Junte-se a mais de 150.000 pessoas

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade!

Qual o seu melhor email?

A Ventilação Mecânica Invasiva (VMI) é o princípio fundamental da reanimação cardiopulmonar, da terapia intensiva e da anestesia. Ela surgiu, como tudo em medicina, da necessidade de manter a vida.

A ventilação mecânica invasiva oferece suporte para pacientes com Insuficiência Respiratória Aguda (IRA), tendo como objetivo:

  • Manter a função respiratória até seu ponto de recuperação;
  • Aliviar o trabalho da musculatura respiratória evitando a fadiga;
  • Diminuir o consumo de oxigênio e com isso reduzir o desconforto respiratório permitindo a aplicação de terapêuticas específicas.

Além disso, a técnica pode ser utilizada de forma profilática, como no pós-operatório de cirurgias com anestesia geral, em pacientes com necessidade de controle dos gases sanguíneos e nos casos de disfunção de outros sistemas ou órgãos, como no choque ou na sepse.

Entretanto a ventilação mecânica invasiva pode induzir diversas complicações, que podem aumentar a morbimortalidade de um paciente grave. 

Sendo assim, é importante diminuir o tempo no qual o paciente está sob a ventilação mecânica invasiva, restabelecendo a ventilação espontânea tão logo seja possível.

Confira a seguir mais informação a respeito do assunto. Continue lendo!

Desmame da ventilação mecânica invasiva

O desmame da ventilação mecânica invasiva refere-se ao processo de transição da ventilação artificial para a ventilação espontânea em pacientes que se apresentam em VM por tempo maior de 24 horas. 

O processo de desmame geralmente ocorre de forma bem sucedida na maioria dos casos, embora existam falhas nas primeiras tentativas.

Como é classificado o desmame da ventilação mecânica invasiva?

Dividimos o desmame ventilatório em três categorias: simples, difícil e prolongado. 

O desmame simples é definido como aquele em que o paciente tolera o Teste de Respiração Espontânea (TRE) inicial é extubado com sucesso na primeira tentativa. 

O desmame difícil refere-se àquele no qual há falha na tentativa inicial, requerendo mais de três TRE ou até sete dias desde o primeiro TRE para que o paciente seja desmamado com sucesso. 

No desmame prolongado há falha em ao menos três tentativas de desmame, requerendo mais de sete dias após o primeiro TRE para que o paciente seja desmamado com sucesso.

25% dos casos apresentam um desmame difícil o que acarreta um prolongamento da utilização do suporte ventilatório, conduzindo a inúmeros e importantes problemas que poderão levar a um agravamento irreversível do paciente. Esses pacientes, com desmame considerado difícil, necessitam de uma retirada gradual da VMI. 

Desta forma, é imprescindível o conhecimento dos métodos utilizados para a evolução do desmame, a fim de evitar o retorno do paciente ao suporte ventilatório.

Falhas na extubação 

Está associada a desfechos adversos, incluindo alta mortalidade hospitalar, maior tempo de hospitalização e custos mais elevados, bem como maior necessidade de traqueostomia e transferência para unidades de cuidados pós-agudos.

Os motivos mais relatados nos estudos de fracasso no desmame foram: 

  • Fadiga muscular; 
  • Dessaturação do sangue arterial; 
  • Hipoventilação alveolar; 
  • Taquicardia e bradicardia sinusais. 

Entre outras menos expressivas, porém não menos importantes como: 

Com relação às complicações tardias, ou seja, as ocorridas 48 horas após a extubação e que necessitaram ser reintubados, foram mais citadas a broncoaspiração, a retenção de secreção traqueal, fadiga e exaustão muscular, sepse e atelectasia.

Preditores de desmame da Ventilação Mecânica Invasiva

Os preditores fisiológicos têm fornecido informações importantes a respeito dos mecanismos da falha do desmame. Entretanto, segundo relatos, o desmame da VMI é difícil em 20-30% dos pacientes.

Os parâmetros preditivos para o desmame são critérios que avaliam uma ou mais funções fisiológicas relacionadas à respiração, tendo como objetivo de identificar o prognóstico desse processo. 

Os parâmetros do desmame devem ser avaliados antes do TRE, o qual funciona como um teste diagnóstico para determinar a probabilidade do sucesso da extubação.

Para o sucesso da retirada da pressão positiva, em muitos casos, só ocorre com a adequada utilização de parâmetros que possam avaliar, de forma objetiva, o mais precocemente e com menor possibilidade de erro, o momento indicado para isso.

É nesse momento que os parâmetros preditivos de desmame devem ser utilizados a fim de diminuir as chances de insucesso decorrentes desse processo.

