomas apresentados são do trato respiratório superior, como coriza, tosse e febre, seguida de desconforto respiratório inferior por batimento de asa do nariz, taquipnéia, aumento do trabalho respiratório com retrações intercostais, subcostais ou supraclaviculares, uso de músculos abdominais e gemidos nos próximos 3 dias.

De acordo com estudo, para identificação da doença existem fatores a serem considerados como a idade do indivíduo, sendo na maioria dos casos de no máximo até 24 meses, a identificação do vírus e o número de episódios da doença sendo na maioria dos casos apenas uma vez.

Na maioria dos casos a forma clínica é leve e pode ser tratada em casa, com duração de 10 a 14 dias. A tosse geralmente desaparece em torno de 2 a 3 semanas. 

O maior risco da doença se apresenta em lactentes com idade inferior a 3 meses nascidos pré-termo ou com problemas cardiopulmonares. Imunodeficiência ou distúrbios neuromusculares apresentam maior risco de doença grave, com complicações incluindo apneia ou infecção bacteriana.

Estudos também demonstram que mais de um quarto das crianças com insuficiência respiratória aguda por Bronquiolite Viral Aguda desenvolve síndrome do desconforto respiratório agudo, de acordo com os critérios Pediatric Acute Lung Injury Consensus Conference (PALICC). 

A bronquiolite e a pneumonia torna muitas vezes difícil sua diferenciação, principalmente em crianças menores de 2 anos.

Atuação fisioterapêutica no tratamento

As técnicas de fisioterapia respiratória tem como objetivo favorecer a ventilação-perfusão e diminuir o trabalho ventilatório, através da remoção de secreções e desobstrução das fossas nasais. Esses tratamentos são realizados com técnicas adequadas para cada faixa etária e patologia respiratória.

A utilização de técnicas como ELPr (expiração lenta e prolongada), AFE (aceleração de fluxo expiratório) e DRR (desobstrução rinofaríngea retrógrada) mostram resultados favoráveis, com melhoras de sinais e sintomas e escores clínicos. 

Sendo a ELPr a principal, pois não apresenta efeitos adversos como colapso alveolar e aumento da pressão transmural.

Em alguns casos com gravidade clínica pode ser instalar hipoxemia, quando a saturação de oxigênio está menor que 92%, o uso do CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) intranasal com pressão de 4 a 8 cmH2O, é favorável para um maior recrutamento alveolar e redução da resistência nas vias aéreas. 

O tamanho da prega nasal pode ser limitado a lactantes maiores, assim como a presença de secreção nasal de forma abundante.

E em último caso temos a aspiração nasotraqueal e endotraqueal em que ocorre a introdução de uma sonda estéril e flexível, através da via aérea, juntamente com a aplicação da pressão subatmosférica no exato momento que ocorre sua retirada com o objetivo retirada das secreções.

Uma técnica que pode ser dolorosa e gerar alterações fisiológicas como na frequência respiratória, mas é eficaz quando pensada para uma higiene brônquica.

Conclusão

Dessa forma deve-se considerar que um dos principais objetivos da fisioterapia respiratória é promover a mobilização e remoção de secreções nas vias aéreas, melhorando a ventilação pulmonar e contribuindo para a diminuição do esforço respiratório do paciente.

A Bronquiolite Viral Aguda é uma condição respiratória comum em crianças, geralmente causada pelo vírus sincicial (VSR). A atuação da fisioterapia desempenha um papel crucial no manejo dessa enfermidade, auxiliando no alívio dos sintomas respiratórios e na recuperação do paciente. 

Neste contexto, é possível concluir que a fisioterapia desempenha um papel essencial no tratamento da Bronquiolite Viral Aguda, contribuindo para a melhoria da função pulmonar, a diminuição da dispneia, a mobilização das secreções bronquiais e, consequentemente, a redução dos desconfortos.

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