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É um método inicialmente desenvolvido por Kabat, e em sequência por Knott e Voss, conhecido também por Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva.

Por ter sido inicialmente desenvolvida por Kabat, a técnica de FNP ficou sendo conhecida pelo nome de seu inventor.

Definição

  • Facilitação: tornar fácil.
  • Neuromuscular: envolve nervos e músculos.
  • Proprioceptiva: diz respeito a qualquer receptor sensorial que envia informações relativas ao movimento e posicionamento do corpo.

O FNP é um conceito de tratamento e sua filosofia baseia-se na ideia de que todo ser humano, incluindo aqueles portadores de deficiências, tem potencial existente não explorado (Kabat, 1950).

Os princípios fundamentais do método Kabat são:

  • Método de tratamento global: cada tratamento é direcionado para o ser humano como um todo, e não para o problema ou segmento corporal específico;
  • O enfoque terapêutico é sempre positivo, além disso, reforça e utiliza o que o paciente pode fazer física e psicologicamente;
  • O objetivo primário de todo tratamento é fazer com que o paciente consiga alcançar o seu mais alto nível funcional.

Origem do Método Kabat

O método Kabat está incluído no grupo de facilitação neuromuscular proprioceptiva e foi desenvolvido pelos norte-americanos Herman Kabat, médico, e Margaret Knott, fisioterapeuta, entre os anos de 1946 e 1951.

Inicialmente o Dr. Herman Kabat, ainda na década de 40, começou com o termo “facilitação proprioceptiva”. Em 1954 Dorothy Voss adicionou a palavra “neuromuscular” para formar a expressão que conhecemos hoje: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP).

O conceito do Dr. Kabat para FNP surgiu da sua experiência como médico e neurofisiologista. Seu objetivo era desenvolver um método de tratamento que empregasse resistência manual que permitisse aos clínicos analisar a avaliar os movimentos o paciente, ao mesmo tempo que facilitasse estratégicas mais funcionais.

Originalmente esse método foi utilizado para tratar pacientes com poliomielite. Em 1946, o Dr. Herman Kabat, junto com o industrial Henry J. Kaiser, fundou os Institutos Kaiser-Kabat, em Washington, em 1948 em Vallejo e em um terceiro, em 1950 em Santa Mônica. Um os objetivos dos institutos era conduzir pesquisas medicas para desordens neuromusculares.

O Dr. Herman Kabat aplicou os princípios da neurofisiologia, baseando-se no trabalho de Sherrington, ao tratamento de paralisia secundária, poliomielite e esclerose múltipla.

Uma outra influência para o desenvolvimento da técnica veio dos trabalhos de sua irmã Elizabeth Kenney, uma enfermeira australiana que trabalhava com pacientes de poliomielite por meio de atividades de estiramento e fortalecimento específicas. Nessa época essas atividades eram consideras alternativas ao tratamento convencional e não apresentavam fundamentos sólidos.

O Dr. Herman então integrou as técnicas manuais de sua irmã Kenney com as bases neurofisiológicas de Sherrington de indução sucessiva, inervação e inibição recíproca e o fenômeno da irradiação.

Em 1951, o Dr. Herman e a Dra. Margaret Knott estabeleceram padrões das diagonais e variações técnicas e então não se desenvolveram novas técnicas desde então.

Porém atualmente o método é utilizado para o tratamento de inúmeras doenças neurológicas e ortopédicas.

Em 1956 foi publicado o livro Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva: Modelos e Técnicas, escrito por Maggie e Dorothy.

Objetivo do Método Kabat

O objetivo do método Kabat é promover um movimento funcional por meio da inibição, do fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares.

Através da realização desse movimento funcional o método Kabat é capaz de favorecer a contração muscular voluntária, controlar o tônus muscular, promover alongamento e fortalecimento muscular, melhorar a resistência, promover equilíbrio entre os músculos agonistas, antagonistas e sinergistas, melhorar a coordenação motora e estimular o aprendizado de padrões funcionais de movimento.