Existem mais de 50 índices descritos, e apenas alguns auxiliam significativamente, com mudanças em relação à tomada de decisões clínicas quanto à probabilidade de sucesso ou fracasso de desmame.

Entre os índices mensurados durante o suporte ventilatório, apenas cinco têm possível valor em predizer o resultado do desmame: 

  • Força inspiratória negativa; 
  • Pressão inspiratória máxima (PImax); 
  • Ventilação minuto (V.E); 
  • Relação da pressão de oclusão da via aérea nos primeiros 100 ms da inspiração (P0,1) pela pressão inspiratória máxima (P0,1/PImax); 
  •  CROP: complacência, frequência, oxigenação, pressão. 

Dos índices acima, apenas os dois últimos apresentam taxas de probabilidade sugerindo aplicação clínica.

Técnicas utilizadas para o desmame ventilatório

Várias técnicas são utilizadas para o processo de desmame ventilatório. Podendo este acontecer de forma abrupta ou pela retirada gradual do suporte ventilatório, exigindo assim um esforço gradual do paciente. 

Entre os métodos utilizados podemos citar: SIMV, (ventilação mandatória intermitente sincronizada), PSV (pressão de suporte ventilatório), CPAP (pressão positiva e contínua nas vias aéreas) e Tubo T.

O Tubo T é uma peça com formato de “T” que é conectado é acoplado à prótese ventilatória do paciente enriquecida com uma fonte de oxigênio. 

Assim o paciente começa a respiração espontânea sem auxílio de prótese de pressão positiva. 

Esse é um método simples em sua resolução, com boa reprodutividade e com poucos efeitos adversos ao paciente.

Esse método pode testar realmente a capacidade espontânea do doente, utilizando pressões do ambiente, diminuindo assim o trabalho respiratório e condicionando a musculatura respiratória, podendo levar a um desmame mais rápido ou gradual.

Complicações

A VM foi recentemente identificada como um fator chave na escala de custos da unidade de terapia intensiva (UTI). 

Por estas razões, minimizar a exposição à ventilação prolongada é uma meta importante da medicina intensiva. O desmame representa cerca de 40% do tempo total gasto em ventilação mecânica.

A ventilação mecânica invasiva é associada com o desenvolvimento de complicações importantes, incluindo pneumonia associada à ventilação (PAVM), sinusite, patologias das vias aéreas superiores e fraqueza muscular respiratória. 

Entre as principais complicações e intercorrências do uso prolongada da ventilação mecânica invasiva, destacam-se as seguintes:

  • Diminuição do débito cardíaco: a VM sob pressão positiva aumenta a pressão intratorácica, reduz o retorno venoso e a pré-carga ventricular direita, principalmente com a utilização da PEEP. A distensão pulmonar, pela VM, associada ou não à PEEP, também aumenta a resistência vascular pulmonar (RVP).
  • Alcalose respiratória aguda: comumente secundária à dispneia, dor ou agitação, a hiperventilação alveolar também pode resultar de um ajuste inadequado do ventilador.
  • Elevação da pressão intracraniana: a ventilação com pressão positiva na presença de pressão intracraniana (PIC) elevada pode prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral, principalmente quando se utilizam altos níveis de PEEP, devido à diminuição do retorno venoso do território cerebral e o consequente aumento da PIC;
  • Pneumonia: fonte de microrganismos infectantes, geralmente os bacilos gram-negativos, colonizam as vias respiratórias superiores, gastrintestinais superiores, ou ambas. Sabe-se que estes microrganismos penetram nas vias respiratórias inferiores em consequência de microaspirações de conteúdo hipofaríngeo.
  • Atelectasia: as causas de atelectasia relacionadas à VM estão associadas à intubação seletiva, presença de “rolhas” de secreção no tubo orotraqueal (TOT) ou nas vias aéreas e hipoventilação alveolar. 

Além de complicações relacionadas a VM: resistência de via aérea (quanto maior o comprimento e menor diâmetro da via aérea artificial, maior a resistência e consequentemente maior trabalho respiratório), broncoaspiração, posicionamento inadequado do TOT, lesões orais e aspiração traqueal.

Conclusão

As falhas no desmame devem ser evitadas ao máximo, tendo em vista que o desmame mal conduzido e seu consequente insucesso pode proporcionar aumento da morbidade, sobretudo no que diz respeito à incidência de infecções respiratórias decorrentes principalmente de re-intubação, com consequente aumento da mortalidade. 

A correta avaliação de seus preditivos direcionam o melhor e promovem segurança para realização do desmame ventilatório.

 

Referências

ALIA, I; ESTEBAN A. Weaning from mechanical ventilation. Crit Care. v.4, p.72-80, 2000.

