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Quando falamos de fisioterapia esportiva, lembramos logo de lesões no esporte e reabilitações em longos prazos, reconstruções de ligamentos, lesões musculares diversas e pronto atendimento na área de competição. Porém, além de todo esse arsenal de trabalho e dificuldades, há uma modalidade da fisioterapia que vem ganhando espaço e importância no dia a dia esportivo.

A prevenção de lesões no esporte é uma área da fisioterapia que cresce e ganha cada vez mais espaço dentro da rotina de profissionais que trabalham com fisioterapia esportiva.

Os prejuízos funcionais e os períodos de inatividade são algumas das sequelas relacionadas a lesões mais graves ou que demandam longos prazos de tratamento, esse tipo de intercorrência pode ter um impacto físico, emocional, psicossocial e financeiro significativo tanto para o atleta quanto para a equipe.

Por esse motivo são grandes os esforços de prevenção de lesão nas ultimas décadas, pesquisadores de todo o mundo tentam corriqueiramente projetar programas esportivos que se objetivam em diminuir lesões no esporte sofridas a suas altas taxas de inatividade, muitos desses programas já provaram sucesso de forma estatística, reduzindo taxas de lesões em atletas do sexo masculino e feminino.

Origem da prevenção de lesões no esporte

As publicações recentes se concentraram nos mecanismos de lesões do esporte relacionados ao jogador de futebol masculino e feminino, mas a maioria das intervenções de prevenção de lesões se concentrou em mulheres, principalmente focadas sobre a prevenção de lesão do ligamento cruzado anterior.

Os esforços de prevenção de lesões no futebol tiveram início na década de 1980, quando o Dr. Jan Ekstrand e colaboradores realizaram o primeiro estudo com ensaios clínicos randomizados sobre prevenção de lesões no futebol.

Porem, muito antes já se tem indícios de prevenções de lesões relacionadas a atletas, tendo início essa história, no trabalho desenvolvido por um médico judeu alemão, Ludwig Guttmann, na pequena cidade inglesa de Stoke Mandeville.

Em 1944, a pedido do governo britânico, o médico Ludwig Guttmann abriu um centro especializado em lesões na coluna, onde a reabilitação por meio do esporte evoluiu de recreacional para competitiva, implementando um programa inovador que mudaria totalmente a maneira como a sociedade considerava as pessoas com limitações físicas e como elas próprias se viam.

Em 1948, sob a orientação de Guttmann e sua equipe, 16 atletas entre eles homens e mulheres abriram um novo capítulo na história mundial dos esportes em uma competição de arco e tiro, naquele mesmo dia, enquanto Londres assistia à abertura da Olimpíada tradicional pelo rei George V, Guttmann presidia uma competição de arco e arremesso de dardos, com seus atletas em cadeiras de rodas posicionados nos jardins do hospital de Stoke Mandeville.

Em 1952, esses Jogos de Stoke Mandeville organizados por Guttmann já tinham caráter internacional, com mais de 130 inscritos. Em 1960, a competição iniciada por Guttmann foi disputada em Roma, na Itália, já sob o nome de Jogos Paraolímpicos. Foram 400 inscritos, de 23 países, participando de oito esportes, dos quais seis seguem no programa parallímpico até hoje sendo eles tênis de mesa, tiro com arco, basquete, natação, esgrima e atletismo, desde então Ludwig Guttmann é considerado o pai do Paradesporto e da Paraolimpiada.

Tipos de lesões no esporte

As lesões no esporte são divididas entre lesões agudas ou crônicas onde: lesões agudas são caracterizadas como dano causado à um tecido, órgão ou articulação, principalmente advinda de acidente decorrente de movimento brusco ou trauma direto.

Já as lesões crônicas provêm de uma evolução cumulativa, ou seja, quando uma estrutura é exposta à ação repetitiva ao longo do tempo com períodos de remissão e de exacerbação. Normalmente as lesões no esporte são acompanhadas de dor e desconforto podendo até incapacitar e afastar o atleta por tempo indeterminado.

Muitas são as definições de lesão no âmbito esportivo, uma das mais plausíveis conclui lesão como a falta de pelo menos um treino, jogo ou afastamento de competição com impossibilidade de retorno, porém não há uma padronização no que diz respeito a definição de lesão no esporte, trazendo dificuldades em termos de comparações por conta de falta de padronização e metodologia.

