O mercado de trabalho mudou muito nos últimos anos. Antes restrita ao escritório, a preocupação com a saúde do colaborador agora acompanha diferentes contextos. Viagens corporativas, longas horas em frente ao computador e espaços improvisados de trabalho aumentaram a busca por soluções de cuidado, entre elas a fisioterapia ocupacional.
Essa especialidade atua na prevenção, diagnóstico e tratamento de distúrbios relacionados às atividades laborais, além de oferecer recursos como orientações posturais, exercícios compensatórios e adaptações ergonômicas. Mais do que uma prática, tornou-se uma necessidade em um mercado competitivo e em constante transformação.
A seguir, vamos aprender um pouco mais sobre como a fisioterapia ocupacional e a ergonomia se conectam com a realidade das viagens corporativas e por que essa união está se tornando uma tendência entre as empresas.
O que é a fisioterapia ocupacional?
Em suma, a fisioterapia ocupacional trata-se de uma especialidade voltada para prevenção, diagnóstico e tratamento de distúrbios relacionados às atividades desenvolvidas pelos colaboradores. Portanto, ela acaba englobando desde orientações posturais e exercícios compensatórios até a adaptação de mobiliários e equipamentos usados pelo trabalhador.
Este último é comumente chamado de ergonomia, ou seja, a ciência que estuda a adaptação do ambiente e das ferramentas de trabalho às necessidades tanto físicas quanto cognitivas do ser humano. Juntas, ambas as abordagens garantem que o colaborador mantenha sua saúde mental e física, mesmo naqueles casos em que desempenhe funções de alto esforço ou repetitivas.
Em termos de importância, em 2023, os dados do Ministério da Previdência Social (MPS) mostraram que 24 mil pessoas foram afastadas de sua funções por Lesão do Esforço Repetitivo (LER) ou por Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Daí a importância da fisioterapia ocupacional no atual cenário trabalhista.
Por que a fisioterapia ocupacional está em alta?
Quando se observam as dinâmicas do mercado de trabalho atualmente, percebe-se que existe a mescla entre modelos híbridos, longas jornadas diante de computadores, bem como o aumento de deslocamentos corporativos, processo que cria condições favoráveis ao surgimento de distúrbios musculoesqueléticos.
Considerando este contexto, as empresas perceberam que a falta de cuidados preventivos se traduz em queixas de dores e, por consequência, em um número crescente de afastamentos, movimento que afeta o processo produtivo em sua totalidade.
No ano de 2024, por exemplo, o Brasil registrou 3,5 milhões de afastamentos por incapacidade temporária.
Entre as causas mais frequentes associadas a estes afastamentos, destacaram-se: dores na coluna (205.142 casos) e hérnia de disco (172.452 casos). De qualquer modo, ambas as condições estão atreladas a problemas posturais e a sobrecarga física no trabalho.
No entanto, a questão não se limita somente ao impacto físico: transtornos mentais, como ansiedade e burnout, somaram 472,3 mil afastamentos no mesmo período, um aumento de 67% em relação ao ano anterior. De modo geral, tal quadro torna evidente a necessidade da fisioterapia ocupacional. É importante enfatizar, também, outro fator relevante: a falta de equipamentos adequados fora dos escritórios.
Geralmente, os profissionais que trabalham em regime home office acabam utilizando cadeiras inadequadas, mesas muitas vezes improvisadas e iluminação insuficiente. Um estudo realizado pela Omnia, por exemplo, apontou que estes fatores podem elevar o risco de desenvolver DORT e dores crônicas.
Ergonomia além do escritório: atenção às viagens corporativas
No seu processo de desenvolvimento enquanto ciência, a ergonomia sempre esteve associada à estação de trabalho, ou seja, cadeiras adequadas, altura da mesa, iluminação, entre outras variáveis.
Todavia, a atual realidade ampliou o foco para abarcar, também, os ambientes temporários e dinâmicos, como salas de reunião improvisadas em hotéis, em casos de viagens, assentos de avião ou até mesmo horas passadas em carros, ou ônibus durante os períodos de deslocamento.
Acontece que ficar longos períodos sentado, com movimentação limitada, carregando bagagens e mudando-se frequentemente de fuso horário, são fatores que afetam os músculos e a circulação sanguínea. Nesse sentido, para quem viaja com frequência a trabalho, estes elementos podem resultar em dores na lombar, rigidez no pescoço, inchaço nas pernas e alguns outros problemas mais graves.
As empresas que oferecem um pacote de viagens a seus colaboradores já começaram a incluir, além de passagens e hospedagens, orientações de ergonomia e cuidados físicos, no intuito de garantir o conforto e evitar lesões durante longos períodos.
Em alguns casos, vale salientar que a fisioterapia ocupacional é incorporada ao processo, incluindo no pacote sessões pré e pós-viagens, além de demais materiais educativos sobre alongamentos e pausas ativas que podem ser realizadas durante o percurso.
Benefícios da fisioterapia ocupacional para empresas e colaboradores
Para os colaboradores, os benefícios incluem: prevenção contra lesões, maior disposição física, conforto e bem-estar. Estas questões, por consequência, acabam influenciando positivamente no desempenho cotidiano.
Por isso, para as empresas, investir na fisioterapia ocupacional significa redução de afastamentos, aumento da produtividade, além de reforçar a imagem institucional. Afinal, práticas que envolvem cuidado com saúde costumam atrair e reter talentos, especialmente em um mercado que cresce todos os anos em suas múltiplas dimensões.
Conclusão
O avanço da fisioterapia ocupacional evidencia uma mudança cultural dentro das empresas em relação à forma de enxergar a saúde ocupacional. Mais do que manter cadeiras e mesas adequadas no escritório, é preciso considerar também os novos formatos de trabalho e os desafios de viagens corporativas que podem impactar a saúde do colaborador.
Essa atenção reflete consideravelmente nos resultados. Empresas que investem em prevenção conseguem reduzir afastamentos, manter equipes mais produtivas e fortalecer sua imagem perante o mercado.
No fim, a fisioterapia ocupacional não é apenas uma tendência, mas uma necessidade diante de um cenário competitivo e de novas demandas. Garantir condições adequadas de trabalho é, cada vez mais, sinônimo de cuidado, valorização e estratégia para atrair e reter talentos.