Junte-se a mais de 150.000 pessoas

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade!

Qual o seu melhor email?

As primeiras pesquisas sobre Postura datam do início do século XIX mas, apesar de ser motivo de estudo há tanto tempo, continua sendo um dos termos mais complexos de se definir.

O termo Postura é usado para descrever o alinhamento do corpo e sua orientação no espaço. É um ato motor, realizado de forma inconsciente, resultante da relação dinâmica entre os segmentos corporais que se adaptam em resposta aos estímulos proprioceptivos.

Não existe uma postura “normal”. Uma postura ideal é usada como ponto de referência, mas raramente o aluno irá ter uma “postura perfeita”.

A postura é considerada adequada quando as forças que sustentam o corpo atuam sem geração de sobrecargas, com a máxima eficiência e o mínimo de esforço – mantendo um alinhamento funcional.

Uma postura inadequada é quando a manutenção do corpo implica na utilização excessiva ou desnecessária de forças musculares e em alinhamentos disfuncionais, assim as posturas inadequadas dificultam os movimentos.

Importância da avaliação postural

A postura é como um corpo se equilibra: se um corpo não se equilibra, ele cai!

Para avaliar a postura é necessário observar como o corpo está se equilibrando. É importante ressaltar que as pessoas são únicas, e suas posturas diferem de acordo com isso.

Um indivíduo aprende desde a infância a equilibrar a arquitetura de seu corpo (suas vivências moldam a sua postura) assim seus hábitos podem criar uma postura forte e estável ou podem treinar o corpo para má postura e instabilidade.

Por isso, faz-se necessário a realização de uma boa Avaliação Postural, para identificar as alterações presentes e consequentemente suas disfunções.

Nos últimos 20 anos houve diversas mudanças no âmbito da Fisioterapia e Reabilitação do esporte, sendo incorporados vários tipos de avaliação: desde uma avaliação estática – de estruturas isoladas -, até a Avaliação Dinâmica integrada e funcional com base no movimento.

Avaliação estática x avaliação dinâmica

A principal distinção entre a Avaliação Estática e a Avaliação Dinâmica é que na Estática observamos assimetrias e compensações estruturadas, mas não conseguimos identificar o comportamento motor ao realizar o movimento.

Além de que não conseguimos mensurar as habilidades individuais, como é avaliado de forma Dinâmica.

É claro que a Avaliação Estática é importante mas não vivemos estáticos! Se o objetivo é a melhora do desempenho e da funcionalidade do corpo de uma forma global, é praticamente impossível traçar metas reais apenas com a observação estática.

O sucesso depende unicamente de o profissional conseguir identificar o movimento disfuncional de forma efetiva. E a pergunta é, como? Pedindo para que o indivíduo se movimente!

Anamnese

Um bom atendimento começa com a Avaliação, sendo o instrumento utilizado para o planejamento e organização do mesmo.

Inicialmente, um bom contato (a comunicação visual, tátil e verbal) e a coleta do histórico são partes fundamentais que contribuem com o diagnóstico e prognóstico do aluno.

Histórico do aluno:

  • Informações Pessoais: nome, endereço, telefone, data de nascimento, profissão.
  • Queixas: o que trouxe o aluno para atendimento, lesão atual ou prévia, se há liberação médica, presença ou não de dor, definição da dor: queima, arde, tem irradiação.
  • Antecedentes: hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, digestivas ou endócrinas, problemas respiratórios, epilepsia, osteoporose, histórico médico pregresso, cirurgias já realizadas, presença de cicatrizes, exames realizados, medicação em uso.
  • Hábitos: alimentação, tabagismo, etilismo, hobbys, esportes que pratica.
  • Objetivos: o que ele espera alcançar, ganho de força, melhora da postura, etc.

Avaliação estática

Deve ser realizada uma avaliação estática breve, onde é observado e anotado todas as alterações para identificar qualquer assimetria estática, que servirá apenas de parâmetro para o que será identificado mais tarde na Avaliação Dinâmica.

A avaliação estática deve ser feita com o indivíduo sentado e em pé, nas vistas Anterior, Posterior e Lateral.

Postura sentada

  • Vistas Anterior e Posterior: sinais de assimetrias entre os lados, como: ombro ou pelve mais alta; descarga desigual nas tuberosidades isquiáticas; inclinação de cabeça ou tronco; etc.
  • Vista Lateral: se há anteriorização ou posteriorização, ou seja, inclinação do tronco para frente ou para trás.

