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O aumento da população idosa é um fenômeno mundial. Estima-se que de 1996 a 2025 o percentual de idosos aumentará cerca de 200% nos países em desenvolvimento. No Brasil, a estimativa para 2025 é de um aumento de mais de 33 milhões, tornando o Brasil o sexto país com maior percentual populacional de idosos no mundo.

O aumento populacional se deve a diminuição na taxa de mortalidade e de fecundidade, o que aumenta a expectativa de vida, e consequentemente, o envelhecimento. O envelhecimento é caracterizado por mudanças fisiológicas e alterações da composição corporal, causando declínio progressivo da função dos sistemas biológicos. Isto é, ocorre uma diminuição progressiva das habilidades motoras, sensitivas e do conhecimento e, consequentemente, da capacidade funcional.

O processo do envelhecimento trata-se de uma experiência única e diversificada, sendo influenciado por fatores de ordem genética, biológica, social, ambiental, psicológica e cultural. O somatório das alterações orgânicas, funcionais e psicológicas do envelhecimento normal é chamado de senescência, enquanto a senilidade é caracterizada por afecções que frequentemente acometem os indivíduos idosos.

As doenças causam perdas das reservas orgânicas e, consequentemente, aceleram o envelhecimento, responsável pelo processo de declínio gradativo da função dos vários sistemas do indivíduo. É muito importante que o fisioterapeuta conheça as diferenças entre esses dois processos para saber quando e como intervir. Antigamente, o processo de envelhecimento, a “velhice” era sinônimo de doença e de dependência. Hoje já sabemos que é possível retardar o declínio da capacidade funcional e envelhecer com qualidade de vida.

O que é Fisioterapia Gerontológica?

A Fisioterapia Gerontológica consiste em uma abordagem integral e humanizada do idoso, enfocando as particularidades do processo do envelhecimento. É preciso valorizar a singularidade do idoso, abordando toda sua história e considerando os seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

O fisioterapeuta deve ouvir o paciente com atenção, buscando informações para melhor poder entender o paciente de forma global. Assim ficará mais viável para o fisioterapeuta montar um planejamento para o tratamento do paciente.

Todo este conjunto de atitudes assumidas pelo fisioterapeuta faz com que o tratamento não se restrinja apenas nas questões físicas, valorizando os aspectos psicossociais do idoso, a sua interação com a família, atividades de lazer e motivação no cotidiano.

Tipos de Fisioterapia para Idosos

Na Fisioterapia encontramos duas linhas de atuação junto à população idosa: a Fisioterapia Geriátrica é a área que contempla conteúdos voltados ao processo de tratamento das doenças e aos métodos e técnicas para preveni-las, já a Fisioterapia Gerontológica é uma abordagem em que o idoso é visto de maneira integral, atuando na prevenção e reabilitação do idoso, considerando os aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

Os Benefícios da Fisioterapia Gerontológica

Os benefícios são múltiplos, entre eles observa-se:

  • Aumento da sensação de bem estar físico e mental;
  • Melhora da qualidade de vida;
  • Melhora do humor, da autoestima e da autoconfiança;
  • Melhora do condicionamento físico;
  • Manutenção ou ganho de força muscular;
  • Manutenção da amplitude de movimento;
  • Melhora da flexibilidade;
  • Melhora o equilíbrio;
  • Diminui o risco de quedas;
  • Manutenção da independência funcional;
  • Previne ou retarda incapacidades relacionadas ao envelhecimento;
  • Reabilita e restaura a função motora comprometida dentro das suas potencialidades e especificidades.

Funções da Gerontologia Biomédica

A Gerontologia Biomédica estuda o envelhecimento do ponto de vista molecular e celular, além de pesquisar a prevenção de doenças associadas ao processo de envelhecimento. Sua função é responder perguntas de COMO e POR QUE envelhecemos.

