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O sistema respiratório infantil apresenta particularidades que o diferenciam significativamente do sistema respiratório adulto. Em recém-nascidos e lactentes, as vias aéreas superiores são mais estreitas e suscetíveis a obstruções, principalmente devido ao tamanho relativamente maior da língua e à maior flexibilidade da epiglote, fatores que tornam a fisioterapia respiratória pediátrica em uma intervenção importante desde os primeiros cuidados.

Além disso, a porção mais estreita da via aérea pediátrica localiza-se na cartilagem cricóide, enquanto nos adultos a restrição ocorre nas cordas vocais. Essa diferença anatômica aumenta a resistência ao fluxo de ar e favorece o colapso das vias respiratórias em situações críticas. No plano funcional, crianças apresentam demanda metabólica mais elevada, o que implica maior consumo de oxigênio por quilo de peso.

A caixa torácica, por ser mais complacente e apresentar músculos em desenvolvimento, compromete a eficácia ventilatória, enquanto a menor área de superfície alveolar na infância pode agravar quadros de insuficiência respiratória e acelerar a instalação da hipóxia, reforçando a relevância da fisioterapia respiratória pediátrica para garantir suporte adequado e recuperação eficaz. A seguir, vamos explorar os principais desafios e estratégias nessa área.

Fisioterapia respiratória pediátrica em UTIP

As doenças respiratórias estão entre as principais causas de internação pediátrica e trazem grandes desafios para a saúde pública. Devido às vulnerabilidades do sistema respiratório infantil, os distúrbios respiratórios são mais frequentes e potencialmente graves.

Doenças como bronquiolite, asma e pneumonia afetam diretamente a função pulmonar e, quando não recebem tratamento adequado, podem comprometer o crescimento e o desenvolvimento da criança. A hospitalização por problemas respiratórios é recorrente, variando em incidência conforme idade, causa e localidade.

Crianças de 1 a 4 anos apresentam taxas mais altas de internações, sendo as infecções respiratórias a principal causa. Durante a pandemia de COVID-19, bebês com menos de 1 ano foram os mais encaminhados para Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), muitas vezes necessitando de suporte ventilatório.

Suporte ventilatório e atuação do fisioterapeuta

Em casos graves, os recursos de ventilação mecânica invasiva (VMI) e ventilação mecânica não invasiva (VNI) são fundamentais para garantir trocas gasosas adequadas e reduzir o esforço respiratório da criança.

A VMI pode ser realizada com tubo endotraqueal ou cânula de traqueostomia, enquanto a VNI utiliza diferentes interfaces, adaptadas de acordo com as características de cada paciente. O fisioterapeuta tem papel ativo nesse processo, acompanhando os parâmetros ventilatórios, prevenindo complicações e favorecendo a recuperação da função respiratória.

A fisioterapia respiratória pediátrica também atua na remoção de secreções das vias aéreas superiores e inferiores, melhora a ventilação e reduz a sobrecarga do sistema respiratório.

Estratégias específicas para o público pediátrico

Em crianças, é essencial considerar aspectos neuromotores e emocionais em desenvolvimento. Por isso, recursos lúdicos, como brinquedos de sopro e brincadeiras que exploram fluxos expiratórios, são  recursos valiosos para aumentar a adesão ao tratamento. Essas estratégias deixam a terapia mais interativa e adequada ao universo infantil, sem perder eficiência clínica.

Outro ponto essencial é o início precoce da fisioterapia respiratória pediátrica. Quando aplicada logo nos primeiros sinais de doenças respiratórias agudas, como bronquiolite e pneumonia, ela pode evitar a progressão do quadro, reduzir a necessidade de intervenções invasivas e diminuir o tempo de internação hospitalar. 

Particularidades do sistema respiratório infantil

O sistema respiratório pediátrico possui características anatômicas e funcionais que o tornam mais vulnerável a obstruções e complicações. As vias aéreas são mais curtas e estreitas, com cartilagens ainda flexíveis, o que facilita o colapso em situações críticas.

Os pulmões apresentam menor capacidade residual funcional (CRF), enquanto a caixa torácica é mais complacente, exigindo maior esforço respiratório. Além disso, a musculatura em desenvolvimento tem pouca resistência à fadiga, prejudicando a ventilação eficiente e a troca gasosa.

Esses fatores favorecem o acúmulo de secreções, aumentando o risco de atelectasias e infecções pulmonares.

Importância da fisioterapia respiratória pediátrica em UTI

A fisioterapia respiratória pediátrica está presente em todos os contextos hospitalares, mas ganha ainda mais destaque dentro da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Sua atuação contribui para reduzir complicações, auxiliar no manejo da ventilação mecânica invasiva (VMI) e possibilitar uma alta mais precoce da terapia intensiva.

O fisioterapeuta atua para minimizar obstruções, reduzir a resistência das vias aéreas, melhorar trocas gasosas e diminuir o trabalho respiratório, favorecendo a recuperação global da criança.