BARBAS, C.S.V; ÍSOLA, A.M; FARIAS, A.M.C. Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica. Paciente com Desmame Prolongado. AMIB / SBPT. p. 115-118. 2013. 

BLACKWOOD, B; ALDERDICE, F; BURNS, K; CARDWELL, C; LAVERY, G; O’HALLORAN, P. Use of weaning protocols for reducing duration of mechanical ventilation in critically ill adult patients: Cochrane systematic review and meta-analysis. British Med J. v.342, p.7237, 2011

BOLES, J.M; BION, J; CONNORS, A; HERRIDGE, M; MARSH, B; MELOT, C; et al. Weaning from mechanical ventilation. Eur Respir J. v.29, n.5, p.1033-1056, 2007.

BURNS, K. E. A.; MEADE, M. O., LESSARD. M. R.; KEENAN. S. P.; LELLOUCHE. F. Wean Earlier and Automatically with New technology (the WEAN study): a protocol of a multicentre, pilot randomized controlled trial. Trials. p. 10.1186-1745, 2009.

CARVALHO, R.R. C; JÚNIOR, C.T; FRANCA, S. A. III Consenso de Ventilação Mecânica -Ventilação Mecânica: Princípios, Análise Gráfica e Modalidade Ventilatórias. J Bras Pneumol. v.33, n. 2, p. 54-70, 2007.

CONTI, G.; MONTINI, L.; PENNISI, M. A. A Prospective, Blinded Evaluation of Indexes Proposed to Predict Weaning from Mechanical Ventilation. Intensive Care Med. v.30, p.830- 836, 2004.

DANAGA, A.R; GUT, A.L; ANTUNES, L.C.O; FERREIRA, A.L.A; YAMAGUTI, F.A,CHRISTOVAN,J.C;TEIXEIRA, U; GUEDES,C.A.V;SASSERON,A.B; MARTIN, L.C.  Avaliação do desempenho diagnóstico e do valor de corte para o índice de respiração rápida e superficial na predição do insucesso da extubação. J Bras Pnemol. v. 35, n.6, p.541-547, 2009.

EDMUNS, S.; WEISS, I.; HARRISON, R.; Extubation failure in a large pediatric ICU population. Chest. v.119, n.3, p.897-900, 2001.

EPSTEIN, S. K. What are the best methods for weaning patients from mechanical ventilation? Update in Intensive Care Medicine. Berlin Heidelberg: Springer-Verlag. p.37-44, 2004.

EPSTEIN, S. K.; CIUBOTARU, R. L.; WONG, J. B. Effect of Failed Extubation on the Outcome of Mechanical Ventilation. Chest. v.112, p.186-192, 1997.

ESTEBAN, A.; ALÍA, I. Weaning from mechanical ventilation. Am J of Respir and Crit Care Med, n. 4, p. 72-80,  2000.

FERRER, M.; VALENCIA, M.; NICOLAS, J. M. BERNADICH, O; BADIA, J.R; TORRES, A. Early Non-Inavasive Ventilation Averts Extubation Failure in Patients at Risk. A Randomized  Trial. Am. J. Respir. Crit Care Med. v. 173, n. 2, p.164-170, 2006.

GOLDWASSER, R.; FARIAS, A.; FREITAS, E.E; SADDY, F.; AMADO, V.; OKAMOTO, V. Mechanical ventilation of weaning interruption [Article in Portuguese]. J Bras Pneumol. v.33, n.2, p. 128-136,2007.

GROSSBACH, I.; CHLAN, L.; TRACY, M.F. Overview of mechanical ventilatory support and management of patient- and ventilator-related responses. Crit Care Nurse, v. 31, n. 3, p. 30-45, 2011.

GUIMARAES, F.S;  ALVES, F.F; CONSTANTINO, S.S; DIAS, C.M; MENEZES, S.L.S. Assessment of maximum inspiratory pressure in non-cooperative patients: a comparison between two methods. Rev Bras Fisioter. v.11, p. 203-207,2007.

HEUNKS, L.M.; VAN DER HOEVEN, J.G. Clinical review: the ABC of weaning failure–a structured approach. Crit Care.v.14, n.6, p.245, 2010.

LIMA, C.A; SIQUEIRA, T.B;  TRAVASSOS, E.F; MACEDO, C.M.G;  BEZERRA, A.L; PAIVA JÚNIOR, M.D.S;  ANDRADE, F.M.D; FRANÇA, E.E.T. Influência da força da musculatura periférica no sucesso da decanulação. Rev Bras de Terap Int. Recife, p. 56-61, 2011.

