A fisioterapia surgiu no Brasil no ano de 1951 com a criação de seu curso de formação, mas foi apenas em 13 de outubro de 1969 que ela foi reconhecida como profissão (CAVALCANTE 2011).
A fisioterapia por si, abrange várias áreas de atuação, existindo um senso comum em todas as áreas que é a anamnese.
Segundo Porto (2009) a palavra anamnese origina-se de aná = trazer de novo e mnesis = memória. Significa, portanto, trazer de volta à mente todos os fatos relacionados à doença e à pessoa doente. Que tal saber mais sobre Avaliação Postural Estática? Continue lendo este texto!
Como realizar uma avaliação postural estática adequada
A Avaliação Postural Estática adequada é a pré-condição para que se tenha um diagnóstico correto. Esta deve ser realizada em uma ordem específica para evitar erros.
Ainda vale ressaltar que para se ter um tratamento eficiente e que atinja os objetivos propostos, é necessária uma avaliação bem-feita de forma a permitir um diagnóstico cinético-funcional bem elaborado (BALDUINO 2012).
A Anamnese reconstrói os fatos do paciente que incitaram as causas da doença para que dessa forma o diagnóstico seja seguro.
Sendo assim, uma boa Avaliação Postural Estática irá permitir um bom tratamento. Para se entender uma Avaliação Postural Estática, é preciso conhecermos as definições descritas de posturas.
A postura é definida como posição espacial do corpo ou de uma de suas partes; a maneira de manter o corpo ou compor traços fisionômicos.
Segundo Kendall, a postura corporal é um conjunto das posições de todas as articulações do corpo dado em qualquer momento.
O controle postural será a habilidade em que o corpo possui de manter o centro de massa corporal dentro de uma base de apoio tanto em uma postura estática quanto em uma postura dinâmica (KENDALL 1987, SALVE 2003, MELO 2009).
Postura corporal estática
De uma maneira geral, a postura é vista como um processo estático. Porém de acordo com os estudos vimos que esse fato não é verídico, isso é explicado pela ação da gravidade e dos mecanismos de controle neural que constantemente provocam um leve deslocamento do alinhamento corporal.
Resumindo: em uma postura estática o corpo sofre oscilações e a atividade muscular será acionada a fim de evitar que o indivíduo perca o equilíbrio e caia.
Com o centro de gravidade em conturbação tanto para frente quanto para trás o corpo irá através de sua base de apoio tentar restabelecer seu centro de volta (BANCOFF 2004).
Podemos dizer que o conceito de postura corporal vai além de equilíbrio, envolve coordenação neuromuscular e adaptações que representam certo movimento.
E as respostas posturais involuntárias são dependentes de todo um contexto, de acordo com as necessidades de interação entre os sistemas de organização postural e o meio externo.
Por exemplo, em um indivíduo adulto, a capacidade de ativação da musculatura para reorganizar seu centro de equilíbrio é bem mais rápida quando comparada com um indivíduo idoso, que possui essa ativação mais lenta prejudicando o restabelecimento do centro de gravidade (SILVA 2007).
Estruturas de controle do corpo
De acordo com Banconff et al, em uma posição ereta o peso corporal é distribuído da seguinte forma: 25% em cada calcâneo e 25% na cabeça dos cinco metatarsos de cada pé.
O pé é o tornozelo são considerados a base de sustentação do nosso corpo, eles irão fornecer a estabilidade suficiente para que possamos ficar de pé estaticamente, e quando deambulando, distribuindo o peso corporal.
Para o controle da postura é necessário a intervenção e interação de alguns sistemas, tais como:
Sistema visual
- Baseado nas informações sobre o ambiente, localização, direção e velocidade do movimento;
- Possui como função, de maneira geral, orientar o posicionamento e o movimento da cabeça em relação ao meio externo;
- Em posicionamento estático as aferências visuais reduzem em, aproximadamente, 50% as oscilações do corpo;
- Possui um importante papel no planejamento de reação antecipatória;
Sistema somatosensorial
- Baseado nas informações de contato e posição do corpo;
- Possui receptores pelo corpo;
- Respondem a estímulos de tato, temperatura, dor e propriocepção;
- Os receptores proprioceptivos que enviam as informações da posição do corpo para o SNC;
Sistema vestibular
- Baseado nas forças gravitacionais;
- Responsável pelo envio sobre o posicionamento da cabeça em relação as mudanças temporais das velocidades angular e linear.