Protocolo de prevenção de lesões no esporte

Como podemos observar, não é tão simples quanto parece elaborar um protocolo de prevenção de lesão no esporte ou predição de lesão.

O primeiro passo é entender o conceito do que é prevenção, sendo um conjunto de medidas e ações para uma preparação antecipada de algo que visa prevenir um mal e o qual o conceito de predição, ato ou efeito de predizer, prever, de afirmar o que vai acontecer no futuro, antecipar-se a alguma coisa.

O bom entendimento desses conceitos permite ao profissional fisioterapeuta subsídios para o inicio da elaboração de bons programas de prevenção, onde o primeiro desafio é entender e perceber que existem várias intervenções diferentes que podem ser usadas para prevenir lesões da mesma maneira e, em quais níveis de prevenção podemos intervir, seja em prevenção primária ou prevenção secundária.

A prevenção primária visa prevenir o risco de lesão em atletas sem histórico de lesões prévia, levando em consideração os fatores de risco inerentes a modalidade praticada, já a prevenção secundária visa prevenir as recidiva de lesão em atletas já com histórico de lesão prévia

Independente de qual seja a estratégia adotada ou qual abordagem de prevenção será realizada, fica claro que o objetivo primário a ser atingido é a manutenção e prevenção da integridade física do atleta.

Porém, para uma implementação bem-sucedida de práticas de prevenção é essencial que tenhamos treinadores que comprem a ideia e atletas que confiem e sigam a risca os programas de prevenção desenvolvidos.

Benefícios da prevenção de lesões

O sucesso da implementação dos programas de prevenção, estão ligados ao conceito de aprimoramento de desempenho da equipe, sendo esta a maneira mais fácil de vender o programa para jogadores e treinadores.

Quando realizado um protocolo de prevenção com regularidade e após um levantamento em times da UEFA, equipes com menores números de lesões obtiveram melhora em suas colocações tanto nas ligas nacionais, quanto na liga dos campeões.

Além disso, equipes com maiores índices de lesões esportivas obtiveram menores números de vitorias, outro fator imprescindível para a introdução dos programas de prevenção no esporte se diz respeito à saúde financeira do clube, podendo chegar a um gasto de cerca de $500.000,00 mensais.

Portanto, os programas de prevenção de lesões além de importantes para a saúde do atleta são muito rentáveis para o clube, vários estudos demonstraram que o retorno do investimento é alto e rápido, por exemplo um estudo realizado na Nova Zelândia pela ACC – (Accident Compensation Corporation) comprovou um retorno de 8.20 dólares por cada dólar gasto em programas de prevenção de lesões.

Como elaborar um programa de prevenção de lesão?

Já é claro que a prevenção vem ganhando espaço na fisioterapia esportiva e que é importante a implementação desses programas, porém ficam algumas questões de como prevenir, de que maneira prevenir e como elaborar um programa de prevenção coletivo e com intervenções individuais especificas para cada atleta.

Para um bom programa de prevenção, devemos primeiramente entender as características e peculiaridades da modalidade em que estamos inseridos, a população e o grupo que vamos ter para trabalhar, qual a biomecânica e o gesto motor primário realizado naquele devido esporte.

Além disso, para elaborar um programa eficaz de prevenção é importante também saber as demandas e exigências funcionais inerentes, as principais lesões encontradas naquele determinado esporte e quais os fatores de risco para o desenvolvimento dessas lesões.

Um bom programa de prevenção não tem o seu modelo pré-programado e sim uma adaptação a sua rotina e realidade, as análises biomecânicas e de controle motor tem sido utilizada com maior ênfase para rastrear falhas de padrão de movimento, com intuito de identificar e prevenir potenciais riscos de lesão, ou fatores de risco para lesão.

Fatores de risco que desencadeiam lesões no esporte

Os fatores de risco podem ser divididos entre fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, sendo os intrínsecos fatores que são inerentes ao individuo atleta, ou seja, fatores como flexibilidade, força, sexo, idade entre outros fatores, já os fatores de risco extrínsecos são os fatores que não são biologicamente associados ao atleta, tais como a modalidade exercida, tipo de piso, material de trabalho, clima entre outros.

