A diástase abdominal é uma condição que, embora frequentemente associada à gestação, pode afetar uma ampla gama de pessoas, independentemente do sexo ou da idade.
Caracterizada pelo afastamento da musculatura do reto do abdômen, essa condição pode ter múltiplas causas e consequências. É muito importante o aumento da consciência sobre a diástase, pois vai além da aparência estética e pode impactar a qualidade de vida.
Este artigo tem como objetivo detalhar 5 sinais que podem indicar a presença da diástase abdominal, além de discutir métodos seguros de tratamento, a importância da prevenção e como essa condição pode ser abordada de maneira holística. Boa leitura!
Causas da diástase abdominal
Antes de mais nada, é importante entender de onde vem a diástase abdominal e quais são os fatores que a desencadeiam. Embora a gestação seja uma das causas mais conhecidas, ela não é a única responsável.
A obesidade abdominal, por exemplo, é um fator a ser considerado. O acúmulo de gordura na região aumenta a pressão interna, forçando os músculos abdominais a se afastarem, gerando um distúrbio funcional.
O sedentarismo também é uma causa comum, mas muitas vezes negligenciada. A fraqueza da musculatura abdominal, especialmente do transverso do abdômen, faz com que ela não consiga suportar adequadamente a pressão interna, aumentando o risco de diástase.
Além disso, uma má postura pode contribuir para o problema, tornando o abdômen mais frouxo e favorecendo o desenvolvimento da diástase.
A prática inadequada de atividades físicas, especialmente aquelas realizadas em apneia, também aumenta a pressão no assoalho pélvico, agravando a condição.
Fatores como a gestação gemelar, múltiplas gestações em pouco tempo e gestações após os 35 anos também são importantes causas a serem consideradas.
É importante compreender essas causas para a prevenção e tratamento eficaz da diástase abdominal.
Tipos de diástase abdominal
A diástase abdominal pode ser classificada em dois tipos principais: fisiológica e patológica.
A diástase fisiológica ocorre de forma natural durante a gestação, quando o corpo precisa de espaço para o crescimento do útero. Esse afastamento geralmente fica entre 2 e 4 cm e, na maioria das vezes, não causa complicações significativas.
Por outro lado, a diástase patológica é caracterizada por um afastamento muito maior, superior a 5 cm. Nesse caso, pode ser difícil para a musculatura abdominal retornar à sua posição normal, o que pode resultar em complicações que afetam não apenas a estética, mas também a funcionalidade do corpo.
Como avaliar a diástase abdominal
Para realizar uma autoavaliação da diástase abdominal, comece deitando de costas, com os joelhos dobrados e os pés apoiados no chão. Em seguida, localize a linha alba, que é a faixa central do abdômen, e apalpe cerca de 2 dedos acima e 2 dedos abaixo do umbigo.
Ao fazer um movimento de flexão do tronco, observe se há um espaço entre os dedos e se eles afundam. Se a distância for considerável, é recomendável procurar um profissional de saúde e, se necessário, realizar um exame de imagem para um diagnóstico preciso.
Essa autoavaliação pode ser uma ferramenta útil para identificar precocemente a diástase.
5 sinais e consequências da diástase patológica
É importante entender que a diástase abdominal vai além de uma questão estética. A parede abdominal é uma grande responsável pela sustentação dos órgãos internos.
Quando a diástase é patológica, essa função de suporte é prejudicada, o que pode levar a uma série de sintomas ao longo do tempo. Entre os sinais que podem indicar a presença de diástase, destacam-se:
1. Inchaço abdominal
Quando os músculos abdominais não conseguem se contrair adequadamente, o inchaço se torna visível. Isso pode causar desconforto, gerando sentimentos de vergonha e insegurança.
2. Formação do cone
Durante atividades que exigem esforço, pode surgir um “cone” na parede abdominal. Esse fenômeno é um sinal claro de que a musculatura não está funcionando corretamente, o que pode indicar que é hora de ajustar ou evitar determinadas atividades físicas.
