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O envelhecimento no Brasil vem aumentando de forma significativa nos últimos tempos e, com ele, os casos de doenças crônicas que levam a incapacidades e dependência. Nesse momento, torna-se indispensável a presença de um cuidador para auxiliar o idoso em suas atividades diárias. 

Na maioria dos casos, esses cuidadores são mulheres, filhas ou cônjuges de baixa escolaridade que exercem sua função de forma voluntária e não remunerada. 

Mas como é, para um cuidador, lidar com pessoas dependentes sem a devida preparação? Como oferecer cuidados aos cuidadores, que se dedicam a atender quem mais precisa? 

Leia o texto abaixo para descobrir mais sobre o cenário de cuidados ao cuidadores no Brasil!

A realidade dos cuidadores no Brasil

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, entre 1950 a 2025 a população de idosos no Brasil aumentará dezesseis vezes, enquanto o crescimento populacional total aumentará cinco vezes.

Com o aumento da expectativa de vida, sobe também o número de casos doenças crônicas, complicações, demências, e doenças com Alzheimer e Parkinson, fatores que causam a dependência de cuidados especiais.

Idosos nessas condições exigem muito de seus cuidadores, que na maioria das vezes são membros da família que não estão preparados física e/ou psicologicamente para a realização dessa tarefa. Mesmo cuidadores especializados apresentam desgaste físico e emocional, além de medos e anseios.

O desgaste físico é evidenciado por dores no corpo, advindas de ações que variam de acordo com o peso e a dependência da pessoa cuidada. Ao cuidador são atribuídas tarefas que, na maioria das vezes, não são acompanhadas de orientações adequadas.

Mas os impactos à saúde do cuidador não param por aí!

Os efeitos da função de cuidador na saúde 

Os cuidadores, em sua grande maioria, apresentam sintomas de isolamento social, depressão, falta de motivação, dores generalizadas, alterações posturais, entre outros. Além disso, eles também podem ter mais problemas de saúde do que pessoas com a mesma idade que não são cuidadores.

O olhar do profissional multidisciplinar, nos casos de sinais/sintomas em cuidadores, deve voltar-se a evitar perdas e agravos à saúde. Dessa maneira, estariam sendo evitados fatores que impactam a qualidade de vida, como a sobrecarga, a tensão demasiada e o impacto emocional negativo.

A maioria dos cuidadores necessita do suporte multidisciplinar para realizar suas atividades da maneira adequada, porém nem sempre é isso que acontece.

O que ocorre muitas vezes é a sobrecarga de trabalho para o cuidador (tanto o cuidador familiar, quanto o cuidador profissional) por realizar múltiplas funções, que vão além da sua formação. 

Isso acontece frequentemente por falta de interesse da família do idoso em contratar profissionais como fisioterapeutas ou fonoaudiólogos, por carência financeira e por negligência dos serviços de saúde pública, quando a equipe multidisciplinar não é enviada para o paciente durante a visita domiciliar.

Por isso, a função de prevenir perdas e agravos à saúde deverá abranger igualmente a figura do cuidador, e não só do paciente. Para tanto, devem ser desenvolvidos programas destinados a prevenção de sobrecargas.

Como a preparação de pessoas dedicadas ao serviço de cuidado ao idoso é uma necessidade crescente, verifica-se a importância da realização de oficinas educativas, informativas e terapêuticas para que se tenha troca de experiências entre cuidadores e atendimento profissional à essa classe. 

Existem alguns aspectos que podem ser bem aproveitados para oferecer cuidados aos cuidadores:

Quando o nó crítico é encontrado: mudanças e melhorias nas condições de cuidadores

Considera-se um nó crítico algo no qual o profissional pode intervir; é uma causa que, quando atacada, se transforma, impacta a vida de pessoas e sana problemas. São possíveis nós críticos encontrados entre os cuidadores:

  • O baixo nível de conhecimento do cuidador em relação ao cuidado prestado;
  • O desgaste físico e mental gerados pelo cuidado, geralmente unificado em um único cuidador (sem apoio de familiares ou serviços de saúde);
  • A falta de motivação de cuidadores, devido a uma rotina de poucas atividades realizadas em conjunto com o acamado;
  • A ausência de um processo permanente de educação em saúde voltado para cuidadores;

A partir desses nós críticos pode-se traçar um plano de ação com uma equipe multidisciplinar para oferecer cuidados aos cuidadores.

Leia abaixo uma possível solução para prestar mais cuidados aos cuidadores.

Grupos de apoio: uma possível rede de assistência e cuidado aos cuidadores

Uma das opções para oferecer cuidado ao cuidador é a formação de um “grupo de apoio ao cuidador”. No grupo serão oferecidos atendimentos em psicologia, fisioterapia, arteterapia, enfermagem e serviço social.

Tudo voltado para o bem estar biopsicossocial dos cuidadores.

Em psicologia, deverá ser dado o suporte emocional em reuniões de grupo, onde os cuidadores poderão expor seus sentimentos, angústias e medos, recebendo orientação para garantir uma boa saúde mental.

Na fisioterapia, serão dadas orientações quanto a postura, a fim de evitar lesões, o manejo correto do paciente (seja ele semi ou totalmente dependente), alívio de dores por lesões já instaladas, terapia corporal em grupo, acupuntura, auriculoterapia e orientação sobre a importância do autocuidado para a qualidade de vida.

A arteterapia realizará oficinas trabalhando também a saúde mental e a socialização. Pode-se interpretar através da arte angústias, medos e anseios desse cuidador.

O serviço social irá realizar a avaliação das condições de trabalho, do local, bem como se a necessidade do paciente cuidado pode ser oferecida pelas políticas públicas de saúde, assim aliviando a carga desse cuidador.

Em enfermagem ajudará dando orientações e oferecendo reciclagem para os cuidadores/familiares, além de dar educação em saúde através de palestras, cursos de atualização e oficinas.

Conclusão:

Podemos concluir que a função de prevenir danos à saúde física e psicológica deve abranger tanto o doente quanto o cuidador.

Para isso, um grupo de apoio seria muito útil para prevenir essas sobrecargas físicas e emocionais que afetam a saúde e a qualidade de vida dos cuidadores. Ele seria uma opção completa para oferecer cuidados aos cuidadores.

Nesse contexto, a equipe multidisciplinar é fundamental na elaboração, execução e ação do plano de cuidados aos cuidadores. Deve-se manter a motivação desse profissional e seu autocuidado, para que possam dedicar suas vidas à outros.

O apoio das Secretarias de Saúde também é fundamental para a execução desse grupo e difusão do mesmo.

Assim, será possível acompanhar a demanda crescente de cuidadores que chegou com o aumento da longevidade da vida dos brasileiros.

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