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Os meniscos são estruturas fibrocartilaginosas semicirculares que funcionam como um “amortecedor”, ou seja, eles são responsáveis por amortecer as forças aplicadas ao joelho em todo o arco de movimento. Estão localizados entre os côndilos femorais e o platô tibial. Os meniscos possuem diversas funções, como: transmissão de força, absorção de choque, estabilização articular, nutrição da cartilagem e lubrificação articular.

Eles transmitem aproximadamente 50% das forças de sustentação do peso corporal durante a extensão e 85% na flexão. Sua função na absorção do choque no ciclo da marcha ocorre por meio da via de deformação visco elástica.

O formato dos meniscos contribui para a distribuição do líquido sinovial por toda a articulação contribuindo para a lubrificação e nutrição da cartilagem. Sua borda periférica, espessa e convexa encontra-se intimamente aderida na cápsula articular. Uma lesão nos meniscos prejudica essa proteção e expõe a cartilagem ao desgaste, facilitando o processo de artrose na articulação.

Como funciona a anatomia do joelho

A articulação do joelho é constituída por três ossos: o fêmur, a tíbia e a patela, os quais são unidos por vários ligamentos, e pelos meniscos. Em cada joelho, existem dois meniscos, o medial (do lado interno do joelho) e o lateral (do lado externo do joelho).

A principal função deles é a de distribuir a carga que passa na articulação para ajudar a diminuir a pressão sobre a cartilagem que recobre os ossos no joelho. Toda a articulação está envolta pela cápsula articular, a qual possui o líquido sinovial, responsável pela lubrificação.

O joelho é a articulação intermédia do membro inferior, pode ser considerada uma articulação em “dobradiça” (entre fêmur e tíbia), que trabalha, essencialmente, em compressão devido à ação da gravidade. O principal grau de liberdade da articulação do joelho é o da flexão-extensão, realizada no eixo transversal. Porém, quando a perna está fletida, a articulação do joelho permite, de forma acessória, um segundo grau de liberdade, a rotação sobre o eixo longitudinal da perna.

Do ponto de vista mecânico, o joelho possui uma grande estabilidade quando está em extensão máxima devido a área de contado entre fêmur e tíbia que “bloqueiam” os movimentos, e grande instabilidade quando está em flexão, devido a área de encaixe frouxo, ficando o joelho mais vulnerável a lesões dos meniscos e ligamentos.

O que são as lesões no menisco?

Tipos de lesões no Menisco

As lesões nos meniscos podem ocorrer quando o joelho em posição flexionada ou parcialmente flexionada é submetido a uma força rotacional de grande magnitude, fazendo com que o menisco seja comprimido entre o fêmur e a tíbia, levando à lesão. As rupturas são mais frequentes estão relacionadas a episódios traumáticos, principalmente com os jovens que praticam atividades esportivas. Já em pessoas com idade mais avançada, as lesões podem ocorrer em pequenos movimentos rotacionais durante a realização de atividades diárias.

Existem dois meniscos, o medial e o lateral. O menisco medial é semicircular e está anexado ao ligamento colateral medial do joelho e se move pouco, cerca de 2 a 5 mm para dentro da articulação, por isso ele é mais propenso a lesões. No caso do menisco lateral, o seu formato é um pouco circular, e ele move bastante, cerca de 9-11 mm, e por isso tem menos chance de sofres lesões.

Sendo assim, o menisco medial por ser mais fixo do que o lateral, e acompanhar a tíbia durante os movimentos do joelho, é o mais lesado, e o menisco lateral, por ser mais móvel e acompanhar o fêmur, principalmente durante a rotação através dos ligamentos menisco femorais, é menos suscetível a lesões.

Porém, nas lesões agudas do ligamento cruzado anterior (LCA), o menisco lateral é o mais acometido, em decorrência das grandes forças rotatórias criadas. Já nas lesões crônicas do LCA, o menisco medial é o mais acometido, como resultado dos repetidos episódios de translação anterior da tíbia, que levam a um aumento de pressão sobre o corno posterior do mesmo menisco.

Tipos de lesões no menisco

As lesões de menisco são classificadas de acordo com a localização, relacionando-se à vascularização meniscal, e quanto ao padrão da lesão. Assim, de acordo com a vascularização, três regiões são descritas: vermelha-vermelha, no terço periférico do menisco; branca-branca, que corresponde aos dois terços internos avasculares; e a zona de transição vermelha-branca, que fica entre as duas anteriores.

