Os pacientes com Paralisia Cerebral possuem uma desordem no desenvolvimento do movimento e postura, causando limitações funcionais que são atribuídas a distúrbios não progressivos, secundárias a lesões e anomalias que ocorrem no encéfalo do feto ou na infância, sendo que tais alterações ocorrem antes dos três anos de idade.
Há 17 milhões de pessoas em todo o mundo que vivem com paralisia cerebral (PC), segundo a Associação Brasileira de Paralisia Cerebral. No Brasil, estudos revelam que a cada 1 mil crianças que nascem, 7 são portadoras de PC.
Mas você sabia que a Fisioterapia pode ser uma grande aliada para proporcionar mais qualidade de vida ao paciente com Paralisia Cerebral e bem-estar à família? Continue a leitura e entenda melhor no texto abaixo!
O que é a Paralisia Cerebral (PC)?
A Paralisia Cerebral pode ser classificada em:
- PC espástica unilateral: que afeta um dos hemicorpos, e bilateral que afeta dois ou até os quatros membros;
- PC discinética, subdividido em: distônica que são característicos os movimentos involuntários e voluntários com posturas anormais provocadas por hipertonia, e PC coreoatetósica, predominante a hipercinesia e hipotonia;
- PC atáxica: caracteriza-se pela diminuição do tônus, falta de coordenação muscular, ataxia do tronco, marcha e tremor.
A Paralisia Cerebral não tem cura, mas o tratamento fisioterapêutico pode ser feito para que o paciente alcance o máximo de autonomia possível. Diante da heterogeneidade de sinais e sintomas observados em pacientes com Paralisia Cerebral, estes devem ser tratados por uma equipe multidisciplinar.
O principal enfoque terapêutico sem dúvida é a Fisioterapia, na qual diferentes métodos utilizados devem ser empregados de acordo com o diagnóstico funcional.
O tratamento deve sempre levar em conta a individualidade de cada paciente e deve ser realizado o mais precoce possível. A intervenção minimiza retrações musculares e as contraturas que prejudicam a mobilidade da criança, obtendo assim, resultados mais favoráveis.
A prevenção é o melhor tratamento e deve levar em conta as etapas do desenvolvimento motor normal e a utilização de vários estímulos sensitivo e sensorial.
Diagnóstico fisioterapêutico e as escalas de avaliação em pacientes com Paralisia Cerebral
Os exames de imagem são realizados para esclarecer o diagnóstico diferencial com outras doenças.
O seu diagnóstico é realizado quando a criança apresenta atraso no desenvolvimento motor, reflexos primitivos, comportamentos e reações posturais atípicas. Mas para diagnosticar o tipo de PC é necessário que o profissional saiba diferenciar os aspectos clínicos e evolutivos da doença.
A avaliação deve constar alguns procedimentos que serviram de ferramentas de apoio para o fisioterapeuta para melhor elaborar um plano de tratamento ideal para o paciente com Paralisia Cerebral.
Uma das escalas mais utilizadas para conclusão do diagnóstico é a GMFCS (Sistema de Classificação da Função Motora Global). É um sistema de avaliação quantitativa, que avalia as alterações da função motora, em cinco níveis, na faixa etária de 0-18 anos de idade e quantifica o quanto de função motora a criança é hábil para demonstrar e não como ela desempenha esta função. A escala é baseada no movimento iniciado voluntariamente, enfatizando o sentar e o andar.
As distinções entre os níveis I e II – crianças e jovens do nível II, quando comparadas com crianças do nível, tem limitações para andar por longas distâncias e equilibrar-se. Podem precisar de algum dispositivo manual de mobilidade, para aprender a andar.
Níveis II e III – as crianças e jovens no nível II, são capazes de andar sem um dispositivo manual de mobilidade depois dos quatro anos de idade, embora possa utilizá-los às vezes. Já as crianças e jovens no nível III necessitam de um dispositivo manual.
