A chegada de um bebê muda tudo, inclusive o corpo. A maternidade transforma a rotina, os sentimentos e cada detalhe físico da mulher. Durante a gestação, o abdômen se adapta para dar espaço à vida que cresce ali. E entre tantas mudanças naturais, a diástase após a gravidez é uma das mais comuns, e muitas vezes, ignoradas ou mal compreendidas.
Muitas mulheres descobrem a diástase por acaso, ao notar uma saliência no abdômen, dificuldade para ativar o core ou até dores na lombar. E aí surge a dúvida: é normal? Tem tratamento? Dá pra reverter?
Se você também tem essas perguntas, este artigo é pra você. Vamos conversar de forma clara e objetiva sobre o que é a diástase após a gravidez, como ela impacta o corpo e de que maneira o Pilates pode auxiliar na recuperação. Boa leitura!
O que é diástase abdominal?
A diástase abdominal é a separação dos músculos retos do abdômen, que ocorre quando o tecido conjuntivo (linha alba) que os une se estica causando uma frouxidão excessiva.
Essa condição é comum durante a gravidez devido ao crescimento do útero, que exerce pressão sobre a parede abdominal.
Após o parto, essa separação pode persistir, resultando em uma protuberância ou até mesmo em uma diminuição de colágeno na região central do abdômen, dor lombar, diafragma hipertônico e hipotônico, entre outros sintomas desconfortáveis.
Como identificar a diástase após a gravidez?
Um método simples para verificar a presença de diástase após a gravidez é deitar-se de costas, com os joelhos dobrados e os pés apoiados no chão. Em seguida, levante levemente a cabeça e os ombros, como se fosse iniciar um abdominal, e pressione com os dedos a linha média do abdômen, acima e abaixo do umbigo.
Se houver uma separação perceptível entre os músculos, é possível que haja diástase. No entanto, é fundamental procurar um profissional especializado para um diagnóstico preciso, pois a diástase não se limita apenas na separação do reto-abdominal, e sim também na extensão e profundidade. E somente através deste diagnóstico será possível orientações adequadas.
2 tipos de diástase abdominal
Antes de iniciar qualquer tratamento, é importante compreender que existem diferentes tipos de diástase abdominal, cada uma com suas características e necessidades específicas. A seguir, veremos 2 deles.
1. Funcional ou fisiológica
Essa é a diástase natural e esperada durante a gestação. À medida que o útero cresce para acomodar o bebê, é comum que os músculos retos abdominais se afastem para dar espaço às mudanças internas.
Esse afastamento é controlado e acontece dentro de um padrão considerado normal pelo corpo, por isso é chamado de fisiológico. Ele ocorre por ação hormonal e mecânica, e, geralmente, tende a regredir espontaneamente nas primeiras semanas após o parto, principalmente quando a mulher adota bons hábitos de movimento e respiração desde o puerpério.
No entanto, mesmo sendo fisiológica, essa diástase deve ser acompanhada com atenção para que não evolua para uma condição disfuncional.
2. Disfuncional ou patológica
Já a diástase disfuncional é a diástase após a gravidez, acontece quando o afastamento dos músculos abdominais se mantém após o parto, geralmente acima de 3 cm, e passa a comprometer a função do core.
Isso pode causar sintomas como dor lombar, sensação de fraqueza abdominal, alterações posturais e, em alguns casos, prejuízo estético. Essa condição também pode surgir por outros fatores além da gravidez, como levantamento inadequado de peso, constipação crônica, obesidade ou exercícios realizados de forma incorreta.
Entender esses dois tipos de diástase ajuda a perceber que, embora o afastamento abdominal possa ser um processo natural, ele precisa ser observado de perto.
Causas e fatores de risco
Já entendemos que a diástase após a gravidez é muito comum, mas outros fatores também podem contribuir para o desenvolvimento dessa condição, como:
- Gestações múltiplas: gravidez de gêmeos ou mais aumenta a pressão sobre a parede abdominal;
- Bebês grandes: fetos com peso elevado podem exercer maior pressão no abdômen;
- Idade materna avançada: mulheres com mais de 35 anos têm maior predisposição;
- Ganho excessivo de peso: o aumento de peso durante a gestação pode sobrecarregar a musculatura abdominal;
- Histórico de diástase: mulheres que já tiveram diástase em gestações anteriores têm maior risco de recorrência.