MACINTYRE, N.R.; COOK, D.J.; ELY, E.W.; EPSTEIN, S.K.; FINK, J.B.; HEFFNER, J.E. Evidence – based guidelines for weaning and discontinuing ventilatory support. A collective task force facilitated by the American College of Chest Physicians; tha American Association for Respiratpry Care and the American Colllege of Critical Care Medicine. Chest. v.120, n.6, p.375-395,2001.

MEADE, M; GUYATT, G; COOK, D; GRIFFITH, L; SINUFF, T; KERGL, C; MANCEBO, J; ESTEBAN, A; EPSTEIN,S.  Predicting success in weaning from mechanical ventilation. Chest. v.120, n.6, p.400-424, 2001.

MENDEZ-TELLES, P.A.; NEEDHAM, D.M. Early physical rehabilitation in the ICU and ventilator liberation. Respir Care. Oct; v.57, n.10, p. 1663-1669, 2012.

MOKHLESI, B; TULAIMAT, A; GLUCKMAN, T.J; WANG, Y;  EVANS, A; CORBRIDGE, T.C. Predicting Extubation Failure After Successful Completion of a Spontaneous Breathing Trial. Respir Care.v.52, n.12, p.1710 –1717, 2007.

MOODIE, L.; REEVE, J.; ELKINS, M. Inspiratory muscle training increases inspiratory muscle strength in patients weaning from mechanical ventilation: a systematic review. J of Physio.; v.57, p.213-221,2011.

NEMER, S.N; BARBAS, C.S.V. Parâmetros preditivos para o desmame da ventilação mecânica. J Bras Pneumol, v. 37, n. 5, p. 669-679, 2011.

OLIVEIRA, L. R. C.; JOSÉ, A.; DIAS, E. C. P. Padronização do Desmame da Ventilação Mecânica em Unidade de Terapia Intensiva: Resultados após um Ano. Rev. bras. ter. intensiva 2006; v.18, n. 2, p. 131-136. Outcome of Mechanical Ventilation. Chest. v.112, p. 186-192,1997.

PASSOS, E.; CASTILHO, V. G.; Papel da Enfermagem na Assistência ao Paciente em Ventilação Mecânica. J de Pneumo, n.9, p 26, Maio, 2000.

PERREN, A.; BROCHARD, L. Mananging the apparent and hidden difficulties of weaning from mechanical ventilation. Intensive Care Med. Nov; v.39, n.11, p. 18885-18895,2013.

PRESTO, B; DAMASIO, L. Fisioterapia Respiratória. 4ª Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

PRZKORA, R.; JESCHKE, M.G.; BARROW, R.E.; MEYER, W.J.; FINNERTY, C.C.Metabolic and hormonal changes of severely burned chil-dren receiving long-term oxandrolone treatmend. Ann Surg. v.242, n.3, p. 384-389,2005.

SANTOS, L. O., BORGES, M. R., FIGUÊIREDO, L. C. Comparação entre Três Métodos de Obtenção do Índice de Respiração Rápida e Superficial em Pacientes Submetidos ao Desmame da Ventilação Mecânica. Rev. Bras. Ter. Int. v.19, n.3, p.331-336,2006.

SARMENTO, G.J.V. Princípios e práticas de ventilação mecânica – 2ª ed, Manole, 2013.

TEIXEIRA, C.; MACCARI, J.G.; VIEIRA, S.R.R.; OLIVEIRA, R.P.; SAVI, A.; MACHADO, A.S.;  TONIETTO, T.F.; CREMONESE, R.V.; WICKERT, R.; PINTO, K.B.; CALLEFE, F.; GEHM, F.; BORGES, L.G.; OLIVEIRA, E.S. Impact of a mechanical ventilation weaning protocol on  the extubation failure rate in difficult-to-wean patients. J Bras Pneumol. v.38, n.3, p. 364-371,2012

VASSILAKOPOULOS, T.; PETROF, B. J. Ventilator-Induced Diaphragmatic Dysfunction. Am J Respir Crit Care Med.  v.169, p.336-341,2004.

WEAVIND, L;  SHAW, A.D; FEELEY, T.W. Monitoring ventilator weaning – predictors of success. J Clin Monit Comput. v.16, n. 5-6, p.409-416,200.

YANG, K.L. Reproducibility of weaning parameters. A need for standardization. Chest. v.102, n.6, p. 1829-1832,1992.

ZANEI, S.S.V.; CREMASCO, M.F.; WENZEL, F.;  COHRS, F.; WHITAKER, I.Y. Association between severity of illness, nursing workload and infection in critical patients. Int care med. v.36, p.422-422, editora Springer, 2010.

Grupo VOLL

Formação Completa em Pilates (Presencial)

O nome deve ter no mínimo 5 caracteres.
Por favor, preencha com o seu melhor e-mail.
Por favor, digite o seu DDD + número.