Níveis III e IV – as crianças e jovens que estão no nível III sentam-se sozinhos ou requerem no máximo apoio externo limitado para sentar-se. São independentes nas transferências para postura em pé e andam com um dispositivo manual de mobilidade. As crianças no nível IV, sentam-se, geralmente apoiados, mas a deambulação é limitada.
Níveis IV e V – No nível V tem limitações em controle de cabeça e tronco e requerem ajuda física e dispositivo auxiliar. A criança se locomove com cadeira de rodas.
O prognóstico depende do tipo de Paralisia Cerebral e sua gravidade, ou seja, quanto mais cedo e correto for o diagnóstico, mais rápido é possível elaborar um plano de tratamento para atender as necessidades da criança. Isso significa que mais de 90% das crianças com PC sobrevivem até a vida adulta, apenas as com maior comprometimento neurológico apresentam menor expectativa de vida.
Vários fatores auxiliam na determinação do prognóstico, como o grau de comprometimento motor e a presença de distúrbios associados são os principais itens para se determinar o grau de independência de cada criança.
O prognóstico de independência nas atividades de vida diária é influenciado pelo grau de comprometimento dos membros superiores, pela alteração cognitiva, pelos déficits visuais e pela presença de alterações das funções corticais superiores, principalmente as apraxiais.
Tratamento Fisioterapêutico em pacientes com Paralisia Cerebral
Existem diversas técnicas da fisioterapia para a reabilitação dos pacientes com Paralisia Cerebral, com o objetivo de prevenir deformidades e orientar a família.
O acompanhamento fisioterapêutico visa:
- Melhora do tônus postural;
- Das habilidades cognitivas e de memória;
- Reintegra o paciente à sociedade;
- Mantém ou aumenta a amplitude de movimento;
- Reduz espasticidade;
- Estimula as atividades de vida diária;
- Melhora a qualidade de vida do paciente.
O objetivo do tratamento é promover a aprendizagem ou reaprendizagem motora, desenvolvendo nos pacientes com Paralisia Cerebral a capacidade de executar atividades motoras mais próximas ao normal, de acordo com as limitações funcionais.
Existem várias técnicas e métodos dentro da fisioterapia que podem melhorar a qualidade de vida. Como o Bobath, que tem como finalidade preparar a criança para uma função, além de manter ou aprimorar as já existentes. Um tratamento global que se adequa às necessidades individuais do paciente, recebendo estímulos sensório motor de movimentos básicos e repetidos, que geram a aprendizagem motora e o automatismo.
Uma das técnicas também muito utilizadas na intervenção fisioterapêutica é a PNF ou FNP (Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva), um método que promove e acelera a resposta dos mecanismos neuromusculares através da estimulação dos receptores do sistema nervoso.
Utilizando movimentos e posturas com fins terapêuticos, a técnica compreende o movimento e a postura normal para realizar a aprendizagem ou a reaprendizagem quando estes movimentos estão alterados.
O fisioterapeuta deve realizar a escolha e o uso dos processos básicos mais adequados em cada caso. E pode ser associado com a cinesioterapia, por exemplo, o padrão de facilitação + contatos manuais estimulando + reflexo de estiramento, junto com exercícios ativo-assistidos.
Conclusão
Uma boa avaliação e consequentemente, o plano de tratamento fisioterapêutico, junto com as aplicações corretas das técnicas que serão utilizadas, proporcionará benefícios para os pacientes com Paralisia Cerebral, a fim de prolongar a qualidade de vida, o conforto familiar e a reintegração na sociedade de forma natural e saudável.
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Não é possível elencar exercícios, métodos, técnicas de tratamento sem conhecer o indivíduo minuciosamente, dos pequenos desequilíbrios às repercussões globais no movimento e consequentemente em suas habilidades funcionais e atividades de vida diária.
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Obrigada por ajudar-nos neste aspecto.O seu conteúdo está contribuindo muito pelo avanço desta ciência…ficarei sempre atualizada.
Muito bom o artigo, tema muito importante!
Minha filha tem paralisia pode fazer fisioterapia
Olá Taise! Pode sim, mas com acompanhamento de um profissional capacitado e orientação médica.