Fragilidade

A incidência de fragilidade aumenta com a idade entre os 65 e os 75 anos, 3 a 7% são frágeis, entre 80-90 anos 20 a 26% o são, e com mais de 90 anos, cerca de 32% apresentam esta síndrome. Entre os frágeis, 60% tem dificuldade para realizar as atividades instrumentais no cotidiano e 27% tem dificuldade com as atividades básicas.

A síndrome de fragilidade é complexa e envolve declínios em múltiplos domínios fisiológicos, incluindo força e massa muscular, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e função cardiovascular, que geram risco elevado para quedas, declínio funcional, hospitalização e morte.

A fragilidade leva à deterioração da qualidade de vida, aumento da sobrecarga dos cuidadores e altos custos com cuidados à saúde. Linda Freid, geriatra e epidemiologista norte-americana, estabeleceu em 2001 os critérios da fragilidade. Para ser considerado frágil o idoso precisa apresentar três ou mais dos seguintes critérios:

  • Perda de peso ponderal não intencional maior do que 5% em um ano;
  • Diminuição da força de preensão palmar (medida através de dinamômetro e ajustada para sexo e IMC)
  • Relato de exaustão (CES-D), através de duas declarações que são pontuadas de 0 a 3:

– senti que tive que fazer esforço para dar conta das minhas tarefas habituais.

– não conseguir levar adiante as minhas coisas. E com qual frequência na semana passada você se sentiu assim?

  • Diminuição na velocidade de marcha (ajustada de acordo com sexo e altura)
  • Diminuição do nível de atividade física (classificada por gênero e IMC pela versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ, tendo como referência a última semana. Contém perguntas em relação à frequência e duração da realização de atividades físicas moderadas, vigorosas e da caminhada)

A Importância da Avaliação do Paciente Idoso

A avaliação global do idoso é muito importante e deve conter todos os questionamentos sobre a história de vida do paciente, englobando atividades ocupacionais, sociais, relações familiares e atividades de lazer, entre outros fatores.

O fisioterapeuta conduzirá a ampla avaliação, tornando possível um cuidadoso diagnóstico fisioterapêutico que deve preceder todo tipo de decisão fisioterapêutica. As condições fisiológicas e/ou patológicas que contribuem para as perdas funcionais do idoso devem ser identificadas e apropriadamente tratadas.

Após a coleta da história é realizada a avaliação físico-funcional, onde poderão ser aplicados alguns instrumentos de avaliação específicos para idosos. É fundamental descobrir qual a queixa principal e funcional do idoso e quais são as suas expectativas em relação a fisioterapia. Assim, será mais viável para traçar um plano de tratamento fisioterapêutico com condutas segundo as necessidades de cada caso.

Tipos de tratamento 

Fisioterapia Domiciliar

A Fisioterapia Domiciliar também chamada de Fisioterapia Home Care é um conjunto de atividades de caráter ambulatorial, programadas e continuadas desenvolvidas em domicílio. É, portanto, um conjunto de ações que busca a prevenção, a manutenção, ou a reabilitação por meio de elementos que fortaleçam os fatores benéficos ao indivíduo e, concomitantemente, a recuperação do cliente já acometido por uma doença ou sequela.

O fisioterapeuta utiliza técnicas e matérias necessários para alcançar os objetivos dentro da casa do próprio paciente, oferecendo ao idoso:

  • Atendimento individual e especializado;
  • Conforto;
  • Comodidade;
  • Praticidade;
  • Bem-estar;
  • Economia de tempo tanto para o paciente quanto para os familiares;
  • Facilidade de adaptação do ambiente domiciliar.

Fisioterapia Respiratória

A Fisioterapia Respiratória visa melhorar o funcionamento do sistema respiratório globalmente, visto que o idoso é mais propenso a apresentar infecções no pulmão, podendo evoluir para um quadro de insuficiência respiratória se não tratado adequadamente. Seu objetivo é melhorar a relação ventilação-perfusão, tornando mais eficiente e confortável a entrada e saída de ar dos pulmões.