Esses procedimentos básicos para facilitação oferecem ao terapeuta o que é necessário para ajudar seus pacientes a atingir uma função motora eficiente, como:

  • Aumentar a habilidade do paciente em mover-se e permanecer estável
  • Guiar o movimento com a utilização de contatos manuais adequados e resistência apropriada
  • Ajudar o paciente a obter coordenação motora e sincronismo
  • Aumentar a capacidade do paciente e evitar a fadiga

Os princípios da facilitação neuromuscular proprioceptiva

Os procedimentos básicos para a facilitação neuromuscular proprioceptiva são:

Resistência

A quantidade de resistência oferecida durante uma atividade deve ser adequada às condições do paciente e ao objetivo da atividade. Esse tipo de resistência é denominado resistência apropriada.

Os objetivos terapêuticos da resistência são:

  • Facilitar a habilidade do músculo em se contrair;
  • Aumentar a aprendizagem motora;
  • Ajudar o paciente a adquirir a consciência de movimento e sua direção;
  • Aumentar a força muscular.

A aplicação da resistência dependerá do tipo de contração muscular a ser resistido:

Concêntrica

O encurtamento do agonista produz movimento.

Excêntrica

Uma força externa, a gravidade ou resistência produz o movimento. O movimento é restringido pelo alongamento controlado do agonista.

Irradiação e reforço

Irradiação é a propagação da resposta ao estímulo.

Essa resposta pode ser vista como aumento da facilitação (contração) ou inibição (relaxamento) nos músculos sinérgicos e padrões de movimento. A resposta aumenta à medida que o estímulo aumenta em intensidade ou duração.

Kabat escreveu que a resistência ao movimento é responsável pela produção da irradiação, e a difusão da atividade muscular ocorrerá em padrões específicos.

O reforço, definido no Webster’s Ninth New Collegiate Dictionary, é “aumentar a força, adicionando um novo estímulo; tornar mais forte”.

O terapeuta pode direcionar o reforço para os músculos mais fracos, por meio da quantidade de resistência que ele aplicou nos músculos fortes.

Quanto maior o aumento da resistência maior será o aumento da extensão da resposta muscular. Se houver modificação no movimento que está sendo resistido ou da posição do paciente, também haverá alteração dos resultados.

O terapeuta deverá ajustar a quantidade de resistência e o tipo de contração muscular para se adaptar à condição do paciente e ao objetivo do paciente.

Não é possível estipular instruções gerais referentes à quantidade de resistência a ser aplicada e aos movimentos a serem resistidos, devido as reações de cada paciente.

O terapeuta, após uma avaliação dos resultados do tratamento, é que vai determinar as melhores formas de utilizar a resistência, a irradiação e o reforço.

Contato manual

Os contatos manuais do terapeuta estimulam os receptores cutâneos e os de pressão do paciente. Esses contatos informam ao paciente a direção correta do movimento.

As mãos do terapeuta devem ser posicionadas de uma forma que apliquem uma pressão oposta à direção do movimento.

Os lados da mão e da perna são considerados superfícies neutras e são consideradas seguros.

Os benefícios do contato manual são:

  • Uma pressão no músculo aumenta a sua habilidade de contração;
  • Uma pressão na direção oposta ao movimento, em qualquer parte do membro que está se movimentado, estimulará os músculos sinérgicos, que reforçarão o movimento;
  • O contato manual no tronco do paciente auxilia indiretamente no movimento de extremidade pois ajuda a estabilizar o eixo.

O tipo de contato que o terapeuta utiliza durante a realização da técnica para controlar o movimento e resistir à rotação é o contato lumbrical.

No contato lumbrical a pressão surge da flexão das articulações metacarpofalangeanas, que permite adaptar os dedos do terapeuta à parte corporal que está sendo trabalhada. O contato lumbrical proporciona ao terapeuta um melhor controle do movimento tridimensional sem causar dor no paciente, por não apertar e nem exercer pressão excessiva em áreas com proeminências ósseas.

Comando verbal

O comando verbal é utilizado para que o terapeuta diga ao paciente o que deve ser feito e quando deve ser feito.

O comando precisa ser dado ao paciente, e não para a parte do corpo que está sendo tratada. Os comandos precisam ser claros, diretos e concisos, sem o uso de palavras difíceis ou desnecessárias.

As palavras devem ser combinadas com o movimento passivo, para que o paciente aprenda como ele deve se movimentar.

A sincronia é importante para coordenar as reações do paciente junto com as mãos e resistência do terapeuta. A sincronia guia o início do movimento e as contrações musculares, ajudando a solicitar do paciente as correções para a realização do movimento ou manutenção da estabilidade.

