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Uma das principais funções do cerebelo é controlar os movimentos, o tônus muscular, a coordenação, a postura e o aprendizado motor. O cerebelo é a principal região do encéfalo que regula o equilíbrio, detecta discrepâncias no movimento e envia comandos para a correção e modificação dos mesmos.

O equilíbrio é uma habilidade do sistema nervoso capaz de detectar antecipadamente e momentaneamente a instabilidade e gerar respostas coordenadas que recuperem o equilíbrio e evitem a queda.

Lesões neurológicas na região cerebelar são as mais frequentes no que se diz respeito ao déficit de equilíbrio. Entre os sintomas mais comuns nas lesões cerebelares é a ataxia cerebelar.

Tipos de Ataxias

Ataxia: Lesão no Cerebelo

Hereditária: Subdividas em dois grupos – autossômicas recessivas e as autossômicas dominantes – a ataxia hereditária tem origem genética e pode ser transmitida através dos genes. Você pode herdar uma ataxia genética a partir de um gene dominante de um dos pais (doença autossômica dominante) ou um gene recessivo de cada pai (autossômica recessiva).

Adquirida: A ataxia pode ser adquirida através da degeneração ou perda de células nervosas do cerebelo – parte do cérebro que comanda a coordenação muscular, doenças que prejudicam a medula espinhar e nervos periféricos que ligam o cerebelo com o músculo.

Aqui há outras causas que podem provocar essa doença:

  • Traumatismo craniano
  • AVC
  • Ataque isquêmico transitório
  • Catapora
  • Esclerose múltipla
  • Falta de vitamina B12 ou vitamina E.
  • Intoxicação por álcool e drogas
  • Intoxicação por metais pesados, como chumbo ou mercúrio
  • Intoxicação por solventes, por exemplo aqueles usados para diluir tinta
  • Paralisia cerebral
  • Reação tóxica a medicamentos, como benzodiazepinas
  • Síndromes paraneoplásicas (doenças degenerativas raras desencadeadas pela resposta do sistema imunitário a um tumor, mais comumente a partir de pulmão, ovário, mama ou câncer linfático)
  • Tumor

Sintomas da Ataxia

 

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Os principais sintomas da ataxia cerebelar são marcha atáxica, perda da sensibilidade cinético-postural, incoordenação axial ou apendicular e comprometimento do equilíbrio estático e dinâmico.

Tais sintomas são caracterizados pelos tremores no movimento intencional e na redução da amplitude de movimento, aumento da base de sustentação, redução do comprimento e velocidade do passo, ritmo comprometido e levantamento excessivo dos pés, espasticidade, paresias, fadiga, distúrbios visuais que contribuem para o prejuízo na coordenação e na deambulação.

Apesar de estudos afirmarem que não há tratamentos eficazes para o tratamento das ataxias, outros estudos também apontam a cinesioterapia como uma abordagem no tratamento que promove melhora na capacidade funcional.

Fugindo dos recursos convencionais de reabilitação, o Método Pilates apresenta-se como uma técnica terapêutica capaz de melhorar a qualidade dos movimentos de pacientes com ataxia.

Como tratar a Ataxia

Embora o treinamento com o método não elimine o dano neurológico, ele pode atuar na redução dos sintomas, melhorando o equilíbrio e a locomoção, corrigindo a postura e promovendo melhor qualidade de vida e independência ao paciente.

Quando o tratamento da ataxia se torna impossível, a terapêutica recorre a outros meios para auxiliar o paciente, como bengalas, muletas, andadores ou cadeiras de rodas para aqueles com dificuldades de caminhar; dispositivos para auxílio na escrita, na alimentação e nos cuidados pessoais para aqueles com dificuldades na coordenação de mãos e braços, e aparelhos de comunicação para aqueles com dificuldades de fala.

Segundo um estudo realizado pelo jornal cientifico Neurology, alguns pacientes com ataxia hereditária apresentavam um menor nível de coenzima Q10, ou CoQ10, em seus músculos. A CoQ10 tem a função de produzir energia no interior das células, substância similar à vitamina.

Os pacientes que apresentaram números reduzidos se fortaleceram ao receber suplementos diários de CoQ10, também conhecida como Ubiquinona, tiveram um fortalecimento, reduzindo e em alguns casos até parando com as convulsões.  Após um período de 12 meses utilizando o medicamento, os testes de equilíbrio, fala e movimentos evoluíram aproximadamente 25%.

Método Pilates como tratamento

O Pilates é um método de controle muscular desenvolvido por Joseph Pilates nos meados de 1920 e tem como base alguns princípios como: concentração, coordenação, controle, precisão e fluidez de movimento. A prática dos exercícios promove maior interação dos canais sensórios motores, fazendo com que haja estímulos na região cerebelar.