Na Fisioterapia Respiratória é estimulada a higiene brônquica, através de técnicas que facilitam o carreamento e a expectoração da secreção presente nos pulmões, amenizando sua viscosidade, além de melhorar a expansibilidade, proporcionando alívio e conforto ao paciente.

Acupuntura

A Acupuntura é um ramo da medicina chinesa que consiste em introduzir agulhas metálicas em pontos precisos do corpo de um paciente, para tratar de diferentes doenças ou provocar efeito anestésico. Essa técnica muito antiga vem ganhando popularidade e aceitação no ocidente, sendo fomentada no Brasil pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), e a prática fisioterapêutica está entre as especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Fisioterapia (CREFITO).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem reconhecido a importância das chamadas medicinas tradicionais e medicinas alternativas e complementares (MAC) em todo o mundo. Dentre elas, destaca-se a medicina tradicional chinesa (MTC).

A Acupuntura tem um papel importante no tratamento do idoso, pois ela praticamente não tem contraindicação e possibilita ao idoso a possibilidade de reduzir a quantidade de medicação, diminuindo ainda a chance de efeitos colaterais, proporcionando ainda uma melhor qualidade de vida, além dos efeitos benéficos como: redução da dor, da ansiedade, do sono, e sintomas de depressão leve, entre outros.

No idoso, especialmente no idoso frágil, recomenda aplicá-la conforme as condições da pessoa. Idosos frágeis e crianças devem ser agulhados com menor profundidade de inserção e por menos tempo, pois a estimulação excessiva pode cansar o paciente.

Programa de Exercícios Preventivos (Pepi)

Força Muscular

É extremamente importante realizar o fortalecimento global da musculatura. O fisioterapeuta deve tratar o idoso como um todo. Os exercícios de fortalecimento podem ser realizados com o paciente deitado, sentado ou em bipedestração, com ou sem carga, podendo ainda utilizar pesos livres ou mecanoterapia. A escolha do exercício dependerá da avaliação inicial realizada pelo fisioterapeuta, da condição e da queixa que o idoso apresenta.

Flexibilidade

Exercícios de alongamento muscular são muito importantes para a manutenção ou ganho de flexibilidade das fibras musculares, e amplitude de movimento das articulações. Podem ser realizados de forma ativa ou passiva.

Treino de equilíbrio e Propriocepção

O treino de equilíbrio e o proprioceptivo é muito importante para prevenir quedas, pois estimulam os receptores presentes na pele, nas articulações, junção músculo-tendíneas, entre outros. Estes receptores que recebem informações da perturbação externa, tipo de solo, e irregularidades no piso, enviando ao sistema nervoso central, que responde ativando músculos necessários para manter-se na posição adequada, ou corrigindo em tempo hábil para evitar a queda.

O ideal é que esse tipo de treinamento seja realizado com os pés descalços, para evitar o mascaramento das informações. Pode ser realizado em solo estável ou instável, com apoio bipodal ou unipodal, com olhos abertos ou fechados. Cabe ao fisioterapeuta determinar como o idoso deve iniciar, e ir evoluindo e dificultando gradativamente.

 Prevenção de Quedas

Queda é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial com incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais comprometendo a estabilidade. As quedas causam grande impacto nos idosos e são consideradas um importante problema clínico e de saúde pública.

A prevenção da queda é de importância ímpar pelo seu potencial de diminuir a morbidade e a mortalidade, os custos hospitalares e o asilamento consequentes. A queda é um sinal de declínio das funções, sendo necessária uma avaliação ampla para descobrir a causa e tratar.

Os programas de prevenção têm a vantagem de melhorar a saúde como um todo, a qualidade de vida, sendo sua prática especialmente importante para a faixa etária mais idosa. Exercícios de dupla tarefa, equilíbrio associados a propriocepção e circuitos de deslocamento auxiliam na prevenção de quedas.

