O Melasma é um problema dermatológico que afeta cerca de 150 mil brasileiros por ano causando manchas escuras na pele. Mas você sabia que a Fisioterapia dermato funcional pode auxiliar para o tratamento da mesma?
Neste texto irei explicar afundo o que é o Melasma, como ele surge no corpo humano, quais tipos existem e como a Fisioterapia pode auxiliar para o tratamento. Vamos conferir?
Anatomia da pele
Para entender o que é Melasma, o primeiro passo é entender a anatomia da pele. A pele é composta por derme, epiderme e hipoderme. Vou explicar um pouco essas camadas da pele, porém vamos iniciar de dentro para fora hoje!
Hipoderme
A hipoderme é a camada mais profunda da pele, é formada essencialmente por feixes de tecido conjuntivo que envolvem as células adiposas. Esta camada reserva nutrientes, atua como isolante térmico, absorve choques, além de possuir também uma função de reserva de energia, garantindo então a fixação dos órgãos e protegendo o corpo contra traumas externos.
Derme
Já a derme possui muitos vasos sanguíneos, vasos linfáticos e terminações nervosas, que são responsáveis pelas sensações de frio, calor, dor, cócegas, entre outras. Nela estão localizadas as fibras de elastina e de colágeno que conferem elasticidade e firmeza à pele respectivamente e as glândulas sebáceas e sudoríparas originadas na epiderme. Mas vamos falar da epiderme, afinal, é nela que está o foco do tema da nossa matéria!
Epiderme
A epiderme é visível a olho nu e envolve todo o corpo. Não possui vasos sanguíneos e é formada por um epitélio estratificado pavimentoso, com células escamosas dispostas em várias camadas.
A mais importante dessas células é o queratinócito, que produz a queratina, uma resistente proteína responsável pela proteção e impermeabilização da pele. É na epiderme que encontramos os melanócitos, que produzem a melanina, pigmento que dá cor à pele. Nessa primeira camada estão também as células de Langerhans, responsáveis pela defesa imunológica.
A epiderme tem como função proteger o corpo contra danos externos e evitar a saída de água (mais conhecido como equilíbrio do manto hidrolipídico) e, dá origem aos anexos cutâneos: unhas, pelos, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas.
As glândulas sudoríparas além de produzirem o suor, ajudam a regular a temperatura corporal. Distribuídas por todo o corpo, as glândulas écrinas produzem o suor e o eliminam diretamente na pele, enquanto as glândulas apócrinas se concentram nas regiões das axilas, genitais e mamilos. Elas são as causadoras do odor característico do suor.
Já as glândulas sebáceas são responsáveis pela oleosidade da pele. Concentram-se em maior número no rosto, no couro cabeludo e porção superior do tronco. Por fim, os poros são orifícios formados a partir da abertura dos folículos pilossebáceos e das glândulas sudoríparas.
Melanócitos e Melanina
São células dendríticas presentes na camada basal da epiderme, no sistema nervoso central e na retina, são produtoras de melanina. Este é o principal responsável pelo pigmento da pele (cor). São células muito sensíveis. Uma vez estimulado, para sempre estimulado, nunca mais ele volta ao normal.
A melanina é uma substância pigmentar que envolve a célula, protegendo seu núcleo dos raios solares. Ela é produzida como forma de proteção à pele.
Existem tipos de melanina e esta é produzida em quantidades diferentes em cada seguimento do corpo, bem como em pessoas diferentes de acordo com o seu fototipo.
A cor da pele resulta de uma série de fatores, entre os quais o de maior importância é a quantidade de melanina. Existem dois tipos de melanina: a eumelanina, pigmento de cor castanho escuro ou preto e a feomelanina, pigmento de cor castanho avermelhado ou castanho claro.
A melanina é sintetizada no melanócito. Quando não ocorre essa síntese no melanócito ou a atividade está muito reduzida, não há produção de melanina.
O que é Melasma
Melasma é um distúrbio crônico caracterizado por manchas escuras (acastanhadas) na pele. Ocorre principalmente no rosto e podem se apresentar simétricas nos dois lados da face, mas pode acometer outras áreas do corpo também, como braços, colo e costas (áreas mais expostas ao sol).
O Melasma é mais frequente em mulheres, podendo acometer cerca de 10% dos homens. Quando as manchas aparecem durante a gravidez, se dá o nome de CLOASMA.
As causas do Melasma podem ser por fatores genéticos, alterações hormonais como na gestação ou uso de anticoncepcionais, ou longas exposições solares, entre outros fatores.