Entender o que pode influenciar no surgimento da diástase após a gravidez ajuda a olhar para o problema com mais clareza. Nem sempre é possível evitar, mas sabendo dos riscos, fica mais fácil acompanhar as mudanças do corpo e agir com mais consciência quando necessário.
Consequências da diástase após a gravidez não tratada
Ignorar a diástase após a gravidez pode levar a diversas complicações, afetando a qualidade de vida da mulher no pós-parto:
- Dores lombares: a fraqueza muscular compromete o suporte da coluna vertebral;
- Problemas posturais: a instabilidade do core pode resultar em má postura;
- Incontinência urinária: a diástase geralmente vem acompanhada por pressão na musculatura do assoalho pélvico, onde essa musculatura se torna disfuncional, causando escapes de urina involuntários leves ou até mesmo em graus mais elevados;
- Hérnias abdominais: em casos graves, a separação muscular pode evoluir para hérnias, exigindo intervenção cirúrgica.
As consequências podem afetar o dia a dia de forma silenciosa, mas preocupante, e quanto antes for identificado e cuidado, melhor será a recuperação.
O auxílio do Pilates no tratamento da diástase
Ao contrário do que já foi visto e falado, tratar a diástase não se resume a ‘’fortalecer as musculaturas abdominais’’, por se tratar de uma frouxidão excessiva da linha Alba. Essa abordagem só irá piorar o quadro.
O que precisamos é de exercícios que tornem nosso abdômen funcional, porque forte ele já é devido as musculaturas terem a função essencialmente tônica. E aí entra o Pilates, um Método eficaz no tratamento da diástase após a gravidez, oferecendo grandes benefícios para a recuperação, desde que sejam aplicados os exercícios corretos.
5 benefícios do Pilates para a diástase após a gravidez
Antes de mais nada, é importante entender que o Pilates não é só uma ferramenta de fortalecimento, mas também um Método inteligente e seguro de reabilitação. No processo de recuperação da diástase após a gravidez, ele ganha destaque por atuar de forma precisa e respeitosa com o corpo feminino.
Com foco no controle, na respiração e na consciência corporal, o Pilates oferece um caminho possível e eficaz para quem busca se reconectar e fortalecer a região abdominal com segurança. A seguir, destacamos 5 benefícios que o Pilates pode trazer nesse cenário.
1. Ativação do transverso do abdômen aliado a respiração hipopressiva
O transverso do abdômen é o músculo mais profundo da parede abdominal e também um dos mais importantes na recuperação da diástase. No Pilates, sua ativação é feita de forma precisa, com auxílio da respiração hipopressiva, reduzindo a pressão interna e promovendo o fechamento natural da musculatura.
2. Reeducação postural
Durante a gravidez, é comum que a postura se altere para acomodar o crescimento do bebê. O Pilates trabalha o realinhamento da coluna e o fortalecimento do centro do corpo, aliviando dores e favorecendo uma postura mais funcional no pós-parto.
3. Melhora da consciência corporal
A prática do Pilates estimula a percepção dos movimentos, da respiração e do controle muscular. Isso ajuda a mulher a identificar compensações, ativar corretamente a musculatura e adotar posturas mais saudáveis no dia a dia, fundamentais para a recuperação da diástase após a gravidez.
4. Mobilidade pélvica aliada a respiração Hipopressiva
Ao trabalhar a mobilidade da pelve em conjunto com a respiração, o Pilates melhora a função do assoalho pélvico, reduzindo pressões desnecessárias nesta região. Esse cuidado previne disfunções como incontinência urinária e fortalece o suporte interno do corpo.
5. Redução da pressão intra-abdominal
Com movimentos bem controlados e respiração coordenada, o Pilates minimiza a pressão sobre a parede abdominal, criando um ambiente mais seguro para a regeneração da musculatura. Isso contribui para o fechamento da diástase de forma eficaz e progressiva.
Recuperar-se da diástase após a gravidez envolve entender o corpo, respeitar o tempo e retomar aos poucos o controle das funções que foram sobrecarregadas na gestação. O Pilates entra nesse processo como uma ferramenta inteligente, que ajuda a mulher a se sentir mais segura e confiante no próprio corpo, sem pressa, mas com propósito.