Postura em pé

  • Pés: cavos ou planos;
  • Tornozelos: valgos ou varos
  • Joelhos: valgos ou varos; em hiperextensão ou em ligeira flexão
  • Quadril: altura dos ilíacos, anteroversão ou retroversão
  • Coluna: escoliose, hipercifose, hiperlordose ou retificação
  • Cabeça: protrusão, inclinação, rotação

Avaliação dinâmica

É a avaliação qualitativa do comportamento motor e das disfunções posturais que ocorrem durante o movimento.

Através de testes específicos é possível analisar todos os planos de movimento, grau de força muscular, mobilidade global e local, alongamento, coordenação, estabilidade, assimetrias, e assim definir com eficácia o nível de funcionalidade do aluno.

O objetivo é identificar a falha mais importante na cadeia cinética. Posturas desequilibradas têm reações compensadoras.

Ao observar, o examinador deve anotar quaisquer inconsistências ou desequilíbrios, tanto da esquerda para a direita quanto de anterior para posterior.

Integre mentalmente a queixa e a história do paciente com a mecânica do equilíbrio do corpo durante o movimento.

Uma compreensão abrangente dos princípios anatômicos e biomecânicos fornece a base para uma Avaliação Dinâmica precisa.

O importante é inspecionar e entender o movimento humano, através da análise dinâmica de exercícios básicos.

Utilizando exercícios na avaliação dinâmica

Observar os padrões de movimento e não apenas áreas isoladas do corpo. Os principais aspectos a serem observados na Avaliação Dinâmica são: déficits em simetria, na mobilidade e estabilidade durante os movimentos.

A escolha dos exercícios de Pilates para a Avaliação Dinâmica é uma opção óbvia, pois o trabalho de reabilitação ou treinamento será realizado através dos exercícios do Método, por isso nada mais correto que avaliar o aluno com os próprios movimentos do Pilates.

Devido aos exercícios do Método Pilates serem totalmente funcionais e trabalharem a mobilidade coordenada, foram selecionados movimentos que podem ser realizados por todas as pessoas – com qualquer nível de atividade física -, sem presença de dor limitante.

Mas em casos de impossibilidade de realizá-los alguns aspectos podem ser adaptados ou modificados. Abaixo seguem 3 exemplos de Testes Dinâmicos:

1.    Roll Down
 

Esse exercício pode ser realizado em pé livre ou contra a parede, onde o aluno realiza o movimento de flexão da coluna. É possível observar a mobilidade da coluna, o comportamento das cadeias musculares e identificar possíveis desvios.

A curvatura da coluna deve ser contínua, se há presença de interrupções ou quebras demonstra uma possível contratura muscular ou encurtamento da cadeia posterior.

A presença de gibosidade aponta uma escoliose. Deve-se avaliar a distância entre o dedo médio até o chão, e se há alteração do alinhamento do ângulo quadril/joelho/tornozelo.

2.    Bridge
 

Com o aluno deitado, é realizado o movimento de ponte e ponte unilateral, em que é possível avaliar o comportamento motor durante a dissociação dos membros da cintura pélvica.

Esse movimento testa a força de glúteos e isquiotibiais, além de analisar ADM (Amplitude de Movimento), o possível encurtamento da cadeia anterior.

Podemos também observar compensações como: tensão cervical, assimetrias entre os lados, desvios, rotações da pelve, limitações, estabilidade geral e consciência corporal.

3.    Swan (Cisne)
 

Com o aluno em decúbito ventral é realizado o movimento de extensão da coluna. Esse exercício avalia ADM e força dos músculos extensores do tronco.

Importante observar se a curvatura da coluna é contínua ou apresenta bloqueios, áreas com hipomobilidade, as compensações cervicais e de ombros, se há integração de MMII e do olhar.

Considerações

  • Em casos de dor ou patologias pré-diagnosticadas a avaliação pode ser adaptada de acordo com o caso.
  • Um bom comando é essencial durante a execução dos exercícios, é necessário ensinar ao aluno, dando orientações, porém é fundamental deixar o aluno errar, pois é aí que as disfunções aparecem.
  • Confirmar os achados da Avaliação Estática, se o comportamento dos desvios posturais aumenta ou diminui conforme o aluno executa os movimentos.
  • Deve-se levar em consideração todos os movimentos que geraram assimetrias ou compensações, analisar todos os dados obtidos, tanto positivos, quanto negativos. São essas observações que irão direcionar os objetivos e necessidades específicas desse aluno.
  • Observar variáveis individuais como: tempo de fadiga, expressão facial, rubor de face, fibrilação muscular, tensão em articulações distais, e limitação por dor.
  • A reavaliação deve ser feita após um período de 3 meses de treino, ou após 20 aulas no mínimo, pois é necessário aguardar o tempo das fases cognitiva e associativa do aprendizado motor, para assim avaliarmos seu ganho de força, coordenação e controle dos movimentos.