Desafios na ventilação mecânica pediátrica

Na UTIP, cerca de 20% dos pacientes precisam de suporte ventilatório invasivo. Estratégias protetoras, como o uso de baixos volumes correntes, podem ser necessárias, mas também aumentam o risco de atelectasias.

Além disso, as infecções do trato respiratório inferior continuam sendo uma das principais causas de mortalidade em crianças menores de cinco anos, reforçando a importância da fisioterapia respiratória pediátrica no suporte ventilatório e na prevenção de complicações.

Mecanismos da fisioterapia respiratória pediátrica

A fisioterapia respiratória pediátrica tem como objetivo reduzir a resistência ao fluxo aéreo, melhorar o transporte mucociliar e diminuir o esforço respiratório.

Inicialmente, as técnicas estavam voltadas apenas ao atrito do ar sobre o muco. Hoje, as evidências destacam os efeitos biomecânicos e bioquímicos:

  • O estresse mecânico do fluxo aéreo altera a viscosidade do muco;
  • O alongamento das vias aéreas e a pressão aumentam a hidratação das secreções;
  • O batimento ciliar é estimulado, favorecendo a eliminação do muco.

Esses mecanismos tornam a secreção mais fluida, melhorando a capacidade de expectoração da criança.

Doenças pediátricas mais comuns em UTI

Na UTI neonatal e pediátrica, as doenças mais graves geralmente estão relacionadas a condições neurológicas e respiratórias.

Entre as neurológicas, destacam-se hidrocefalia, traumatismo cranioencefálico e epilepsia. Já entre as respiratórias, a pneumonia é a mais frequente, seguida da bronquiolite e da insuficiência respiratória aguda (IRA).

No caso da bronquiolite, as técnicas fisioterapêuticas só são indicadas quando há presença de secreções que obstruem as vias aéreas. Elas são mais recomendadas em quadros agudos moderados ou leves, com o objetivo de desobstruir de forma manual ou mecânica, reduzindo o risco de efeitos adversos e otimizando a função respiratória.

Principais técnicas utilizadas na fisioterapia respiratória pediátrica

Técnicas de higiene brônquica

Na UTIP, a fisioterapia respiratória pediátrica é indispensável no manejo de complicações como atelectasias e retenção de secreções. Entre as técnicas mais utilizadas estão:

  • drenagem postural;
  • vibração e compressão torácica (com intensidade ajustada para evitar desconforto);
  • aceleração do fluxo expiratório;
  • aspiração traqueal.

Essas estratégias facilitam a mobilização do muco e sua eliminação, especialmente em crianças que não conseguem tossir de forma eficaz ou estão em ventilação mecânica.

Técnicas de reexpansão pulmonar

Além da higiene brônquica, podem ser aplicadas técnicas que favorecem a reexpansão pulmonar, como CPAP (Continuous Positive Airway Pressure), IPPB (Irmandade Povo do Povo e da Luz) e o incentivo respiratório adaptado para crianças. Esses métodos ajudam a manter a capacidade residual funcional, prevenir atelectasias e melhorar a oxigenação.

A fisioterapia respiratória pediátrica também é decisiva no desmame da ventilação mecânica, fortalecendo a musculatura respiratória e treinando a respiração espontânea com recursos que equilibram ventilação e perfusão.

Manobras de hiperinsuflação

As manobras de hiperinsuflação pulmonar, tanto manuais (com ambu) quanto realizadas via ventilador (VHI), são usadas para expandir os pulmões além do volume corrente habitual. Elas favorecem a reabertura de áreas colapsadas, aumentam a complacência pulmonar e mobilizam secreções profundas.

Enquanto a hiperinsuflação manual é amplamente aplicada pela praticidade, a VHI tem ganhado espaço em UTIs pediátricas, principalmente em cenários de maior demanda clínica, como durante a pandemia de COVID-19.

Monitoramento e escolha da técnica

A seleção do recurso fisioterapêutico deve levar em conta a idade da criança, seu quadro clínico, a necessidade de suporte ventilatório e a resposta a intervenções anteriores.

Recursos de monitoramento, como escalas clínicas e exames de imagem (ex.: ultrassonografia pulmonar), têm sido cada vez mais usados para avaliar a eficácia das técnicas e guiar ajustes em tempo real.

Conclusão

A fisioterapia respiratória pediátrica dentro da UTI não se resume a técnicas isoladas, mas a uma abordagem integrada que impacta diretamente a evolução clínica da criança. O suporte adequado reduz complicações, favorece a retirada mais segura da ventilação mecânica e ajuda a encurtar o tempo de internação.

Mais do que restaurar a função pulmonar no momento crítico, a intervenção precoce abre caminho para uma recuperação funcional mais estável no período pós-alta. Isso significa mais qualidade de vida para a criança e menos risco de readmissão hospitalar.

Esse trabalho exige constante adaptação, sensibilidade às particularidades pediátricas e alinhamento com toda a equipe multiprofissional. Quando bem estruturada, a fisioterapia respiratória pediátrica transforma o cuidado intensivo em um processo mais humano, eficaz e direcionado às reais necessidades de cada paciente.

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