Para tratar o Melasma corretamente, precisamos entender que existem quatro vias de produção de cor que podem se tornar desordenadas:
A primeira é a via neurócrina, que funciona da seguinte forma: o nervo óptico capta a claridade do ambiente, as fibras nervosas levam a mensagem para o encéfalo (ele pensa está claro, tem sol, tem radiação. O que fazer? Me proteger da radiação!), é enviada uma mensagem para que o melanócito seja estimulado, produzindo melanina, para proteger a pele.
A segunda via é a de ação hormonal, que age assim: os hormônios do corpo “conversam” (por ligação neuronal) com os melanócitos, e eles fazem a melanogênese (que é a produção de melanina a partir do aminoácido Tirosina, por uma reação enzimática, conduzida pela Tirosinase, que faz uma oxidação). Todas as alterações hormonais aumentam essa produção ou a tornam desordenadas, formando as manchas.
A terceira via é de efeito parácrino: quando os queratinócitos (que são células vizinhas e unidades melanocitárias dos melanócitos) se sentem inflamados pelo efeito da radiação, eles começam a se comunicar entre si e enviam uma substância química, a Endotelina tipo I e faz com que os melanócitos iniciem o processo de melanogênese.
E a quarta via, que é a de ação inflamatória: quando há uma inflamação no tecido (por excesso de estímulos, por um trauma, ou outros motivos), o melanócito produz mais melanina, pois “acha” que assim irá recuperar o processo. Machucou – Inflamou – Lesionou – Ativou melanócito.
Classificação do Melasma
O Melasma pode ser classificado em 6 formas diferentes sendo elas:
- Centrofacial – é o mais comum e pode envolver as regiões malar, frontal, mentoniana, supralabial e nasal. Todas elas, ou algumas delas.
- Malar – engloba áreas malar e nasal.
- Mandibular – acomete somente esta região.
- Epidérmico – restringe-se às camadas basal e suprabasal, podendo ocasionalmente estender-se até o estrato córneo.
- Dérmico – quando há pigmentação na epiderme, na derme superior e média.
- Misto – Melasma epidérmico e dérmico podem coexistir em uma mesma área, a maioria dos melasmas se apresentam desta forma.
Como avaliar corretamente o Melasma?
O equipamento mais indicado para avalias o Melasma é o Dermaview ou DermaScan, onde há uma escuridão total dentro de uma “câmara” e a pele é avaliada com a luz branca e a luz UV, para identificar a profundidade das manchas, se elas estão a nível dérmico ou epidérmico.
A avaliação deverá ser feita com a pele totalmente limpa e isenta de quaisquer substâncias, para que não haja interferência de cosméticos.
Ao acender a luz, aguardar cerca de 4 minutos antes de iniciar a avaliação para que aconteça o aquecimento da lâmpada e manter distância de aproximadamente 20 centímetros.
A lâmpada de Wood, não tem precisão total, por não trazer a cabine de proteção.
O que Conseguimos Ver e Avaliar Através da Lâmpada Ultravioleta?
O procedimento através da lâmpada ultravioleta é capaz de ver e avaliar os seguintes casos:
- Manchas hipocrômica: (brancas) tem limites definidos;
- Melasma epidérmico: acentua a coloração das manchas, apresenta-se mais escura;
- Melasma dérmico: não acentua, sua cor se apresenta mais azulada, aparecendo da mesma forma;
- Melasma misto: em algumas áreas teremos aumento de cor e outras não;
- Fluorescência intensa: é a presença de oleosidade;
- Fluorescência diminuída: é a presença da desidratação.
O que piora o Melasma?
Se engana quem acha que é só o sol que piora as manchas ou o Melasma. Luminárias, telas de computador, TV e até mesmo o celular são fontes de radiação. Ou seja, até em um ambiente fechado é essencial o uso do protetor solar. Toda fonte de calor piora o Melasma. Por isso, quem trabalha na cozinha, com ferro de passar ou os cabeleireiros também precisam se proteger o dia todo.
Atenção profissionais da área da estética: Radiofrequência e Luz Intensa Pulsada geram calor, esses procedimentos pioram o Melasma.
O Melasma não tem cura, mas tem controle, toda e qualquer exposição a mínimos raios solares é capaz de estimular o seu surgimento, reaparecimento ou a sua piora.
Alguns casos de cloasmas, quando a gestante não se expõe ao sol, ele pode desaparecer espontaneamente após a gestação, são casos mais raros, porém acontece.
É fundamental o uso de protetores solares potentes sempre que houver exposição da pele ao sol, mormaço ou qualquer tipo de exposição a fontes de radiação, devendo-se dar preferência aos que contenham filtros físicos, que bloqueiam a passagem da radiação UV, como o dióxido de titânio.