Fisioterapia Para o Paciente Idoso Frágil, Dependente e Acamado

Existem doenças que levam o paciente a incapacidades, e os fazem ficar acamado por dias, meses ou anos.  Alguns cuidados especiais devem ser tomados, seja no hospital ou no domicílio. O idoso para ser considerado frágil precisa apresentar três ou mais critérios que foram citados acima, podendo estar ele acamado ou não, ou vir a ficar. Já o paciente dependente é aquele que necessita de ajuda, podendo ser ajuda parcial ou total para realizar suas atividades de vida diária (como alimentação, higiene, vestuário, transferências e locomoção).

O objetivo geral da fisioterapia em pacientes frágeis, dependentes, e consequentemente, acamados, é evitar os efeitos deletérios do imobilismo, e recuperar a função, se possível, de acordo com a condição clínica do idoso. A fisioterapia motora poderá incluir exercícios de alongamento muscular, mobilização articular, dissociação de cinturas escapular e pélvica, estimulando atividades como rolar, sentar, e levantar, prevenindo o aumento rigidez articular e atrofias musculares. A fisioterapia respiratória também é de extrema importância para prevenir complicações pulmonares.

O Papel do Fisioterapeuta na Fisioterapia Gerontológica

Saber qual o tipo e a intensidade da atividade física capazes de proporcionar o benefício desejado é apenas metade da tarefa. A outra metade consiste em ajudar a pessoa da terceira idade a adotar e a manter a sua participação na atividade que lhe é apropriada.

Futuro do Tema

Diante desse fenômeno mundial que é o envelhecimento populacional, se faz necessário o conhecimento de todo o processo do envelhecimento e de assuntos relacionados à pessoa idosa, tanto por parte da população geral quanto das autoridades.

O envelhecimento populacional é um grande desafio para todos, e cada vez mais são necessários estudos, pesquisas, e encontros para se debater e compartilhar ideias e meios que promovam e preparem toda a população para o envelhecimento, selecionando e treinando profissionais para atender a população de idosos que cresce a cada dia, melhorando a acessibilidade das ruas, delineando estratégias de prevenção de doenças e incapacidades para uma longevidade produtiva com qualidade de vida, e a atenção com o idoso.

Conclusão

O processo de envelhecimento é único e universal, todos vamos envelhecer, porém cada um de maneira peculiar. Na Fisioterapia para idosos é muito importante levarmos em consideração presença ou ausência de doença, e nível de independência e autonomia que ele apresenta. Tudo sobre Fisioterapia Gerontológica se mostra eficiente para a manutenção e melhora da capacidade funcional, aumentando a qualidade e a perspectiva de vida, pois enxerga todos os aspectos que envolve o idoso.

 

 Referências
DIAS, FVA.; MEDEIROS, ALG.; MEDEIROS, EA.; PALITO, AR.; QUEIROZ, AV.; SILVA, AM. Benefícios da Fisioterapia na Melhoria da Qualidade de Vida na Terceira Idade. Revista Inspirar. v .1, p.34-38, jun/jul 2009.
DRIUSSO, P.; CHIARELLO, B. Fisioterapia Gerontológica. Editora Manole., 2007.
FRIED, LP.; TANGEN, CM.; WALTSON, J.; NEWNAM, AB.; HIRSCH, C.; GOTTDIENER, J.; SEEMAN, AB.; TRACY, R.; KOP, WJ.; BURKE, G.; McBURNIE, MA. Frailty in older adults: evidence for phenotype. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences. v. 56, p. M146-M156, 2001.
SILVA, EDC.; TESSER, CD. Experiência de pacientes com acupuntura no Sistema Único de Saúde em diferentes ambientes de cuidado e (des)medicalização social. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 29(11):2186-2196, nov, 2013.
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Projeto Diretrizes Quedas em Idosos: Prevenção. 2008.

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