O câncer tem sido considerado há tempos um problema de saúde pública em nível mundial, especialmente quando os dados demonstram uma doença com incidência elevada.
No Brasil os novos casos apontam o câncer de próstata para os homens como o mais incidente – 68.220 novos casos – e o de mama para as mulheres, com o número de 59.700 novos casos para dados de estimativa de 2018. O câncer de mama em mulheres também representa os índices maiores em relação aos dados de mortalidade.
Tendo em vista uma doença tão incidente, muitos estudos são desenvolvidos, desde a maneira preventiva para a não ocorrência da doença até tratamentos que visam a cura.
A fisioterapia no câncer de mama vendo sendo uma área cada vez mais explorada, por isso, preparamos este artigo para você ficar por dentro e conhecer a fundo as novas abordagens fisioterapêuticas. Vamos lá?
Tratamentos para o câncer de mama
Os tratamentos para o câncer são cirúrgicos ou complementares, envolvendo quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, braquiterapia e imunoterapia.
Contudo, sabe-se que os tratamentos cirúrgicos ou complementares acabam por trazer algumas sequelas ao indivíduo que por eles passam, no caso do câncer de mama especificamente, há de se considerar toda a abordagem de tratamento que esta paciente é submetida e suas implicações na sua vida diária.
Diversos estudos apontam sequelas como a limitação da amplitude de movimento (ADM) do ombro homolateral à cirurgia, alterações de sensibilidade, diminuição dos tônus musculares e a presença do linfedema, este último se torna um problema na vida da mulher, por ser limitante tanto nas atividades diárias, como nas inter-relações pessoais, uma vez que esta alteração causa prejuízos psicológicos e sociais.
Sendo assim a fisioterapia no câncer de mama cresce à passos largos, uma vez que o profissional desta área atua tanto preventivamente, quanto no processo de tratamento, englobando a cura e reabilitação da doença.
Avanços significativos em fisioterapia oncológica tem sido estudados e publicados, recentemente é possível verificar a presença de tratamentos que envolvem a eletroterapia, a termoterapia e a fototerapia.
Aparelhos como o laser de baixa intensidade promovem melhora significativa quando usados no tratamento, bem como o LED e recursos eletroterapêuticos, todos objetivando a melhora e/ou prevenção das sequelas acima citadas. Com eles o tratamento da fisioterapia no câncer de mama tem se tornado mais completo e os resultados muito satisfatórios.
Porém, não há como fugir da sempre atuante CINESIOTERAPIA, a terapêutica que envolve exercícios fisioterapêuticos sempre será de suma importância no tratamento de reabilitação dos pacientes oncológicos.
Há tempos atrás esta era a única alternativa de tratamento para este tipo de paciente, pela até então, escassez de estudos em torno da aplicação de recursos de eletroterapia e termoterapia.
Durante anos e até os dias mais atuais estudos são desenvolvidos utilizando a cinesioterapia como base de tratamento para o pré-operatório, pós-operatório imediato e tardio em pacientes de câncer de mama.
Por um período, considerou-se que o uso de exercícios para melhora da amplitude de movimento não deveria ultrapassar 90° da amplitude de ombro prevenindo a deiscência da ferida cirúrgica, estudos realizados na época deixaram claro que, esta teoria limitava a ADM tardiamente para as pacientes e limitavam suas atividades diárias, e deve-se considerar a tolerância de cada mulher aos exercícios que promovem melhor mobilidade e flexibilidade.
Muitos estudos foram publicados verificando a função do ombro das mulheres que passaram por cirurgia e tratamentos complementares por câncer de mama e provou-se que, mesmo após muitos anos de pós-operatório, 5, 7, 11 anos, as mulheres apresentavam limitação de ADM e que isso impactava negativamente a qualidade de vida das mesmas.
Atualmente, a cinesioterapia ainda é a base do tratamento para mulheres com câncer de mama, os tratamentos cirúrgicos e complementares aplicados para a cura da doença aumentaram a taxa de sobrevida das pacientes, e métodos que implicam em melhora das sequelas advindas destes são muito bem aplicados.
O tratamento através da cinesioterapia com exercícios direcionados para cura das sequelas pela doença deve ser empregado nos períodos pré-operatório, pós-operatório imediato e tardio.
Um protocolo bem elaborado de exercícios fisioterapêuticos para este caso envolve as sequelas advindas da cirurgia como o caso da diminuição do tônus muscular, a restrição da ADM de ombro e a retirada do dreno o mais breve possível, uma vez que os exercícios atuam no auxílio da drenagem dos fluidos do pós-operatório, reduzindo assim o risco de infecções.
Os tratamentos complementares como a radioterapia também oferecem algumas alterações onde a principal delas apontadas pelos estudos gira em torno da restrição da ADM de ombro e o linfedema, a quimioterapia pela ação medicamentosa à nível corporal traz danos que vão além das já tradicionalmente conhecidas: náuseas, vômitos e alopecia; alterações de sensibilidade, alterações do tônus muscular também são verificadas, por fim a hormonioterapia e alguns casos de artralgia.
Estudos demonstram a importância dos exercícios fisioterapêuticos para melhora e/ou prevenção do linfedema, há tempos atrás acreditava-se que apenas a drenagem linfática manual poderia promover melhora do fluxo linfático e assim reduzir ou prevenir o linfedema.
Atualmente, exercícios que somam os benefícios da aplicação da amplitude de movimento e a contração muscular auxiliam o direcionamento do fluxo sanguíneo e linfático, como resultado a melhora da drenagem fisiológica ocorrerá.
Para a elaboração de um protocolo de exercícios específicos para mulheres com câncer de mama é sempre muito importante que se faça uma boa avaliação desta paciente, assim o fisioterapeuta terá o norteador necessário para a elaboração e implantação de exercícios que visem a necessidade de cada indivíduo.
Conclusão
Conclui-se, portanto, que a fisioterapia é de suma importância no tratamento das mulheres com câncer de mama, desde o pré-operatório até o pós-operatório tardio.
Os avanços tecnológicos em torno da fisioterapia no câncer de mama crescem e demonstram a necessidade de um tratamento bem elaborado, na busca da melhora ou cura da doença e suas alterações provocadas diante dos tratamentos cirúrgicos e complementares empregados.
Porém, mesmo diante destas novas terapêuticas empregadas, não se pode deixar de ter um programa de exercícios fisioterapêuticos específicos, pois os benefícios são inúmeros e vão desde a melhora destas sequelas até a promoção de uma plena e adequada qualidade de vida para a mulher que enfrenta a doença.
Referências:
Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Estimativas de novos casos. Disponível em: www.inca.gov.br. Acesso em: 09/04/2019.
Wilson, D. Exercise for the patient after breast câncer surgery. Seminars in Oncology Nursing, 2017.
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