Tipos de tratamento
Um dos tratamentos feito é com o uso de substâncias despigmentantes, aplicadas na pele. A associação dos despigmentantes com alguns tipos de ácidos geralmente aumenta a eficácia daqueles. Quando o pigmento se localiza mais profundamente, a melhora é mais difícil, exigindo persistência para se obter um bom resultado.
Aparelhos que geram esfoliação superficial (remoção de estrato córneo), como a microdermoabrasão (peeling de diamante de cristal ou de diamante) e peeling ultrassônico facilitam a permeação de ácidos e substâncias clareadoras, ajudando a remover o pigmento das camadas superiores da pele.
Agulhamento
Também é um dos tratamentos propostos, ele pode ser feito com o rolo de microagulhamento ou com o dermógrafo para duas finalidades:
1ª: gerar pequenas lesões na pele para ativar os fagócitos (que são células de limpeza do organismo), eles farão toda a limpeza da região e fagocitam junto a melanina.
2ª: realizar a introdução, a permeação mais profunda dos cosméticos que poderão ser utilizados no tratamento. Sempre com muita cautela!
LED
É um diodo envolto por um encapsulamento que quando submetido à corrente elétrica emite fóton (luz). Dependendo do comprimento da onda, emitirá uma cor de luz diferente.
A absorção da luz é comprimento de onda dependente, ou seja, comprimentos de onda mais longos penetram mais profundamente que os mais curtos. Por ser uma fototerapia de baixa potência, pode ser utilizado em todos os fototipos cutâneos.
Luz Azul (450 a 495 nm): alcança somente a epiderme, tendo função bactericida, viricida ou fungicida. A luz azul tem grande utilização no tratamento da acne. A P. Acne, como parte de seu processo metabólico, sintetiza porfirinas que são cromóforos (células-alvo) e que têm seu pico de absorção no espectro de luz azul.
Luz Âmbar (570 a 590 nm): a luz âmbar também tem ação drenante e desintoxicante, promovendo melhora da circulação sanguínea e linfática.
Melhora também a circulação local e o metabolismo, estimula o reparo tecidual (cicatrização) e também tem ação anti-inflamatória.
Luz Vermelha (620 a 750 nm): atua na derme como ativadora de fibroblastos e células de reorganização e firmeza da pele. Atua na síntese de fibroblastos, aumentando a deposição de colágeno e reduzindo a atividade da colagenase nas papilas dérmicas. Descreve-se que a ação deste comprimento de onda atua modulando a energia celular, a adenosina trifosfato (ATP), aumentando a produção de colágeno e elastina da derme.
Luz infravermelha (780 a 1200 nm): ação anti-inflamatória e analgesia temporária. Também possui efeito antiedematoso e pode ser usado na rede ganglionar para ativar o sistema linfático.
DICA: O uso de um bom cosmético associado ao LED azul e/ou âmbar traz mais resultados ao tratamento do melasma, pois ele auxilia na penetração do produto, além de ser sintetizado pela porfirina, e sua penetração é somente da derme, o que deixa a terapia mais segura.
Laser
O laser deverá conter um pulso rápido que permita um choque de energia no pigmento em um intervalo de tempo curto. Desta forma não há aquecimento na pele, nem do melanócito, não promovendo mais manchas à pele do paciente.
O Laser causa um “impacto” que quebra a estrutura do pigmento e este será fagocitado e absorvido totalmente pelas nossas células.
Estes laseres só possuem atração por pigmento, não agredindo nenhuma outra estrutura ao redor.
O laser utilizado é o Nd-Yag Q-Switched (Spectra, Elektra, Vektra).
Cosmetologia
Ácido Glicólico: Alfa-hidroxiácido (AHA) derivado principalmente da cana de açúcar. Por ter baixo peso molecular, tem a melhor penetração, sendo de rápida absorção.
Ácido Fítico: Apresenta intensa atividade clareadora por inibir a ação da tirosinase; clareia manchas hipercrômicas de diversas etiologias de uma forma segura e progressiva; componente presente em todos os cereais.
Ácido Tioglicólico: possui grande afinidade pelo ferro, tendo a capacidade por quelar o ferro da homossiderina, sendo uma potente arma para tratamentos de olheiras, hiperpigmentação pós escleroterapia ou pós cirurgico (por exemplo). Também é eficaz nos tratamentos das manchas resistentes a despigmentantes convencionais.
Ácido Tranexâmico: Inibe a síntese de melanina por ação indireta; reduz a hiperpigmentação resultante de cicatrizes de acne. Essa substância bloqueia a conversão do plasminogênio em plasmina, substância que causa a hiperpigmentação do melasma, inibindo sua formação. O uso do ácido tranexâmico pode ser por via oral, que age na plasmina, evitando a formação de agentes inflamatórios que causam estímulo negativo ao melanócito. Ou seu uso em cremes na concentração de 3 a 5%.