Além dessa identificação e classificação como fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, os fatores de risco ainda podem ser separados e classificados como modificáveis e não modificáveis onde:

Fatores de risco não modificáveis: normalmente não serão nosso foco sendo eles fatores que não são passiveis de mudanças sejam eles intrínsecos tais como idade ou extrínsecos como, por exemplo, o tipo de piso, focamos então nosso trabalho aos fatores de risco modificáveis.

Fatores de risco modificáveis: são então nosso principal foco de trabalho, conforme necessidade e peculiaridade da modalidade e do perfil do atleta.

Atletas praticantes da modalidade futebol, por exemplo, tem como uma das principais lesões as musculares de isquiotibias, sendo então um dos fatores de risco inerentes a esses atletas o encurtamento dos isquiotibiais e/ou o desequilíbrio de força agonista antagonista em relação quadríceps e isquiotibiais.

Portanto, o principal fator de risco a ser trabalhado para prevenção de lesão muscular em atletas de futebol é o alongamento dos músculos posteriores da coxa e o equilíbrio muscular, porém sempre lembrando que existe a possibilidade e certas vezes a necessidade de intervir de diversas maneiras para a remissão do mesmo fator de risco.

Principais lesões do âmbito esportivo

As lesões de ligamento cruzado anterior, por exemplo é uma das lesões que mais se busca prevenir no âmbito esportivo, sendo dentre os fatores de risco para essa lesão os mais encontrados na literatura, o aumento de força do músculo quadríceps, aumentando a força de cisalhamento anterior na tíbia o que levaria a uma necessidade de maior atividade dos músculos isquiotibiais, restritores secundários a anteriorização da tíbia.

Portanto, se os isquíostibiais evidenciarem fraqueza, haverá um desequilíbrio em relação ao quadríceps associado a um atraso motor no tempo de contração de isquiotibiais o que poderia levar a uma falha, aumentado assim o risco de lesão em ligamento cruzado anterior.

Reduzindo o risco de lesões no ligamento cruzado anterior

Existem vários programas que demonstraram ser eficazes na redução do risco de lesão ligamento cruzado anterior abordando esses fatores de risco.

Um protocolo da Fundação de Medicina Esportiva de Santa Monica realizou um programa de prevenção de lesões e melhora do desempenho utilizando técnicas adequadas de aterrissagem, mudanças de direção e desaceleração incluindo e priorizando aterrissagens suaves, com flexão do joelho e do quadril, evitando assim a abdução excessiva do joelho e consequentemente o posicionamento em valgo dinâmico de joelho durante o pouso e o agachamento.

Esse programa de prevenção demonstrou uma redução significativa com números expressivos de redução entre 74 e 88% nas lesões de ligamento cruzado anterior em um tempo médio de 6 a 8 semanas.

Já os exercícios de equilíbrio e proprioceptivos, também foram investigados como uma possível estratégia de prevenção de lesão, porém a eficácia deste tipo de intervenção ainda não é clara com variados estudos que demonstram resultados conflitantes.

Söderman e colaboradores não encontraram efeitos preventivos positivos após protocolo de prevenção especifico na incidência de lesões agudas do joelho em jogadores adultos do sexo feminino, muito embora o papel do treinamento de equilíbrio e de exercícios proprioceptivos como uma intervenção ainda não seja muito claro.

Esse tipo de treinamento é amplamente utilizado no âmbito esportivo, mas talvez esse seja um assunto que mereça outra discussão isolada e especifica.

Conclusão

As lesões no esporte são algo muito comum nesse âmbito, por isso, é importante que haja um programa específico que tenha por objetivo tratar e prevenir esses problemas.

O programa de prevenção às lesões no esporte é um ótimo aliado para tratar aqueles que sofrem algum tipo de dano praticando esporte como é o caso do futebol.

Neste texto pudemos entender como essa técnica funciona e como realizar um treino de prevenção eficaz.

Ficam então o entendimento do que é prevenção de lesão, do quão trabalhoso é a elaboração de um programa de prevenção no esporte, porém ficam subsídios suficientes para implementação desse tipo de programa.

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