Quanto ao padrão da lesão, são classificadas como verticais, horizontais e complexas. E ainda podem ser classificadas em degenerativa e traumática.

Lesão Degenerativa

A lesão degenerativa do menisco é mais encontrada em pessoas com mais de 40 anos. Este tipo de lesão é causado pelo desgaste natural da cartilagem e perda das propriedades elásticas dos meniscos, que ficam mais frágeis e susceptíveis a traumas. Os tipos de lesão mais frequentemente encontrados são horizontais, oblíquas e complexas.

Lesão por trauma

As lesões meniscais traumáticas estão diretamente relacionadas a eventos de trauma direto como entorses ou movimentos rotacionais bruscos. É mais encontrada em indivíduos jovens praticantes de esporte. Este tipo de lesão meniscal é caracterizada por lesões verticais, as quais são subdivididas em longitudinais, radiais e oblíquas. É muito comum a lesão do menisco vir associada a lesão ligamentar, principalmente ao ligamento cruzado anterior (LCA).

Identificando o risco de lesão no menisco do seu aluno

Apresentam risco de lesão indivíduos jovens praticantes de esporte como futebol, basquete, e lutas no geral, entre outras, devido à exposição ao risco de entorses e golpes direto. E ainda, pessoas acima dos 50 anos, as quais já podem estar apresentando degeneração da cartilagem e do menisco devido ao processo do envelhecimento.

Sintomas apresentados por quem sofre com menisco rompido

Os principais sintomas da lesão do menisco são: dor, estalido e bloqueio articular. Geralmente a dor é agravada quando o indivíduo faz movimentos como agachar, correr ou cruzar as pernas, e está localizada na região lateral do joelho (interna ou externamente, dependendo do menisco lesionado). Durante a realização desses movimentos, até mesmo durante o caminhar, pode ocorrer o “travamento” da articulação do joelho, causada pelo deslocamento do menisco de um lado para outro, o que gera estalos e bloqueios em certas posições.

Diagnosticando lesão meniscal – olhar do fisioterapeuta

O diagnóstico da lesão de menisco é caracterizado pela história de trauma em torção no joelho, seguido de dor, acompanhado ou não por derrame articular. O derrame articular, por sua vez, pode ser causado por sangramento, quando a lesão acomete a zona periférica vascular do menisco. Lesões na zona avascular podem levar a irritação da membrana sinovial, provocando sinovite e derrame por aumento na produção do líquido sinovial.

O paciente pode se queixar também de bloqueio da articulação do joelho, da flexão ou da extensão, quando uma parte do menisco lesado se dirige para o centro da articulação, limitando os movimentos. No exame físico, à inspeção, pode se constatar a presença ou não de derrame, edema, e também hipotrofia da musculatura do quadríceps, mais evidenciada nas lesões crônicas por desuso do membro acometido.

Um dos sinais clínicos mais importantes para o diagnóstico de lesão meniscal é a presença de dor à palpação na interlinha articular do lado acometido. O diagnóstico é confirmado com auxílio de testes específicos para investigação da lesão de qual menisco foi lesionado.

Os dois testes mais utilizados e de maior eficácia diagnóstica, são:

Teste de McMurray: é feito com o indivíduo deitado em decúbito dorsal, com as pernas em posição neutra, onde o examinador posicionará uma das mãos na articulação do joelho, de modo que seus dedos toquem a linha articular medial e o polegar e a eminência tenar se apoiem sobre a linha articular lateral, e a outra mão irá segurar o calcanhar e flexionar a perna completamente enquanto roda a perna interna e externamente, realizando um esforço em valgo empurrando a face lateral, enquanto concomitantemente a perna é rodada externamente.

Mantenha o esforço em valgo, a rotação externa e estenda a perna lentamente, palpando a linha articular medial. Se a manobra produzir um estalido audível ou palpável no interior da articulação, provavelmente haverá ruptura do menisco medial, que preferencialmente se da na sua porção posterior.

Teste de compressão de Apley: é feito com o indivíduo em decúbito ventral, com uma das pernas fletidas a 90°, onde o examinador posicionará uma das mãos, levemente, na face posterior da coxa do indivíduo para fixa-la, e a outra mão irá mobilizar o calcanhar com firmeza visando comprimir os meniscos lateral e medial, rodando a tíbia interna e externamente mantendo a compressão.