Conclusão

Uma boa Avaliação Dinâmica deve apresentar uma conclusão clara, com objetivos traçados a curto, médio e longo prazo.

Com todas as observações em mãos, é hora de organizar todos os dados para traçar um plano de treino específico para aquele aluno, que beneficie todo o corpo, restabelecendo o equilíbrio entre mobilidade e estabilidade, reprogramando o SNC, e equilibrando esse corpo funcionalmente.

Evoluir do exercício básico para o avançado, sem sobrecarga sobre as disfunções.

 

Bibliografia
  • AMADIO, A. C.; MOCHIZUKI, L. Aspectos biomecânicos da postura ereta: a relação entre o certo de massa e o centro de pressão. Revista portuguesa de ciência de desporto. Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo. v.3, n.3, p.77-83. 2003.
  • BIENFAIT, M. As bases da fisiologia da terapia manual. São Paulo: Summus, 2000.
  • BRICOT, B. Posturologia. São Paulo: Editora Ícone. 1999.
  • Bryan M., Hawson S., 2003. The  Benefits of Pilates Exercise in Orthopaedic Rehabilitation. Techniques in Orthopaedics 18: 126-129
  • CIPRIANO, J., Manual Fotográfico de Testes Ortopédicos e Neurológicos. São Paulo – SP: Editora Manole Ltda, 1999.
  • GOULART, Irma Pujól; TEIXEIRA, Lilian Pinto; LARA, Simone. Análise postural da coluna cervical e cintura escapular de crianças praticantes e não praticantes do método pilates. Fisioter. Pesqui.,  São Paulo ,  v. 23, n. 1, p. 38-44,  Mar.  2016 .
  • HODGES, P.W., RICHARDSON, C. A. Inefficient muscular stabilization of the lumbar spine associated with low back pain: A motor control evaluation of transverses abdominais. Spine. 1996; 21: 2640-2650
  • KENDALL, F. P. et al. Músculos: provas e funções. São Paulo: Editora Manole, 1995
  • LIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2ªed. São Paulo: Ed. Edgar Blücher Ltda, 2005.
  • MCGILL, S. Low back disorders: evidence-based prevention and rehabilitation. Canadá: Human Kinetics, 2002.
  • Mochizuki, L., & Amadio, A. C. (2003). As funções do controle postural durante a postura ereta. Fisioterapia E Pesquisa10(1), 7-15. https://doi.org/10.1590/fpusp.v10i1.77416
  • MORO, A. R. P. Análise biomecânica da postura sentada: uma abordagem ergonômica do mobiliário escolar. Tese de Doutorado. Santa Maria – Rio Grande do Sul, 2000. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd85/ergon.htm
  • NEUMANN, D. A. Cinesiologia do aparelho musculoesquelético: fundamentos para a reabilitação física. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 2006.
  • PILATES, J. H. A obra completa de Joseph Pilates: Sua Saúde e O retorno à vida pela Contrologia. São Paulo: Editora Phorte, 2010.
  • ROSSET, L. J. New tools for the assessment of the embouchure’s biomechanics. Internacional Trumpet Guild J, p.51-53, v.81,2005.
  • RUMAQUELLA, M. et al. Os efeitos da postura sentada na coluna vertebral: uma revisão. Anais do 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, p.4142-46, 2008.
  • Segal N.A., Hein J., Basford J.R. The effects of pilates training on flexibility and body composition: An observational study (2004)  Archives of Physical Medicine and Rehabilitation,  85  (12) , pp. 1977-1981.
  • SOUCHARD, P. E. Respiração. Tradução de Ângela Santos. São Paulo: Summus, 1989.

Grupo VOLL

Formação Completa em Pilates (Presencial)

O nome deve ter no mínimo 5 caracteres.
Por favor, preencha com o seu melhor e-mail.
Por favor, digite o seu DDD + número.