A sincronia no comando de voz também é importante para quando o reflexo de estiramento é utilizado. O comando inicial deve ocorrer imediatamente antes do reflexo, para coordenar a tentativa consciente do paciente com a resposta reflexa.

É importante repetir várias vezes o comando de ação para estimular o aumento do empenho e para ajudar a redirecionar o movimento.

Já o volume do comando pode afetar a força do resultado da contração muscular. Quando o terapeuta deseja uma contração muscular de maior intensidade um comando de voz mais alto deve ser utilizado. Quando o objetivo é relaxar ou aliviar a dor, o comando deve ser utilizado com um tom de voz mais calmo e tranquilo.

O comando de voz é dividido em três partes:

  • Preparação: prepara o paciente para realizar a ação
  • Ação: diz o paciente para começar a ação
  • Correção: orienta o paciente sobre como corrigir ou modificar a ação.

Visão

A visão pode oferecer um feedback sensorial que pode promover uma contração muscular mais potente.

Se um paciente olhar para seu braço durante o exercício, por exemplo, ele poderá alcançar uma contração muscular mais forte. Além disso, o uso da visão pode ajudar o paciente a controlar e corrigir a posição durante o movimento.

A visão pode influenciar tanto o movimento da cabeça quanto do corpo.

O contato visual entre o terapeuta e o paciente também estabelece uma via de comunicação, estabelecendo uma interação de cooperação e segurança entre os dois.

Tração e aproximação

A tração é um alongamento que ocorre no tronco ou em alguma extremidade.

Os efeitos terapêuticos da tração são causados pela estimulação de receptores articulares e seus objetivos são:

  • Facilitar os movimentos
  • Auxiliar o alongamento do tecido muscular quando o reflexo de estiramento estiver sendo utilizado
  • Resistir a alguma parte do movimento

Para aplicar a tração, basta aplicar a força de tração gradualmente até alcançar o resultado desejado. A tração deve ser mantida durante o movimento e combinada com a resistência apropriada.

A aproximação é o contrário da tração, ou seja, é uma compressão do tronco ou de uma extremidade.

Os objetivos terapêuticos da aproximação são:

  • Promover a estabilização
  • Facilitar a tomada de peso e contração de músculos antigravitacionais
  • Facilitar reações de endireitamento
  • Resistir a algum componente de movimento

Existem duas formas de se aplicar a força de aproximação:

Rápida – A força é aplicada de forma rápida, para se obter uma resposta reflexa

Lenta – A força é aumentada gradualmente, de acordo com a tolerância do paciente

Estiramento

O estímulo de estiramento acontece quando um músculo é alongado.

O estímulo de estiramento é um movimento preparatório que tem como objetivo facilitar as contrações musculares. O estímulo facilita o alongamento muscular, o alongamento dos músculos sinérgicos da mesma articulação e de outros músculos sinergistas associados.

Essa facilitação resulta em um alongamento de todos os músculos sinérgicos de um membro ou tronco.

Já o reflexo de estiramento é provocado nos músculos sob tensão, tanto por alongamento quanto por contração.

Os objetivos do reflexo de estiramento são facilitar a iniciativa motora, aumentar a amplitude de movimento ativo, aumentar a força muscular, prevenir ou reduzir a fadiga e guiar o movimento na direção desejada.

Sincronização dos movimentos

Um movimento normal requer que uma sequência suave de atividades e um movimento coordenado depende de um sincronismo preciso desta sequência.

A atividade funcional requer um movimento coordenado e contínuo até que seu objetivo tenha sido alcançado.

A sincronização nada mais é que a sequência dos movimentos. Porém, uma sincronização considerada normal de movimentos mais coordenados e eficientes ocorre de distal para proximal.

Durante o desenvolvimento motor a evolução do controle e da coordenação ocorre de cranial para caudal e de proximal para distal. Na infância, é o braço que determina para onde vai a mão.

Porém, após a maturação da preensão, é a mão que direciona o curso dos movimentos do braço. Para os adultos manterem o equilíbrio em pé, os pequenos movimentos ocorrem do tornozelo (distal) para quadril e tronco (proximal).

Restaurar o sincronismo normal dos movimentos deve ser um dos objetivos do tratamento no método Kabat.

A sincronização para ênfase envolve a modificação da sequência normal de movimentos, para enfatizar um músculo em particular ou uma atividade desejada.