Se a manobra provocar dor, peça para o paciente localiza-la com precisão. Dor na face medial indica lesão do menisco medial, e dor na face lateral sugere lesão do menisco lateral.

Processo de reabilitação através da fisioterapia

A fisioterapia é considerada um tratamento conservador, ou seja, é uma alternativa para indivíduos que não apresentam necessidade de intervenção cirúrgica, podendo estar associada ao uso de anti-inflamatórios. É indicada em casos de lesão degenerativa do menisco ou lesões traumáticas menores visualizadas através da ressonância magnética.

A reabilitação visa diminuir os sintomas inflamatórios e dolorosos, manutenção ou ganho da amplitude de movimento, fortalecimento muscular, aumento da estabilidade articular, estimulação proprioceptiva, condicionamento aeróbico, e retorno a atividade esportiva ou de vida diária.

Prevenindo lesões no menisco

A melhor forma de prevenir lesões meniscais é evitar trauma direto e movimentos rotacionais bruscos, além do fortalecimento global da musculatura, principalmente do CORE (que é o “centro do nosso corpo”). O CORE é formado por vários músculos profundos localizados no tronco, abdômen, quadril e assoalho pélvico. E estes músculos estando fortalecidos, permitem uma melhor mobilidade dos membros, tanto inferiores quanto os superiores, ficando menos susceptíveis a lesões.

Exercícios fisioterapêuticos para lesões meniscais

Alongamentos necessários para os músculos do joelho

O alongamento muscular é muito importante para o ganho de flexibilidade, e manutenção da amplitude de movimento. Pode ser realizado passivamente, ou de forma ativa.

  1. Alongamento passivo do músculo isquiotibiais
  2. Alongamento passivo do tensor da fáscia a lata e glúteo médio
  3. Alongamento dos músculos quadríceps, tríceps sural e isquiotibiais

Exercícios para restabelecimento da amplitude articular

Podem ser utilizadas mobilizações passivas, e técnicas de terapia manual com Maitland e Mulligan, que além de auxiliarem na recuperação da amplitude articular, promovem o alívio da dor.

Fortalecimento muscular

Deve ser realizado o fortalecimento global da musculatura bilateral, incluindo tronco e membros superiores, e não apenas dos membros inferiores, porém o foco é do membro que o menisco está lesionado. Os exercícios de fortalecimento podem ser realizados de forma isométrica e isotônica, com uso de caneleiras e elásticos.

  1. Fortalecimento de Glúteo Médio

Inicialmente, é realizado o fortalecimento de quadríceps e flexores de quadril com o membro inferior em extensão de joelho, posição de maior estabilidade da articulação.

  1. Fortalecimento isométrico dos músculos de iliopsoas e quadríceps

A mecanoterapia também é indicada, de acordo com a fase que o indivíduo se encontra. Deve ser usada com cautela, dentro de uma angulação segura.

Treino funcional proprioceptivo

Propriocepção é o termo utilizado para descrever a percepção do próprio corpo e inclui a consciência da postura, sensação do movimento e posicionamento da articulação. As articulações necessitam de informações precisas e rápidas sobre o correto posicionamento articular, o grau de amplitude e alinhamento corporal.

Os movimentos ou mudanças na posição de uma articulação estimulam uma variedade de receptores que permitem a apreciação consciente da posição dos membros no espaço. O objetivo do treinamento funcional proprioceptivo é manter o equilíbrio postural e a estabilidade articular para promover o retorno dos indivíduos as atividades diárias e esportivas.

Os treinos funcionais proprioceptivos devem ser compostos por exercícios dinâmicos, multidirecionais e com instabilidade, ou seja, deve-se causar propositalmente desequilíbrio e instabilidade durante a execução de determinados exercícios, ativando ao máximo os receptores sensoriais e fibras musculares.

Dessa forma, saltos, corridas, mudanças abruptas de direção e exercícios resistidos realizados em superfícies instáveis fazem parte de um programa proprioceptivo. Diversos equipamentos podem ser utilizados, tais como: bolas suíças, bozzu, cama elástica, balancinho, e pisos irregulares (areia, gramado, terrenos acidentados), etc.

