Quem nunca sentiu formigamento nas mãos depois de dormir em uma posição estranha ou apoiar o braço por muito tempo? Em alguns casos, a sensação vai embora rápido, quase sem ser notada. Mas há momentos em que ela persiste, volta com frequência ou aparece em situações inesperadas.
Esse desconforto, chamado de parestesia, pode ser temporário ou crônico, e entender essa diferença é importante para saber quando agir. Em situações passageiras, como pressão sobre o nervo causada por postura, o formigamento tende a desaparecer em segundos ou minutos. Já quando há causas estruturais ou metabólicas, ele pode durar horas, dias ou se tornar constante.
O que muita gente não sabe é que esse sintoma pode estar ligado a diferentes fatores, alguns passageiros, outros mais sérios, e a forma como ele se manifesta diz muito sobre o que pode estar acontecendo no corpo.
Uma dúvida comum é: “Se só sinto à noite, é menos grave?”, nem sempre. Há condições como a síndrome do túnel do carpo que costumam se manifestar durante o sono por conta da posição natural dos punhos, mas isso não significa que não mereçam atenção.
A seguir, vamos explorar o que pode estar por trás do formigamento nas mãos, quando ele merece atenção especial e quais caminhos podem ajudar a descobrir a causa e tratar de forma eficaz.
4 causas mais comuns do formigamento nas mãos
Embora seja fácil associar o formigamento nas mãos apenas à postura, existem diversos fatores que podem estar por trás dessa sensação, listamos os 4 mais comuns abaixo.
1. Compressão nervosa
Problemas como síndrome do túnel do carpo ou hérnia de disco cervical podem comprimir nervos, causando dormência e formigamento. Estudos mostram que a síndrome do túnel do carpo afeta até 5% da população, sendo mais frequente em mulheres entre 40 e 60 anos.
2. Má circulação
Alterações vasculares dificultam a chegada de sangue às extremidades, gerando essa sensação. Condições como doença arterial periférica e fenômeno de Raynaud podem causar esse sintoma, especialmente em ambientes frios.
3. Deficiências nutricionais
A falta de vitaminas do complexo B, especialmente B12, pode comprometer a função nervosa. A deficiência de B12 é mais comum em pessoas acima de 50 anos, veganos sem suplementação e indivíduos com doenças gastrointestinais que prejudicam a absorção.
4. Doenças crônicas
Diabetes, esclerose múltipla e doenças autoimunes estão entre as condições que podem causar sintomas persistentes. No caso do diabetes, o formigamento é muitas vezes sinal de neuropatia periférica, que afeta cerca de 50% dos diabéticos ao longo da vida.
Quando o formigamento nas mãos é frequente, prolongado ou vem acompanhado de dor, fraqueza, perda de sensibilidade ou alterações de temperatura na pele, é hora de buscar avaliação profissional.
Outra pergunta comum é: “Se melhorar quando mexo a mão, posso ignorar?”, não necessariamente. A melhora temporária não exclui problemas que vão evoluindo com o tempo.
Sintomas que ajudam a diferenciar cada causa
Nem todo formigamento nas mãos é igual. Quando há compressão nervosa, por exemplo, é comum que o incômodo venha acompanhado de dor em queimação, sensação de choque ou perda de força na mão.
Já nos casos de má circulação, a pele pode ficar pálida, fria ou arroxeada.
Deficiências nutricionais tendem a provocar sintomas mais difusos, afetando ambas as mãos de forma simétrica, enquanto doenças crônicas podem trazer episódios prolongados, muitas vezes associados a outros sinais, como fadiga e alterações na sensibilidade.
Prestar atenção a esses detalhes pode ajudar o profissional de saúde a chegar ao diagnóstico mais rápido.
Hábitos diários que pioram ou aliviam o formigamento nas mãos
Pequenos ajustes na rotina podem impactar o formigamento nas mãos, como passar horas digitando sem pausas, dormir com o punho dobrado ou usar objetos pesados de forma repetitiva pode agravar sintomas ligados à compressão nervosa.
Por outro lado, manter pausas ativas durante o dia, alongar os braços regularmente e garantir uma boa hidratação ajuda na circulação e na saúde dos nervos.
O uso de teclados e mouses ergonômicos, bem como apoio adequado para punhos e braços, também pode prevenir crises em quem já tem predisposição.
A importância da fisioterapia no tratamento do formigamento nas mãos
A fisioterapia pode ajudar de duas formas: na reabilitação, quando a causa já foi identificada, e na prevenção, ajustando hábitos e posturas para evitar a sobrecarga sobre nervos e articulações.
No caso de compressões nervosas, por exemplo, o fisioterapeuta pode utilizar técnicas manuais, exercícios específicos e orientações ergonômicas para aliviar a pressão sobre o nervo afetado. Pesquisas apontam que técnicas como exercícios de deslizamento neural e mobilizações articulares podem melhorar a condução nervosa e reduzir sintomas em pacientes com síndrome do túnel do carpo.
Já quando a origem do formigamento nas mãos é vascular, exercícios que estimulam a circulação e a mobilidade podem ser incluídos no plano de tratamento. Caminhadas leves, alongamentos ativos e até mudanças de temperatura controladas (como banhos alternados de água quente e fria) podem auxiliar na resposta circulatória.
Entender a raiz do problema é essencial para um tratamento eficaz, por isso, a fisioterapia costuma trabalhar em conjunto com médicos e outros profissionais da saúde. Em alguns casos, exames como eletroneuromiografia, ultrassonografia vascular ou ressonância magnética ajudam a confirmar o diagnóstico antes de iniciar o protocolo de reabilitação.
Quando procurar ajuda imediatamente
Algumas situações exigem atenção médica urgente:
- Formigamento súbito, acompanhado de fraqueza ou dificuldade para falar;
- Perda de força significativa ou coordenação;
- Alterações na visão junto com o sintoma;
- Formigamento após uma lesão na cabeça, pescoço ou coluna.
Nesses casos, pode haver risco de condições como Acidente Vascular Cerebral (AVC), lesões graves ou compressão nervosa aguda, e o atendimento rápido faz diferença no prognóstico.
Outra dúvida que muitas pessoas têm é: “Se passar depois de alguns minutos, ainda preciso ir ao médico?”, se o sintoma foi intenso e acompanhado de outros sinais neurológicos, a resposta é sim.
Conclusão
O formigamento nas mãos pode variar de algo totalmente inofensivo a sinal de uma condição que exige tratamento especializado. Saber diferenciar quando ignorar e quando buscar ajuda é o primeiro passo para cuidar da saúde e evitar complicações.
Se o sintoma for frequente, prolongado ou acompanhado de outros sinais, procure avaliação profissional. Assim, é possível identificar a causa, tratar de forma adequada e, muitas vezes, prevenir que o problema volte a acontecer.
E vale lembrar: quanto antes você entender o motivo por trás desse sinal, maiores as chances de recuperação completa e de evitar limitações no futuro.