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A luxação congênita do quadril é uma patologia que se caracteriza pela perda do contato da cabeça do fêmur com o acetábulo durante o nascimento.

Infelizmente o diagnóstico tardio dessa condição leva a uma maior complexidade no tratamento, maiores riscos e tempo prolongado de imobilização para a correção do quadril.

Por isso, para entender melhor o que é a luxação congênita do quadril e qual a maneira de tratá-la, preparei este texto que irá tirar algumas dúvidas à respeito desse assunto. Continue lendo para entender!

Anatomia do quadril

O quadril é uma articulação diartrodial esferoidal com um acentuado grau de estabilidade inerente e uma mobilidade relativamente limitada por causa da inserção profunda da cabeça do fêmur no acetábulo.

A articulação do quadril transfere a carga de peso de toda a estrutura corporal para os membros inferiores que, por sua vez, transferem os esforços propulsivos para o tronco e também oferece movimento compatível com a locomoção. Ela é constituída pela cabeça do fêmur e pelo acetábulo da pelve.

Essa articulação tem uma cápsula folgada e é envolvida por músculos grandes e fortes. A cartilagem articular da cabeça do fêmur, é mais espessa no centro do que na periferia, recobre completamente a face articular, com exceção da fóvea da cabeça do fêmur e também recobre o acetábulo.

Luxação Congênita do Quadril

A luxação congênita do quadril (LCQ), é produzida pelo deslocamento prolongado da cabeça femoral em relação ao acetábulo.

Essa luxação congênita do quadril é consecutiva ao desenvolvimento anormal de um ou mais elementos que formam a articulação do quadril: cabeça do fêmur, acetábulo ou tecidos moles, com inclusão da cápsula, que cercam a articulação.

Uma outra definição é que a luxação congênita do quadril consiste no deslocamento da cabeça femoral para fora do acetábulo, que pode estar integralmente deslocada ou subluxada.

Geralmente o acetábulo apresenta formato anatômico raso e este pode estar posicionado verticalmente, devido à ausência da pressão normal exercida pela cabeça femoral.

A etiologia da malformação muito provavelmente inclui fatores múltiplos, como o mau posicionamento e fatores mecânicos no útero, frouxidão ligamentar induzida por hormônios, fatores genéticos, culturais e ambientais.

Estudos vêm estabelecendo os seguintes fatores: genes ligados ao cromossomo sexual, hormônios sexuais femininos – estrogênio, progesterona e relaxina que causam o afrouxamento dos ligamentos da cápsula pélvica, oligodrâmnio promove o estreitamento do espaço abdominal, impedindo a versão cefálica do feto e questões culturais de posicionamento do recém-nascido – com as extremidades pélvicas em extensão e adução total.

A incidência da luxação congênita do quadril nos países desenvolvidos é de 1.5 a 20 casos por 1 mil nascimentos. No Brasil a incidência é de 2,31 por 1 mil nascimentos.

Essa incidência é de 17:1000 nascidos vivos. As mulheres apresentam uma incidência maior que os homens numa proporção de 8:1.

O quadro clínico da luxação congênita do quadril é, assimetria dos músculos, limitação da abdução do quadril, encurtamento em um dos membros inferiores e instabilidade articular.

Padrão da marcha na Luxação 

Geralmente os indivíduos que possuem luxação congênita do quadril apresentam marcha de Trendelemburg. Ocorre quando os músculos abdutores do quadril são fracos (principalmente o glúteo médio).

O efeito estabilizador desses músculos durante a fase de apoio é perdido e o paciente apresenta uma inclinação lateral excessiva do tronco, na qual o tórax é impulsionado lateralmente para manter o centro de gravidade sobre o membro inferior de apoio.

Diagnóstico da Luxação 

O processo de detecção do diagnóstico clínico inicia-se com uma anamnese, exame físico através dos sinais de Ortolani (cabeça femoral é reduzida no acetábulo) e de Barlow (manobra provocativa da luxação de um quadril instável), sinais de Galeazzi (pregas cutâneas assimétricas), sinal de Peter.

Os exames de imagens mais usuais para realizar o diagnóstico são a ultra-sonografia e Radiologia Convencional. Os exames de Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância Nuclear Magnética (RNM), se fazem necessários quando o exame clínico, a radiologia convencional e a ultrassonografia não forem categóricas na confirmação do diagnóstico.

Tratamento médico da Luxação 

Os métodos de tratamento podem ser incruentos (Fralda de Frejka, suspensório de Pavilik, tração cutânea e redução sob anestesia) ou cruentos, quando o diagnóstico é feito tardiamente, incluindo tenotomia percutânea e osteotomias tipo Chiari.

Pode-se dividir didaticamente o tratamento conforme a faixa etária, de 0 a 6, 6 a 12, 12 a 18 e de 18 meses em diante.

De 0 a 6 meses utiliza-se o aparelho plástico de Frejka; ou o aparelho de Pavlik, por um período de 4 a 6 meses, os quadris ficam flexionados 90-100º e abdução de 30-40º.

De 6 a 12 meses já é tardio, procede-se à redução sob narcose, e coloca-se aparelho gessado em posição de redução e estabilização, geralmente com flexão de 100° e abdução de 60°. A posição para o aparelho gessado é a flexão em torno de 90-100° e a abdução de no máximo 30-40° 5, 9.

De 12 a 18 meses é o período de deambulação, uso de tenotomia dos adutores, do psoas e redução, quando não há sucesso, a artrografia dinâmica poderá auxiliar. O quadril é mantido reduzido por meio do aparelho gessado, na posição de estabilidade.

De 18 meses em diante o tratamento é tardio e quase sempre cirúrgico, com osteotomia da parte proximal do fêmur ou osteotomia acetabular para permitir que a cabeça femoral se mova dentro do acetábulo.

As complicações são inúmeras, sendo mais freqüentes quanto maior for a criança e o ato cirúrgico: infecção, necrose avascular da cabeça femoral, reluxação, rigidez articular, lesão da cartilagem de crescimento femoral ou acetabular.

Tratamento fisioterapêutico

A fisioterapia de forma geral é uma importante opção de tratamento não medicamentoso que busca diminuir o quadro de algia, preserva ou melhora a amplitude de movimento (ADM), aumenta a força muscular e a resistência.

Assim como melhora a capacidade funcional para as atividades da vida diária (AVD’s) e as atividades recreativas, evitando vícios posturais e deformidades. Além disso, orienta a criança e seus familiares para promover a independência do indivíduo afetado.

Dentro dos métodos fisioterápicos a hidroterapia é um dos recursos mais utilizados. Ela é definida como toda aplicação externa de água (aquecida) com finalidade terapêutica (visando principalmente diminuir o impacto sobre as articulações, no caso da LCQ).

Cada propriedade física possui influência sobre o corpo humano, podendo ser usada direta ou indiretamente no tratamento aquático por meio de efeitos causados pela pressão hidrostática e pela hidrodinâmica.

Conclusão

A luxação congênita do quadril pode causar diversos danos no indivíduo caso não tratado corretamente. Desta forma, é importante que haja uma avaliação de cada caso e em seguida um tratamento de acordo com a real necessidade.

Realizar um bom tratamento, será essencial para a melhora do quadro. Sendo assim, o fisioterapeuta deve se preocupar também com as orientações dadas aos familiares e cuidadores para melhor resposta ao tratamento.

 

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