Os estímulos dos exercícios, associados aos princípios de fluidez, concentração, coordenação, controle e precisão enviam estímulos ao cerebelo e agem como reguladores do movimento adequando o tônus muscular a cada movimento, pois promovem melhor assimilação do córtex motor entre os estímulos recebidos e os movimentos executados, melhorando sua capacidade de analisar e corrigir os movimentos, quando esses se desviam do trajeto pretendido e a modificação dos programas motores centrais, de modo que os movimentos sejam melhorados a cada execução.

A primeira coisa a ter-se em mente é que, nenhum tratamento, seja através do método Pilates ou com outro método, tem uma receita de bolo.

Os exercícios devem ser escolhidos de acordo com as necessidades do paciente, previamente analisadas na avaliação fisioterapêutica, e adaptadas continuamente de acordo com as dificuldades e progressões apresentadas pelo paciente durante as aulas. O programa de exercícios deve ser direcionado para melhorar a funcionalidade e adequação das dificuldades apresentadas.

Alguns exercícios podem ser facilmente adaptados aos pacientes com ataxia, veja alguns exemplos:

Swan Front – Um exercício excelente para fortalecer os músculos paravertebrais, mobilizar a coluna vertebral em extensão e alongar a cadeia anterior do tronco e desafiar a coordenação e o controle postural. Algumas variações também podem estimular a mobilidade da cintura escapular, o fortalecimento de glúteos e a coordenação entre as cinturas escapular e pélvica.

Exercício: Swan Front

Hamstring Stretch – A posição do exercício é um grande desafio ao controle postural e ao equilíbrio, pois o sistema vestibular será fortemente exigido.

Para pacientes com ataxia ebriosa, o controle dos movimentos da cabeça é alcançado com muita concentração. A fluidez do movimento também será um passo muito importante, pois o paciente terá que vencer e controlar os movimentos do tronco, o tremor intencional e a incoordenação dos movimentos voluntários.

Somente após vencer essas barreiras o paciente então alcançará os objetivos desse exercício, que é alongar a cadeia posterior, mobilizar a coluna vertebral e fortalecer o “core” quando utilizado com cargas.

Exercício: Hamstring Stretch

Knee Stretches Round – Os movimentos de empurrar desse exercício trabalham a fluidez e controle motor do praticante. Pacientes com dificuldades no controle motor terão mais dificuldades na execução do mesmo até que o sistema nervoso assimile o movimento desenvolvendo o controle e permitindo que ele possa executar corretamente e então mobilizar a coluna vertebral e fortalecer os músculos transversos do abdome e paravertebrais.

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Leg Circles – A coordenação de membros inferiores e da cintura escapular é muito estimulada neste exercício, também contribui para a melhora da coordenação dos movimentos através da propriocepção e concentração exigida. O exercício é uma excelente opção para fortalecer os músculos isquiotibiais, tensor da fáscia lata, glúteo médio, pectíneo, grácil, adutor longo, adutor curto, adutor magno e glúteo máximo e também o psoas.

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Arms – As posições dos braços em direções opostas neste exercício contribui para a melhora da coordenação motora, consciência corporal, estabilização da cintura escapular, além de fortalecer os músculos tríceps braquial e ancôneo. É muito importante estimular o paciente a realizar os movimentos de forma fluida, com controle e concentração.

Estimular a respiração a cada movimento também é de extrema importância, já que a porção superior do tronco será exigida, assim evita-se a compensação do movimento e sobrecarga de músculos como trapézio e esternocleidomastóideo.exercicio-arms

 

Stretches Front – A posição unipedal é um grande desafio para pacientes com dificuldades no equilíbrio e controle motor, pois exige um controle de tronco eficiente, o que pode estar muito prejudicado. Além de alongar os músculos isquiotibiais, é possível alongar a musculatura glútea, e estimular sensores vestibulares responsáveis pelo equilíbrio e manutenção da postura através de variações.

A respiração também é muito importante, pois a tensão durante o desenvolvimento do exercício pode provocar compensações nas musculaturas cervicais, torácicas, nos músculos das pernas e nos pés.

Durante o exercício, o comando para estimular a propriocepção e o controle do movimento é sempre importante, certificar-se que o paciente está sentindo o movimento da forma como está sendo executado.

Exercício: Stretches Front

Side Body Twist – As mudanças de posição da cabeça e do tronco são estimulantes do mecanismo vestibular e do sistema nervoso que precisa modular o movimento para que este não seja muito rápido e sim fluido. Pequenas adaptações podem ser grandes aliados para promover segurança e facilitar a prática até que o paciente possa executar o exercício de forma segura e completa.

Quanto mais alto o degrau de base, maior será a dificuldade para o paciente executar o movimento, por isso é muito importante avaliar a capacidade física e o controle motor do praticante e adaptar o exercício de acordo com as necessidades do mesmo.