Em 1947 Kabat escreveu que um movimento de um músculo sinérgico mais forte redirecionará energia de tal contração para outro músculo mais fraco.

Essa alteração do sincronismo estimula reflexos proprioceptivos musculares por meio da resistência e do reflexo de estiramento. Os melhores resultados são esperados quando músculos fortes apresentam um bom nível de força muscular (pelo menos grau 4 no Teste Muscular Manual).

Existem duas formas de alterar a sincronização normal com objetivos terapêuticos:

  • Pela prevenção de todos os movimentos do padrão, com exceção daquele a ser enfatizado;
  • Pela resistência de um movimento forte em um padrão a uma contração isométrica ou mantida, enquanto são exercitados músculos fracos. Essa resistência à contração estática trava esse segmento.

Padrões de facilitação

Um movimento funcional considerado normal é formado por padrões de movimento em massa dos membros e músculos sinérgicos do tronco.

O córtex motor é quem produz e organiza esses padrões de movimento, ou seja, o indivíduo não é capaz de, voluntariamente, deixar um músculo fora do padrão de movimento ao qual ele faz parte. Não é possível contrair os músculos individualmente, mas nossos movimentos mais discretos se originam de padrões em massa.

Essas combinações de músculos sinérgicos formam os padrões de facilitação do método Kabat.

Os padrões do Kabat combinam movimentos em três planos:

  1. Sagital: flexão e extensão
  2. Frontal ou coronal: abdução e adução de membros ou flexão lateral de coluna
  3. Transversal: rotação

As pessoas realmente possuem movimentos em espiral e diagonal. O estiramento e a resistência apenas reforçam a eficácia dos padrões, podendo ser constatado pelo aumento da atividade muscular.

O aumento da atividade do músculo se espalha tanto distal quanto proximalmente dentro de um padrão, ou de um padrão para outros que se relacionam em movimento (irradiação).

O tratamento utiliza a irradiação a partir da combinação de músculos sinérgicos (os padrões) para fortalecer um grupo muscular desejado ou reforçar movimentos funcionais desejados.

Quando exercitamos os padrões contra a resistência, todos os músculos que fazem parte da sinergia irão contrair, se forem capazes.

Para uma resistência efetiva, a chave é o componente de rotação do padrão. Uma aplicação correta da resistência para rotação irá fortalecer o padrão como um todo, porém o excesso irá impedir que o movimento ocorra.

O movimento que ocorre na articulação proximal é que dá nome aos padrões. As articulações distais e proximais do membro estão ligadas dentro do padrão, já a articulação intermediária é livre para fletir, estender ou manter sua posição. O tronco e os membros trabalham juntos para formar uma sinergia completa.

Exemplo: O padrão de flexão-adução-rotação externa de ombro pede flexão de dedos, flexão radial de punho e supinação do antebraço. O cotovelo pode fletir, estender ou manter-se em uma posição pois é uma articulação intermediária.

Em relação ao tronco, a flexão-adução-rotação externa de ombro com ântero-elevação da escápula combina com extensão do tronco e rotação para o lado oposto, completando assim um movimento total.

Ao se conhecer as combinações musculares sinérgicas é possível trabalhar nos padrões.

Os padrões podem receber diversas variações:

  • Modificando a atividade da articulação intermediária, no padrão da extremidade, para a função
  • Modificando a atividade da articulação intermediária, no padrão da extremidade para o efeito em músculos bi-articulares
  • Modificando a posição do paciente para alterar os efeitos da gravidade
  • Modificando a posição do paciente para outra mais funcional
  • Modificando a posição do paciente para usar o estímulo visual

As combinações de padrões são nomeadas de acordo com a relação dos movimentos dos membros entre si (braços, pernas ou ambos):

Unilateral: um braço ou uma perna

Bilateral: ambos os braços, ambas as pernas ou combinações entre braços e pernas.

  • Simétrica: os membros movem-se no mesmo padrão
  • Assimétrica: os membros movem-se em padrões opostos
  • Simétrica recíproca: ambos se movem na mesma diagonal, mas em direções opostas
  • Assimétrica recíproca: ambos se movem em diagonais opostas.