3. Alterações posturais e dores lombares
A falta de suporte adequado da parede abdominal pode resultar em mudanças na postura, contribuindo para o surgimento de dores lombares. Com o tempo, essas dores podem se intensificar, criando um ciclo vicioso de desconforto e restrição de movimento.
4. Hérnias
A diástase patológica pode aumentar o risco de desenvolvimento de hérnias umbilicais ou abdominais, especialmente quando a paciente realiza movimentos inadequados. Hérnias podem ser extremamente dolorosas e, em alguns casos, requerem cirurgia para correção.
5. Incontinência urinária e prolapso de órgãos
A falta de ativação abdominal, especialmente durante o esforço físico, pode aumentar a pressão sobre o assoalho pélvico. Isso pode resultar, com o tempo, em incontinência urinária (perda de urina) e até mesmo no prolapso de órgãos, como a bexiga.
Esses sintomas muitas vezes são subestimados, mas têm um impacto considerável na qualidade de vida.
Tratamento da diástase abdominal
Após uma avaliação cuidadosa, o profissional de saúde poderá indicar a abordagem mais adequada para o tratamento da diástase abdominal. Vale destacar que o foco não deve ser apenas o fechamento dos músculos, mas também o retorno à função muscular.
Os tratamentos fisioterapêuticos incluem exercícios respiratórios e específicos que buscam a ativação e o fortalecimento seguro da musculatura afetada. A eletroestimulação pode ser utilizada como complemento, ajudando a reeducar os músculos de maneira eficaz.
Nos casos mais graves, a cirurgia reparadora pode ser recomendada. No entanto, é fundamental que esse procedimento seja precedido por um trabalho de fortalecimento e reeducação muscular, pois a cirurgia não resolve os problemas funcionais subjacentes. A reabilitação sempre deve ser priorizada.
A reabilitação inicia-se com a respiração intencional. É importante treinar a respiração de forma que a expiração conduza a uma contração muscular ativa e profunda do transverso abdominal. Dessa maneira, todos os exercícios podem ser realizados de forma consciente, garantindo a ativação segura da musculatura afetada.
Importância da prevenção
A prevenção é importantíssima no tratamento da diástase abdominal, principalmente para não agravar o quadro já instalado.
Alguns exercícios e atividades devem ser evitados, como abdominais convencionais que realizam flexão de tronco, pranchas e exercícios de impacto, como corrida e pular corda, além de alguns exercícios de academia e até mesmo do Pilates.
Tais atividades podem aumentar a sobrecarga no assoalho pélvico e resultar em complicações adicionais. A educação do paciente sobre como realizar atividades do dia a dia de maneira segura também é um aspecto da prevenção.
Conclusão
Resumindo, a diástase abdominal é uma condição que pode trazer sérias consequências para a saúde física e emocional. É essencial que as pessoas estejam cientes dos sinais que podem indicar a presença dessa condição e busquem orientação profissional para um tratamento adequado.
A conscientização sobre a diástase e a implementação de medidas preventivas são ótimos passos para garantir a saúde e o bem-estar a longo prazo. Ao abordar a diástase com seriedade e cuidado, podemos promover uma melhor qualidade de vida e um retorno seguro à funcionalidade muscular e à autoestima.
Além disso, é bom que haja um diálogo aberto e informativo sobre essa condição, permitindo que mais pessoas compartilhem suas experiências e busquem ajuda, contribuindo assim para uma sociedade mais saudável e consciente.
Referências Bibliográficas
Este artigo foi escrito pela fisioterapeuta Paula Rosa da Costa – instrutora de Pilates desde 2011
Pós-graduada em musculo esquelética pela faculdade FAMERP – SJRP
Pós-graduada em Pilates avançado e treinamento funcional pela faculdade INSPIRAR – CG
Proprietária do Studio de Pilates Espaço Posturales – @espacoposturales / @paularosapilates