Neste exercício é possível alongar e fortalecer a musculatura abdominal oblíqua, estimular o equilíbrio e controle do tronco.

Exercício: Side Body Twist

Spine Strech – Este exercício é um dos mais versáteis, podendo ser facilmente adaptado às necessidades de cada paciente. Tem o objetivo de mobilizar a coluna vertebral e fortalecer os músculos paravertebrais e transverso abdominal. Conforme o praticante for progredindo no exercício, é importante que o grau de dificuldade também tenha uma progressão com adaptações que gerem instabilidade e exijam também do tronco um trabalho maior.

Exercício: Spine Stretch

Bridge – O controle dos movimentos dismétricos dos membros podem ser estimulados através do exercício da ponte, que é um execício que permite fortalecer os músculos reto abdominal, glúteo máximo e mobilizar a coluna vertebral, estimular a cordenação motora de vários grupos musculares ao mesmo tempo.

Os movimentos de pernas e braços concomitantemente pode ser de grande dificuldade para pacientes com défict no controle dos movimentos, mas de grande estímulo ao sistema neuromodulador.

Exercício: Bridge

 

Tower – Além de fortalecer os músculos glúteo médio, glúteo mínimo, glúteo máximo, reto abdominal, oblíquo externo, mobilizar a coluna vertebral e alongar os músculos da cadeia posterior, a torre é um excelente exercício, pois exige do paciente coordenação motora e concentração.

O uso de musculatura compensatória neste exercício é muito observado, então o profissional deve estar atento para que o paciente faça o movimento de forma correta, fluida e coordenada.

 Exercício: Tower

Leg Series Supine Scissors – Os movimentos alternados deste exercício exigem muita coordenação motora e concentração. Pacientes com sintomas como tremor intencional e espasticidade tem dificuldade na coordenação e controle desses movimentos e devem ser estimulados a realizar os movimentos de forma lenta e controlada para que o movimento desenvolva-se da forma mais fluida possível. Também é uma excelente opção para fortalecer e alongar os músculos extensores do quadril e promover a estabilização e controle dos mesmos.

Exercício: Leg Series Supine Scissors

Tower + Sit Up + Roll Over – A exigência desse exercício para pacientes com dificuldades motoras faz com que ele seja aplicado apenas para pacientes já em níveis intermediário e avançado. Além de fortalecer os músculos abdominais e mobilizar a coluna vertebral, o exercício também exige coordenação motora, principalmente de cintura pélvica, força de glúteos e abdominais.

Para os iniciantes é indicado que seja desmembrado e aplicado separadamente cada exercício do grupo.

Exercício: Tower + Sit Up + Roll Over

Pushing One Side Arm – Este exercício tem como objetivo fortalecer os músculos deltoide, trapézio, paravertebrais, glúteo, isquiotibiais e abdômen. Quando aplicado à pacientes com dificuldades no equilíbrio e descontrole motor, é importante lembrar que a coordenação dos movimentos prejudicada trará grandes dificuldades para o paciente.

Por isso, é importante estar sempre atento aos movimentos, evitando quedas e promovendo a autoconfiança do praticante. O movimento de membros inferiores e superiores estimulam a coordenação entre a cintura escapular e pélvica e o controle dos membros de forma concomitante.

Pilates: Pushing One Side Arm

Conclusão 

Além de ser um método capaz de estimular e fortalecer todos os músculos do corpo, o método Pilates também proporciona melhora no equilíbrio, na coordenação motora, mobilidade e consciência corporal.

Pode ser um grande aliado nos tratamentos dos sintomas das ataxias, proporcionando a melhora funcional dos pacientes afetados. Mas as aulas devem ter um olhar mais específico sendo personalizadas de acordo com a necessidade de cada paciente. Reavaliações periódicas são importantes para avaliar a progressão do tratamento.

Quer dar o primeiro passo? Compartilhe este post com o máximo de profissionais de Fisioterapia possível – a informação é o começo de tudo. Até o próximo artigo! 

Bibliografia
  • Melhora do equilíbrio e redução de possibilidade de queda em idosas após os exercícios. Ribeiro ASB, Pereira JS. – Cawthorne e Cooksey. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005.
  • El centro de enegía: Es el método de acondicionamiento físico perfecto para fortalecer el cuerpo, aumentar la flexibilidad y adquirir la forma física que siempre has deseado, dedicándole menos de una hora diaria. WINSOR, M; LASKAR, M. 1.ed. Barcelona, Espanha: Paidotribo, 2002.
  • Typical features of cerebellar ataxic gait. Stolze H, Klebe S, Petersen G, Raethjen J, Wenzelburger R, Witt K, et al. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2002.
  • Adams and Victor’s Principles of Neurology. Ropper AH, Brown RH. 8th ed. New York: McGraw-Hill; 2005.
  • Estructura y función del cerebelo. Delgado,GJM. Rev Neurol 2001.

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