Diferença entre o Método Bobath e Kabat

O conceito Bobath é uma técnica de reabilitação baseada na neuroplasticidade e se utiliza da facilitação, normalização/adequação do tônus e reeducação do movimento, através de manuseios, em pontos chaves específicos, que ajudarão no desenvolvimento do movimento desejado.

O método Kabat promove ganho da funcionalidade por meio da facilitação, do fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares, utilizando para isto contrações concêntricas, excêntricas e estáticas, somando-se à aplicação gradual de resistência e procedimentos facilitatórios, visando atingir as necessidades adequadas de cada indivíduo.

O Bobath se baseia na inibição dos reflexos primitivos e dos padrões patológicos de movimento, enquanto o Kabat utiliza estímulos proprioceptivos facilitadores de respostas motoras, partindo de respostas reflexas e chegando à motricidade voluntária.

Outra diferença é que o conceito Bobath não utiliza em seus procedimentos a resistência externa aplicada pelo fisioterapeuta, muito comum e amplamente utilizada no método Kabat.

Tipos de tratamento na reabilitação neurológica

O Kabat pode ser utilizado em diversas patologias, porém em pacientes neurológicos os seus resultados são ainda mais satisfatórios pois além de ajudar no ganho de força e alongamento muscular, a técnica auxilia no controle do tônus muscular, equilíbrio, coordenação, sinergia muscular e aprendizado motor.

O Kabat é funcional para pacientes com lesões do neurônio motor superior acompanhada de espasticidade, porém também pode ser utilizado para iniciar contração muscular em casos de lesão periférica e fraqueza muscular de qualquer etiologia.

Um dos princípios do método Kabat é a aplicação de técnicas que utilizam o lado íntegro para atingir o lado contralateral comprometido, chamado de tratamento indireto. Através de movimentos bilaterais é possível apoiar e proteger o lado debilitado, pois quando se estimula o lado íntegro, os neurônios reagem ao mesmo tempo transmitindo impulsos para o lado oposto, ocorrendo uma irradiação dos estímulos fazendo com que os neurônios do outro lado sejam facilitados, iniciando-se assim, o esboço de contrações do lado hemiplégico do paciente com sequelas de AVC.

Os princípios do método Kabat auxiliam na melhora do alongamento, força muscular, equilíbrio e coordenação em indivíduos com Doença de Parkinson e Alzheimer, facilitando a realização de atividades de vida diária e transferências, melhorando a qualidade de vida desses pacientes.

Todas as técnicas podem ser utilizadas na reabilitação neurológica e cabe ao fisioterapeuta avaliar e verificar qual das técnicas e padrões devem ser utilizados no paciente para seu tratamento.

O método Kabat também pode ser utilizado no tratamento de:

Técnicas do Método Kabat

Existem técnicas específicas do método Kabat que tem como objetivo promover o movimento funcional por meio da facilitação, inibição, do fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares.

As técnicas utilizam contrações musculares concêntricas, excêntricas e estáticas, combinados com uma aplicação gradual de resistência e procedimentos facilitatórios adequados, todos ajustados de acordo com as necessidades de cada paciente.

As técnicas específicas do método Kabat serão descritas a seguir:

Iniciação rítmica

Movimento rítmico de um membro ou corpo, realizado por meio da amplitude desejada. Começa com um movimento passivo e progride até um movimento ativo resistido.

Objetivos:

  • Facilitar a iniciativa motora
  • Melhorar a coordenação e sensação de movimento
  • Normalizar o ritmo do movimento
  • Ensinar o movimento
  • Ajudar o paciente a relaxar

Indicações

  • Dificuldades em iniciar o movimento
  • Movimento muito rápido ou muito lento
  • Movimento incoordenado ou sem ritmo
  • Tensão geral

Combinação de isotônicas

Combina contrações concêntricas, excêntricas e de estabilização em um grupo muscular (agonistas) sem relaxamento. Necessário começar no local onde o paciente apresenta maior força ou melhor coordenação.

Objetivos

  • Controle ativo do movimento
  • Coordenação
  • Aumentar a amplitude ativa do movimento
  • Aumentar a força muscular
  • Treinar o controle excêntrico funcional do movimento

Indicações

  • Diminuição do controle excêntrico
  • Perda da coordenação ou da habilidade em mover-se na direção desejada
  • Diminuição da amplitude ativa do movimento
  • Movimentação ativa precária dentro da amplitude de movimento

Reversão de antagonistas

Reversão dinâmica

Ocorre alternância de movimento ativo, de uma direção agonista para a direção oposta antagonista, sem interrupção ou relaxamento.