Cuidados e orientações
Antes de iniciar a prática de Pilates para ajudar na recuperação da diástase após a gravidez, é fundamental seguir algumas orientações:
- Consulte um fisioterapeuta ou Instrutor de Pilates especializado para avaliar a condição da diástase e indicar os exercícios apropriados;
- Evitar exercícios contraindicados, movimentos que aumentam a pressão intra-abdominal, como abdominais tradicionais, devem ser evitados durante o tratamento pois podem agravar a diástase;
- Progressão gradual. Inicie com exercícios de baixa intensidade e aumente a complexidade conforme a recuperação avança;
- A respiração adequada é essencial para devolver a funcionalidade da musculatura do abdômen, que consequentemente irá favorecer no tratamento da Diástase.
Cada etapa da recuperação da diástase após a gravidez precisa ser conduzida com responsabilidade e escuta ativa ao corpo.
3 exercícios de Pilates para a diástase após a gravidez
A seguir, apresentamos 3 exemplos de exercícios de Pilates que podem ser benéficos no tratamento da diástase após a gravidez. Lembre-se de que a execução deve ser supervisionada por um profissional qualificado.
1. Ponte (Bridge) com apoio dos pés no Foam Roller
Objetivo: fortalecer os glúteos, ativar o transverso abdominal e o assoalho pélvico, mas desde que seja realizada juntamente com a respiração adequada.
Execução:
- Deite-se de costas, com os joelhos dobrados e os pés apoiados no chão;
- Inspire profundamente em 2 tempos (conte 1,2) e, ao expirar em 4 tempos (conte 1,2,3,4) eleve o quadril, formando uma linha reta dos ombros aos joelhos. Repita este movimento por 3x e na 3ª vez, mantenha a posição de ponte por 8 segundos em apneia e retorne à posição inicial.
A Ponte no Foam Roller é um exercício estratégico que une força e respiração para apoiar a reconstrução do abdômen no pós-parto. A precisão na execução é o que traz o resultado.
2. Ponte com elevação de perna unilateral e apoio no Foam Roller
Objetivo: melhorar a estabilidade pélvica e a funcionalidade do Power House.
Execução:
- Deite-se de costas, com os joelhos dobrados e os pés apoiados no rolo. (Foam Roller);
- Inspire em 2 tempos (conte 1,2) e, ao expirar em 4 tempos (conte 1,2,3,4) levante uma perna flexionada com o pé até a altura do joelho oposto. Repita por 3x e na 3ª mantenha a posição por 8 segundos em apneia e retorne à posição inicial;
- Repita com a outra perna.
Este movimento desafia o equilíbrio e reforça a conexão do Power house, essencial para a estabilidade no pós-parto. A diferença vem da combinação entre controle e respiração.
3. Decúbito ventral com apoio do quadril no Foam Roller
Objetivo: mobilizar o tórax, a coluna vertebral, ativar o abdômen, aliando estes movimentos com a respiração diafragmática e hipopressiva para diminuir a PIA (Pressão Intra- Abdominal).
Execução:
- Fique em decúbito ventral, com as mãos sobrepostas e com a testa apoiada nelas, braços fletidos em formato de losango e pernas fletidas em um ângulo de 90 graus;
- Ao inspirar em 2 tempos (conte 1,2) você fará uma leve cifose torácica e, ao expirar em 4 tempos (conte 1,2,3,4) a coluna retorna à posição inicial mantendo a lordose lombar fisiológica. Repita por 3x e na 3ª execução, indo para a 4 vez para iniciar na postura da cifose torácica, mantenha-se nela fazendo uma apneia de 8 segundos ativando o abdômen;
- Inspire novamente e retorne à posição inicial;
- Repita o movimento de forma fluida e controlada.
Esse movimento trabalha a flexibilidade e o controle do tronco de forma integrada, ajudando a proteger a coluna enquanto fortalece o abdômen.
Conclusão
A diástase após a gravidez é mais comum do que se imagina e apesar dos desconfortos que ela pode trazer, também é possível enfrentá-la com cuidado, conhecimento e orientação certa.
O Pilates, quando bem direcionado, pode dar um grande auxílio nesse processo. Ele ajuda na recuperação da musculatura profunda e também favorece a postura, a respiração e o fortalecimento do corpo de forma integrada.
Cada corpo tem seu ritmo, e o acompanhamento de um profissional é indispensável para que a prática seja segura e eficiente. A jornada não precisa ser solitária, com suporte e informação, a recuperação pode ser leve e consciente.
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