Ácido kójico: É um derivado do arroz que também inibe a ação da tirosinase.
Arbutin: é um derivado metabólico da hidroquinona, inibe a tirosinase e pode ser usado de 2 a 4% provocando menor irritação que a hidroquinona.
Belides: Clareador natural de alta eficácia que atua antes, durante e após a formação de melanina na pele. Com capacidade de inibição da síntese da melanogênese por controlar o efeito parácrino.
Hidroquinona: age na tirosinase provocando sua inibição. Ela é derivada do fenol sendo citotóxica, principalmente se usada em doses altas e períodos prolongados. Sua utilização para tratamento do melasma deve ser na concentração de 4 a 5%. Concentrações de 2% são menos ativas e utilizadas em cosméticos terapêuticos pois até este nível não há efeitos colaterais marcantes. Concentrações maiores do que 10% irritam a pele provocando avermelhamento e piora da mancha.
Polypodium leucotomos: ativo de uma planta da Costa Rica muito eficaz em proteger a pele dos raios ultravioleta. Este é um agente anti-inflamatório, que protege do dano celular e tem propriedades calmantes.
Vitamina C: de uso tópico em doses adequadas inibe a ação da tirosinase além de ter efeitos antioxidantes. Novos produtos estão no mercado com concentrações mais altas, porém há dificuldades de estabilização e penetração. O produto eficiente é aquele que tem concentração entre 5% a 10% de ácido ascórbico em solução hidroalcóolica. A atividade antioxidante da vitamina C é importante uma vez que a radiação solar induz a melanogênese incitando a formação de radicais livres.
Protetor Solar
O filtro solar tópico deve ser usado todos os dias, reaplicando de 3 em 3 horas para quem se expõe ao sol. Com proteção UVA e UVB. A associação de filtros químicos e físicos é melhor, pois incrementa a qualidade do bloqueador.
Fotoprotetores sistêmicos:
Extrato de Polypodium leucotomos, vitamina C, a vitamina E, o Zinco e o Selênio quelado, garantem também uma boa ação antioxidante.
Sugestão de Peeling e Proteção Oral
Existem alguns componentes que eu como Fisioterapeuta Dermato Funcional costumo utilizar para esses tratamentos que tem sido eficaz como:
- Oli Ola 300mg
- Polypodium leucotomus 240mg
- Ac. tranexâmico 250mg
- Picnogenol 40mg
- 30 caps. Ingerir uma cápsula ao dia.
Mas lembre-se: cada corpo trabalha de uma forma diferente, sendo assim, é importante que você avalie seu paciente minuciosamente e realize o tratamento conforme suas necessidades e restrições.
Dicas importantes para obtenção de melhores resultados no tratamento do Melasma
É muito importante que você tenha cuidado no momento de realizar os procedimentos para o tratamento do Melasma, mas aqui deixo algumas dicas importantes que irão auxiliar para a melhora dos resultados:
- Evitar exposição solar.
- Evitar o uso de drogas fotosensibilizantes.
- O uso de anticoncepcionais precisa ser descontinuado para obter melhores resultados uma vez que há associação direto do estrógeno e progesterona com o Melasma.
- A agressão e manipulação da área com Melasma deve ser evitado. Toda inflamação no local tende a escurecer mais a mancha devido a pigmentação pós inflamatórias.
Conclusão
O tratamento do Melasma é prolongado, a resposta não é imediata e sempre deverá contar com a cliente seguindo todas as orientações do profissional.
Desta forma, leve em consideração o tipo de pele de seu paciente, pesquise afundo o problema para que ele possa ser realizado de forma eficaz.
Parabéns a Fisioterapeuta Ana Carolina Guedes pela matéria… Sensacional .
Tratamentos eficaz com ótimos resultados eu já presenciei .
Ana Carolina Guedes, thanks for the article post.Really thank you! Great.
Obrigada pelas informações sobre microagulhamento bh
Parabéns, muito bem explicado, eu não sabia que a luz pulsada piora agora estou ciente. Gostei da matéria .
Esqueceu de citar o autor da explicação.Rafael Ferreira .
Olá, estou fazendo tratamento de melasma, tenho a pele morena, 41 anos, não tenho filhos e faz 1 ano que não tomo anticoncepcional. E atualmente estou na terceira aplicação de um produto que você citou ali na explicação. aplicação é por microagulhamento. Estou quase desanimando, pois não vejo muito resultado. Quando você diz que esse tipo de tratamento é demorado, você estipula um prazo?
Melhor matéria que li até hoje sobre melasma… meus parabéns!!
OK obrigada pela informação sobre a luz do celular e computador que também contribui para o problema e o aumento do melasma Caroline Guedes.👏👏