Objetivos

  • Aumentar a amplitude de ativa do movimento
  • Aumentar a força muscular
  • Desenvolver a coordenação
  • Evitar ou reduzir a fadiga
  • Aumentar a resistência

Indicações

  • Diminuição da amplitude ativa de movimento
  • Fraqueza de músculos agonistas
  • Diminuição da habilidade de modificar a direção do movimento
  • Aparecimento de fadiga durante o exercício

Reversão de estabilizações

Contrações isotônicas alternadas, com resistência oposta o suficiente para prevenir o movimento.

Objetivos

  • Aumentar a estabilidade e o equilíbrio
  • Aumentar a força muscular
  • Aumentar a coordenação entre agonista e antagonista

Indicações

  • Diminuição da estabilidade
  • Fraqueza muscular
  • Inabilidade em realizar contrações musculares isométricas

Estabilização rítmica

Contrações isométricas alternadas utilizadas contra uma resistência, com ausência de intenção de movimento.

Objetivos

  • Aumentar as amplitudes ativa e passiva do movimento
  • Aumentar a força muscular
  • Aumentar a estabilidade e o equilíbrio
  • Diminuir a dor

Indicações

  • Diminuição da amplitude de movimento
  • Dor
  • Instabilidade articular
  • Fraqueza de músculos antagonistas
  • Diminuição do equilíbrio

Estiramento repetido

Estiramento repetido do início da amplitude

Reflexo de estiramento provocado por músculos sob tensão de alongamento.

Objetivos

  • Facilitar a iniciativa motora
  • Aumentar a amplitude de movimento ativo
  • Aumentar a força muscular
  • Prevenir ou reduzir a fadiga
  • Guiar o movimento na direção desejada

Indicações

  • Fraqueza muscular
  • Inabilidade em iniciar o movimento devido à fraqueza ou rigidez
  • Fadiga
  • Diminuição da consciência do movimento

Contraindicações

  • Instabilidade articular
  • Dor
  • Ossos instáveis devido à fratura ou osteoporose
  • Lesões musculares ou tendinosas

Estiramento repetido durante a amplitude

Reflexo de estiramento provocado por músculos sob tensão de contração.

Objetivos

  • Aumentar a amplitude ativa de movimento
  • Aumentar a força muscular
  • Prevenir ou reduzir fadiga
  • Guiar o movimento na direção desejada

Indicações

  • Fraqueza muscular
  • Fadiga
  • Diminuição da conscientização do movimento desejado

Contraindicações

  • Instabilidade articular
  • Dor
  • Ossos instáveis devido à fratura ou osteoporose
  • Lesões musculares ou tendinosas

Contrair-relaxar

Contrair-relaxar: tratamento direto

Contrações isotônicas resistidas dos músculos encurtados antagonistas, seguidas de relaxamento da amplitude adquirida.

Objetivo

  • Aumentar a amplitude passiva do movimento

Indicação

  • Diminuição da amplitude passiva do movimento

Contrair-relaxar: tratamento indireto

Contrações dos músculos agonistas em vez de contrações dos músculos encurtados.

Indicação

A técnica indireta é utilizada quando a contração dos músculos encurtados é muito dolorosa ou fraca para produzir uma contração eficaz.

Manter-relaxar

Manter-relaxar: tratamento direto

Contração isométrica resistidas dos músculos antagonistas (músculos encurtados) seguida de relaxamento.

Objetivos:

  • Aumentar a amplitude passiva do movimento
  • Diminuir a dor

Indicações

  • Diminuição da amplitude passiva do movimento
  • Dor
  • Quando as contrações isotônicas do paciente são ortes demais para o terapeuta controlar

Contraindicação

  • Quando o paciente é incapaz de realizar uma contração isométrica

Manter-relaxar: tratamento indireto

O manter-relaxar resiste-se aos músculos sinérgicos dos músculos encurtados ou com dor, e não os músculos ou movimentos dolorosos.

Indicação

  • Quando a contração dos músculos encurtados é muito dolorosa

Réplica

Técnica que serve para facilitar a aprendizagem motora de atividades funcionais.

