Quando se fala em cuidados com a escoliose, é comum ouvir conselhos bem-intencionados, mas nem sempre corretos.
Por trás de muitas frases prontas, há informações que, se seguidas ao pé da letra, podem comprometer o progresso do tratamento, ou, no mínimo, atrasá-lo. A boa notícia é que, com o direcionamento certo, é possível melhorar a qualidade de vida de quem convive com essa condição.
Mas isso exige clareza: o que realmente funciona? E o que pode, mesmo sem intenção, atrapalhar nos cuidados com a escoliose? Vamos conversar sobre isso de forma prática e direta a seguir. Boa leitura!
7 práticas que ajudam (ou atrapalham) na recuperação de pacientes com escoliose
Cuidar da escoliose envolve muito mais do que escolher um tipo de exercício ou usar um colete. É preciso entender o que cada prática promove no corpo, como ela influencia a curva e qual papel o paciente assume nesse processo.
Nem sempre o que parece inofensivo é realmente indicado, e o que funciona para um paciente pode não ser ideal para outro. Por isso, antes de aplicar ou recomendar qualquer conduta, vale analisar com mais critério.
O que realmente pode contribuir com o tratamento e o que merece um alerta de atenção nos cuidados com a escoliose? Veja a seguir.
1. Fazer Pilates sem adaptação para a escoliose
Atrapalha. Mesmo sendo uma excelente ferramenta, o Pilates, quando aplicado de forma genérica, pode reforçar padrões de desequilíbrio.
Exercícios clássicos como Roll-Up ou Swan, por exemplo, precisam ser adaptados de acordo com o tipo de curva. Sem essa personalização, há risco de sobrecarga e piora do quadro postural. O ideal é que cada movimento seja ajustado com base na anatomia da curva do paciente.
2. Ignorar a autocorreção ativa no tratamento
Atrapalha. No caso da escoliose, pensar apenas em “alongar o que está encurtado e fortalecer o que está fraco” não resolve.
A curva escoliótica não é simétrica, e o corpo se adapta a ela de maneira específica. Quando o trabalho é genérico, ele ignora essas adaptações, o que pode causar mais complicações e dores. O fortalecimento precisa ser assimétrico e estratégico.
3. Utilizar a autocorreção ativa como parte do tratamento
Ajuda. Ensinar o paciente a perceber sua postura e tentar corrigi-la ativamente no dia a dia é uma das estratégias mais eficazes nos cuidados com a escoliose.
Essa prática estimula a consciência corporal, promove ajustes funcionais e ajuda a manter os resultados das sessões de exercício fora da sala. A autocorreção ativa faz com que o paciente participe ativamente do processo.
4. Ignorar curvaturas leves no início do tratamento
Atrapalha. É comum subestimar escolioses leves (entre 10º e 20º), acreditando que elas não causam impacto.
Mas é justamente nesse estágio que o tratamento pode ser mais eficiente na prevenção da progressão. Ignorar esses sinais pode fazer com que a curva avance silenciosamente, dificultando o controle futuro. Quanto mais cedo o cuidado começa, melhor o prognóstico.
5. Estimular o paciente a ser ativo no processo de correção
Ajuda. A reeducação postural só é eficaz quando o paciente está envolvido. Corrigir passivamente ou depender exclusivamente do terapeuta limita o progresso.
Quando o aluno compreende seu padrão postural e aplica o que aprende fora da sessão, no trabalho, ao caminhar ou ao sentar, os resultados se tornam duradouros. A ação fora da aula é tão importante quanto o que acontece dentro dela.
6. Aplicar exercícios assimétricos com estratégia
Ajuda. O corpo com escoliose precisa de estímulos assimétricos bem direcionados. Isso significa aplicar esforço maior em um lado, estabilizar o outro, ajustar alavancas e respeitar limites.
O Pilates adaptado permite tudo isso com precisão. Quando bem planejados, os exercícios assimétricos organizam o centro corporal e aliviam sobrecargas.
7. Prescrever exercícios sem considerar o padrão da curva
Atrapalha. Cada curva tem uma lógica própria. Aplicar exercícios sem levar isso em conta é o mesmo que tentar resolver um quebra-cabeça com peças erradas. O risco é reforçar compensações ou sobrecarregar regiões que já estão em desequilíbrio.
Só com uma avaliação detalhada é possível planejar exercícios que respeitem a anatomia do paciente e promovam reorganização de verdade.
As práticas que realmente ajudam nos cuidados da escoliose são aquelas que respeitam o corpo como ele é, sem tentar encaixá-lo em fórmulas prontas. O segredo está na adaptação, no olhar atento e na escuta ativa de quem está ali na sessão.
Entender o que funciona e o que não funciona transforma o tratamento em algo muito mais efetivo.
Conclusão
Os cuidados com a escoliose no dia a dia dos pacientes exige escolhas bem fundamentadas e uma abordagem personalizada. Muitas vezes, o que parece ser uma prática benéfica pode, na realidade, não contribuir para a recuperação, e é justamente nesse ponto que o profissional precisa agir com precisão para orientar corretamente.
Compreender as necessidades de cada paciente, saber quando adaptar o tratamento e identificar os cuidados mais adequados é importante para garantir um resultado eficaz. Os cuidados devem ser adaptados e aplicados de forma estratégica, levando em consideração as particularidades de cada curva, sintomas e estilo de vida do paciente.
A atenção constante aos sinais do corpo e a prática bem direcionada fazem com que o tratamento seja realmente eficaz.