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O movimento humano é muito complexo, definir e analisar o movimento perpassa por varias linhas de pensamento. Desde aos aspectos físicos até aspectos emocionais, sociais e psíquicos do ser.

O movimento humano não é puro e simples um deslocamento no espaço, nem uma adição de contrações musculares, o movimento tem um significado de relação afetiva com o mundo, o que projeta o individuo na sua história biopsicossocial. 

Segundo Calais-Germain, devido a essa complexidade em definir o movimento recrutando informações detalhadas e terminologias especificas que identifiquem precisamente sequências de movimento, especialistas sentiram a necessidade de adotarem posições de referência universal, assim a análise dos planos de movimento poderiam se tornar mais sistematizada e minuciosa, permitindo a compreensão dos padrões de movimento.  

Ficou curioso para conhecer mais sobre os planos de movimentos? Então continue lendo esta matéria e confira!

Posições de referência universal

Salvani et al. relata que para descrever os movimentos dos vários segmentos articulares do corpo humano, foram criadas posições universalmente aceitas. São elas:

  • Posição anatômica: posição que o corpo fica ereto com membros inferiores unidos, olhos, pontas dos pés e palmas das mãos dirigidas para frente e membros superiores estendidos e pendentes ao lado do corpo.
  • Posição de referência ou repouso: é aquela similar à postura anatômica, exceto a palma das mãos que ficam voltadas para o corpo.

Para avaliar o movimento faz-se necessário que a posição do individuo seja citada para entender a posição inicial ao qual o movimento começa.

Contudo não basta apenas analisar a posição inicial e sim compreender que associado à posição inicial há um sistema de planos de movimento e eixos imaginários que auxiliam na avaliação tridimensional do movimento.

Os planos de movimento são linhas imaginárias que passam pelo corpo humano com o objetivo de facilitar a análise do movimento de um segmento em relação ao outro. Assim podemos compreender melhor como o movimento acontece.

Existem três planos de movimento, sendo eles dois verticais e um horizontal, são eles: Frontal, Sagital e Transverso.

Plano sagital

De acordo com Calais-Germain, o plano sagital é assim denominado por passar pela sutura sagital do crânio e dividir o corpo em duas partes, a metade direita e a metade esquerda. Já segundo Filho & Pereira, o plano sagital também é denominado de mediano e consiste em qualquer corte feito paralelamente ao plano mediano dividindo o corpo ao meio é denominado de secção sagital e aos planos resultantes de para sagitais.

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Plano frontal

O plano frontal ou coronal é o plano que divide o corpo em porção anterior e posterior. Dividindo o corpo verticalmente ao meio, em ventral e dorsal (anterior e posterior).

Plano transverso

O plano transverso é o único plano horizontal e divide o corpo em parte superior e inferior.

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Eixos de movimento

Os eixos de movimentos são linhas imaginárias paralelas aos planos de movimento que são traçadas no individuo como ele estivesse em um paralelepípedo (visto anteriormente).

Os eixos principais seguem três direções ortogonais, o eixo antero-posterior presente no plano sagital ao qual desenvolvem os movimentos de flexão e extensão. O eixo longitudinal presente no plano frontal que vai da cabeça aos pés e o eixo latero-lateral ou transversal que vai do centro do corpo a lateral, ou seja, é o eixo que vai de um lado a outro do corpo.

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É importante entendermos os eixos de movimento, pois assim podemos ter uma visão tridimensional do movimento, esse movimento acontecendo nos três eixos.

Se todas as articulações do corpo tivessem apenas um eixo de movimento, o segmento poderia ser direcionado em apenas um plano. A articulação do quadril, por exemplo, se tivéssemos apenas o eixo latero-lateral, só seria analisado o movimento de flexão e extensão que ocorre no plano sagital, impedindo avaliação de outros movimentos inerentes a outros eixos e planos de movimento.

Para que os movimentos aconteçam de forma tridimensional, utilizando os três planos de movimento e seus eixos, as articulações podem possuir três eixos e três graus de movimento.

Movimentos tridimensionais

Os movimentos tridimensionais consistem na utilização dos três planos e eixos de movimento. Nosso movimento é tridimensional, executamos diariamente movimentos funcionais, realizando rotações, flexões-extensões, abdução-adução. Seja em uma modalidade esportiva ou em atividade diária como pegar uma chave no chão, tomar banho, se alimentar, entre outras.

Para a prevenção de lesões ou para o tratamento o foco nos planos de movimento trás o desenvolvimento das capacidades físicas do individuo, não só através da analise e intervenção da funcionalidade articular em seus planos de movimento mais também com atenção as cadeias musculares envolvidas em cada plano.

Segundo Osar, o trabalho em cima dos planos de movimento garante um treino tridimensional focado em benefícios, seja em modalidades esportivas ou na atividade e funcionalidade diária. Garantindo o trabalho em cadeias musculares e não em grupos musculares isolados compondo assim o equilíbrio funcionalidade articular e consequentemente na funcionalidade do corpo.

Cada articulação possui uma função, seja ela estabilizadora ou de mobilidade em sua função primordial, essa articulação precisa ser entendida isoladamente mais também analisada em seu sistema. Dessa forma, permitirá a compreensão do padrão de movimento de cada individuo avaliado.

Compreender como o paciente se movimenta como cada plano de movimento compõe e como se relaciona, trás ao profissional uma visão mais minuciosa, entendendo onde está o foco do problema e se há existência de movimentos compensatórios direcionando-o a atuar não só em possíveis reduções de dor mais também na reintegração do sistema.

Esse é o principal efeito dos planos de movimento na composição do movimento tridimensional, entender cada função isolada e sua composição no sistema. No plano sagital onde se tem os movimentos na coluna, ombro, quadril de flexão e extensão e no tornozelo dorsiflexão e flexão plantar, recrutamos as cadeias musculares retas, a anterior e a posterior.

Compreender esse mecanismo de funcionamento e sua composição no movimento tridimensional permite detectar possíveis disfunções e impactos na funcionalidade do individuo.

Esse mesmo mecanismo acontece nos planos frontal ao qual teremos na coluna a flexão lateral, no ombro e quadril abdução e adução e no tornozelo inversão e eversão. E no plano transverso onde acontecem os movimentos de rotação. Recrutando cadeias musculares retas e cruzadas. Alterações nesses planos levam a impactos nos movimentos tridimensionais que compõe o movimento humano, recrutando a fusão de todos esses planos e eixos para compor o sistema.

Conclusão

Portanto a análise minuciosa dos planos de movimento trás ao profissional um aprimoramento no olhar, permitindo entender o movimento, como ele se compõe e seus respectivos padrões de movimento.

Dessa forma, é possível direcionar qual a causa de uma possível disfunção, o que trará ao profissional a possibilidade de condutas mais assertivas e consequentemente maior probabilidade de sucesso no tratamento.  

 

Referências

CALAIS-GERMAIN, B. Anatomia para o Movimento. São Paulo: Manole, 2010.

FILHO, E. P. D. A.; PEREIRA, F. C. F. Anatomia geral. 1. ed. Sobral: INTA, 2015.

FONSECA, V. Psicomotricidade : uma visão pessoal. Revista Construção Psicopedagógica, v. 18, n. 17, p. 42–52, 2010.

OSAR, E. Exercícios corretivos para disfunções de quadril e ombro. Porto Alegre: Artmed, 2017.

SALVINI, T. D. F. et al. Movimento articular: aspectos morfológicos e funcionais. Membro superior. Barueri, SP: Manole, 2005.

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