Objetivos

  • Ensinar ao paciente a posição final (resultado) do movimento
  • Avaliar a habilidade do paciente de sustentar uma contração quando os músculos agonistas estão em encurtamento.

Exercícios do Método Kabat

Membro superior

Flexão-abdução-rotação externa

Contatos manuais

  • Distal

Mão direita apoia a superfície dorsal da mão do paciente. Seus dedos estão do lado radial (1º e 2º metacarpos) e o polegar exerce uma contrapressão na borda ulnar (5º metacarpo). Não há nenhum contato na palma da mão. Não apertar a mão do paciente

  • Proximal

Por baixo do membro, apoie as faces ulnar e radial do antebraço do paciente proximais ao punho. O contato lumbrical permite ao terapeuta evitar qualquer pressão na superfície palmar do antebraço.

Posição de alongamento

Posicione o punho em flexão ulnar e o antebraço em pronação. Mantenha o punho e a mão em posição enquanto move o ombro para extensão e abdução. Pode-se usar uma leve tração para alongar os músculos do ombro e da escápula. O úmero cruza a linha média para a direita, e a palma está voltada para o ílio direito. A tração leva a escápula para ântero-depressão. A continuação desse movimento poderá trazer o paciente para uma flexão de tronco para a direita.

Biomecânica corporal

Fique em pé com as pernas afastadas, na altura do ombro do paciente ou acima dele, com o seu pé esquerdo na frente. Volte-se para a linha do movimento. Comece colocando o seu peso corporal no pé posicionado à rente e deixe que o movimento do paciente leve seu peso para o pé de trás. Continue voltando para a linha de movimento.

Estiramento

Aplique o estiramento no ombro e na não simultaneamente. Seu contato proximal realiza uma tração rápida, com rotação de ombro e da escápula, e o contato distal traciona o punho.

Comando de voz

“Mão para cima, levante seu braço. Eleve seu braço”.

Movimento

Os dedos e o polegar se estendem à medida que o punho move-se para extensão radial. A face radial da mão lidera enquanto o ombro se move em flexão, abdução e rotação externa. A escápula se move para póstero-elevação. A continuação do movimento é um “alcançar acima”, com alongamento do lado esquerdo do tronco.

Resistência

A mão distal combina uma tração, durante a extensão do punho, com uma resistência rotatória do desvio radial. A resistência à supinação do antebraço e à abdução e rotação externa do ombro surgem da resistência à rotação exercida no punho. A força de tração resiste ao movimento de extensão do punho e de flexão do ombro.

A mão proximal combina uma força de tração com a resistência em rotação. A linha da resistência é para trás, em direção à posição incial. A manutenção da força de tração guia a resistência em um arco apropriado.

Utilize aproximação por meio do úmero no final da amplitude do ombro para resistir à elevação escapular e estabilizar o ombro.

Posição final

O úmero encontra-se em total flexão (aproximadamente a três dedos da orelha esquerda) e a palma está voltada em torno de 45º para o plano coronal. A escápula está em póstero-elevação. O cotovelo se mantém em extensão. O punho está em total extensão radial e dos dedos e polegar estão estendidos para o lado radial.

Membro inferior

Flexão-adução-rotação externa

Contatos manuais

  • Distal

Mão esquerda se posiciona no pé do paciente, com os dedos na borda medial e polegar fazendo pressão contrária na borda lateral. Segure nas laterais do pé, sem fazer contato na região plantar. Mantenha o contato próximo às articulações metatarsofalangeadas para evitar o bloqueio dos dedos.

  • Proximal

Posicione sua mão direta na superfície ântero-medial da coxa, imediatamente acima do joelho

Posição de alongamento

Tracione o membro como um todo enquanto posiciona o pé em plantiflexão e eversão. Continue a tração e mantenha a rotação interna, enquanto posiciona o quadril em hiperextensão e abdução. O tronco alonga-se na diagonal, da direita para a esquerda.

Biomecânica corporal

Posicione-se com os pés afastados e com o pé mais próximo da maca na frente. Volte-se para o ombro direito do paciente, com seu corpo alinhado com a linha do movimento padrão. Durante o estiramento, transfira o seu peso corporal do pé da frente para o de trás. Enquanto o paciente se move, deixe que a resistência transfira seu peso para o pé posicionado na frente. Se o membro do paciente for muito longo, dê um passo à medida que seu peso se transferir para frente. Continue voltado para a linha do movimento.