Relação entre sistema nervoso central e postura
Segundo Medeiros et al, o mecanismo de controle postural se dá através de um processo executado pelo Sistema Nervoso Central (SNC) em que padrões de atividades musculares são produzidos para que ocorra uma relação entre o centro de massa e a base de sustentação.
Ainda relatam que toda essa atividade é um processo complexo que envolve respostas aferentes e eferentes que recebem uma série de informações sensório-motoras e as organizam de forma a garantir a posição, além do movimento corporal do indivíduo.
Podemos dizer que o controle postural é a parte do nosso corpo cuja função é produzir estabilidade e condições a fim de gerar movimento para que o mesmo assuma ou mantenha uma posição corporal desejada podendo ser ela estática ou dinâmica.
Estabilidade corporal
Como o controle postural utiliza informações de vários sistemas (sistema visual, sistema vestibular, sistema somatossensorial), a sua estabilidade é garantida mesmo que haja problema em algum deles, essa estabilidade irá depender (TEIXEIRA 2009):
- Noção da posição e movimento do corpo em relação ao campo gravitacional;
- Ambiente em que esse corpo se encontra.
O sistema de controle postural é integrante do sistema de controle motor e alguns autores consideram que os ajustes posturais necessários para manter o corpo em posição ereta irão depender de certo feedback sensorial. Vindo ele do sistema sensorial, proprioceptivo, visual e cutâneo; e estratégias associadas aos movimentos voluntários.
Postura estática e equilíbrio
Na postura estática é necessário que haja uma relação da manutenção do equilíbrio e resposta neuro-mecânica, porém, esse equilíbrio somente existe se todas as forças somadas forem iguais a zero e o sistema conseguir retornar a sua estabilidade após uma perturbação (SILVA 2007).
Podemos considerar o corpo humano como um pêndulo com várias conexões, onde o centro da sua massa está localizado, especificamente, na região anterior da segunda vértebra sacral e para se alcançar o equilíbrio é necessário o posicionamento correto desse centro de massa, porém a gravidade e outras forças desestabilizadoras provocam sua instabilidade (MOCHIZUKI 2003).
Diante disso, podemos considerar que sua Avaliação Postural Estática se torna algo imprescindível e de extrema importância, principalmente para que trace um tratamento adequado, para que o mesmo seja eficaz e que quantifique a evolução do paciente.
Segundo Souza (2011), a Avaliação Postural Estática consiste basicamente na análise dos seguintes aspectos:
- Vista anterior;
- Vista posterior;
- Vista lateral.
Porém, de acordo com Kendall, é necessário ter um conhecimento também dos princípios básicos relacionados ao alinhamento, articulações e músculos, que segundo ele são:
- O alinhamento anormal é consequência de estresses indevidos nos ossos, articulações, ligamentos e músculos;
- O posicionamento das juntas aponta quais musculaturas podem estar alongadas ou encurtadas;
- Relação entre os testes musculares e o alinhamento, se a postura for habitual;
- A musculatura encurtada provoca a aproximação entre sua origem e inserção;
- Relação entre o encurtamento adaptativo e a permanência da musculatura encurtada;
- A musculatura fraca provoca a separação entre origem e inserção;
- A musculatura fraca associada com o alongamento pode ocorrer em músculos que já permanecem alongados.
Conclusão
Portanto para se avaliar um paciente precisamos de vários conceitos afim de mostrar uma conduta terapêutica mais eficaz. Todos os dados relatados pelo paciente deverão ser considerados. Esses achados guiarão o terapeuta para uma Avaliação Postural Estática de sucesso.
Bibliografia
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TEIXEIRA, C L. Equilíbrio e controle postural. Brazilian Journal of Biomechanics, Year 2010, vol 11, n.20.