Tratamento pós-operatório na piscina

O pós operatório em piscina, também conhecido com hidroterapia, ou hidrocinesioterapia, utiliza as propriedades físicas da água, juntamente com o seu aquecimento para promover inúmeros benefícios tais como: relaxamento muscular, redução da sensibilidade a dor, além de auxiliar na diminuição do edema devido a pressão hidrostática que funciona como uma meia de compressão.

Além disso, facilita movimentos articulares através da diminuição da força da gravidade e impacto, que é muito importante durante o treino de marcha. Também promove consciência corporal, e melhora o equilíbrio e a autoconfiança. Os exercícios podem ser realizados com o indivíduo em decúbito dorsal com a ajuda de flutuadores, e também em bipedestação.

Tratamento alternativo para a lesão meniscal

Nos casos onde o tratamento conservador, ou seja, a fisioterapia, não obteve sucesso, a cirurgia artroscópica (cirurgia com 2 ou 3 cortes pequenos na frente do joelho) com a remoção do fragmento lesionado do menisco deverá ser realizada. Nos casos de lesão degenerativa, a sutura (costura) meniscal está contraindicada, já que não há chance de cicatrização.

Em casos de lesão meniscal por trauma do joelho, o que acontece normalmente em pacientes mais jovens e desportistas, o tratamento normalmente é cirúrgico com a tentativa de sutura (costura) do menisco lesionado por artroscopia. Porém, não são todas as lesões de menisco que são passíveis de sutura.

As lesões fora da zona vermelha (zona que recebe o suprimento sanguíneo – o terço mais periférico do menisco) tem chances menores de cicatrização, e por isso, a remoção do fragmento deverá ser considerada.

Exercícios fisioterapêuticos que não devem ser praticados com lesão no menisco

O indivíduo que apresenta lesão meniscal não deve realizar exercícios que estimulem o limite da amplitude máxima do movimento de flexão do joelho, ou qualquer exercício que cause rotação da tíbia sobre o fêmur.

O que esperar do tratamento fisioterapêutico?

O tratamento fisioterapêutico vem ganhando reconhecimento nos últimos anos, possibilitando um grande potencial de recuperação, e apresentando bons resultados em até 70% dos casos de lesões meniscais. Lembrando que, o sucesso e o resultado alcançado vai depender da dedicação do indivíduo durante o processo de reabilitação, e na continuidade dos exercícios aprendidos.

Benefícios do tratamento fisioterapêutico

Os principais benefícios são:

  • Diminuição do processo inflamatório
  • Alívio da dor
  • Recuperação da amplitude de movimento
  • Aumento da força muscular
  • Melhora do sinergismo muscular
  • Aumento da estabilidade articular
  • Melhora do equilíbrio e controle sensório-motor
  • Melhora da consciência corporal durante o gesto esportivo

Cuidados especiais durante o tratamento de lesões no menisco

Indivíduos que tiveram lesão meniscal devem evitar movimentos rotacionais, pois os “giros” com a base (os pés) fixa podem colocar seu menisco em risco. Esportes de contato ou atividades que envolvem o uso intenso dos joelhos devem ser retomados gradativamente com acompanhamento do fisioterapeuta durante o programa de reabilitação.

Menisco regenera?

O menisco não regenera devido à baixa vascularização. Uma vez lesionado, é necessário realizar a fisioterapia, como tratamento conversador, e dependendo do tipo de lesão do menisco e pratica desportiva do indivíduo, será indicada cirurgia para reparo meniscal ou meniscetomia.

Conclusão

As lesões meniscais causam impacto negativo na vida do indivíduo, devido a diminuição das suas atividades normais de vida diária e afastamento temporário da sua prática desportiva. Porém, o tratamento conservador é bem satisfatório, e o processo de reabilitação é rápido. O retorno ao esporte ou a “vida normal” varia entre 3 a 6 meses, mesmo se houver necessidade cirúrgica.

A maioria das lesões podem ser evitadas apenas utilizando medidas preventivas, através do fortalecimento muscular e evitando trauma direto e movimentos rotacionais bruscos com a perna fixa. Uma musculatura forte e com boa flexibilidade ajuda na estabilização dos joelhos e de outras estruturas em geral. E para quem já teve ruptura do menisco, deve continuar realizando um programa intenso de exercícios para manutenção da força, da estabilidade articular, e para prevenir novas lesões.

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