Estiramento

Rápido alongamento e rotação de quadril, do joelho e do pé exercidos por ambas as mãos, simultaneamente.

Comando

“Pé para cima, leve a perna para cima e para dentro. Levante!”.

Movimento

Os dedos se estendem enquanto o pé e o tornozelo movem-se em dorsiflexão e inversão. A inversão promove a rotação interna do quadril e esses movimentos ocorrem simultaneamente. O hálux lidera o movimento à medida que o quadril move-se em flexão com adução e rotação externa. A continuação do movimento produz flexão de tronco para a direita.

Resistência

A mão distal combina resistência à inversão com tração através do pé dorsifletido. A resistência à adução e rotação externa do quadril vem da resistência à inversão. A tração resiste tanto à dorsiflexão quanto à flexão do quadril. Sua mão proximal combina a tração ao longo da linha femoral com uma força rotatória para resistir à rotação externa e adução. Manter a força de tração guia a resistência em um arco apropriado.

Posição final

O pé está em dorsiflexão com inversão e o joelho em total extensão. O quadril está em total flexão com adução e rotação externa suficientes para posicionar o joelho e calcanhar em uma linha, na diagonal, com o ombro direito.

Cuidados e restrições em relação ao aluno

As técnicas do método Kabat podem ser usadas no tratamento de pacientes de qualquer diagnóstico e em qualquer condição.

Pacientes de qualquer patologia podem se beneficiar com o uso das técnicas do Kabat, porém, algumas adaptações podem ser necessárias em determinadas situações.

De uma maneira geral a dor funciona como um inibidor da coordenação motora eficaz e pode ser um sinal potencial de lesão, por isso é necessário um cuidado maior com pacientes que apresentem dor.

Outras indicações são na maioria as de “senso comum”, como por exemplo: não utilizar aproximação em extremidade com fratura sem consolidação. Na presença da instabilidade articular, tomar cuidado ao utilizar a tração ou reflexo de estiramento. E não utilizar o reflexo de estiramento em pacientes que apresentem fragilidade óssea, dor ou lesão muscular ou tendinosa.

Conclusão

O método Kabat é um excelente recurso fisioterapêutico para reabilitação de pacientes das mais diversas patologias, em especial as patologias neurológicas.

Porém, por ser um método complexo e que demanda muita técnica, é preciso se aprofundar e estudar bastante todos os padrões e exercícios para que o método possa ser aplicado corretamente, a fim de alcançar todos os objetivos esperados.

 

 

Bibliografia
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  2. ALENCAR, R. F et al. Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva em tatame na reaquisição de funções na lesão medular. Revista de Neurociências, São Paulo, 19, n. 33, p. 512-518, 2011.
  3. ROSARIO, J.L.P. Manual Prático de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. 1ªed. São Paulo: Baraúna, 2011. 142p.
  4. MESQUITA, M. G. Efeitos da facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) na melhora global do paciente acometido por acidente vascular cerebral (AVC). Disponível em: < http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/30/32_-_Efeitos_da_FNP_na_melhora_global_do_paciente_acometido_por_acidente_vascular_cerebral_AVC.pdf> Acesso: 31/05/2017.
  5. CARVALHO, K. R et al. O método Kabat no tratamento fisioterapêutico da doença de Alzheimer. Revista Kairós, São Paulo, 11, n. 2, p. 181-195, 2008.
  6. CARDOSO, C. S; SANTOS, F.H; XAVIER, G.F. Mudanças motoras, sensoriais e cognitivas em crianças com paralisia cerebral espástica diparética submetidas a intervenção fisioterapêutica pelas abordagens Kabat ou Bobath. Revista de Fisioterapia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 11, n. 1, p. 56-65, 2004.
  7. DUARTE, M. P; RABELLO, L.M. Conceito neuroevolutivo Bobath e a facilitação neuromuscular proprioceptiva como forma de tratamento para crianças com encefalopatia crônica não progressiva da infância. Revista Científica da FAEMA, Roraima, 6, n. 1, p. 14-26, 2015.
  8. FIRMINO, R. C. B. R et al. Influência do Conceito Bobath na função muscular da paralisia cerebral quadriplégica espástica. Revista de Neurociências, São Paulo, 23, n. 4, p. 595-602, 2015.

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